Harry Potter e a Senhora do Tempo escrita por Mimis


Capítulo 28
Contratos e votos




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— Não pai! Solte ela já!

— Calma Lionel, vou lhe explicar...

— Primeiro solte ela!

— É apenas temporário.

— Não interessa, SOLTE ELA AGORA!

— CHEGA LIONEL! Ou conversamos civilizadamente ou terei que prendê-lo também! Estamos entendidos?!

— Claro, vamos ouvir o que o Comensal da Morte tem a dizer.

Mesmo ainda atônita com os últimos atos de Draco Malfoy, Melissa não pôde deixar de sentir um pouco de pena do olhar desconsolado do bruxo quando o filho o nomeou como Comensal da Morte. Porém o olhar do garoto – o olhar que herdara da mãe – era de pura decepção. As últimas ações do pai pareciam confirmar toda a fama que lhe era atribuída, pelo menos era o que Lionel Malfoy deveria estar pensando.

Draco ficou mais alguns minutos em silêncio encarando o filho, que parecia desafia-lo.

— Primeiro, para ser um Comensal da Morte Voldemort deveria estar vivo. E ele não está. Não faz o menor sentido ser um Comensal então, mesmo para aqueles que ainda insistem em ser um. – Ele deu um longo suspiro e como o filho ainda parecia irredutível, aproximou-se um pouco mais dele. – Lionel, antes de qualquer coisa, me ouça. Eu contei pra você detalhes da minha vida, detalhes da vida de sua mãe que ninguém mais sabia. E você pode acreditar em mim, hoje sou outra pessoa. Se não houvesse realmente uma razão importante não teria deixado Azkaban, teria cumprido de bom grado o restante de minha sentença. Deixei que me tirassem de lá por algo que pode mudar nossas vidas filho.

— Você não fugiu de Azkaban? – Melissa exclamou, sem conseguir se conter. Pai e filho viraram para a garota e o bruxo novamente deu um leve sorriso.

— Srta. Spearson, nenhum bruxo simplesmente aparata de Azkaban. Acontece que tive que sair como parte do que me foi proposto. – E se dirigindo novamente ao filho – Agora por favor Lionel...

Lionel olhou para Draco intrigado, sua face finalmente se desanuviando. Era óbvio que sua curiosidade havia levado a melhor. Sem sair do lado da garota, ele pareceu finalmente disposto a ouvir novamente o pai.

— Certo pai. Mas só te ouvirei se ela concordar em ficar nesse...estado... Só mais alguns instantes...

Apesar de um desconfortável ela não viu outra opção. Melissa não sabia o porquê mas realmente não achava que Draco Malfoy, mesmo com toda sua fama, poderia fazer realmente mal à ela. E mesmo sem querer admitir, desejava saber dessa história tanto quanto Lionel. Melissa assentiu com a cabeça e sorriu para o garoto, encorajando-o. Ele encarou novamente o pai, agora assumindo um tom de educado interesse. Draco finalmente respirou aliviado.

— Bom...Eu tive contato com ela através de meu companheiro de cela Dranning, um bruxo calado de passado sombrio. Não éramos exatamente amigos, mas quando ele percebeu meus esforços pra cuidar de seu avó começou a puxar conversa. Em comum tínhamos o amor pela família, a perda de um amor para a morte, a separação dos filhos. E ele tinha 3.Dranning, um negro realmente alto e muito, muito inteligente, estudou em Uagadou, a maior e mais antiga escola de Magia existente. Nunca soube exatamente de seus crimes, era algo relacionado à trouxas e venenos se não me engano, mas nas poucas vezes que conversamos sobre esse assunto disse que matou apenas trouxas que eram tão ruins quanto bruxos das trevas. Ele sempre arrumava um jeito de me dar tônicos para acalmar as dores do meu pai, era um bruxo excelente com poções e alquimia, e pelo jeito bom também em contrabando, mesmo em Azkaban.

