Sangue nas Areias do Foguete escrita por Pierre Ro


Capítulo 14
"É por causa da bebida excessiva"


Notas iniciais do capítulo

E aí! Como vocês estão?
Nossa, perdão a demora! Essa semana realmente foi puxada para mim! Apesar de já ter todos os capítulos prontos, ainda faço uma revisão, o que não foi possível. Fora que ainda precisava de internet no PC.
Nesse capítulo, muitas outras pistas! Cuidado para não caírem nas "armadilhas" haha
Até o final do capítulo!



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            Após a revelação de mais um fato, anunciado por Vinícius, Louise colocou as mãos sobre o rosto e pensou bastante. A câmera fotográfica da vítima havia sumido, e esse fato não poderia ser descartado. Porém, ela teria que enfrentar mais um obstáculo para vencer esse quebra-cabeça que parecia ser impossível de ser resolvido.

            Respirou fundo e agradeceu ao seu ex-aluno, que logo foi embora, pois precisava de um tempo para descansar e refrigerar o cérebro.

 – Pediu para me chamar, senhora policial? – Miguel perguntou, entrando cuidadosamente no quarto.

A mulher assentiu e pediu para que se sentasse na cadeira a sua frente. Como ela ordenou, ele fez.

— Senhor Miguel, quero deixar claro que estou aqui para desvendar o mistério de um crime cruel e violento contra uma mulher. É de total importância que conte a absoluta verdade para nós.

— Estou ciente disso, senhora! Prometo que não omitirei nada.

— Sendo assim, quero que me conte sobre a sua relação com a vítima e a respeito de seus passos na noite do crime.

— Está bem. Bom, eu a conheci no COFAC, como os alunos. Falávamos vez ou outra nos corredores. Dirigi o carro com os alunos até aqui. Nunca chegamos a trocar muitas palavras. Não a conheço direito e, por isso, não teria razão alguma para matá-la.

— Entendi. Foi você quem ficou fazendo as bebidas ontem, certo?

— Sim. Eu sempre fico com a parte de bebidas em festas assim. Sou biólogo, mas gosto de me aventurar nas áreas da mixologia e culinária.

— Eu tenho motivos bem convincentes para afirmar que foi colocada, naquela bebida, alguma substância que deixa as pessoas bêbadas. Ou uma dose maior no álcool. Inclusive no refrigerante. Ainda não sei o que é.

— Se isso aconteceu, não foi por mim. Christian quem comprou a bebida. Eu apenas a preparei.

— O senhor tem certeza que, talvez, alguém não tenha colocado?

            O jovem parou um pouco para refletir. Pensou bastante, e se lembrou.

— Oh, recordei-me agora. Em um momento na festa, eu saí para ir ao banheiro. Quando voltei, Alice estava lá no bar. Eu achei estranho, mas nem disse nada.

— Talvez seja isso! – Louise falou, pensativa – Não desconfia de ninguém que poderia ter cometido esse crime?

— Para falar a verdade, sim. Lembro que Beatriz ficou na casa quando todo mundo estava na festa. Creio que as duas estavam discutindo quando Bia, alterada pelo álcool, a atacou. Além disso, lá na festa, Calista e Sabrina estavam dançando quando, de repente, o celular delas tocou, e elas foram embora. E, então, as três, juntas, voltaram como se nada tivesse acontecido.

— Sei bem... O que o senhor desconfia?

— Desconfio que as três estejam envolvidas. Não sei o porquê, mas é minha intuição.

— Entendi. É só isso?

— Sim.

— Tudo bem. Pode ir, Miguel. Muito obrigada pela contribuição.

— Eu que agradeço! – Disse ele, saindo – Quer que eu chame alguém?

— Sim. Micaela, por favor. – ele assentiu, e foi embora.

            “Hum, ele me pareceu estar sentido com a morte da moça.” A detetive pensou.

            A jovem negra de cabelos crespos entrou no quarto dez minutos depois de Miguel sair. Em suas mãos, ela trazia uma garrafa de água gelada.

— Com licença, senhora detetive – ela disse, em um tom doce, mas sério, de quem não costuma viver para agradar a ninguém – Trouxe um pouco de água, aceita?

