Never Say Never escrita por Drix


Capítulo 17
Beautiful War




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POV Elena

O que mais me irrita nessa defesa, é que eu sei que ele não é tão incrível assim. Ele pode até não ter dito o que eu achei que disse, mas, também não é nenhum santo, porque eu vi que não.

Por outro lado, o que a Bonnie me falou voltou a agulhar meu cérebro. Ele nunca tentou nada, e até foi legal me ajudando, quando não precisava. Mas ainda não descartei a ideia de que fez isso por créditos, ou pra me convencer a sair com ele, futuramente.

Se bem que acho que agora que ele sabe que eu e Kath somos irmãs, pode ser que desista dessa ideia de me perseguir e eu possa tirar alguma vantagem da ajuda, afinal.

Nada faz sentido, quando ele falou comigo no telefone ele foi tão legal sem saber quem eu sou... Eu tô tão confusa. Tenho raiva, tô frustrada...

Ouço barulho na porta.

— Hey. Missão de paz. - Não posso acreditar que a Katherine mandou ele vir aqui. - Alôôô... eu vou bater até você abrir. - Que insuportável, eu não quero olhar pra cara dele, mas, também não quero que fique batendo na minha porta, e ele é capaz disso mesmo. Abro e olho, querendo matar ele. - Opa! Conheço essa cara. Posso entrar?

— Não. - Óbvio, não queria nem que estivesse aí parado!

Ele começa um discurso de defesa muito bem elaborado. Deve ter aprendido alguma coisa de direito com o Damon, só pode. Eu ouço blábláblá e vejo a boca dele mexendo.

— Se eu fosse esse babaca que você diz, eu não teria me virado hoje, pra você tirar o roupão, certo?! - Hum... É uma verdade, e eu achei isso bem estranho, pra ser sincera, mas, continuo muda.

Ele volta a falar da namorada, dos ciúmes dela, e eu acho que ela tem toda razão já que ele fica ciscando por aí, embora eu já tivesse terminado, mas, cada um sabe de si. Ele fala da cena lamentável do refeitório.

— Todo mundo viu, você quase sentiu pena de mim. - é, eu senti pena dele por tentar se defender sem sucesso, e continuo sem entender porque eles não terminam de uma vez. Acho graça por ele lembrar que falei isso no telefone, quando ainda não sabia que ele era, bem... ele. Mas, logo tiro o sorriso do rosto, ainda tô bem puta com toda essa história.

— Olha só, você não precisa ser minha amiga, nem gostar de mim. - É, não preciso e nem quero. Nisso você tem toda razão. Usando de sentimentalismo barato pra me convencer, que coisa.

— Fui eu que cozinhei. Ela só faz congelado. - Digo, querendo cortar essa chantagem descarada. Eu cozinhei achando que ia receber um amigo, não a encarnação de Lúcifer.

— Jura?! Hum... não tá envenenado, né?! Melhor pedir uma pizza pra mim... - Pois se eu soubesse que era você eu tinha ficado mais tempo na banheira, e você podia lamber as paredes. E eu nem apareceria pra jantar.

Respondo a gracinha verbalmente, e ele faz uma piadinha, como se anotasse toda vez que xinguei ele. Pois vai precisar de um caderno maior, porque não tenho limites pra isso. Acabo me convencendo que é melhor ir comer o que eu mesma cozinhei do que ficar trancada neste quarto vendo esse sujeito se vangloriar lá fora, sem ninguém pra contrariar.

Decido sair do quarto.

— Sai da minha frente. - digo tentando passar.

— Nossa, muito educada. - ele diz com esse ar debochado de sempre, que irritante.

— Não abusa, tá?! - respondo olhando pra ele como se fosse fuzilar.

— Desculpe, não vou repetir. - Acho bom mesmo! Paro e penso, será que ele já sabia quem eu era e por isso passou a ser mais educado? Antes de chegar na sala, me viro.

— Você sabia que era eu?! - a pergunta sai mais em tom de ameaça que de dúvida, mas, dane-se, eu quero é saber.

— Não, eu não sabia seu nome, quer dizer, o nome da irmã da Kath, até chegar aqui, eles nunca me disseram e fiquei sem graça de te perguntar no telefone. - olho desconfiada.

— Mas a sua amiga sabia meu nome. E descobriu quem eu era hoje, no teste. Ela não te disse? - continuo olhando nos olhos dele pra pegar a mentira.

— Sério?! Não, ela... - ele pega o celular – Eu desliguei pra Rebekah não me encher. Eu não sabia mesmo. - e mostra a tela preta, desligada.

