Never Say Never escrita por Drix


Capítulo 11
Lets Running




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POV Elena

O silêncio é desconfortável. Porém, não me sinto à vontade na presença dele, e puxar assunto está fora de questão. Melhor ficar calada mesmo. Terminamos de comer e ele tira as anotações da mochila, revisa as minhas rapidamente, me passa as dele.

Aponta os pontos em comum e o que falta. Não demora mais de duas horas pra apresentar tudo que vou precisar buscar. Parece, realmente, que está acostumado a fazer isso. Por isso Sr. Morgan não hesitou em chamar. Deve mesmo ser bom aluno.

Ele termina, me pergunta se tenho dúvidas. Um monte. Mas ainda não li nem metade, não faço ideia do que posso resolver nas anotações dele ou nos livros. Acho melhor ler tudo antes. Ele concorda e informa que precisa ir. Aceno com a cabeça, meio automático, ainda olhando tudo que tá na minha mão.

Levanto os olhos e não vejo nem o rastro dele mais. Não que me importe, mas, poderia apenas se despedir. Começo a juntar tudo pra ir embora e percebo que nem faço ideia de onde estou e como vou pra casa. Saio da lanchonete e olho em volta procurando a placa. Hum... 91 com a Lexington, é só descer.

Quer saber, vou pro parque. O dia tá lindo, fresco, e esse céu de outono é inspirador. Vou sentar por lá, e ler um pouco disso tudo aqui até escurecer.

Sigo em frente, caminhando e observando tudo em volta. O que tenho achado mais legal daqui é que, apesar de ser uma cidade metropolitana, as ruas são bem arborizadas. Bom, pelo menos aqui no bairro. Tem árvores a cada 10 metros, e eu acho isso lindo.

Chego na Park e paro pra atravessar, olho pra frente e vejo o babaquinha parado esperando também. Dou um passo pra trás, tentando me esconder entre as pessoas. Vai achar que tô seguindo ele. Saiu tão antes de mim, como que eu alcancei ele? Bom, não importa. Só espero que não me veja.

O semáforo abre pra pedestres, espero ele andar uns passos e decido atravessar. Tem algumas pessoas atravessando junto, consigo me enfiar no meio. Se ele virar, não vou ser vista. Ai, caceta! Vejo ele chegando na calçada, pronto pra atravessar de novo pro outro lado, olha pra trás pra conferir se tem carro e me gelo toda. Mas que bosta.

Olho pra frente, na pior das hipóteses, ele vai ver que não tô olhando pra ele e tudo bem. Tento ainda me camuflar com os outros pedestres. Chego na calçada e respiro. Dois passos à frente, ouço a voz dele.

— Você está me seguindo, mesmo! - congelo. Olho pro lado, ele está encostado numa árvore, sorrindo de lado, com um ar debochado, tipo o gato de Cheshire. Que susto da porra!

— Não, eu... - tento me explicar e gaguejo. Respiro e tento de novo. - Eu não tô te seguindo, decidi ir estudar no parque, e como saí logo depois de você, foi apenas uma infeliz coincidência. Eu nunca pegaria essa rua se soubesse que você passa nela! - respondo, recuperando meu juízo e olhando pra ele de cara feia.

— Sei... Bom, eu passo por ela todo dia, porque moro aqui. - ele responde e aponta pro prédio na esquina. Lindo e suntuoso. Deve ser um desses mimadinhos pra morar justo na avenida Park. Acho que tenho mais raiva dele agora, sabendo disso. - Vem tomar um café qualquer dia, é na cobertura. Só pedir pra me chamar. - ele diz, já saindo e atravessando a rua novamente, sem olhar, dessa vez.

Por que diabos não fez isso antes?!?

Sigo na direção do parque, respirando, tentando controlar a raiva que ainda sinto por ele ser tão debochado. E de alguma forma, a Bonnie me despertou uma duvida, estranhamente, por mais vezes que a gente esbarre, ele nunca mais falou nada indecoroso.

