Never Say Never escrita por Drix


Capítulo 33
Killing in The Name


Notas iniciais do capítulo

e a guerra começa!



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POV Elena

Corri pra casa assim que o evento foi acabando, pra contar pra Kath meu encontro surpresa com a representante da Universidade. Estava ansiosa por isso e foi tudo tão perfeito que não acredito.

Liguei pra Bonnie pra contar também. Passamos horas no telefone, nem notei o tempo passando até Damon me chamar pra comer.

Como não vi Stefan saindo, mandei uma mensagem pra ele, perguntando se tava tudo bem, mas, fiquei sem resposta.

A noite passou rápido, aproveitei a empolgação pra ler o segundo livro da lista da Jenna e adormeci sem perceber. Acordei com meu telefone apitando, meio torta em cima do braço dormente.

Desculpa, saí fugido por causa da mãe da Rebekah, acabei não me despedindo.”

Já é um pouco tarde e penso em não responder. Mas, acabo abrindo a tela e digitando.

— Mas tá tudo bem? Eu vi a cara dela quando abracei você.

Tá sim, tudo ótimo! E você, tudo bem?”

— Tudo. — paro um momento, e decido encerrar a conversa e dormir. - Eu tava lendo e dormi em cima do livro, vou me ajeitar e voltar dormir. Conversamos amanhã, tá?

Ele responde que sim, me dando boa noite, e bloqueio o telefone deixando em cima da mesinha. O consumo de carboidratos deve estar deixando o humor da namorada dele melhor, pra ela não ter reclamado nada hoje. Apago a luz e me enterro debaixo do edredom, deixando o sono vir novamente.

Acordo com o despertador e percebo uma névoa baixa cobrindo o céu anunciando que o final do verão está próximo. Começo o meu dia, animada que é a última semana de estudos intensos, e logo vou poder respirar mais tranquila.

Chego no ginásio tão vazio que posso ouvir o eco dos meus passos. Dentro do vestiário, tiro o uniforme e coloco minhas coisas no armário, como sempre, e sigo pro aquecimento. Stefan também já chegou e sai junto comigo.

— Bom dia. - ele diz, com um sorriso mostrando todos os dentes.

— Bom dia - respondo tentando dar a mesma ênfase, mas ainda estou com um pouco de sono.

— Tá tudo bem? - ele pergunta ao mesmo tempo que bocejo.

— Acho que não foi boa ideia dormir em cima do livro. - respondo, rindo.

— 10 Polichinelos e rapidinho você acorda. - tiro o roupão e jogo no banco próximo, pra diminuir o peso do corpo. Ele conta intercalando com datas históricas e começo a rir, perdendo o fôlego. - Ei, vamos, sem parar! - ele insiste.

— Por que essa contagem doida? - digo, com as mãos no joelho, puxando o ar.

— Estudar um pouco, não? - sorri.

— Tá bem. Continua. - me preparo – continua de onde você parou, não vou começar de novo. - digo em tom de ameaça.

— Você é tão mandona. Gostaria de lembrar que o monitor sou eu!

Resmungo e ele volta a contar do início, sem me dar atenção. Acabo seguindo e entrando na brincadeira, respondendo as perguntas. É divertido. Quando chega a dez, paramos e começamos a nadar, quase competindo.

Mais uma vez, o tempo passa rápido. Acabei despertando mesmo. Saímos da piscina quase juntos, e seguimos pro vestiário. Tomo um banho rápido, e pego minhas coisas. Sinto algo molhado e percebo um troço gosmento grudado na minha mochila.

Verifico melhor e minhas coisas estão ensopadas. O armário como se tivesse acabado de ser pintado e meu uniforme rajado de rosa pink. Tento não me desesperar. Como eu não notei isso quando guardei as coisas aqui? É praticamente impossível não enxergar essa cor.

Nem é dia de treino pra eu usar outra roupa, e não tenho como sair de roupão pras aulas. Kath já saiu pro trabalho essa hora e a única solução que vejo é secar as peças no secador de mão, e é exatamente o que começo a fazer. Um tempo depois, ouço Stefan me chamando. Coloco o roupão e vou até a porta, dizendo o que aconteceu.

— Como assim? Estão todos assim?

— Eu não sei. - Fico intrigada. - Não importa também, eu só preciso secar tudo antes de subir.

— Me dá alguma coisa, eu te ajudo. - Corro e entrego minha saia pra ele. A mais manchada.

