Moonlight escrita por Angel Carol Platt Cullen


Capítulo 8
Capítulo 39


Notas iniciais do capítulo

~~cena de ação inspirada em lua nova e amanhecer
Aviso: vocabulário chulo
fotos do capítulo:
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 Capítulo 39

Eu me imaginei nitidamente na situação que Rosalie descrevia. Pude sentir seu medo e sua hesitação.

— Até que avistei um grupo de bêbados, não havia como desviar deles e eu teria que passar por onde eles estavam. Fiquei apavorada, mas fui adiante determinada e sem levantar a cabeça para olhar para eles, quem sabe assim eles não me perceberiam.

'Então a voz de meu noivo, Royce King II me chamou a atenção. Eu não havia visto que era ele e os amigos dele é que estavam ali. Royce veio até mim e me puxou para perto de si. Seu hálito exalava tanto álcool que por pouco eu não desmaiei, mas fiquei atordoada. Ele disse: “Essa é a minha noiva” ele me exibia como um troféu, “vamos nos casar semana que vem. Ela não é linda?”. Um dos amigos dele disse que era difícil dizer porque eu estava vestida.

‘Então os cinco vieram na minha direção e arrancaram as minhas roupas... Eu gritei de dor quando os grampos que prendiam o chapéu na minha cabeça arrancaram meus cabelos ao serem puxados. Eles gargalhavam e pareciam se divertir com meu sofrimento.'

Tive um vislumbre daquele dia em que o meu irmão ria enquanto meu pai me batia e entendi perfeitamente o que Rosalie sentiu naquele momento:

— Eu imagino o que você passou. Eu também já fui atacada diversas vezes. A última vez foi há menos de sete dias, mas por sorte Esme estava comigo e impediu que o pior acontecesse - lembro dos rapazes que nos abordaram na saída do consultório do dentista.

— Não; você não sabe de nada – ela queria que eu tivesse sido estuprada? Como alguém pode desejar uma coisa horrível dessas para outra?! Ainda mais uma mulher que deveria entender e não desejar isso para uma garota. Eu mal passo de uma menina. Rosalie não pode estar falando sério? Ela seria tão malvada a esse ponto? Não quero crer. Ela realmente seria uma vampira se realmente pensa assim. Um monstro como ela diz. – Eu fui estuprada por todos eles, todos enfiaram seus paus (em inglês cocks) dentro de mim.

 Posso imaginar a cara de Esme ouvindo isso tanto por causa do linguajar da filha mais velha quanto por estar dizendo para mim isso dessa forma tão crua que é quase cruel. Mas eu não sou tão criança assim, posso ter aparência ingênua, mas não sou ignorante.

Sou forte e não vou ficar enjoada e nem vomitar. Enojada eu estou sim. Como eles puderam? Eles estavam bêbados. Sim eles perderam o controle pois estavam bêbados, mas se embebedaram por escolha própria, ninguém ordenou, e isso não tira a culpa deles pelo que fizeram com Rosalie. Ela não merecia. Sinto pena dela.

Ela já era noiva de Royce ele não precisava fazer isso. Ah, mas a influência dos amigos, nesse caso má influência, é muito forte que ele não pode resistir. Que marido ou noivo compartilharia a esposa ou noiva com os amigos desse jeito? Isso foi horrível. Hediondo. Escabroso. Um ato nada digno dele. Um cavalheiro de verdade não faria isso. Como ele pode?

— Mas depois que eu acordei como vampira fui atrás de todos eles e matei um a um.

'Os matei sem derramar uma gota de sangue. Eu sabia que não poderia resistir se o fizesse. Tenho o histórico mais limpo de toda a família, pois nunca provei sangue humano. Sou até melhor do que Carlisle, porque ele sentiu o gosto de nosso sangue quando nos mudou.

Papai foi bondoso com ela e ela o trata dessa forma?! Ingrata. Isso está muito além da ingratidão. Desrespeito completo.

— Até mesmo Bella teve que beber sangue humano quando ainda estava grávida; claro que não matou ninguém para isso, mas provou sangue humano. Minha ficha é mais limpa do que a de sua adorada mamãe — ela diz claramente com a intenção de me magoar, mas eu não me abalo tanto quanto ela gostaria.

— Eu já sabia disso! – digo quase furiosa.

Eu não sabia exatamente, mas eu imaginava que pudesse ter acontecido. Seja como for, foi há quase 100 anos e ela nunca mais machucou alguém novamente. Como Rosalie pode falar assim se acabou de confessar que matou ao menos cinco pessoas? Ela matou mais do que alguns da nossa família, não mais do que Jasper e Edward, mas mesmo assim ela matou seres ‘humanos’. Não que eu desaprovasse a atitude dela, mas a intenção de ser vampiros bons não é não matar pessoas? Ela não entendeu isso?