“Enfim, há alguns meses, como já havia lhe escrito filho, cartas misteriosas começaram a chegar para alguns presos. Mas como eu não tinha aliados e muito menos amigos por lá nunca sabia a fundo à respeito delas. Apenas que alguns acabaram por enlouquecer entre outros suplícios. Tudo abafado por Rafittay, lógico. Aquele ali gosta dos louros do cargo, mas nunca vi bruxo mais medroso para comandar os Aurores, quase nunca aparecia em Azkaban, e nas poucas vezes que o vi, ficava tremendo de medo atrás de sua assistente, aquela sim é uma bruxa poderosa, qualquer um consegue ver. O que quero dizer é que algo misterioso estava realmente entrando em Azkaban, só que o Ministério simplesmente não achava importante o suficiente para investigar. Até que mortes misteriosas começaram a acontecer entre bruxos, todos relacionados de alguma maneira à Harry Potter. Claro, sempre ele, o Eleito, o eterno menino que sobreviveu. – o tom de voz de Draco Malfoy mudou então repentinamente, e cada palavra dita pelo bruxo tinha resquício de mágoa. – Aquele Potter, junto daquele idiota do Weasley e daquela...daquela... Granger, sempre eles. Incrível como o mundo continua a girar ao redor deles.”

Melissa se remexeu na cadeira, desconfortável. Era muito ruim ouvir aquele bruxo falar de sua mãe e seu tio Rony de maneira tão desagradável, até mesmo de Harry Potter. Aprendera a gostar do bruxo como professor e como pessoa também, e concentrou-se em pensar que aquelas palavras eram de alguém que de certa forma os culpava por sua situação. Ela olhou para Lionel esperando algum olhar de cumplicidade mas ele não a olhou e apesar de não sair de seu lado, seu corpo estava rígido em total alerta.

— E então, uma noite, uma carta púrpura apareceu na minha cama. – Draco continuou. – Continha apenas uma frase: “Eu posso trazer Mirelle de volta.” Num primeiro momento eu ri e simplesmente quis rasgar aquele pergaminho idiota. Mas aquela única frase me atormentou por dias. Eu sabia que não havia nenhuma maneira de trazer os mortos à vida, que mesmo o mais poderoso bruxo não conseguiria, mas...E se houvesse alguma maneira? Qualquer maneira entende. Eu realmente enlouqueci de certa maneira...Passei meses nessa agonia e então fiz a única coisa que achei sensata, eu escrevi no pergaminho: “Como?”

“Não sei direito como explicar, ela não aparatou lógico, mas ela simplesmente se revelou dentro da minha mente, explicou que era uma bruxa em busca de justiça no mundo dos bruxos. Ela disse que a balança estava desequilibrada, e que ela voltaria a trazer o que o destino havia tirado dos bruxos que realmente valessem a pena. E que todas essas mortes que estavam ocorrendo eram necessárias para que o reequilíbrio do mundo mágico voltasse... Vou confessar que achei que tudo isso era uma baboseira sem tamanho de uma bruxa com muito poder e sem nenhum juízo ou que eu realmente estivesse enlouquecendo. Mas ela me garantiu que traria Mirelle de volta, que tinha como provar, mas que em troca eu deveria ajuda-la com os objetivos dela, se juntar à sua causa.”

Lionel se aproximou mais de Melissa e a garota sentiu sua mão pousar em seu ombro. Seus olhares se cruzaram e ela pode ver o sofrimento do garoto, era nítido que começara a achar que o pai havia enlouquecido. Ele aproveitou um momento de silêncio do pai, que tentava arrumar o cabelo e enxugar o suor e sussurrou pra ela: “Fique tranquila, já vou te tirar daí. Só...só preciso ver onde essa loucura toda vai dar...” A garota sorriu e disse com toda a ternura. “O.k. eu tô bem...Só escute o que ele tem a dizer.”

— Pai... – Lionel tomou fôlego e andou alguns passos até Draco. – Você realmente, REALMENTE tem absoluta certeza que essa bruxa tem todo esse poder pra trazer minha mãe de volta? É que, veja o meu lado, até agora nada disso fez sentido.