POV Stefan

Andei devagar pra espairecer. As palavras dela me incomodaram. Às vezes sinto como se eu realmente permitisse que as pessoas façam o que quiser comigo. A começar pelo meu pai, que manda e desmanda na minha vida. Eu poderia apenas sair de casa e ir morar com meu irmão. Ele me acolheria, certamente.

Rebekah também, eu faço as vontades dela, e continuo me aborrecendo com esse ciúme infundado. Mas nunca termino. Me incomodo, faço cara feia, alguma grosseria momentânea, e no dia seguinte tô eu lá, atrás dela igual um cachorro sem dono. Pois hoje, vai ser diferente!

Paro aguardando o sinal fechar, atravesso a Park distraído. Na outra calçada, de frente pro prédio, olho pra ver se vem carro. Mas olha só quem vem ali. Essa oportunidade eu não vou perder. Volto pra mesma calçada e encosto pouco mais a frente, onde é mais estreito por causa do canteiro. Deve estar indo pro parque, mas com certeza me viu, virou a cara na hora que eu olhei. Tento controlar minha gargalhada. Espero ela passar e lanço a frase. Posso dizer que tenho uma perseguidora, que engraçado isso.

Ela se assusta e gagueja e eu preciso me controlar pra não rir, porque, que coisa maravilhosa é a vingança. Ela se explica, meio tonta. Queria filmar isso, sério. É claro que ela soltaria uma grosseria, e não perco a pose. No fim, a chamo pra um café, só pra irritar mesmo. Não tá passando carro, vou embora. Tomara que ela fique pensando nesse desconforto a tarde inteira. Me sinto até melhor agora.

POV Elena

Envio uma mensagem pra Bonnie. Fiquei encasquetada com essa semente que ela plantou. Mas eu sei o que eu ouvi, não foi imaginação minha. E quando eu fechei o armário ele tava lá me olhando com aquela cara cretina. Ela responde a mesma coisa, que fez só uma observação, que ele pode mesmo não ter tentado nada porque eu deixei claro. Enfim, acho que foi isso mesmo.

Estudo até escurecer e pego o caminho de casa, descendo a Quinta, por segurança. Não quero esbarrar ninguém indesejável novamente.

Chego no prédio, abro a porta e dou de cara com Caroline saindo, com uma malha de balé, um tutu pendurado no braço e uma bolsa enorme. E sorrindo, claro.

— Ué, me atrasei? Porque achei que tínhamos combinado no elevador. - brinco. Ela dá uma leve gargalhada.

— Que bom te ver. Você gosta de balé? Eu vou me apresentar hoje, consegui o papel principal! Estou tão animada! Aparece lá pra me ver! - une as mãos e bate palmas - Deixei dois pares de convites na portaria pra você. Não sei seu apartamento. - ela diz fazendo uma cara de susto - Um par pra sua irmã e seu cunhado, outro pra você e seu namorado.

— Eu não tenho namorado, espera aí, vou devolver o excedente.

— Não seja boba, chama uma amiga, não tem problema! Depois meu agente vai passar nos lugares pra levar vocês no meu camarim, se quiserem. Preciso ir agora, ainda tenho o aquecimento. - Ela solta a porta e sai mandando beijos com a mão. Definitivamente é a pessoa mais feliz que eu conheço.

Abro a porta e sinto um cheiro maravilhoso de comida. Vou ver o que é. Katherine assando biscoitos.

— Tá doente? - pergunto, pegando um copo d'água.

— Não! Tenho um brunch amanhã no clube, e as esposas dos sócios do escritório do Damon combinaram de levar, cada uma, a sua especialidade.

— E qual seria a sua? - pergunto segurando a risada.

— Pois é. - ela responde fazendo uma careta inconformada. - Começa que nem sou esposa ainda, e não sou dondoca como elas, só que, ouvi a voz da mamãe martelando na minha cabeça hoje “você precisa participar disso, Katherine” e decidi assar esses troços. Espero que sejam bons. - ela termina mostrando um pacote de massa de biscoitos caseiros. - acrescentei canela pra disfarçar. - falou rindo.