Volto pra dentro tentando secar a blusa e o casaco. O tempo corre e acabo desistindo de secar totalmente. Pelo menos a mochila é impermeável, e não pegou nos livros. Olho outros armários, e estranhamente, nenhum tem tinta. Mas, não quero pensar nisso agora.

Vou até a porta do vestiário masculino e chamo Stefan pra pegar minha saia.

— Não tá seca ainda.

— Não tem problema, a gente vai acabar se atrasando. Depois da primeira aula eu vejo com o reitor o que posso fazer. - pego a roupa e corro pra me vestir.

Vou me sacudindo na esperança que o ar termine de secar o que faltou, e me sinto uma palhaça com ele rindo.

— Para de rir. Tô me sentindo uma idiota por ter colocado minhas coisas no único armário recém pintado.

— Putz, sério? Mas isso é estranho. Ainda mais que nem é a cor do colégio. Como você colocou as suas coisas e não viu? - ele diz, e fico mais intrigada. Será que isso foi alguma armação?

Quando chegamos no nosso andar, as meninas começam a me olhar, e já fico nervosa, achando que vou ser motivo de chacota, de novo. Mas, pelo contrário, vem todo mundo me perguntar como eu fiz aquilo que ficou tão legal. Me surpreendo e conto a verdade.

Enquanto vou andando até meu armário, várias outras se aproximam, e me questionam, e fazem perguntas sobre moda e a revista de Kath. De repente, eu percebo que virei popular, sem querer.

Stefan se afasta, indo em direção a Rebekah, que aguarda por ele, ao lado dos escaninhos, um pouco incomodada com minha fama repentina. Lexi se aproxima.

— O que aconteceu? - ela pergunta, me girando no eixo.

— Você não vai acreditar. - sorrio e guardo minhas coisas no armário, fora da mochila, me despedindo das outras meninas. Pego o que vou usar e vou pra dentro da sala, pra contar o infortúnio.

— Você tá brincando? - ela arregala os olhos.

— Não. O único.

— Lena, isso tá bem estranho, hein?!

— Stefan também achou, você acha que foi armação dela? - questiono, quase certa.

— Eu acho, mas foi um tiro no pé! Se ela queria te humilhar, acabou de deixando popular. Deve tá doendo horrores. - ela ri.

Stefan chega e pararmos o assunto. A aula segue normal. Assim que acaba, vou até o reitor, relatar o ocorrido e explicar porque meu uniforme tem uma cor diferente das cores da escola. Ele diz que vai verificar o que houve e mandar outro uniforme pra minha casa, até o fim da semana. Sem custo, pelo imprevisto.

Continuo o dia sendo parada e elogiada, pela ousadia, e acabo assumindo a ideia, dizendo que foi um momento de rebeldia. Começo a gostar da fama e acabo dizendo meu nome correto, que circula pelos corredores com elogios e olhares admirados.

O almoço acaba sendo interrompido várias vezes, me atrasando um pouco nos estudos, mas, não me importo. Até sexta eu tinha um apelido, hoje, me chamam pelo nome, e eu gosto. Stefan desiste da aula do almoço, dizendo que vai pegar pesado mais tarde e aceito.

Nossa mesa acaba virando um point de curiosos, e até Rebekah se aproxima, com a desculpa de falar com ele, mas, acaba soltando uma farpa.

— Acordou rebelde, né?! O que o reitor achou disso? - ela pergunta debochada.

— Ele gostou, disse que talvez adote, pra coleção de inverno. - respondo, sorrindo. Ela resmunga, e se senta no colo de Stefan. Observo que ele se afasta um pouco da mesa pra ela se encaixar e sorri.

Sinto um embrulho no estômago ao ver essa cena. É como se, de repente, o relacionamento deles tenha se encaixado, assim como a história da tinta, e os dois se entendessem. Olho pro meu almoço, irritada, tentando entender essa sensação. Lexi percebe.

— Hey – ela sussurra – você venceu, não fica assim.

Não sinto como se tivesse vencido. Acho que essa guerra só começou. Eu quero tirar ela do colo dele pelos cabelos, fazer esse sorriso sair desse rosto na marra. Os dois parecem ter uma cumplicidade diferente hoje. Por que isso me incomoda tanto? Por que ela tá rindo tanto pra ele, o que eles tanto cochicham?

Vejo Stefan sorrindo de um jeito bobo e tentando fazer ela comer alguma coisa do prato dele. Ele fala algo no ouvido dela, ela sorri e acaba aceitando. Percebo minha oportunidade.

— E a dieta, Rebekah, tá funcionando? - As palavras saem tão afiadas que eu quase não me reconheço.