— Eu sei Lionel, se eu estivesse no seu lugar ouvindo tudo isso duvidaria de cada palavra. Acho que é exatamente isso que você está pensando mas não encontra as palavras certas...Bem, até então eu estava cético com tudo isso, e digo mais, estava furioso dela ter plantado essas ideias na minha cabeça e me fazer sofrer. No meio desse ceticismo ela me falou ‘Eu só preciso que você diga sim e farei o resto...’ e eu, levado pelo sofrimento, pela incredulidade, pela emoção, apenas disse. A palavra SIM dita em voz alta era o que faltava para que um contrato mágico fosse firmado. Quando eu disse o que ela queria eu pude sentir esse encantamento, um encantamento tão poderoso que me sentir um poder saindo do meu corpo que jamais imaginei. E então eu simplesmente aparatei de Azkaban contra minha vontade e apareci na praia ali adiante. Essa bruxa tem um poder que jamais senti, ela é tão poderosa quanto Voldemort, mas não é necessariamente das trevas, é algo mais...profundo. E, ao encontra-la pessoalmente, ela me entregou a Pedra da Ressurreição.

Melissa arregalou os olhos, surpresa, ao ver uma pequena pedra cor grafite nas mãos de Draco Malfoy. Ela sabia muito bem sobre toda a história das Relíquias da Morte, sempre contada e explicada pela mãe. E também sabia que a Pedra da Ressurreição havia simplesmente se perdido. Essa pedra não podia ser a verdadeira.

— Sr. Malfoy, não sei se o senhor sabe mas a Pedra da Ressurreição se perdeu na Batalha de Hogwarts anos atrás...

Draco Malfoy a observou atentamente, demorando-se novamente em seus olhos.

— A Srta. é muito inteligente Srta. Spearson. Eu ouvi falar disso mas é essa mesmo. E posso provar...

Draco aproximou-se dos dois, colocando a varinha numa mesinha ao lado. Melissa tentou chamar atenção de Lionel, indicando o gesto que o bruxo fez, porém o garoto parecia enfeitiçado, ele não conseguia desgrudar os olhos do pai. E o que ele fez em seguida fez a garota também esquecer qualquer outra coisa. Ao virar a pedra três vezes na mão a garota sentiu uma leve brisa tomar conta do ambiente. Draco olhava para além deles, lágrimas caiam e ele sorria delicadamente. Sem entender, Lionel tentou falar algo mas o bruxo pegou na mão do filho e disse delicadamente: “Diga olá para sua mãe...”

Lionel segurou forte a mão do pai e Melissa pôde ver o rapaz aos prantos sorrir e sussurrar: “Mamãe...” Chocada, a garota também não conseguiu segurar a emoção, era uma cena ao mesmo tempo tão bonita e tão triste ao mesmo tempo, mesmo ela não podendo ver nada do que eles estavam vendo. A garota sabia que a Pedra da Ressureição fazia voltar apenas um eco da pessoa morta, não era realmente Mirell Malfoy que estava ali, e sabia que tanto Draco como Lionel sabiam que aquilo não era reviver os mortos...aquilo era uma forma de enlouquecer. Tentou chamar o garoto e de alguma forma faze-lo ver a loucura que era a situação:

— Lionel! Lionel! Eu sei o que você está vendo, mas...isso é loucura!

— Só mais um segundo...apenas mais um segundo com...minha mãe... – o garoto disse, suplicante, ainda mirando além da garota. Lionel pareceu recobrar a consciência primeiro. Lentamente passou a pedra para as mãos do filho e, pegando novamente a varinha, veio em direção à garota.

— Eu prometi ao Lionel que soltaria você Srta. Spearson. Percebi que são realmente amigos, e que você gosta mesmo do meu filho, por isso vai ajuda-lo a trazer sua mãe de volta.

— Sr. Malfoy, com todo o respeito, a Pedra da Ressurreição não a trará de volta, trará apenas sofrimento. Olhe como ele está!

Draco pareceu ignorar seu comentário, e tirou do bolso surrado um pergaminho púrpura.

— Esse é um feitiço antigo, nunca tentado. Foi escrito pelo próprio Cadmo Peverell horas antes de tirar sua própria vida e ir de encontro à sua amada. É um feitiço de amor Srta. Spearson, não lhe fará mal nenhum, mas preciso da srta. para que Mirelle volte.

— Mas eu...eu não sou ninguém! Eu não sou importante! Sr. Malfoy eu...