— Hum... - resmungo ainda intrigada e observando.

— Que foi agora, Elena? - ele enfatiza meu nome. Abaixo o queixo, e olho pra ele avaliando.

— Eu pareço com ela, todo mundo diz, você não parece com o Damon, eu não tinha como saber, mas você sim.

— Ok, vem cá. - ele meio que me puxa pro escritório, e me senta no sofá, sentando quase de frente pra mim. - Eu vou dizer uma coisa, e antes de você me odiar e me julgar, só me ouve, tá, eu vou chegar no ponto. - Me empertiguei. Lá vem história de novo. Ele continua.

— Quando você gritou comigo de novo, perto da hora do almoço, um amigo veio me questionar, e aí me mostrou a foto – ameacei me levantar – Calma, deixa eu falar. - Olhei com raiva, mas, parei pra ouvir. - Eu não recebi suas fotos, eu não gosto disso, eu juro. Ele me mostrou porque eu não sabia o motivo da sua raiva, e ele explicou que deveria ser aquilo. Mas eu nem vi direito, só o rosto. E aí, eu te achei parecida com a Katherine, sim. Só que na aula, logo em seguida você deu outro sobrenome, então, eu achei que era só uma coincidência, porque, de fato, eu nunca nem vi foto sua com ela. Eu não venho aqui, e ela não me via há anos, como você pode perceber quando cheguei.

— Usei o nome da mamãe, eu não queria que me olhassem com pena por causa do acidente. - respondo, sincera. Nem sei o que me deu.

— Pois então, eu descartei aí, eu deveria ter perguntado, mas, você parecia com tanta raiva de mim, que desisti e depois ficou até divertido. Nunca ninguém me tratou assim. Eu gostei. – olho pra ele com cara de dúvida e estranheza, que pessoa louca. - Bom... - ele percebe – As pessoas tendem a me bajular quando ouvem meu nome, e você não, eu achei isso muito legal. Mesmo você precisando da minha ajuda, me senti alguém comum, sabe?!

Por um momento eu quase sinto apreço por ele. Em Richmond era assim, as pessoas me tratavam com tanto zelo que eu parecia de vidro, vir pra cá me deu um chão. Ninguém me conhecia, ninguém era gentil comigo por causa do meu sobrenome, as pessoas são o que são sem amarras, e eu posso entender o que ele tá dizendo, agora.

— Ei, eu fico feliz que vocês estejam se entendendo, mas, eu tô faminto, será que podemos continuar essa linda conversa na mesa de jantar? - Damon aparece na porta interrompendo. Me levanto imediatamente.

— Sim, o molho deve ter até secado. - respondo, seca.

— Ei, qual é o jantar? - Ele pergunta num tom simpático, e eu ainda não quero ser legal.

— Você vai saber quando for servido.

— Ouch! - Sorrio, mas ele não vê por estar atrás de mim. Minha raiva tá passando, que droga. Eu quero ela de volta, é o que tem me mantido concentrada ultimamente.

POV Stefan

Consegui tirar a estressadinha do quarto, opa, preciso parar de chamar ela assim. Ou não, talvez. Ela para na minha frente e vira. Vish, lá vem.

Hum, duvida coerente, como eu não sabia quem ela era, eu também quero saber como ela não sabia quem era eu. Como que as coisas ficaram desse jeito, decido explicar, puxo ela pra dentro do escritório, quase com medo dela gritar, mas, ela vem tranquila e senta. Começo a falar, ela ameaça sair, peço de novo. Não quero mesmo que essa situação fique insustentável, ela agora faz parte da família do meu irmão, estudamos juntos, precisamos nos entender, decido ser sincero. Deve funcionar, mamãe dizia que ser honesto e sincero são as nossas melhores armas.

Ela começa a me olhar diferente, sinto que quebrei um tijolo da barreira que ela construiu. Fico contente. Damon chama, eu também tô faminto, não como nada desde o almoço, meu estômago tá revirando. Pergunto o que ela fez e tomo um fora, é, voltamos ao normal.

Kath já colocou a mesa, e pelo visto, estava certa que eu convenceria a irmã de sair do quarto. Me assusto um pouco, ela conhece a irmã tão bem, ou me conhece desse jeito? Me sento, e Damon vem com uma travessa linda e cheirosa e ainda tô curioso pra saber o que é. Olho pra ela, que se mantém estática.

— Você vai mesmo me fazer adivinhar? - pergunto, sorrindo.