Ela afasta o rosto do dele e me olha, com raiva. Consegui uma coisa pelo menos, o sorriso se foi.

— Está sim. Logo, ficarei mais leve que o ar. - Ela respondeu com soberba, mas, foi perceptível que a pergunta incomodou. Senti como se tivesse ganho um troféu.

— Que bom. - respondi. - Suas acrobacias dependem disso, né?! Fico feliz que tá dando certo. - Ela sorri, sem graça. Agora sim, me sinto vitoriosa. Noto Lexi sorrindo, de canto de boca.

— Bom, eu vou indo. - e ela diz, levantando do colo dele.

— Te vejo depois? - ele pergunta de um jeito tão meloso, que chega enjoa. Ela responde que sim, fazendo charme. Ele levanta, segura ela pela cintura e a beija. Paro de olhar, senão vomito.

Ele senta, com um sorriso idiota de orelha a orelha, olhando pra bandeja. Quase dá pra ver todos os dentes da boca nesse sorriso, e os olhos brilham de um jeito que nunca vi antes.

— Vocês parecem muito felizes. - Lexi diz, sem meias palavras.

Ele levanta os olhos e o sorriso permanece. É um dos garotos mais lindos que conheci. Se eu estivesse em pé, acho que cambalearia pra trás, só de olhar pra ele neste momento.

— Estamos. - Ele responde pra ela e pisca.

— Não! - ela diz surpresa e afoita, e eu fico sem entender coisa nenhuma. Ele ri, e abaixa a cabeça de novo, passando a mão na nuca. Envergonhado, por quê? - Mentira?! Ontem? - ele acena que sim, olho de um pra outro e gostaria muito de entender o que está acontecendo aqui, só que fico sem coragem de perguntar. - Nããão! - ela diz, de novo, dando ênfase e levando a mão na boca, escondendo um sorriso. Começo a desconfiar, mas realmente, não quero ter certeza.

— Eu... ahn... vou na biblioteca, vejo vocês daqui a pouco. - Me levanto tão depressa, que quase derrubo minha bandeja. Eles me olham um pouco assustados, e eu apenas saio sem continuar a ouvir a história. Se for o que tô achando que é, não quero saber, mesmo!

POV Stefan

Rebekah sai, e Lexi vai direto ao ponto. Eu nem esperava esconder dela, afinal, minha melhor amiga, é lógico que eu contaria. Fico um pouco sem jeito por causa da presença de Elena.

Acho que ela nota e decide sair. Acho bom. Passo pro lado de Lexi pra contar, sem que ninguém ouça.

— Eu nem sei por onde começar.

— Do início, talvez. Por quê agora? - ela faz a mesma pergunta que fiz pra Rebekah.

— Eu não sei, ela disse que está sentindo minha falta, e que achava que tava na hora. Bom, a gente ficou sozinho lá em casa, e acabou acontecendo. - encolhi meus ombros, quase me justificando, como se tivesse feito algo errado.

— Hey, você forçou?

— Não, claro que não, nunca!

— Então, por que essa cara de quem fez alguma coisa errada?

— Eu não sei, pela sua pergunta. Me senti culpado, acha que me apressei?

— Vocês namoram há tanto tempo, Stef. Era natural, não? A coisa já meio que tem se encaminhado pra isso faz tempo, não é?!

— Sim.

— Então, desfaz essa cara de culpa. - sorrio. - Foi legal, foi bacana?

— Sim, foi. Foi bem natural. Quer dizer, não foi tanto assim. Meu pai quase pega a gente. - acho graça da cara de susto que ela faz, como se estivesse assistindo um suspense. - Eu ia até levar ela em casa, depois disso, achei que era um sinal do universo pra não acontecer, sabe?! Mas aí, ela veio toda se chegando e eu não consegui resistir. Fui um canalha?

— Por que você tá pensando assim?

— Eu não sei. Por que ela me disse que me ama, mas, eu não disse isso pra ela, tô me sentindo meio mal por isso.

— E por que você não disse?

— Porque... não sei. Eu acho que nunca disse de verdade. Eu sempre respondo “eu também” quando ela me diz. Eu não sei se a amo. A gente se conhece desde sempre, a gente namora faz tempo. Foi a primeira garota que eu olhei diferente, a primeira que eu quis beijar. Ela é especial pra mim, mas, eu não sei se isso é amor. Eu não vejo meu relacionamento com ela sendo como do meu irmão, sabe?! Você consegue olhar pra eles e ver que se completam. Você me vê assim com ela?