— Eu matei os cinco homens que me atacaram aquele dia e mais os dois seguranças que Royce contratou pensando que bastaria para me deter. Eu não precisava ter matado eles é claro, mas eles não iriam me deixar entrar. Eu bati neles o mais fraco que eu consegui, mas mesmo assim eles caíram sem vida. Vocês humanos são tão frágeis! Ou eu era mais forte porque era uma vampira recém-criada? Não importa.

‘Eu deixei meu ex-noivo por último para que ele soubesse que eu iria atrás dele. Deu certo e ele estava apavorado, encolhido em um canto quando eu cheguei. Ele me implorava pela própria vida, mas eu não atendi seu pedido. Eu também supliquei para que eles parassem enquanto me estupravam, mas eles não me ouviram nem tiveram qualquer piedade, porque eu deveria ter? Eles só pararam quando pensaram que eu estava morta. Eu queria morrer, mas não foi rápido o suficiente e Carlisle me encontrou antes, me levou para casa e me mordeu.

Me lembro que eu implorava para meu ex-pai parar de me bater mas ele não me ouvia. Quanto mais eu chorava por causa da dor, mais ele me batia e mais doía e eu mais chorava e ele mais me batia... Era um ciclo que não parecia ter fim. Mas tinha ao menos por algum tempo. Ainda bem que os humanos ficam cansados e meu pai cansava de me bater. Me batia até cansar!

 'Naquela época eu roubei um vestido de noiva para usar durante o ataque, eu era muito teatral - Ela sorri ao recordar de uma forma que me assusta. - Depois queimei para não ter nenhuma lembrança... Matei eles e me senti vingada. Matou? Morreu. Um por um.

— Mas você pode encontrar Emmett. Se não tivesse se tornado uma vampira jamais teria encontrado com ele. E agora você está feliz! - tento explicar o que eu pensei. Ela poderia ser como Esme e esquecer o ex e agora se concentrar no presente, mas Rosalie é tão teimosa e amarga que não enxerga o que tem diante dos olhos!

— Talvez você tenha razão. Mas isso não diminui a importância do que Carlisle fez comigo.

— Ele não te matou, quem matou você foi o seu ex-noivo! Você iria morrer se ele não tivesse intervindo. - defendo meu pai.

Rosalie vem para mais perto de mim, tão próximo que sinto seu perfume:

— Ele poderia ter me deixado morrer!

— Se você tivesse morrido não conheceria Emmett.

— Eu sei, nós dois estaríamos mortos.

— Isso mesmo. E se vocês dois se conhecessem na outra vida jamais poderiam...

— Diga, eu sei que você sabe o que eu queria ter e não posso porque sou uma vampira. É por isso que eu a invejo. Você poderia ter e eu não.

— Nunca quis ter filhos.

Rosalie hesita por um segundo me olhando de forma indecifrável:

— Você diz isso porque não encontrou o homem da sua vida ainda.

— Eu sou virgem. Nunca quero me casar. Não nasci para isso.

— Você acha que não, mas seu coração não conhece o que é o amor. Faz você querer dar tudo para quem você ama.

— Eu não me importo com sexo.

— Não mesmo?

— Não – reafirmo energicamente.

— Bem, mas então se você não quer ter filhos então não se importaria em morrer. Sua vida não tem nenhuma utilidade – Rosalie segura meu braço muito forte.

Eu não tinha percebido que ela fez o que eu vi depois. Ela desapareceu e eu olhei para meus braços foi quando eu percebi que a unha dela cortou a minha pele como uma navalha e o sangue começava a escorrer. Minha visão estava ficando turva e eu logo iria desmaiar.

Eu soltei um grito apavorante quando notei. Eu pude ver a camada de pele aberta expondo a veia cortada. O sangue começou a sair forte, muito mais vermelho do que eu pensava - era o sangue venoso, pobre em oxigênio, e por isso mais escuro.

— Aaaaaaaaaaaaaiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii

Minha vida tem sim valor, ao menos para Esme eu preciso continuar viva. Eu quase morri antes e ela me salvou. Ela me quer viva e por ela eu ficarei viva. Não posso morrer. Não posso! – eu não iria padecer por causa de um corte desses, mas me deixou muito assustada ver tanto sangue.  Foi meu braço esquerdo perto do coração e o sangue era vermelho intenso. O pânico não me permitia pensar direito! Eu vou morrer, espero que Esme me perdoe. Não deveria ter desobedecido ela.

