Qual seu Destino - Destinada escrita por Mah


Capítulo 18
Capítulo 17- America?


Notas iniciais do capítulo

Reta final.... Nos vemos nas notas finais.



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Subitamente dei um passo para trás e tudo fez sentido, o porquê de tudo parecer tão familiar e tão estranho ao mesmo tempo, as manchas de sangue no carpete, tudo. Essa era a casa da qual eu havia morado há muito tempo atrás, a casa do qual meus pais biológicos foram assassinados. Aqui foi onde tudo que havia de ruim para acontecer começou. Pelo menos era assim que eu pensava.

Escutei um farfalhar de folhas vindas da rua. Escondi-me em um canto e espiei pela janela. Ótimo, Josias estava vindo em direção da casa. Mas ele estava indo para o outro lado da casa, emiti um pequeno ruído de alivio, ele deve ter me escutado, pois parou subitamente e olhou para a janela da qual eu espionava, rapidamente me espremi mais para o canto, dando de ombros ele voltou para onde estava indo, eu tinha que pensar rapidamente, para qual lugar me esconder, sabia que ele iria entrar na casa mais cedo ou mais tarde, decidi subir as escadas. Saí correndo de onde estava. Chegando perto da escada respirei fundo e comecei a subir rapidamente.

                                             ***

A conversa com Monique foi incrivelmente estranha, já havia tido conversas bizarras, mas essa se superou. Ela me explicou tudo o que era necessário para o ritual daquela pedra, da qual ela me mandou pegar. E sem nenhum remorso me explicou o porquê que haviam roubado a pedra de mim. E disse também que mandou buscarem a pedra em minha casa, mas tal objeto nunca chegou a suas mãos. E que Josias chegou à conclusão que precisava de Kath para o fim do ritual, mas ela me disse que deveria ser uma criança e não uma adolescente, porem Josias claramente enganou-se.

E foi assim que fui parar dentro de um carro, com a Srta. Rainha-Superioridade. Voltando para a cabana da Lari, eu sabia que ela não ia gostar nada disso, já que antes ela apenas fingira ser súdita da Rainha para coletar informações de seus pais, e de qualquer podre para incriminá-la, mas não foi bem sucedida, pois ajudou a tirar Kath daquela prisão da qual a Rainha chamava de Corte. E bem... A Tirana... Ou melhor... Monique acabou por descobrir tudo o que Lari planejava.

— Escuta – falei olhando para Monique, que mexia em seu cabelo com uma mão e passava brilho labial com a outra mão – é melhor você não criar nenhuma briga com a Larissa, ou eu vou procurar Kath sozinho sem a sua ajuda.

— Querido, passado é passado, não vivo em museu. – me respondeu ela, enquanto se olhava em um espelho que passara a segurar, então olhou para mim e deu uma piscadela.

— Museu... Tanto que queria torturar a Kath por causa do seu passado com nosso pai – murmurei mal-humorado.

Ela apenas me encarou com os olhos semicerrados.

No meio do caminho passamos perto de uma loja de roupas da qual ela me fez parar para ela fazer compras. Mereço? Não.

— Mas suas asas estão aparecendo, como você quer ir numa loja. De pessoas normais ainda por cima? – perguntei lhe lançando um olhar cético.

—Querido, acha que não vim preparada? E alias acho sua atitude insultuosa. – ela apontou, e assim que ela saiu do carro, suas asas sumiram, simples assim.

Com um suspiro fui atrás dela.