— Oh, muito obrigada, querida! – Ela disse, pegando o recipiente e bebendo um gole. Sua garganta estava seca. A água, com certeza, aliviou seu estresse.

— Então, em que posso ajudar? – Perguntou a jovem, sentando-se na cadeira.

— Preciso que me ajude dizendo sobre a noite de ontem e sua relação com Alice.

— Bem, a única coisa que posso dizer é que Alice sempre me pareceu uma pessoa misteriosa, que escondia segredos. Trocamos poucas palavras nesses dias. Ontem, à noite, eu não sei o que aconteceu. Eu nunca ingeri álcool na minha vida, porém, ontem, mesmo bebendo apenas refrigerante, senti que estava embriagada. Aliás, todos estavam. Lembro que ela estava dançando com Vinícius, e sugeriu para que ele dançasse comigo. E assim fizemos. Não tenho motivos para matá-la. Gosto demais do Víni e, vê-lo sofrer é triste demais para mim – ela falava, emocionada.

— Também fico assim. É um bom rapaz... Porém, aquela Alice não era verdadeiramente a irmã dele. Acho que, por isso, ele está melhor. Ainda está amargurado, mas está mais tranquilo.

— Oh, não sabia disso naquele momento! – Exclamou.

— Mas, e quanto a Beatriz Drummond?

— Ah, acho ela uma pessoa boba. Fútil. Apenas.

— E qual a sua opinião sobre a Camila?

— Acho que ela não tem nada a ver com o Víni. Ele é tão simples, e ela complicada. Ele é simpático e ela, meio egoísta. Enfim, não costumo dar pitaco no romance dos meus amigos. Porém, sabia desde cedo que esse namoro não ia vingar. Existem pessoas muito melhores para ele – falava, deixando-se levar – Quero dizer, para os dois – corrigiu-se, e ficou corada.

            Louise lançou um sorriso bobo para ela. Havia notado na expressão da jovem o que verdadeiramente sentia.

— Você gosta dele, não é? – Perguntou, finalmente, rindo bastante.

            A pele negra clara de Micaela ficou ainda mais vermelha do que já estava.

— Nossa! É tão óbvio assim?

— Eu sou uma especialista nisso – ela brincou, rindo – Mas fica tranquila, se quiser, não direi nada.

— Pois é. Sei que você não está aqui para ficar ouvindo o quanto gosto dele.

— Ah, não. Pode falar! Estou cheia de tanto falar sobre Alice. Diga. Também estou curiosa para saber como é o Vinícius de hoje – ela respondeu, cruzando os braços, desabafando. Micaela ficou meio sem graça, mas resolveu se abrir.

— Ai, é tão lindo o que sinto! Ele tem um jeito tímido, sim, que eu também amo. É carinhoso e inteligentíssimo. É o melhor aluno da classe, disputando com Hugo e comigo, é claro. Defende a justiça e a democracia com unhas e dentes, gosta de ler, debater... E o jeito de falar também me agrada! Não sei o porquê, mas me apaixonei perdidamente por esse garoto no começo desse ano. É estranho, porque ele namorou a Camila, mas agora... A gente dançou, nos beijamos... Foi tão bom. Nossa! Queria que fosse recíproco.

            Ela terminou, com os olhos brilhando. Louise ficou fascinada com o sentimento da moça. Ela sempre suspeitava das coisas. Mas, dessa vez, a menos que Micaela seja uma ótima atriz, falava a verdade.

— Vejo que está muito apaixonada – informou a detetive, contente. Segurou na mão da garota, e confessou também – e fico feliz que meu aluno tenha se tornado essa pessoa boa. E gosto de você também. Afinal, também se preocupa com ele. Se realmente está apaixonada, corra atrás! Não deixe seu orgulho e tabus atrapalharem o que sente.

— Obrigada por me ouvir. É tão bom desabafar! – Ela confessou.

— De nada, querida! – Falou. Suspirou. Respirou fundo, e mudou de assunto – Agora, tenho que continuar as entrevistas. Chame Fernando para mim, por favor.

— Claro. Estou indo! – Ela disse, sorrindo.

