Toská -Angústia escrita por Tia Lina


Capítulo 5
O que aconteceu com você?


Notas iniciais do capítulo

Oláááááá, enfermeira! o/ Tudo bem com vocês? Do lado de cá tá meio dolorido Ç_Ç E eu descobri da pior maneira que sou alérgica à antibióticos à base de penicilina. Dica de ouro da tia Lina: Certifiquem-se de que não são alérgicos à penicilina antes de tomar. Enfim... The Winter is back! Bucky is here! E agora é que essa história começa de verdade ;D Vamos ao que interessa ^^

BoA leitura ^^



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Pelo menos aquela pessoa parecia Bucky.

Tinha os cabelos na altura dos ombros - presos num meio coque mal feito, para mantê-los longe dos olhos - e olheiras profundas debaixo dos cristalinos verdes que pareciam mais escuros agora. Usava um conjunto de moletom negro que não escondia o porte físico maior do que se lembrava e luvas de couro, também negras. Aquela figura se parecia com seu amigo, mas não o mesmo de sua infância. Steve não sabia ao certo quem era aquele Bucky que o encarava de volta. Enquanto o analisava, o moreno se aproximou, parando ao pé da cama. Ele afundou as mãos nos bolsos do moletom e suspirou, aparentemente cansado demais para lidar com tudo aquilo naquele momento. Tomou fôlego antes de falar.

— Você continua se metendo em encrenca, não é mesmo? – E mesmo rindo soprado, algo soava diferente. - Pensei que tivesse dito para não fazer nenhuma estupidez na minha ausência, Rogers, em que merda você tava pensando?

— E você finalmente aprendeu a usar a porta da frente. – Steve sorriu mais do que esperava.

E o silêncio voltou, porque existiam palavras rudes demais rondando a mente de Steve naquele momento e ele definitivamente não diria nenhuma delas. Não depois de seis anos sem ver seu amigo, não ao vê-lo daquele jeito tão diferente. Toda a sua grosseria podia esperar. Devia esperar. Bucky pareceu perceber o desconforto e riu soprado novamente, amenizando sua expressão anterior. Aproximou-se um pouco mais antes de sorrir de viés e dizer.

— Olá, Stevie.

— Cala a boca, Barnes. – Steve sorriu largo. – Eu odeio quando me dá apelidos, quem disse que você pode me chamar assim?

— Depois de dez anos, eu posso te chamar de “meu bombonzinho” se eu quiser, seu delinquente irresponsável. – Bucky riu soprado, finalmente se sentando aos pés da cama. – O que foi que houve dessa vez? Quem te espancou e por quê?

— Acredite ou não, Dylan.

— Dylan, o valentão do playground? – Bucky uniu as sobrancelhas. – Ele não deveria estar na faculdade agora?

— E está. – Steve suspirou. – É uma longa história.

— Tenho todo o tempo do mundo. – Sorriu amenamente.

— Dylan estava na festa do Stark.

— Quem é Stark e o que você estava fazendo em uma festa?

— Tony Stark. É um riquinho que se mudou para a Browning um ano depois da sua partida. Ele deu uma festa para comemorar o namoro dele e convidou o colégio todo.

— Tudo bem. Mas isso ainda não respondeu a minha pergunta. – Arqueou uma sobrancelha. – Pensei que odiasse festas, o que estava fazendo lá?

— Natasha me obrigou. É uma amiga, você vai conhece-la. 

— Você poderia ter dito, sei lá, “não”? – Ele zombou. – Em que século estamos? Ela é sua dona? Sua namorada? Sua mãe?

— Ela é Natasha Romanoff, e eu gostaria muito de vê-lo negar algo à Nat. – Steve riu soprado com a possibilidade.

— Pulemos tudo isso. Me fale como foi parar lá.

— De carro. – Deu de ombros. – Nat nos levou e eu fiquei a festa toda no escritório. Dylan apareceu em algum momento tentando estuprar uma menor de idade e eu acabei levando a pior.

— Ah, viu? Aí está! – Bucky apontava em sua direção, zombando novamente. – O justiceiro Steve aparecendo novamente.

— Bucky, ele estava molestando uma menor de idade. Na minha frente. – Steve o encarava boquiaberto. – Isso não incomoda você?

— Claro que sim, mas me incomoda muito mais o fato de um peso pena como você enfrentando alguém como Dylan, correndo o risco de morte. – Bucky revirou os olhos. – Só me prometa que nunca mais enfrentará ninguém sozinho, ok? – Suspirou cansado, esfregando os cabelos da nuca.