— Hum... vou guardar minhas coisas. Ah, quer ir ao balé hoje? Caroline me deu convites.

— Jura? Eu quero sim. Quem mais você chamou?

— Ninguém. Não conheço mais ninguém aqui. Ela deixou 2 pares, pra mim, você e Damon e um suposto namorado.

— Damon não vai mesmo. Ele odeia balé, teatro. Mal consigo carregar ele pro cinema.

— Então, vamos só nós duas!

Vejo minha irmã animada e me animo também. Começamos a nos arrumar no quarto dela, como antigamente, e Damon chega. Fica feliz por Katherine ir se divertir e agradece por ela nem tentar convencê-lo a ir também.

— Vou ver um filme na TV e dormir cedo pra estar cheio de ideias pro Brunch amanhã. Tentarei apresentar o projeto de defesa da área do Prospect Park, espero que dê certo.

Eles conversam sobre isso, e meu cérebro desliga com os termos técnicos. Katherine está a parte de tudo, ela fez uma matéria sobre o entorno do parque estar sendo usado como depósito de lixo, e a prefeitura não faz nada. E Damon decidiu abrir um processo. É incrível como eles trabalham bem juntos.

Termino de me maquiar e espero na sala, conversando com a Bonnie. Minha primeira noite de Balé no NYC Ballet, ainda por cima na primeira fileira, pra assistir Cisne Negro. Me sinto tão rica. Acho que posso me acostumar com esse mundo de Manhattan.

* * *

A noite foi maravilhosa! Katherine chamou duas amigas do trabalho, Olivia e Jane. Muito divertidas. Foi a noite das meninas. Assistimos a peça, fomos no camarim falar com Caroline que amou a visita, e estava perfeita no papel principal. Ela nos chamou pra uma festa, mas, Katherine tendo que acordar cedo, declinou. Contudo, quis sair pra beber um drink, nós quatro. No caso elas, eu fiquei no suco mesmo. Me senti uma adulta cosmopolita, mais ou menos. ~risos~

Tô exausta. Apesar dos acontecimentos mais cedo, me sinto feliz. Em breve me acerto no colégio, e tudo vai ficar bem.

POV Stefan

Termino de ler o livro que a Jenna passou e fico olhando pro teto. Decidindo se vou ou não na Rebekah. Ainda tô meio puto e minha vontade é de ir lá e terminar. Como não quero tomar essa decisão de cabeça quente, vou ficar em casa.

Porra, sábado a noite. Quando me tornei um velho? Eu não tenho nem 17 e já penso igual um cara de 30. Preciso viver minhas experiências. Quer saber? Vou ligar pro Joe e fazer alguma coisa divertida. Upper East Side, com certeza tem alguma festa open bar e garotas lindas pra se olhar por aí.

Ligo pra ele e rapidamente ele me aponta pelo menos 3 eventos interessantes. Marco às oito na casa dele, e de lá, tentaremos otimizar a noite indo em todos. Não tem nada pra fazer amanhã mesmo.

Chegamos na primeira festa, várias pessoas do colégio. As amigas da Rebekah estão aqui. Estranhamente, duas delas vem falar comigo, e se insinuam. Por um momento entendi porque minha namorada é tão ciumenta, com amigas como essas...

Ignoro e vou pra rodinha dos caras, pego um whisky e ficamos falando de futebol. Eu poderia tentar falar do livro, de alguma coisa sobre historia, mas aqui a maioria ou fala de garotas, assunto que eu não domino, já que namoro a mesma menina desde os onze, ou bolsa de valores que absolutamente não me interessa.

De repente o assunto passa pra “Miss Bikine” e apesar de incomodado, aprendi minha lição e não vou mais comentar. Além do mais, de acordo com ela, todo mundo tem o que merece. Hum, acho que não foi o que ela disse, mas, quase a mesma coisa.