A loja era bem simples, com alguns provadores, um tanto desconfiáveis para serem usados. As paredes eram para serem brancas, mas com o tempo acabaram ficando amareladas e com rachaduras grandes como se tivessem sido feitas por grandes temporais e talvez fosse esse o caso. Muitas araras com roupas, de todos os tipos, mas notavelmente as roupas eram apenas femininas, e incrivelmente vulgares, essa loja era a loja dos sonhos de Monique, concluí.  Enquanto a procurava, passei por uma atendente que estava sentada onde deveria ser o caixa, ela era bonita, até – e de algum modo familiar –. Se não fossem os piercings e seu cabelo punk das cores verde, rosa-shocking, roxo, e preto. A sua maquiagem era preta e borrada, mas de algum modo realçava seus olhos azuis elétricos. Ela estava com uma gargantilha com Spike, e duas pulseiras em cada pulso do mesmo material. Apesar de que estava muito quente lá dentro, ela estava com uma jaqueta e calças de couro. E sua camiseta era colada e preta com uma renda vermelha por cima, ela encontrava-se com os pés sob o balcão lendo uma revista, deveria ser uma daquelas revistas de bandas punks, ou então aquelas revistas que relatavam os piores seriais Killers já existentes nos últimos dois séculos. Ela ergueu seus olhos quando eu passei e arqueou suas sobrancelhas elegantes e entreabriu sua boca pintada com batom vermelho-sangue, como se não vira uma pessoa naquela loja há décadas, até que eu notei que ela estava usando um crachá de identificação, e nele estava escrito:

America.

Meu coração parou. E lembrei-me de minhas próprias palavras para Kath: “E eu era feliz, junto com meus pais e mais cinco irmãos, a America de cinco anos...”

Teríamos ficado ali, nos encarando o dia inteiro se não fosse Monique cantarolando incrivelmente alto e desafinado no outro lado da loja. Balancei minha cabeça e fui onde ela encontrava-se, e com esse nome martelando em minha cabeça: America, America, America.     

—Eu não vou pagar por isso, sabe? – eu murmurei no ouvido dela, enquanto ela segurava um vestido. Da cor vermelho sangue, ele era curto, com rendas na cintura, mas que de algum modo fazia aparecer boa parte da barriga. Com um suspiro ela simplesmente sacudiu o vestido e ele desapareceu de suas mãos. Ela fez o mesmo com um salto agulha de 15 cm, vermelho e ainda por cima com lantejoulas.

— Vamos – foi tudo o que ela disse em resposta.

Quando entramos no carro de novo, eu vi duas sacolas nos pés dela, mas não fiz perguntas não quis aturar ela me dar aulas de como roubar uma loja de roupas sem que os humanos idiotas notassem, ainda mais que eu estava com dois problemas na minha cabeça.

Olhei para ela que começou a ajeitar novamente seus cabelos, que estavam começando a ficar ondulados e brilhantes novamente.

— Vai ficar ai me encarando por muito tempo? – perguntou ela sorrindo sutilmente, porém sem olhar para mim.

Suspirei irritado, e fiz um gesto meio obsceno com minha mão para ela – sim eu não consegui me controlar, a Tirana simplesmente me tirou do sério – então, liguei o carro novamente, no mesmo instante em que as asas dela reapareceram.

                                                      ***

A escada parecia como uma senhora com dores. Escutei uma porta sendo aberta, não tive escolha, comecei a correr até virar no lado direito, estava num corredor, respirei profundamente, consegui correr sem quebrar um degrau e cair do alto, e sem ser vista. Pelo menos era o que eu achava.

Avancei, deveria me esconder em um desses quartos, respirei fundo e comecei a andar, olhei para o lado e vi uma foto de um casal. Eles sorriam abertamente e com um brilho nos olhos, a mulher tinha cabelos negros, e apesar de não ter como ver na fotografia eu sabia que ela tinha cabelos longos, seu sorriso era brilhante e com dentes retos, já o rapaz tinha os cabelos louros quase brancos, porém tinha uma cota de dourado em seu cabelo, seus olhos eu soube que eram da mesma cor que os meus. E seu sorriso era de lado, como os sorrisos que Mike ás vezes dava quando estava preocupado com algo e alguém o fazia rir. Ambos pareciam felizes, mas ele parecia preocupado com algo, diferente dela que estava relaxada. Meus pais. Respirei fundo, e prometi a mim mesma em voltar para pegar esta foto, devia isso a Mike. 

