Pati zero escrita por Gannimedes


Capítulo 9
Mas... o que houve?




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A época de chuvas chegou e junto a ela os dias cinzentos também. Com tanta chuva sempre parecia estar um pouco próximo do anoitecer.

Patrícia sentada em seu lugar olhava para a janela incessantemente, tentando imaginar o porquê de certo assento estar vazio ha alguns dias. Leandro não estava vindo as aulas, deixando-a um pouco preocupada, mesmo que nunca fosse admitir. Por esse mesmo motivo ainda não tentou ligar para ele e saber o que estava acontecendo.

Chegando a hora de ir, na portaria da escola ela desenrolava seu guarda-chuva, preparando-se para enfrentar a chuva, antes de ouvir um grito estridente se aproximar rapidamente, vindo das profundezas do corredor.

—Patriciaaa!!!!

Eric chegava em disparada, berrando como um bebe, espantando os outros alunos ali presentes, exausto apoiou-se em seus joelhos para recuperar o fôlego. Patrícia ficou aflita por velo, gritando daquele jeito.

—O que houve? Diga logo

Ela pergunta bem preocupada, não podendo conter a ansiedade enquanto ele respirava profundamente em silencio. Momentos depois ergue sua cabeça e a encara com seriedade:

—É o Leandro... Precisamos ir rápido

Dito isso, com o guarda-chuva em mãos correu em disparada contra a chuva. Patrícia sem entender a situação, unicamente imaginava que algo de muito grave poderia ter acontecido com ele, fazendo sua mente ficar completamente em branco, seguindo Eric sem poder perguntar o que de fato estava acontecendo.

A chuva engrossava quanto mais se aproximavam da casa de Leandro. Chegando sem fôlego patrícia bate a campainha inúmeras vezes, e pouco depois a porta vagarosamente se abre, sendo possível ver apenas um olho espiando pela fresta, assustado. Depois de ver quem estava lá, ela se abriu completamente e eles viram que era o Leandro, certificando-se de quem estava batendo. Antes que ele pudesse dizer qualquer coisa Patrícia deu um passo a frente, fazendo inúmeras perguntas, a medida que suas mãos tremiam de preocupação

—Leandro!!! O que aconteceu? Por que falta tanto as aulas? Você esta bem?

Embora estivesse os dois a sua frente, Leandro só enxergava a Patrícia, já estando muito surpreso de vê-la na porta de sua casa, ainda mais tão preocupada... Isso sacudia seu pobre coração

—Patrícia... Não sabia que ia ficar tão preocupada assim, se soubesse teria ligado. Mas eu estou bem, é apenas um resfriado hehe

Ele fala bem animado, por outro lado Patrícia sentiu-se completamente envergonhada pelo papelão, e sem pensar duas vezes, pisou no pé de Eric com toda a força que tinha em seu corpo. O berro que não pode conter era ouvido há alguns quarteirões de distancia.

(Ele conseguiu me enganar tão facilmente! Eu não acredito nisso!!)

Patrícia martelava em sua mente indignada com Eric e com ela mesma, por ter sido tão inocente de acreditar nele. Leandro sem entender o que estava acontecendo entre eles resolveu convidá-los para entrar.

—Esta chovendo bastante, entrem logo

Patrícia com toda a vontade de recusar não teve escolha, após ser empurrada por Eric para dentro. Após entrarem eles se sentaram em um sofá e ficaram em silencio por muito tempo:

Leandro estava sem graça por sua garota ter ido visitá-lo, e não tinha idéia do que dizer. Eric sendo um cretino por algum motivo não dizia nada. Patrícia ainda envergonhada pelo que acabou de acontecer, só queria esconder seu rosto, e curiosamente parecia um pouco brava com Leandro também.

Com o entardecer a chuva foi ficando mais e mais densa. Eric olhando para a janela distraído percebeu um movimento estranho. Uma silhueta negra passou rapidamente pela janela, o que foi o suficiente para se arrepiar completamente.

—Ei!! Vocês viram aquilo?

Ele gritou apontando para a janela mantendo o olhar fixo nos dois

—Não... O que você viu?

Leandro respondeu despreocupado

—Não tenho certeza... Mas parece alguma entidade das trevas!

Antes de ter a chance de recupera o fôlego... Um apagão! A luz parece ter acabado por toda a redondeza fazendo a escuridão prevalecer. Não dava para enxergar, mas era possível ouvir os berros desesperados de Patrícia que tinha medo do escuro. Já assustado com a aparição na janela, Eric quase se mijou quando a gritaria começou.

—Vocês estão bem?

Eric grita com os joelhos estremecidos

—Eu estou bem!

Leandro responde tranquilamente. Mesmo com a gritaria de Patrícia Eric conseguiu escutar algo bater na porta com muita força, inúmeras vezes o deixando paralisado de medo. Ele se convenceu de que poderia ser a aparição de antes querendo roubar suas almas.

—V-Vocês ouviram i-isso?

Gaguejando muito Eric pergunta, mantendo o olhar para a direção onde acredita estar a porta

—Ouviu o que? A Patrícia gritando?

Leandro conseguia se manter naturalmente tranqüilo naquela situação. Eric ficou cismado com a figura que viu mais cedo, e usando a lanterna de seu celular foi ate a janela para dar uma espiada, apontando a luz para o horizonte a balançando de um lado para o outro procurando pelo ser misterioso, ate que conseguiu vê-lo de relance, contudo se assustou deixando o celular cair. Ele foi capaz de presenciar apenas uma silhueta misteriosa, que parecia ter altura de uma pessoa comum, porem não tinha pernas e seus olhos vermelhos brilhavam na escuridão. Ele veio rastejando na direção de Eric vagarosamente. No tempo de sair da janela as pressas a luz voltou. Eric quase enfartando, o mais rápido que pode colocou sobre a porta todos os objetos que conseguiu arrastar para obstruir sua passagem. Sentindo-se seguro suspirou profundamente limpando o suor do rosto. Ao se virar para trás ficou surpreso ao ver Patrícia e Leandro abraçados bem no fundo da sala... Pouco depois ela Instintivamente o empurra para longe e ainda bate em seu rosto.

