Toská -Angústia escrita por Tia Lina


Capítulo 9
O fator Romanoff


Notas iniciais do capítulo

BoA leitura ^^



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— E que tal Megan? Ela me perguntou sobre você.

— Nat, esqueça isso e me deixe em paz, mas que saco! – Steve bufou, virando-se de lado, trazendo o caderno mais para perto.

— O que tá acontecendo aqui? – Bucky se aproximava ao lado de Sam. Voltavam do refeitório, cada qual com seu lanche em mãos.

— O de sempre. – Clint deu de ombros, arrancando mais algumas gramas do chão. – Natasha tentando arrumar uma namorada para Steve e Steve se esquivando como lutador de MMA durante o combate.

— E por que quer arrumar uma namorada para Steve? – Bucky uniu as sobrancelhas.

— Pra ver se ele se distrai com algo mais saudável do que brigas. – Ela deu de ombros.

— E desde quando Steve faz o tipo que conquista corações à torto e à direito? - Cruzou os braços e arqueou uma das sobrancelhas, dizendo em tom zombeteiro.

— Ei, tá dizendo que não chamo atenção? – O loiro encarou o amigo.

— Só se for pras pessoas apontarem e dizerem “como ele consegue caminhar por aí sem ser levado pelo vento?” – Sam soltou, mordendo um pedaço de seu lanche. Bucky riu.

— E tem mais, Steve não beija ninguém desde o acampamento da escola no início da quinta série. – Bucky se sentou ao lado do amigo, rindo soprado. – Eu nem sei como ele conseguiu beijar alguém sem sofrer um ataque cardíaco.

— Verdade ou Desafio não conta. – Sam revirou os olhos.

— Foi um beijo, não foi? – Bucky arqueou uma sobrancelha.

— Mas...

— Não importa as circunstâncias. Um beijo é um beijo.

— Dá pra parar de falar sobre isso? – Steve bufou.

— Own, ele tá sem graça. – Bucky zombou, tentando apertar as bochechas do rapaz, que fazia de tudo para se esquivar. Eventualmente, Bucky parou de tentar e mudou o foco de sua atenção. – O que tanto rabisca hoje?

— Alguns esboços. – Deu de ombros. – Faz um tempo desde que desenhei pela última vez, talvez tenha perdido o jeito.

— Ou só esteja meio enferrujado. – O moreno sorriu. – O que tá desenhando?

— Coisas. – Deu de ombros. – Na verdade, qualquer coisa, só pra treinar.

— Você deveria me desenhar. – O Barnes brincou.

— E por quê?

— Pra ser um desenho em comemoração ao meu regresso.

— Nem vem! Steven nunca quis nos desenhar, ele não pode desenhar você só porque passou um tempo fora. – Clint implicou.

— Steven é o seu nariz, Barton! Caramba! Já te disse para parar com esses apelidos idiotas, saco! – Steve bufou, fechando o caderno.

— Ei, vai com calma, príncipe da fúria. – Bucky interferiu. – Por que parece tão irritadinho hoje? O que aconteceu, Stevie?

— Nada. – Respondeu rápido demais. Bucky arqueou uma sobrancelha.

— Nada? – Abusou de seu tom persuasivo.

— Stark. – Ele suspirou derrotado.

— O que tem Stark? – Natasha se adiantou.

— Não para de me perseguir agora, parece que quer me compensar por ter chamado o maldito do Dylan pra festa. Eu não sei mais que desculpa inventar pra fugir de todas as ofertas dele.

— De que tipo de oferta estamos falando?

— Advogados para processar Dylan, dinheiro para compensar as despesas do hospital, caronas pra casa, ajuda com os deveres... Qualquer tipo de oferta. Eu tô ficando maluco, juro.

— Você já experimentou dizer que não quer ajuda nenhuma? Que não precisa? – Bucky soou mais debochado do que pretendia.

— Digo isso todos os dias logo depois do “Bom dia, Rogers”. – Revirou os olhos. – Ele não parece ser muito o tipo de pessoa que aceita um “não”. O que eu posso fazer? – Deu de ombros, perguntando retoricamente. – Talvez eu mereça isso por arrumar encrenca na casa dele.

— Eu vou resolver esse assunto. – Bucky decidiu.

— Não, você não vai. Fui eu quem começou isso, sou eu quem terminarei.

— Larga a mão de ser mesquinho, Stevie, você sabe que pode contar comigo. – Ele sorriu, apoiando uma mão em seu ombro.

— Eu sei disso, Buck, mas eu prefiro dar fim nisso por mim mesmo. Obrigado, cara. – Sorriu de volta para o moreno.

— Por que você fica bravo quando eu te dou apelidos, mas deixa ele te chamar de Stevie? – Clint se intrometeu.

— Porque Bucky não é alguém que eu possa controlar. – O loiro revirou os olhos.

— Porque nos conhecemos há tempo demais para ele me vetar. Esse delinquente é esperto demais, ele sabe escolher muito bem dentre as opções que a vida impõe. – Bucky riu.