— Não. Desculpe. Eu acho que ela te manipula. Já falei várias vezes e prometi que não falaria mais.

— Então, eu tô contente que finalmente... você sabe. Mas, me sinto um pouco culpado, de talvez ter precipitado pra ela. Porque eu queria faz tempo, mas, eu realmente não acho que foi por amor.

— Ow! Você não forçou nada, Stefan! Você insistiu? Chantageou?

— Não, claro que não, eu não faria isso.

— Então pronto, ela quis, ela sabia o que tava fazendo, assim como você. Os dois quiseram. E se você pelo menos teve a precaução de fazer ser bom pra ela também, não vejo porquê ficar se culpando. Sinceramente, hein?!

Suspiro, tentando absorver as palavras dela. Eu tô muito feliz por ontem, muito realizado, mas uma vozinha lá no fundo diz que eu não deveria. Que eu deveria ter sido mais forte e ter levado ela em casa antes.

— E tem mais, eu não vejo melhor pessoa no mundo pra se ter uma... enfim, do que você! Você é o cara mais maravilhoso que eu conheço, depois do meu pai, obviamente.

— E o Leo? - pergunto confuso.

— Bom, eu ainda não posso dizer isso dele, ainda é cedo, mas, acho que ele empata contigo. - ela sorri, envergonhada. - Um dia eu te respondo isso, ainda não tô preparada. - Sorrio e passo o braço pelo ombro dela, puxando pra perto de mim.

— Eu fico feliz que posso ter essa conversa contigo.

— Stef... - ela se afasta e me olha, preocupada. - preciso perguntar, você se protegeu? - Me senti falando com meu pai e ri de nervoso. Acenei que sim, e notei meu rosto queimando.

— Ei, vamos pra aula, né, já tá quase na hora. - levantamos, depositamos as bandejas e saímos. - Lexi, não preciso te pedir pra não comentar com ninguém, né?! Nem com Elena.

— Claro. Mas ela ouviu a gente conversando.

— Mas, não acho que ela tenha entendido. Então, deixa assim. Não quero que isso se espalhe e torne fofoca. - ela concorda e seguimos pra sala.

POV Elena

Ouço o sinal tocando e vou direto pra sala, sozinha. Sento no lugar de sempre, que agora é meu, mesmo. Lexi e Stefan chegam, sorrindo. Minha mente viaja pro momento em que estávamos no refeitório e eu apenas quero esquecer a semi conversa que ouvi. Desejo fortemente que eles não voltem a falar sobre isso, e o sinal toca de novo.

A aula começa, respiro aliviada. O dia segue quase normal, não fosse pela estranha popularidade repentina. A cada intervalo, sou abordada por alguém, falando da customização do meu uniforme. Prevejo que o reitor vai ter problemas futuros.

Última aula antes de ir embora, estamos concentrados, prestando atenção, um barulho estranho invade a sala. Um grito que parece uma voz feminina dizendo “atende vadia!”. Todos olham em volta, tentando descobrir de quem é o aparelho que berra essa frase insistente. O professor se aborrece.

— De qual engraçadinho é esse aparelho? Vocês não sabem que é proibido celular dentro de sala?! - noto as pessoas me olhando e fico bem confusa.

— Elena...- Stefan me chama e aponta minha mochila, com a cabeça. Tive que deixar fora do armário hoje, por causa da tinta fresca impregnada nela.

— Isso não é meu não. - Mas, me mexo, assustada, conferindo. O professor grita.

— Gilbert! Desliga logo isso antes que eu te dê uma advertência. - e o aparelho continua berrando “atende vadia, vadiiiiia, sua vadia, atende logo!”

Me descontrolo, começo a tremer porque não acho meu celular dentro da bagunça que é minha mochila, e assim que alcanço, ele para de tocar. Mal percebo que o professor me chamou pelo nome do meu pai. Já devem ter mudado a pauta, e eu nem notei. Desligo o aparelho, derrubando quase tudo.

— Desculpe, professor, eu não sei como isso aconteceu. - ele resmunga e continua a aula.

Eu sinto um desejo profundo de sumir. Stefan me ajuda a catar minhas coisas do chão, e vejo Lexi atrás dele, com olhar furioso. Ela mexe os lábios dizendo “Rebekah” e eu não tenho nenhuma dúvida disso. Mas, como provar?

Viro pra frente, prestando atenção na aula tentando esquecer, mas, o ódio que eu sinto é tão grande que meu estômago revira e minha mente trabalha frenética pensando no que posso fazer pra me vingar. Eu não vou deixar isso barato, não vou mesmo!




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