— Mano... Sério, quero ver aquela menina de bikine pessoalmente. É muito gostosa. - eu acho meio absurdo a forma como eles falam das meninas como se fossem um pedaço de carne. Só que eu entendo, já que Rebekah me maltrata me provocando e me evitando o mesmo tanto.

— Aposto um dinheiro que consigo ver ela de lingerie antes de qualquer um aqui. - Marty diz, e só penso no quanto eu odeio esse cara. Me afasto, chamando o Joe.

— Hey, não tá na hora da gente ir pra outra festa? - ele concorda e vamos. Gente diferente, caras novas e um lugar que miss bikine não seja assunto.

Saímos pra segunda festa, e o anfitrião era de outro colégio de abastados, onde o Joe estuda. Não muito diferente do meu, porém pelo menos as rodinhas de conversa aqui incluem as meninas e o assunto é mais variado. Bebo mais um tanto, e começo a fazer umas piadas ridículas, que todos riem. No momento, parece que todo mundo me ama.

Algumas horas depois, vamos pra última festa com uma turma dessa segunda. Aniversário de alguém que não faço ideia. Quando entramos, era nítido que não era de ninguém da nossa idade. Tinha muita gente mais velha, e me entregaram uma carteira falsa de identidade.

Sei que tô bêbado, mas, ainda não o suficiente. O cara da foto não se parece em nada comigo, tento ver dos outros e acho alguém que se pareça mais. Pelo menos com um corte de cabelo melhor. Eu nunca usei carteira falsa, tô me sentindo um infrator, mas foda-se, eu nunca fiz isso antes, de sair com gente da minha idade, eu só quero me divertir.

O álcool tá subindo minha cabeça, sinto ela rodar. A música alta, as luzes, eu sei que tô me divertindo. A pista tá cheia, todo mundo dança, eu também, como se minha vida dependesse disso. Sinto alguém passando a mão na minha barriga, se aproximando pra dançar. Abro os olhos. Ela é linda. Tem os olhos azuis e cara de anjo. Fico hipnotizado por uns minutos.

Ela apenas dança sorrindo pra mim. Deixo ela me conduzir, minha cabeça ainda roda. Joe me cutuca, alguém tá passando mal, eu acho. Olho confuso, não quero ir embora, nem sei o nome dela. Ele me puxa, eu tento voltar. Alguém se junta a ele e me empurra. Ouço um “pegaram o Charlie”, a gente tem que ir. Olho assustado. Eu nem sei quem é Charlie.

— Vamo, vamo. Vai dar merda. Pegaram a identidade dele e seguraram, tão ligando pro pai dele. - Não consigo nem imaginar alguém ligando pro meu pai e ele vindo me buscar, fiquei praticamente sóbrio na hora. Saímos correndo, sem nem olhar pra trás. Parece que o combinado é esse.

Chego em casa ainda tropeçando um pouco, carregado por George que, apesar de não achar legal, me acompanhou assim mesmo. Me enfiou debaixo do chuveiro vestido e ligou a água fria.

— Vai ajudar a ficar sóbrio. - meto a mão no bolso verificando meu celular. Pelo menos isso ele tirou. - Sorte minha que seu pai não está em casa, senão hoje eu perdia meu emprego.

Saio do banho bem melhor. - Sorte nossa. Certamente eu iria pra um internato ou coisa parecida. - respondi sorrindo. Ainda me sinto meio tonto, mas, já fico em pé sozinho. Ele confere se estou mesmo bem, avisa que vai estar no quarto dele e sai. Retiro a roupa molhada, e me seco, me preparando pra dormir.

Fiquei agradecido por ter conseguido convencê-lo a não me dedurar nessas fugas. Não sei como faria pra chegar em casa hoje. Deito ainda com o teto rodando. Uma imagem borrada vem na minha mente. Um rosto lindo, de um anjo. Durmo tentando me lembrar onde eu vi essa imagem.






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