Steve revirou os olhos e passou a ignorar o mundo ao seu redor enquanto tentava esboçar a única árvore ainda florida naquele lugar. O outono se aproximava e ele quase riu soprado da ironia quando percebeu que Bucky regressara justamente naquela época do ano. Seu lápis de esboço sanguínea trabalhava arduamente no seu bloco de canson enquanto ele se atentava a cada detalhe das flores que caíam vagarosamente. A copa estava quase finalizada, Steve traçava e retraçava a pouca folhagem com esmero quando sentiu que alguém se apoiava em seu ombro. Riu soprado antes mesmo de verificar se tratar de Bucky, aquele era um velho hábito que ele parecia não ter perdido.

Sempre que o pegava desenhando, inevitavelmente o moreno acabava sentado ao seu lado, empoleirado sobre seu ombro, observando-o pacientemente rabiscar e apagar e rabiscar de novo e de novo. Ele parecia apreciar o movimento de suas mãos no papel, como se aquilo transmitisse a paz da qual precisava. Talvez lhe trouxesse mesmo, porque Bucky sorria amenamente enquanto observava o desenho se formar numa tonalidade avermelhada sobre o fundo amarelado.

— Gosto dessa cor, por que não usava esse lápis antes? – Sussurrou.

— Porque não tinha conhecimento sobre lápis de esboço quando era uma criança. O que acha? – Steve exibia o desenho como se fosse seu filho.

— Nada mal para alguém que, aparentemente, não desenha há muito tempo. – Alargou um pouco o sorriso. – Sua técnica parece melhor, e seu traço mais firme.

— Não deixei de treinar, só não desenho com a mesma frequência de antes.

— E por quê? – Ele finalmente se afastou um pouco, somente para tentar olhar melhor para o rosto do loiro.

— Não sei. – Deu de ombros. – Acho que só gostava de desenhar o tempo todo porque você gostava de me ver desenhando. Com o tempo, meio que foi perdendo a graça. – Bucky ficou um momento em silêncio, apenas olhando as safiras de Steve.

— Você é muito sentimentalista, Stevie. – Riu soprado.

— Diz o cara que passou onze horas dentro do avião e, na primeira oportunidade, foi me visitar só porque estava preocupado. – Ele revirou os olhos.

— Ei, você deveria mesmo me desenhar. – Ele insistiu.

— E por quê?

— Porque eu quero poder dizer que tenho um desenho meu feito pelas mãos de Steve Rogers quando você for famoso. – Sorriu largo. – Acho que mereço pelo menos um desenho, como pagamento atrasado por ter salvo sua vida por todos esses anos.

— E finalmente o lobo perde a pele de cordeiro. – Steve comentou zombeteiro. – Então esse é o seu preço? Um desenho?

— Qual é, sou o seu maior fã, meu bombonzinho. – Piscou. Steve revirou os olhos novamente.

— Estava até cogitando te desenhar, mas repensarei melhor sobre o assunto mais tarde.

Bucky gargalhou alto, chamando atenção de Natasha, uma vez que Clint e Sam pareciam entretidos demais em alguma discussão idiota sobre super heróis. Ela observou minuciosamente a interação entre os dois e arqueou uma sobrancelha quando Bucky, ainda sorrindo, olhou em sua direção. O moreno acenou com a cabeça, voltando sua atenção para o bloco do amigo logo em seguida. Natasha riu soprado, voltando a dar atenção à discussão ao seu lado, que agora migrara para “se Hulk e Goku se enfrentassem, quem venceria?”.

Antes do sinal tocar, Steve recolheu seus pertences e os guardou em sua mochila. Suspirou pesado ao se lembrar que teria química naquele período, junto com Stark. Levantou-se com Sam, uma vez que estavam na mesma aula e tinham um mesmo projeto para verificar antes que o professor avaliasse o trabalho. Despediram-se dos amigos e sumiram prédio à dentro. Clint chamou Natasha, que pediu para o rapaz ir na frente. Assim que ficou a sós com Bucky, ouviu-o rir soprado.

— Por que eu sempre acho que tem uma bronca para me dar quando pede para que fique? – Ele iniciou.

— Deve ser porque se sente culpado por alguma idiotice. – Sorriu de viés. – Mas não foi para isso que pedi para Clint sair.

— E por que foi?

— Já podemos parar com a defensiva, não é mesmo, Bucky? Já tem quase um mês que nos conhecemos e isso está começando a me irritar. – Revirou os olhos, estendendo a mão. – Podemos agir feito gente? Ou o mais próximo de amigos que podemos ser? Sabe, eu sou da Rússia, você morou lá... Podemos encontrar um fator comum e seguir em frente.

— Eu odiei morar na Rússia. – Revirou os olhos. – Se quer ser minha amiga, não comece errado.

— Temos algo bem mais importante em comum. – Arqueou uma sobrancelha, mantendo a mão estendida. – Podemos? – Chacoalhou-a.

— Por um bem maior? – Riu debochado, aceitando o aperto de mãos que, desta vez, foi mais gentil. – Claro, por que não?

— E só pra constar, a última garota que Steve beijou foi Anne, na sétima série. – Ela sorriu de viés antes de se retirar.

Bucky ficou encarando a garota caminhar para longe, rindo soprado em seguida. Essa era a Natasha Romanoff da qual Steve tanto falava.


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Notas finais do capítulo

P.S.: Isso não significa que eles serão melhores amigos e que a vida será só caramelos a partir de agora :x huahauhauahua

Muito obrigada pela paciência e companhia ♥ Obrigada pelo tempinho que me permitiu roubar do seu dia hoje ♥ Hasta e XoXo ;*



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