Toská -Angústia escrita por Tia Lina


Capítulo 7
Um lugar para voltar


Notas iniciais do capítulo

BoA leitura ^^



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Steve mal dormiu naquela noite.

Primeiro porque Bucky falara a noite inteira em sonho. Algumas poucas palavras em inglês, em sua maioria desconexas e sem sentido, outras várias tantas em russo, e essas soavam dolorosas demais. Segundo porque o Rogers não conseguiu convencê-lo a vender a casa e se mudar permanentemente para a sua. Por um lado, ele compreendia o espírito saudoso do amigo. Ele sabia que não era da casa que Bucky não queria se livrar, o garoto não queria se livrar das memórias felizes de sua infância. Por outro... Steve não suportava a ideia do amigo definhando sozinho todas as noites naquele ambiente sem vida.

Como resultado de sua própria preocupação, despertara atrasado e com olheiras. Chutou as cobertas e pulou da cama, tomando cuidado para não cair sobre Bucky, que dormiu num colchão ao lado de sua cama, no chão. Pegou seu uniforme e correu escada abaixo se vestindo como podia, encontrando somente a mãe sentada à mesa. A mulher arqueou uma de suas sobrancelhas para o filho, que continuou correndo pela casa, pegando sua tigela para se servir de cereais.

— Steve, meu bem, tem certeza de que não se esqueceu de nada?

— Mamãe, estou ligeiramente atrasado, apreciaria se me desse uma pista melhor. – Ele se apressava para se sentar.

— Bom, então devo começar com o fato de que você se envolveu em uma briga há três dias e ainda está em recuperação ou pelo fato de que hoje é sábado? – A matriarca bebericou de seu café lentamente. Steve congelou.

— Hoje é sábado? – Uniu as sobrancelhas. – Por que não me disse antes, mamãe?

— Porque você estava ligeiramente atrasado. – Ela piscou divertidamente. Steve riu soprado, retirando seu blazer e aquela gravata estúpida de seu uniforme. – Entendo que esteja desesperado para voltar para a escola, mas podemos deixar isso para segunda-feira, não é mesmo?

— Claro.

— Steve, querido. – Ela inspirou e expirou calmamente. – Como ele está? – Ela não precisava citar nome algum para que ele soubesse qual era o alvo de sua preocupação.

— Dormindo. Em algum momento ele conseguiu pegar no sono e adormecer, parece que os pesadelos acabaram agora.

— Ah, meu menino... – Ela suspirou, apoiando o rosto na palma e o cotovelo na mesa enquanto olhava para as escadas, na direção do quarto do filho.

— Vai ficar tudo bem. – Steve alcançou a outra mão de sua mãe, segurando-a gentilmente. – Ele sempre terá para onde voltar se desejar.

— Ah, meu filho, você é um bom menino. – Acariciou-lhe o rosto. – Não o deixe se afogar nessa dor.

— Eu nunca vou deixa-lo sozinho, mamãe. Isso eu posso fazer, porque isso eu sei fazer. – Sorriu.

Antes de se retirar, ordenou que o filho tomasse seus remédios e cuidasse para que Bucky se alimentasse corretamente. Deixou um selar demorado na testa de Steve e finalmente saiu para o trabalho. O loiro suspirou cansado, mastigando o seu cereal calmamente enquanto seu cérebro se encarregava de enchê-lo de dúvidas e mais dúvidas, mantendo-o compenetrado em qualquer coisa que, de longe, parecia ser realmente importante. Ele não sabia dizer por quanto tempo ficou no mesmo estado de torpor, percebeu somente quando levou uma colherada vazia até a boca, notando que seu café da manhã havia acabado.

Tentou se levantar com a mesma vivacidade com a qual correra pela casa logo de manhã, mas sentiu todas as dores musculares anteriormente anestesiadas pelos analgésicos que tomara antes de dormir no dia anterior. O efeito finalmente tinha passado. Steve se apoiou na mesa, retraindo-se com os olhos fechados, balbuciando alguma língua ininteligível, tentando se livrar das dores quando uma mão o alcançou. Bucky segurou-o gentilmente pelos ombros, obrigando-o a se sentar novamente. O moreno voltou para o andar de cima, regressando com duas pílulas em mãos. Steve riu soprado antes de aceita-las.

— Quando é que vai aprender a cuidar de si mesmo? – Bucky cruzou os braços com um sorriso de canto, soando divertido demais para alguém que acabara de despertar.

— E por que deveria me preocupar se você sempre está por perto? – Steve riu soprado, calando o amigo de uma maneira que ele não estava acostumado. O loiro uniu as sobrancelhas por um momento. – Aconteceu alguma coisa?

— Não. – Bucky se recuperou rapidamente, voltando a sorrir de canto.

— Senta, vou te dar algo para comer. – Steve tentou se erguer, mas Bucky o segurou pelos ombros novamente, impedindo-o de se movimentar.

— Stevie, não sou visita aqui, eu sei onde encontrar comida na sua casa. – Riu soprado. – Pode deixar que eu me viro, você deve esperar os remédios surtirem efeito antes de se mover despreocupadamente pela casa novamente. – Bucky abria o armário, escolhendo uma das tigelas. – Aliás, por que saiu correndo do quarto feito um idiota agora há pouco? E por que está usando uniforme? – Se servia de cereal e leite.

— Achei que estivesse atrasado. – Deu de ombros.

Bucky caiu na gargalhada, e Steve percebeu que sentira saudade daquele som. Não pôde evitar um sorriso pintar os lábios ao ouvir aquela melodia alta e um tanto quando desafinada ecoando pela casa. Demorou um tempo até o amigo se conter, vendo-o limpar algumas lágrimas que se acumularam em seus olhos verdes.

— Você é mesmo uma piada, Stevie. – Riu um pouco mais. – E por que achou que estava apto a sair de casa quando ainda está todo quebrado?

— Eu tava bem melhor quando levantei, beleza?

— Isso porque ainda tava sob efeito de medicamento, seu lesado. – Bucky se sentou à sua frente. – Você é mesmo muito idiota, Rogers.

Ele estava rindo, parecia muito melhor naquela manhã desde o momento em que Steve o vira pela primeira vez nesses seis anos, e aquilo já era suficiente para fazê-lo ficar bem. Aguardou Bucky finalizar o seu café da manhã enquanto o analisava silenciosamente. O Barnes não estava atento, parecia distraído demais com o jornal e seus cerais para dar algum tipo de importância para o que quer que o Rogers estivesse fazendo. Steve notou todas as diferenças possíveis no comportamento dele.

Porque mesmo sorrindo e fazendo comentários engraçados, havia algo que ele não conseguia compreender, algo que não sabia decifrar. A história não estava completa e ele não parecia querer conta-la. Ele sabia que havia algo mais, porque Bucky desviou do assunto todas as vezes nas quais Steve lhe questionara sobre sua vida na Rússia, ele só não sabia o quanto aquilo que ele lutava tanto para esconder havia afetado seu amigo. Steve conteve um suspiro e se levantou, indicando que se trocaria para poder passar o resto do dia fazendo o que os dois faziam de melhor: disputar qualquer jogo no vídeo game até alguém se cansar.


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Notas finais do capítulo

Quem é mais amorzinho nessa vida e por que é Stucky? ♥ Agradeço o tempinho que se dedicou a esta história hoje e até o próximo ♥ Hasta e XoXo ;*



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