— É deselegante questionar o chef, não sabia? - ela responde, debochada. Eu quase acho graça.

— Canelone, querido. Elena recheou com queijo e presunto, e fez um molho branco incrível. Ela tem testado umas receitas maravilhosas do canal culinário. - Kath responde sorrindo, enquanto me serve. - Eu e Damon estamos abusando desses jantares, não sei o que vou fazer quando ela for pra faculdade. - ela olha pra irmã, com um bico de tristeza. Elena sorri pela primeira vez na noite, e o sorriso dela é tão lindo quanto o da Kath. Nossa, elas são mesmo muito parecidas. Como eu não vi isso antes?

— Stef, me conta, da viagem, papai sabe que você foi fazer arqueologia?

— Mas é claro que não, eu fui fazer administração e fiz! - respondo sorrindo.

— Espera um pouco, eu tenho uma dúvida, Damon é Harper, e você Salvatore, por que isso? - Elena interrompe. E, taí, eu não tinha pensado nisso, como ela não sabia que eu era irmão do Damon, já que não tem tantos com o mesmo sobrenome. Esqueci que não usamos o mesmo sobrenome, e assim como não me disseram o nome dela, não devem ter dito o meu pra ela. Que cabeçudos!

— Hum – Damon engole a comida e começa a explicar - Comecei a usar o nome da minha mãe quando mudei de escritório. Pra pegar as causas ambientais e não ser associado ao nosso pai. - ele explica pra ela, que parece satisfeita e volta pra mim - Mas, fala da viagem, tô curioso.

Começo a contar do curso, dos lugares que visitei depois que saí de Londres, das escavações, tudo. Entre uma garfada e outra. Repito, além de faminto, o canelone está mesmo delicioso.

— Isso está maravilhoso, Elena, obrigado.

— Eu não fiz pra você. - Ela me responde, sem tirar o olho do próprio prato.

— Elena! - Kath chama a atenção dela.

— Ué, não fiz, eu fiz pro outro Stefan, o docinho que vocês pintaram, o cara legal que falou comigo no telefone, não esse aí. - olho pra ela rindo, enfiando um enorme pedaço na boca e respondo mastigando.

— Pois esse aqui agradece, e o outro do telefone também! Ambos estão famintos, e fazia tempo não comiam algo tão delicioso. - ela se controla pra não rir, mas não consegue. Termino de mastigar e comer e puxo outra conversa.

— Ah, por falar em telefone, você fez o teste hoje porque eu... Quer dizer, o outro Stefan, falou pra você fazer todas as tarefas que aparecessem, não foi? - sinto ela engolir seco.

— Não! Claro que não, eu... - continuo olhando, é óbvio que é mentira, ela não tem o perfil de cheerleader. - É, foi. Eu lembrei de você dizendo que contava e pensei que poderia ser uma oportunidade pra conhecer alguém também, a Lexi parece ser tão legal.

— Ela é incrível, mas vai te transformar no projeto pessoal dela, ela já fez isso comigo. Amanhã você já vai usar algum acessório com o uniforme, em breve ela vai te convencer a cortar o cabelo...

— Você fala como se isso fosse ruim.

— Bom, não é ruim, mas, sei lá... Bom, pra mim foi ótimo, olha isso. - faço um gesto como se me mostrasse, ela faz uma careta de nojo.

— Como você é seboso.

— Opa, mais um pro caderninho.

— Seu caderninho vai ficar sem espaço se depender de mim. - ela resmunga.

Virei o rosto e Damon e Katherine não estavam na mesa com a gente, nem percebi quando eles saíram. Me projeto pra mais perto dela.

— Elena... Você sabe que eu tô no time, né, bem... Eu sou o capitão, você não vai poder me odiar pra sempre se quiser ficar na equipe. - Ela me olha confusa. É, ela não sabia disso. - Além disso, sou seu monitor e você tem um trabalho de geografia comigo. Você precisa confiar que eu não falei aquilo, senão, sua vida vai ser desconfortável demais tendo que lidar comigo o tempo inteiro, me odiando.

Ela continua me encarando como se pensasse no que eu digo. Dá um gole na água, e repousa o copo tranquilamente sobre a mesa de novo. Neste momento foi que eu notei o que a Lexi disse no almoço. Ela é mesmo linda. Os olhos expressivos, o nariz perfilado e os lábios perfeitamente desenhados. Ela passa a língua por eles, discretamente, secando a água que bebeu, e sinto meu sangue ferver. Eu não tinha percebido nada disso antes e agora estou assustado.