— O que aconteceu com você? – O loiro uniu as sobrancelhas. – Por que parece tão... cansado?

— Passei onze horas dentro de um maldito avião, é claro que estou cansado. Estou exausto. – Suspirou novamente. Não era exatamente a resposta que o loiro procurava, mas não poderia negar que ele aparentava mesmo cansaço. – Eu só preciso dormir um pouco.

— Porque não veio me visitar amanhã? – Bucky o encarou com expressão debochada. – O que foi?

— Você quase se matou numa briga, Rogers, eu tava preocupado, obrigado pela consideração, seu idiota. – Revirou os olhos.

— Venha me ver amanhã de novo.

— Eu preciso arrumar a minha casa toda, não sei se poderei.

— Não estou te dando escolha, Barnes, estou exigindo sua presença.

— E quem é você para me exigir algo, Rogers? Você nem consegue ficar em pé depois de um soco. – Bucky riu soprado, se levantando. – Deixe a janela da sacada destrancada, verei o que posso fazer por você, meu bombonzinho. – Piscou divertidamente.

— Vai se ferrar, Barnes. – Steve riu.

E assim como apareceu, Bucky se fora. Não por seis anos desta vez. Steve esperava que não. Suspirou derrotado ao se ver sozinho novamente. Onde esteve durante esse ano, Bucky? Onde esteve ontem? Por que não me atendeu? Eram as perguntas que berravam em sua mente. Desistiu de pensar em tudo aquilo quando percebeu o rumo que seus pensamentos estavam tomando. Era ridículo assumir, mas Steve parecia uma noiva abandonada no altar. Riu soprado, pegando o livro novamente para se distrair um pouco antes do jantar.

Agradeceu aos céus pelo estoque de sermões de seus pais terem findado, talvez porque a mãe sabia que Bucky também lhe daria a sua própria dose. Desde que se mudaram, a senhora Rogers parecia confiar muito mais no Barnes do que em seu próprio filho. Steve não reclamava, não diziam que os pais conhecem os filhos que têm? Steve tinha que dar crédito à mãe, ele não saberia enganá-la e Bucky, para ajudar, costumava ser sua voz da consciência ao mesmo tempo em que era seu anjo protetor.

Anjo sim, porque Steve provavelmente já estaria morto se não fosse pelo amigo. Talvez Dylan estivesse mesmo certo, talvez Bucky fosse o seu cão de guarda. O Rogers se sentia culpado com aquilo, não era essa a sua intenção. Suspirou cansado, agradecendo aos céus a mãe não ter notado seu repentino desânimo. Engoliu o resto do jantar e voltou para o quarto com dificuldade. Orgulhosamente, não pediu ajuda para se banhar e, mesmo com dificuldade, conseguiu finalizar a tarefa sem ter que ferir seu ego gritando por ajuda. Escovou os dentes e se deitou, resgatando novamente sua história de ninar predileta.

Ele foi interrompido uma vez mais, quando Natasha cumpriu sua promessa de lhe visitar. A ruiva sentou-se ao seu lado na cama e ouviu todas as lamúrias do loiro sobre o amigo que regressara. Natasha era a única a conhecer a história completa de Steve porque, segundo o próprio, ele precisava que alguém ajuizado tomasse conta do legado que Bucky deixara para trás quando se fora. E ela desempenhava muito bem o seu papel, mas fazia questão de lembra-lo a todo momento de que não era sua babá e de que Steve precisava aprender a andar sobre as próprias pernas.

Quando a ruiva partiu, Steve finalmente conseguiu finalizar o livro e dormir.

Seria patético demais admitir que estava ansioso para vê-lo novamente? Não ansioso de uma maneira nervosa, só queria que o tempo passasse depressa, porque, desde o momento em que despertara naquela manhã, Steve só conseguia mastigar todas as perguntas que permaneciam entaladas em sua garganta. A primeira coisa com a qual se preocupou ao levantar-se foi destrancar a bendita janela, só então desceu para se alimentar. Seus pais comiam em silêncio quando ele se sentou e, não muito depois, despediram-se. Steve tinha a casa toda para ele naquele dia.