            Louise ficou sozinha por um tempo, pensando sobre aquilo.

— Muito apaixonada mesmo... Agora, imagino ela assim, embriagada, sabendo que Alice está enganando o amor de sua vida... Realmente, não ia prestar!

— Olá, senhora policial! – Disse o rapaz asiático, simpaticamente.

— Fernando Minene, certo?

— Exatamente.

— Pode se sentar aqui, que vou lhe fazer algumas perguntas – assim ele fez – Bem, sei que isso é chato, mas preciso que me diga a sua relação com Alice Ferreira e seus passos na noite passada.

— Está bem. – ele confirmou, contando sua versão, sempre gesticulando com a mão – Eu e Alice nunca chegamos a trocar palavras, eu acho. Só a admirava, às vezes. Ela é bem atraente. Ontem, eu tinha bebido bastante. Não me lembro de muita coisa. Só sei que fui ver os fogos. Fui para a outra festa. E lá, eu, bem... Fiz “coisas” com certa pessoa.

— A professora Susana – ela falou, rindo da situação.

— Sim! Ela te contou? Então é porque gostou! Lá na festa, a gente dançou, nós nos beijamos. Fomos lá perto, escondidos, em uma moita e tiramos a...

— Não preciso desses detalhes! – Ela o interrompeu, desconfortável com a empolgação do garoto.

— Desculpe-me. Só falar disso eu fico... Bem... Fico contente! – falou, quase dizendo algo embaraçoso.

— Tudo bem. Mas vamos voltar ao foco. Você notou alguém agindo de maneira suspeita na festa?

— E como poderia prestar atenção nisso? Só que Taís ficou mexendo no celular muito animada. Quase não curtiu a festa. Só isso. Não faço a menor ideia de quem poderia ter feito isso com a pobre psicóloga.

— Sendo assim, está dispensado, por enquanto. Chame, para mim, Sabrina Findlay.

            Ele assentiu, e fez o que foi pedido.

— Olá, senhora detetive! – Sabrina chegou meio assustada no dormitório masculino para o interrogatório. Passou seus olhos em tudo. Dava passos cuidadosos, e quase gaguejava.

— Sente-se aqui e fique à vontade, querida! – disse-lhe, e assim foi feito.

— É... Bem, vocês não estão suspeitando de mim, estão? – Sabrina perguntou, apontando para si.

— Oh, não é isso. Só queremos a versão de todos da noite do crime. É importante para a investigação. Então, peço que comece contando sobre o que achava de Alice.

— Ah, sempre achei ela uma pessoa boa. Simpática. Bonita... E é isso. Quase não falei com ela. Apesar de ela ter dirigido o carro que me trouxe aqui.

— Entendi. Agora, conte-me com detalhes a noite de ontem. Você notou algo estranho na Alice? Ou em alguém? Qualquer coisa suspeita, peço que conte!

— Oh, claro. Espera, deixa eu lembrar... – ela pensou um pouco – Ah, sim. Eu fiquei meio bêbada naquela festa. Não lembro de tanta coisa. Mas me recordo que ela dançou com uns garotos e com a Bia. Depois, na hora dos fogos, ela não estava conosco. Quando fomos para a outra festa, a Bia tinha sumido. Ligou para mim e para a Calista irmos busca-la, já que tinha passado mal. Ela teve um problema no estômago, sabe. Acho que é por causa da bebida excessiva.

— Compreendo perfeitamente. Suspeito que alguma substância química tenha sido colocado na bebida que vocês consumiram. De qualquer forma, não aconteceu mais nada? – Perguntou ela, para a moça.

— Não. – respondeu, engolindo a seco.

— Você é filha do senador João Rodney, não é?

— Ele é meu padrasto, na verdade. Por que a pergunta?

— Nada de importante. Pode ir já. Mas, chame para mim, o aluno Tomas, por favor. Está bem?

— Sim. Vou lá! – Disse ela, forjando um sorriso falso. E saiu de lá.

            “Parecia bastante nervosa, ela... É claro. Não queria botar nada a perder” pensou a detetive, refletindo na situação.

            Bebeu um pouco de sua água e se preparou para a chegada de mais um estudante, que não demorou muito para chegar. Tomas abriu a porta sem dizer nada e se sentou na cadeira, rudemente.