—Pervertido, como se atreve a tirar proveito da situação?!!!

Ela berra aborrecida de verdade!

—Mas foi você quem grudou em mim gritando desesperada com o escuro!

Ele responde com a mão no rosto, mas não estava bravo, pois foi um preço baixo a se pagar, na realidade não se importou nem um pouco quando ela o agarrou. Depois de apanhar Leandro não pode deixar de observar o aglomerado de objetos na frente da porta.

—Eric... o que é isso?

—Não me diga que não viu nada? A entidade batendo na porta, e se arrastando la fora...

—Não, eu não vi

Foi então que Eric percebeu que Leandro foi desligado do mundo assim que Patrícia o abraçou no escuro, era inútil perguntar... Inesperadamente um estrondo foi ouvido por eles, que vinha da porta! Havia alguém a empurrando pelo lado de fora, e poderia ser “aquilo”. As pancadas foram ficando cada vez mais fortes, e para ajudar a luz novamente se vai! Antes que pudessem pensar em fugir ou algo do tipo, Patrícia com mais medo do escuro, agarrou os dois pelo braço e os impediu de dar um passo, ao mesmo tempo em que voltou a berrar. Mesmo que fossem dois meninos contra uma menina, eles não eram tão fortes, se fossem arrastá-la iriam se mover tão lentamente que mal sairiam do lugar. A coisa continuou e espancar a porta, ate finalmente se abrir arremessando todos os objetos pelos ares. Eles podiam ver apenas a silhueta escura de um ser com cabeça pontuda, um físico bem cheio, olhos vermelhos, e ausência de pernas. Sua respiração era alta e esbofada, parecia furioso por algum motivo. Um ruído de corrente se arrastando era ouvido enquanto ele rastejava vagarosamente em direção do grupo, contudo ele parecia direcionar seu olhar especialmente para Eric. Quando eles fecham seus olhos e aceitam a morte, e luz volta revelando a identidade do ser misterioso:

Ninguém alem de Sabrina!

Ela segurava um pedaço de madeira usado para arrombar a porta, que curiosamente estava embaraçado em uma longa corrente. A silhueta estranha e encorpada que era vista no escuro era graças a uma longa capa de chuva que cobria ate seus pés. Ao vê-la não sabiam o que sentir, alegria ou raiva, a falta de ar dificultava o raciocínio.

—Mas o que?!!!! Coco queria nos matar do coração? Porque não bateu na porta como gente, ao invés de arrombá-la

Eric se manifestou primeiro, com a mão no peito ele berrou pra ela. Sabrina olhou para eles e falou com a cara lavada:

—Eu bati, mas estava trancada, então eu tive que conseguir algo para abrir, e isso foi tudo que encontrei

—Por que esta aqui?

Eric fala dando alguns passos em sua direção ainda com um tom enfurecido

—Ora, eu não podia deixar você andando por ai com essa garota bonita! Fico com ciúmes, e precisava vigiar você de perto.

Ela fala sorrindo, como se não tivesse feito nada de errado, atirando o pedaço de madeira no chão. Eric não conseguia entender que mágica ela usa para sempre saber onde ele estava, e sair o seguindo por todo canto.

—Como você sabia que eu estava aqui?

—Eu já disse que estamos conectados! Onde você estiver eu estarei

Depois de tudo esclarecido Patrícia desmorona no sofá, seu coração batia tão rápido que mal conseguia se segurar de pé. Leandro preocupado se senta do seu lado para ajudar.

—Você esta bem?

—Sim... Só preciso descansar um pouco... E espero que a luz não se apague de novo.

A chuva foi engrossando mais e mais prendendo todos na casa de Leandro, Afinal era muito perigoso sair naquela tempestade. Todos estavam reunidos na sala sentados sobre sofá conversando, após arrumarem toda a bagunça que Sabrina fez.

—Essa chuva nunca acaba, e já esta bem tarde... Meus pais vão dormir fora hoje então se vocês não se importarem podem dormir aqui se quiserem.

—Eu não ligo de dormir na casa do meu camarada das antigas!

Eric cruza os braços e acena com a cabeça, despreocupado

—Eu não me importo se o Eric estiver

Ela se senta mais próxima a Eric ao responder, que ao perceber se afasta na mesma proporção, mantendo a mesma distancia de antes. Com a resposta positiva de Sabrina parecia que todos aceitaram a sugestão... Todos menos Patrícia que parecia muito agitada o tempo inteiro com as mãos sobre o rosto.

—N-não podemos... Ta falando para dormir na casa de um homem antes do casamento? Sem chance!

Ela tremia ao dizer cada palavra balançando sua cabeça de um lado ao outro, tentando conter sua vergonha. Leandro ficou um pouco constrangido com suas palavras, talvez tivesse pensado em uma sugestão infeliz...

—Não temos outra escolha querida, é muito perigoso sair neste dilúvio.

Sabrina se senta do lado dela, e coloca o braço em seu ombro, como “camaradagem”

—Não se preocupe durante a noite eu protejo você destes dois pervertidos

—mas... mas... É de você que eu tenho mais medo!

Patrícia agora tremia com sua aproximação.

—Podemos jogar varias coisas divertidas antes de irmos dormir... Como o jogo da garrafa, por exemplo.

—DE JEITO NENHUM!!!

Patrícia respondeu energicamente se levantando do sofá na mesma hora!


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