Mastigou seu cereal despreocupadamente, ignorando as frutas e outros alimentos que a mãe colocara sobre a mesa. Lavou sua tigela assim que terminou de comer e voltou ao seu quarto, onde pretendia passar o resto do dia. Riu soprado quando encontrou Bucky sentado na poltrona com um livro em mãos. Steve sentou-se na cama e atirou uma almofada no amigo, que, habilmente, desviou do objeto, sorrindo de canto para o loiro.

— Pensei que viria à noite, você não tinha uma casa toda para arrumar? – Steve arqueou uma sobrancelha em tom zombeteiro.

— Sabe como é... A consciência pesou quando vi seus pais saírem e eu realmente fiquei pensando que seria perigoso demais te deixar sozinho em casa.

— Desde quando sou perigoso?

— Desde que nos conhecemos. – Ele fechou o livro, acomodando-se melhor na poltrona. – Cara, seu olho tá meio verde.

— Foi o soco que levei, agora está melhor. Pelo menos já consigo enxergar de novo.

— Puta que pariu, você é desgraçadamente irresponsável, Stevie! – Ele reclamou.

— Ei, olhe esse palavreado! – Steve vetou. – Onde foi que aprendeu a falar assim?

— Rússia. – Deu de ombros.

— E como era viver lá? – Bucky calou-se por um momento.

— Depois te conto sobre isso, primeiro quero ouvir as histórias daqui. Como você se virou sem mim por tanto tempo? Não. Espera. – Ele ponderou por um momento. – A pergunta certa é: Como você conseguiu sobreviver seis anos da minha ausência?

— Sabe, Barnes, eu realmente tenho pena de você. De pensar do que vai ser da sua vida quando chegarem ao núcleo da Terra e você descobrir que não está lá. – Steve revirou os olhos. - Nem tudo tem a ver com você nessa vida.

— Com a vida, ér... – Bucky fazia uma careta. – Não me importo. Com você. – Ele apontou o amigo. – Sim. Então a resposta é sim. Tudo tem a ver comigo na sua vida, Stevie.

— Perdoe-me, pai, esqueci que devia obediência extrema ao senhor. – Revirou os olhos.

— Como se virou sem mim, Steven?

— Para de me chamar assim, saco!

— Ok, ok. – Ele riu soprado. – Como se virou sem mim, meu bombonzinho?

— Eu vou arrebentar a sua cara, James Buchanan. – Steve bufou.

— Só me responde, porra. 

— Dá pra parar de falar tanto palavrão? – Uniu as sobrancelhas. – O que houve com você? Quem é você agora? Porque ficou assim? Onde foi que se perdeu, Bucky? E por que raios estamos discutindo sobre isso? A gente nunca discute desse jeito, saco!

— Vamos com calma, ok? – Ele suspirou cansado. – Vamos voltar ao começo, beleza? Primeiro, gostaria muito de saber como foi viver na parte mais divertida do Brooklyn sem a minha presença por seis anos. Você poderia me responder isso?

— Eu não mudei tanto em seis anos, continuei lendo muito e evitando tudo e todos. E antes que me pergunte, sim, continuo arranjando brigas aqui e ali de vez em quando. Natasha assumiu o seu posto quando partiu, então não se preocupe, eu fiquei bem todos esses anos porque meus amigos estavam comigo nos momentos mais difíceis da minha vida. – Steve não queria soar ressentido, mas não pôde evitar.

— Ouch! – Bucky riu soprado, sem sinal de humor. – Me fez parecer um monstro desalmado que abandonou o filho na porta de um desconhecido numa noite chuvosa. Valeu.

— Não foi isso que quis dizer...

— Foi exatamente assim que soou, mas não se preocupe, não ficarei magoado. – Suspirou novamente, esparramando-se na poltrona. – Eu fui embora e você é um delinquente inconsequente, algo assim poderia acontecer.

— O que aconteceu com você? – Uniu as sobrancelhas, questionando novamente. – É sério, estou mesmo curioso. Por que ficou assim?

— Sabe, Steve. – Bucky se levantou, caminhando até a janela, permanecendo com o seu olhar voltado para o lado de fora, em direção à sua casa. – Existem coisas que acontecem nessa vida e que ninguém te prepara para enfrentar. – Suspirou novamente, abaixando a cabeça por um momento. Voltou a falar um tempo depois, encarando o amigo na cama com um sorriso melancólico no rosto. – A gente fica assim quando perde a família, Stevie.


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Notas finais do capítulo

Postei e saí correndo :X

Agradeço o tempinho que dedicou a esta história hoje ♥ Vejo-os em breve ♥ Hasta e XoXo ;*



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