Saindo de meus devaneios, entrei na primeira porta que julguei ser a mais distante das escadas. 

Não era um quarto como eu imaginava que seria. Era um ateliê.

Quadros espalhados para todos os lados com lençóis por cima deles.

Apenas uma janela com uma cortina velha azul celeste com desenhos de flores brancas, que tinha um rasgo como se tivesse sido rasgada por uma faca. Era possível ver as partículas de poeira voando pela única fresta de luz solar que vinha da cortina. As paredes da cor azul caribenho, pelo menos era o que deveriam ser, mas agora estavam de uma cor estranha e morta, apenas com pequenos resquícios da cor original. O resto do quarto estava um tanto escuro. E a lâmpada que devia estar ali, havia sido quebrada.

Fechei a porta cuidadosamente, e então subitamente me lembrei que depois que eu troquei de roupa coloquei meu celular no bolso da calça.  Lentamente pus minhas mãos nos bolsos para ver se eu tinha sorte. Pois é, eu não tinha. Ou ambos dos meus “lindos amigos” lembraram de tirar meu celular do bolso, ou então eu o perdi em algum momento.

Respirei fundo, eu não tinha ideia do que fazer a não ser me esconder, e arranjar alguma arma para me defender, de meus queridos “companheiros”. Se bem que eu não era lá essas coisas, não tinha muito que temer. Seria até patético alguém me ver tentando me defender com qualquer tipo de arma. Revirei meus olhos com tal pensamento.

Escutei pequenos barulhos irritantes vindos da rua, mas não dei muita importância no inicio. Até que notei que os barulhos não eram vindos da rua afinal. Eram vindos das escadas. Meu coração quis saltar do peito.

Estavam cada vez mais próximos e eu não sabia o que fazer. Olhei para trás e avistei um grande quadro, com um lençol tão grande quanto, por cima deste. No calor do momento fui correndo para trás do quadro. “Que coisa mais clichê” eu diria se alguém me dissesse que em algum momento eu me esconderia assim tão mal, e também riria da pessoa e ainda soltaria uma piada sobre me esconder em um lugar pior do que as meninas de Pretty Little Liars.  

Mas naquele momento em que muita coisa parecia estar em jogo, não me parecia uma ideia tão ruim. Os passos cada vez mais próximos. Dava para ouvir alguém assoviando – bem desafinado a propósito –. Prendi a respiração. A porta foi aberta com um estrondo. Enquanto eu espiava pelo canto e tentava não ser vista, mas eu não estava contando com a janela e a sua cortina rasgada. Josias havia parado de assoviar e olhava para todo o quarto com um olhar pensativo, apesar de não aparentar, eu sabia que ele estava focado em me encontrar, podia sentir isso a quilômetros de distancia.

Com um dar de ombros, e um claro desapontamento em seus olhos – e definitivamente sem vir um pensamento de vasculhar o quarto. Idiota. – ele começa a sair do quarto. Sem me conter soltei um pequeno som sibilado, puxando ar pelo meio dos dentes. Josias parou em seco, mas não virara para olhar de volta para o quarto.

Quando eu ia me perguntar por que ele não voltara para vasculhar o quarto, eu escutei um som estridente de vidro se quebrando, e uma dor aguda em minha cabeça, com esforço consegui olhar para trás e vi bem desfocadamente uma garota com as mãos na cintura, assumindo pose de esnobe.

Lá em baixo, na rua.

Pus minha mão na cabeça e ela voltara com sangue, então eu olhei para o chão e avistei uma pedra grande o bastante para fazer um estrago em uma janela. Vertigem por olhar para baixo e horas sem comer, ajudaram-me a cair e não conseguir fugir, mas antes, de algum modo consegui pegar a pedra, mas tive que segurá-la com as minhas duas mãos tremulas para jogá-la de volta, porém ela foi precisa e com força o suficiente para tirar a pose arrogante da garota que se dizia minha amiga. Então eu caí e bati minha cabeça com força no chão.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem C:



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