Me sinto ficando cada vez mais fraca conforme o sangue escorre para fora parece que se passou muito tempo, uma eternidade, mas foi apenas um milésimo de segundo até que Esme, Carlisle e Bella vieram imediatamente ver o que tinha acontecido:

— Como ela pode fazer isso? – pergunta Bella indignada.

Porque Bella veio também? Não que eu não quisesse que ela tenha vindo, mas porque? Talvez o instinto maternal é mais forte nela e em Esme. Minha irmã também não teria problema com meu sangue, não preciso me apavorar.

Carlisle também não se incomodaria. E Esme? Ela talvez tivesse um pouco de dificuldade. Se ela me atacasse, Carlisle e Bella seriam suficiente para segurá-la?

 - Ela está ficando pálida, acho que vai desmaiar – diz Esme ao meu lado.

— Segurem-na enquanto eu amarro o braço dela para conter o sangramento – diz Carlisle.

Se mamãe está me segurando de um lado, acho que minha irmã está me apoiando do outro. Esme estava bem ao lado de meu braço machucado e não resistiu ao ver tanto sangue. Bella percebeu e teve que detê-la antes que ela me atacasse.

Carlisle estava rasgando a barra da minha saia para amarrar meu braço e não estava prestando atenção. Eu iria desfalecer a qualquer instante. Eu estava zonza e o sangue desaparecia de minha cabeça:

— Esme, NÃO! – Bella gritou.

Eu desabei sem ninguém para me segurar. Bella me soltou, pois sabia que Carlisle teria a reação de me amparar e fez o que era mais urgente, agarrou Esme pelos braços para que ela não se debatesse e a levou para longe de mim:

— Desculpe, mãe – ela disse e as duas saíram.

Carlisle me segurou antes que eu caísse totalmente e me levou para o escritório dele:

— Papai, eu não quero morrer – digo com a voz fraca, mal passando de um sussurro. Inaudível para um humano, mas eu sei que Carlisle podia ouvir claramente. – Por favor, me salve! – ele sabe que eu queria ser transformada em vampira se eu estivesse morrendo e não houvesse outra forma de me salvar. Eu iria compreender, ao contrário de Rosalie.

— Você não vai morrer filha – ele me diz calmo.

— Se eu morrer, vou morrer feliz porque você me segurou no colo. Algo que eu sempre quis, mas tinha receio de pedir.

— Ah Carol! Eu faria isso se você tivesse me pedido. Eu ficaria tão contente, filha. Não precisava ser assim.

— Mas eu tinha medo de pedir. Meu pai não fez isso comigo nunca.

— Nunca? - Carlisle conversa comigo para me manter acordada.

— Não que eu me lembre.

Ele provavelmente nem me pegou no colo quando eu era bebê recém-nascida. Porque se ele fez quando eu era pequena e eu não me recordo ele parou de fazer quando eu iria me lembrar?

Chegamos ao escritório e Carlisle me coloca sobre a mesa:

— Não é educado sentar na mesa – tento fazer uma piada para deixar mais leve a situação, mas sem sucesso.

— Você não esta na mesa filha, é minha escrivaninha. Imagine que você esta num hospital, na mesa de operações ou na maca.

— Não vai doer, papai? – digo me recuperando aos poucos, algo no ar me deixa mais acordada.

— Vou anestesiar você, é claro. Vou ter que dar mais alguns pontos também.

Faço uma careta com receio da sutura, mas Carlisle injeta em meu braço a anestesia local depois costura o ferimento e eu não sinto nada.

Ainda bem que é quase atrás e eu não vejo ele trabalhando. Mais rápido do que eu imaginava ele já estava na minha frente:

— Prontinho, criança!

— Já! Que rápido!

Ele risca um fósforo e queima o algodão que usou para limpar meu machucado.

...XXX...

 

Alguns minutos depois ouvimos alguém batendo na porta. Claro que Carlisle já sabe quem é, mas eu não e olho para ele receosa. Mas a expressão dele relaxada me faz ficar mais tranquila:

— Carlisle, posso entrar? – pergunta Esme do outro lado da porta.

— Mamãe! – eu exclamo saltando da mesa entusiasmada e me desequilibro ao pisar no chão.

— Calma filha! Não vai torcer o pé. - Carlisle diz me segurando firme no meu braço bom. – Pode entrar Esme.

A porta lentamente se abre e ela entra cabisbaixa:

— Carlisle, Caroline...