Draco conjurou uma mordaça de pano para que ela ficasse em silêncio, não a machucou mas impediu de gritar por ajuda. Lionel parecia alheio a tudo isso, ainda mirando a lembrança fantasmagórica da mãe. Em pânico, ela tentou se mexer o máximo possível, mas o bruxo se ajoelhou bem à sua frente, decidido:

— Fique calma Srta Spearson....Ou devo lhe chamar de Srta. Granger? – Melissa arregalou os olhos até onde conseguiu, e o bruxo sorriu bondosamente. – Obrigada por confirmar sua linhagem Srta. Granger, a srta. é muito mais importante do que imagina, e o seu sangue será perfeito para o encantamento, fique tranquila, será rápido.

O bruxo conjurou um afiado punhal de prata e leu algumas palavras do pergaminho púrpura:

“ Terra que sentiu os passos por onde passou....” Duas colunas de uma mistura de areia, pó e terra de repente subiram por entre as frestas do chão de madeira rodopiando no ar entre eles.

“...minha alma à disposição da Morte lhe dou...” Uma luzinha azulada saiu da boca de Draco Malfoy, parando entre as duas colunas de terra, quase na altura dos olhos de Melissa. Ela percebeu que o bruxo a sua frente pareceu murchar, e quando fez o movimento de se aproximar dela parecia alguém à beira da morte. Fechou rapidamente os olhos, sentindo um medo que jamais sentira na vida.

“...sangue daquele que lhe desafiou, lhe devolvo seu presente, se recortar do passado e trazer de volta meu amor...”

Melissa sentiu uma leve ardência na altura da nuca quando Draco se debruçou sobre ela. Ela abriu os olhos e viu seu próprio sangue flutuar em pequenas gotículas até chegar à luzinha que flutuava a sua frente. Pela quantidade de sangue, percebeu que fora apenas um leve corte. Todos aqueles elementos começaram a rodar freneticamente. A princípio, ela pensou que era apenas um truque infantil de mágica, quando de repente sentiu uma dormência por todo seu corpo. As cordas douradas e a mordaça que a seguravam se afrouxaram e sumiram, mas ela não conseguia ter controle sobre seu corpo e deslizou até o chão. Seu corpo dormente tremia descontroladamente, ela tentou gritar porém percebeu que não conseguia falar nem fazer nenhum movimento consciente de si. Ela conseguiu vislumbrar a figura de Draco a cercando, muito nervoso e de Lionel, que se abaixou até ela, visivelmente descontrolado.

— O QUE VOCÊ FEZ COM ELA?? FAÇA ALGUMA COISA!!!

— Acho que faz parte do feitiço... Eu não entendo, algo não está certo...

— MELISSA! MELISSA! POR FAVOR, A AJUDE PAI!

— Eu...EU NÃO SEI O QUE FAZER...

Melissa ouvia os gritos de desespero de pai e filho, ela mesmo numa agonia que não conseguia externar. E então, tudo ficou quieto e escuro. Ela achou que tivesse desmaiado, ou mesmo morrido. Tinha consciência de quem era, do que havia acontecido mas não sabia o que aconteceria dali em diante. Muito lentamente sentiu o corpo novamente e ele parecia queimar em brasas. Ouviu vozes, como se estivessem falando ao pé do seu ouvido...

“...você Hermione Granger será avalista desse Juramento Inquebrável, dando-lhe veracidade e sua própria força mágica, aceita?”

“A-a-aceito...”

“Então faça Potter! Agora!”

“Eu Harry Potter prometo dar uma centelha de minha vida em nome de Melissa Granger-Potter, cuja alma foi recuperada de um Dementador, dando-lhe em troca minha paternidade. De hoje em diante renuncio de meu direto de pai sobre ela. Ninguém poderá lhe contar sobre seu verdadeiro pai, nem eu, nem sua mãe nem ninguém mais que saiba ou venha saber. Se isso acontecer, eu e ela morreremos.”

“Está feito.”

Naquele exato momento Harry Potter ouviu a voz de Severo Snape em sua cabeça: “Potter! Seu Voto Perpétuo acabou de ser revertido.”


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Notas finais do capítulo

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