— Sobremesa! - Kath fala animada trazendo dois pratos, e Damon vem junto com mais dois, me entregando um. Me senti saindo de um transe.

— Você fez isso também? - olho pra ela e pergunto quando vejo o brownie lambuzado de calda na minha frente.

— Não, isso é obra da formiga ali. - ela aponta pra Kath que sorri, se deliciando com a sobremesa igual uma criança.

POV Katherine

Volto do quarto um pouco decepcionada por não conseguir nada e peço pra Stefan se desculpar. Concordo que ele não deve, mas, eu quero muito resolver tudo isso, eles precisam se entender. Elena não pode ter essa má impressão, e ele é a melhor companhia que ela pode ter nesse mundo de espetáculos que é a nossa vida agora.

Fico surpresa que ele é o monitor e tem ajudado ela esse tempo todo. Ela nem me contou que a mesma pessoa que ela achou que tinha maltratado ela, era quem estava ajudando. E, sabendo que era Stefan ajudando, tudo fica tão mais simples.

Preciso que ele fale com ela. Ele decidi ir e respiro aliviada, me sentando ao lado de Damon.

— Você acha que isso vai dar certo? - me pergunta, incrédulo.

— Tenho certeza. - sorrio encostando a cabeça no seu ombro. Ouço Stefan batendo na porta e Elena abrindo. - Vem, vamos arrumar a mesa.

— Sério?!

— Você continua duvidando de mim?

— Não é que... Bom, sua irmã pareceu bem chateada.

— Baby, é Stefan. Ele dobra o seu pai, ele dobra até a Rebekah, você acha que não vai dobrar minha irmã?

— Ele não dobra... Hum... é você tá certa! - Faço um movimento com a cabeça concluindo e vamos pra cozinha pegar as coisas pra por a mesa pra jantar.

Terminamos e parece que o assunto não, não que me incomode, mas, percebo Damon agoniado de fome, e os dois não atravessam esse corredor.

— Eu vou ver o que houve. - ele diz. Aceno com a cabeça.

Voltam os três, sorridentes. Eu sabia. Coloco os descansos e Damon vem com a travessa fumegando. Stefan olha como se não visse comida de verdade há tempos, fico um pouco preocupada e decido perguntar. Ele puxa papo com Elena e resolvo não interromper. Depois eu vejo isso.

Ela não quer dizer o que é o jantar e acabo falando, pra fazer a conversa fluir, espero sinceramente que se tornem amigos, e quanto mais rápido melhor. Faço uma brincadeira pra descontrair e ela sorri. Me sinto aliviada. Olho pra Damon, pra ajudar, ele puxa papo. Stefan começa a responder, Elena interrompe.

Ai Senhor, eu esqueci de dizer a ela que Damon mudou o sobrenome, ela não sabia. Apenas eu e Klaus sabemos disso. Por isso esse desencontro todo. Que coisa. Stefan volta a contar sobre a viagem, e vejo Elena atenta, apesar de querer se mostrar desinteressada.

É só uma questão de tempo pra ela perceber que se confundiu mesmo, e tudo vai ficar bem. Ele agradece o jantar, diretamente pra ela, mas, o docinho da minha irmã acaba dando um fora no menino, tenho que chamar atenção dela, mas, Stefan faz uma brincadeira que ela ri. Aproveito esse momento, já que todos terminaram de comer e cutuco Damon pra me ajudar a tirar os pratos e deixar os dois sozinhos, e saio em seguida.

— Viu, logo estarão sentados no sofá assistindo filme ou trocando resenhas de livros. - Falo pra Damon, baixinho.

— Não sei, baby, Elena ainda parece arisca.

— Ela está fingindo, ainda não quer admitir que se enganou. Parece o papai demais nisso. Seu irmão é uma graça de menino, vai abrir o espaço dele, e serão grandes amigos, tenho certeza.

Ele olha pra sala, observando os dois. Coloco a sobremesa nos pratos e ajeito tudo.

— Baby, consegue ouvir o que eles estão falando? - ele me pergunta.

— Hum... Não, Stefan diminuiu o tom... Elena parece séria, mas não aborrecida.

— Séria demais. Pensativa. Eles não parecem falar nada, tão só se encarando.

— Bom, vamos com essas sobremesas antes que ela voe no pescoço dele e você tenha um caso de assassinato na sua sala.

Deixo os pratinhos e vejo que nos preocupamos a toa, o clima está leve, Stefan continua falante e Elena responde, sorrindo. É, meu plano deu muito certo.


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