Eu me espanto que ela diga meu nome completo. Que foi que eu fiz? A culpa é minha disso tudo. Eu que fui idiota em ir atrás de minha irmã. Meu nome fica realmente mais charmoso pronunciado da forma inglesa. Ou ela fez isso intencionalmente, para que eu não pense que ela está zangada comigo? Eu mereço, sei que fui imprudente.

— Mamãe, sinto muito!

Corro até ela e a abraço:

— Me desculpe, eu deveria ter ouvido seu apelo e não ter ido procurar Rosalie - digo.

— Nada disso foi sua culpa, querida. Alice também não viu o que Rosalie iria fazer. Nem Edward. Foi uma decisão repentina. Ela sabia e usou exatamente o ponto fraco dos irmãos. Eu não pensei que ela tentaria contra sua vida, ela foi tão... covarde. Ela é uma vampira e você uma simples humana, ela não tinha o direito de fazer isso. Foi realmente desumano.

— Onde ela está agora?

— Na floresta caçando com Emmett. Se ela tiver a decência de ficar lá ao menos por hoje... Ela não se atreveria a voltar para casa; eu não sei do que eu seria capaz se visse a cara dela agora.

— Mamãe... não fale assim. Ela era sua filha muito antes de mim. Eu não quero fazer vocês duas brigarem por minha causa – no fundo é claro que eu estou lisonjeada de que Esme fique do meu lado. Rosalie agiu errado e ela sabia disso antes mesmo de agir. E mesmo assim fez o que fez. Ninguém pode defendê-la. Esme sabe disso e não pode ficar do lado de uma injustiça, pois ela é libriana como eu.

— Carol, filha, a culpa não foi sua. Deixe de se sentir culpada pelo que os outros fazem. Eles fazem o que querem, você não pode ser responsável por tudo que acontece e muito menos pelo que os outros fazem.

— Desculpe Esme – peço desculpas por ser assim. Eu falei que eu não era boa para ela. Não a mereço. Mas mesmo assim ela me quer.

— Tudo bem, sweetie. Eu não estou brava com você. Eu sei que você não tem culpa de sentir-se assim desse jeito. Você foi criada assim. Sempre sendo responsável pela atitude dos outros. Seus pais é que deveriam saber que não podemos controlar a maneira que os outros vão agir, só podemos governar nossa própria ação.

— Mamãe! – me aconchego em seu peito. Ela me entende ainda mais do que eu imaginava.

Esme e Carlisle sempre foram tão atenciosos comigo. Eles viram onde eu morava, a pobreza do lugar. Mesmo que fosse humilde não seria tão ruim se além da falta de recursos financeiros também não houvesse escassez de carinho.

Amor não custa nada e por isso até as famílias mais pobres podem ter. Mas nós ainda éramos mais miseráveis, pois não tinha nem isso na minha casa. As famílias pobres geralmente são mais afetuosas, pois isso é a única coisa que têm, um ao outro, o que o dinheiro não pode comprar a união da família.

Os Cullen são ricos é claro, mas não apenas por possuírem uma fortuna. Eles também têm uma relação entre si de ternura, como uma verdadeira família. Embora haja algumas rusgas, como em todas as famílias, eles são uma família. Escolheram ser uma família e não apenas um clã.

Isso é muito importante para mim. Mesmo que fôssemos pobres ao menos teríamos um ao outro. Só não somos porque seria impossível um médico (sem contar também por quantos anos ele tem exercido a medicina) ser pobre e ainda mais que Alice pode prever mudanças na bolsa de valores e isso é muito útil para a manutenção dos investimentos da família e a renda familiar.

Aliás, uma família humana de dez pessoas seria muito cara, seria necessária uma fortuna para mantê-la. Eu sei por que eu vi como era difícil manter uma família de cinco pessoas apenas com um salário mínimo. É claro que Carlisle recebe muito mais que o meu ex-pai e talvez o dinheiro fosse suficiente para manter a casa. Além do mais nos EUA o salário é diferente. Se não me engano recebem por semana e não por mês como no Brasil.

Mas Esme e Carlisle não falaram isso para mim nunca, eles não se importavam que eu fosse de origem humilde. Eu era educada mesmo sendo de uma classe social mais baixa (Esme sabia disso quando foi atuar numa escola publica. No Brasil a escola pública é diferente dos EUA.). Não importava minha situação financeira, mas quem eu sou, minha personalidade. E isso o dinheiro não pode comprar. Falta de dinheiro se ajeita, se ganha dinheiro, mas falta de caráter não há dinheiro no mundo que compense.

...XXX...


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