— Boa tarde! Tomas Fagundes, certo? – Ela perguntou, tentando ser simpática. Mas ele manteve com a mesma expressão séria e indiferente.

— Isso. O que preciso fazer aqui?

— Bem, preciso saber como foi esse crime. Quero que me diga, então, o que achou quando ficou sabendo da morte de Alice?

— Sinceramente? Nunca falei com ela. Para mim, é uma desconhecida a menos. Afinal, nunca trocamos uma palavra – respondeu, secamente, enquanto Louise digitava tudo – Aliás, falei com pouquíssimas pessoas dessa casa. Não sei nem o porquê vim aqui. Não estou curtindo.

— Certo. Então, diga-me o que aconteceu na noite passada. Se notou algo suspeito de alguém...

— Ficaram tocando música alta o tempo todo. O pessoal ficava dançando, se mexendo, se esfregando, bebendo... Coisa horrível. Aí eu fiquei na minha e o idiota do Caio me puxou para o centro da sala e puxou minha bermuda. Todo mundo ficou rindo e eu me enfureci. Peguei uma garrafa de vodca e fui para a outra festa. Lá, um cara perguntou sobre a Alice, dessa casa aqui. Eu respondi o que aconteceu aqui. Depois ele veio chamar o povo para lá. Eu continuei quieto, na minha. Voltei para casa pela porta da frente. Pouco depois o pessoal veio junto. A câmera da frente da casa pode até te mostrar. E é isso.

— Espera, quem perguntou sobre a Alice? – Louise questionou, surpresa e curiosa.

— Não lembro o nome. Ele era alto, magro, com a pele um pouco mais clara que a minha. Vestia um blusão aberto. Bebia bastante também. Acho que se chamava Mário... Maicon... Não me lembro.

— Bem, e ele apresentava alguma atitude suspeita?

— Ele parecia gostar da Alice.

— Sir Fagundes, alguns alunos dizem que tens hábitos estranhos. Possui algum segredo ilegal? – Perguntou, e ele ficou assustado.

— Eu sou quieto. Minha rotina é ir para o colégio. Ir ao trabalho da minha mãe, no hospital. E ir pra casa. Não saio de casa nos finais de semana. Só quando minha mãe trabalha, que vou para lá. Quero fazer enfermagem ou medicina, sabe. Mas poucos acreditam no meu sonho...

— Então, é só isso?

— Sim.

— Está dispensado, então. Pode ir. Só chame a Calista para mim, ok?

— Ok – respondeu, rispidamente, e voltou para a sala.

            “Um cara perguntou sobre Alice... E ele quem chamou os jovens para a outra festa. Creio que algum deles pode me ajudar a dizer quem é. Isso vai mudar tudo!” Pensou a policial, perplexa.

            Interrompendo seus pensamentos, seu telefone tocou. Ela, rapidamente, apanhou-o e atendeu.

— Edson? – Indagou, quando viu que era ele na outra linha.

— Louise, tenho notícias importantes sobre nossas análises aqui.

— Excelente! Diga, o que tem de novo?

— Vi o lixo deles. E adivinha, tinha pedaços de papel higiênico sujos de sangue. Creio que são da cadeira. Lembra? Alguém teve o trabalho de limpar as provas, mas muito mal!

— Hum, nossa! Conte-me mais.

— Além de confirmar tudo o que tinha dito, como a causa da morte. Examinando as manchas de sangue, checando detalhadamente, notei que a pessoa que limpou o trabalho deixou esmalte rosa no papel também.

— Esmalte rosa! – Exclamou, surpresa.

— Mais alguma coisa, Edson?

—Não. De resto, é só isso. Ligo-te caso aconteça qualquer coisa.

— Ok, vou desligar – falou, e assim o fez.

Impressionada com a notícia, Louise pensou em todas as mulheres que interrogou. Emily, Susana, Micaela e Beatriz apresentavam exatamente a mesma cor de esmalte nas unhas. Anotou o nome delas, e se decidiu a prestar mais atenção nessa questão.


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam? Elaboraram alguma teoria já? Podem falar!
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