Toská -Angústia escrita por Tia Lina


Capítulo 41
Como alguém apaixonado


Notas iniciais do capítulo

Como prometido, voltamos à programação normal ^^ Espero que gostem desse capítulo e que já comecem a preparar o coração de vocês pelo que está por vir ;D

BoA leitura ^^



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— Steve. – Ela sorria graciosamente, aquele sorriso bonito que tinha chamado sua atenção desde a primeira vez que o vira. Steve sorriu de volta porque era inevitável não fazê-lo.

— Como vai, Peggy? – Respondeu baixinho, um pouco sem graça.

Aquela era a primeira vez que se conversavam depois de terem terminado um relacionamento que sequer começara e Steve ainda não sabia muito bem o que deveria ou não falar. Peggy, notando o desconforto do Rogers, riu soprado e se aproximou um pouco mais.

— É impressão minha ou está sem graça na minha presença? – Ela arqueou uma sobrancelha enquanto ajeitava a faixa marrom em sua cintura.

— Eu não sei muito bem como agir agora. – Ele confessou sem graça, brincando com a ponta da sua amarela, sem encarar os olhos da garota. Peggy riu soprado, o que despertou a atenção e curiosidade de Steve.

— Nós conversamos, não? Acho que esclarecemos muito bem essa situação e deixei bem claro, penso eu, que não sou nem um pouco vingativa ou possessiva. Mas se preferir, posso melhorar meu discurso para que entenda que eu não estou chateada porque desistiu de mim para ser feliz com alguém que certamente cuida muito bem de você. – Ela sorria para o loiro, um sorriso que esquentou o coração do Rogers e o fez pensar que Peggy merecia o mundo. Ele também acabou sorrindo, uma versão mais contida, sendo, ainda, um sorriso caloroso.

— Obrigado, Peggy, essa experiência está sendo verdadeiramente importante para mim.

— E vocês têm se entendido bem? – Ela se aproximou ainda mais, diminuindo o tom de voz. – Eu sei que é difícil no começo, por isso fico preocupada.

— Sim, estamos nos dando muito bem. Na verdade, tem sido bem melhor do que imaginava. – Os olhos do loiro não o deixavam mentir, nem o mínimo sorriso que ela percebeu ser difícil de conter. – Pensei que, por sermos amigos há tantos anos e por termos crescido praticamente como irmãos, demoraria a me acostumar a tratá-lo romanticamente, mas tudo tem acontecido tão... – buscou em sua mente a palavra certa para descrever e riu soprado ao se recordar daquela que melhor se encaixava – naturalmente. É tudo muito natural, é como se... – Steve suspirou e riu soprado, – Estou soando meio ridículo, certo?

— Não, absolutamente não. – Peggy sorriu também. – Você está soando exatamente como alguém apaixonado deveria soar.

— Ou seja, estou soando ridículo. -Steve arqueou uma sobrancelha, usando seu tom zombeteiro.

— Se estar apaixonado te faz ser ridículo, bem, então sim. – Ela riu. – Mas fico feliz em saber que está tão bem e tão feliz.

— Não é sempre fácil, claro que não é, mas é sempre bom, então as coisas meio que se compensam no meio da trajetória. – Ele sorriu de novo, suspirando logo em seguida. – Só me incomodo quando ele não dorme à noite, me sinto um pouco frustrado, pensando que tenho culpa nisso.

— Como assim? – Peggy uniu as sobrancelhas.

— Às vezes eu durmo na casa de Bucky, e nessas vezes eu sempre percebo que ele dorme muito mal. Tem pesadelos constantes, acorda muitas vezes no meio da noite, às vezes... – Steve suspirou outra vez, bagunçando um pouco os cabelos, – às vezes ele se levanta, toma algumas doses de vodka, de whiskey, ou seja lá o que tenha à disposição e depois volta a se deitar. Eu fico preocupado. Muito preocupado.

Peggy o observava falar e pensava cuidadosamente em cada uma daquelas revelações. Depois que Steve se calou, ela permaneceu um tempo em silêncio, mas acabou sorrindo e arrumando os cabelos loiros bagunçados antes de chamá-lo para o tatame. Sensei Kazunori acabara de chegar e já pedira para que cada um assumisse sua posição para a aula. Steve ficou com a sensação de que a garota tinha algo importante a dizer, mas não obteve respostas, somente o comando do mestre e o som de joelhos se dobrando para fazerem o cumprimento inicial.

Há quase 20km dali, Bucky torcia mais um guardanapo e o enfiava naquele furo do balcão enquanto matava o tempo. As quartas-feiras eram sempre monótonas naquele horário logo após o almoço e ele sempre acabava entediado ou irritado. Naquele dia, estava mais entediado que irritado, mesmo depois de receber alguns comentários engraçadinhos. Fora o primeiro dia que decidira sair de casa utilizando uma camiseta, fora a primeira vez que viram seu braço metálico.

Até mesmo Steve se surpreendera quando o vira logo de manhã, mas o loiro nada disse, apenas lançou aquele sorriso bonito que sempre melhorava o dia do Barnes e o abraçou apertado por alguns minutos. Bucky sabia que precisaria daquele abraço mais vezes no decorrer do dia, por isso se demorara ali, para se recordar do pequeno enquanto estivessem longe. Ao chegar no seu lugar de trabalho, o espanto foi geral.

Dos oito funcionários, quatro não esconderam a surpresa, um dos garotos fizera um comentário meio estúpido e o restante fingiu que não percebeu. Ele não se importou, fora mais fácil ignorar do que imaginara que seria. Ao longo da tarde, recebera diversos tipos de reações, mas se precisasse escolher sua favorita, seria a de uma garotinha de sete anos, com dois dentes da frente a menos e uma mão robótica.

Ela lhe lançou um sorriso bonito e apontou para a ponta da estrela vermelha que Steve fizera. Bucky ficou um momento sem compreender até que a mãe da garota lhe dissesse que ela apontava para o desenho em seu braço mecânico. Ele levantou a manga e exibiu o desenho para a menina.

— Você gosta? – Perguntou num tom ameno.

— É muito bonita. Deve ser alguém especial. – Bucky arregalou um pouco os olhos.

— Por quê?

— Porque mamãe sempre me dá uma estrela quando saio de casa e sempre me diz que é porque sou especial para ela. A pessoa que te deu uma estrela deve pensar igual.

Bucky certamente não esperava ouvir aquilo, tinha que admitir que o dia melhorara bastante por causa daquela garota e até conseguira sorrir pouco menos forçadamente para o resto da clientela. Bom, não era assim tão difícil sorrir quando pensava em Steve, e agora que ouvira a história da garota, conseguia sentir o peso da estrela no braço, como se fosse uma mão gentil o acariciando.

— Sonhando acordado, Barnes? – A ruiva trazia um sorriso brincalhão na face.

— Não estrague o meu humor, Natasha. – Ele se endireitou, desistindo do guardanapo e da sujeira no furo. – O que vai querer?

— Um americano. – Deu de ombros. – E talvez uns minutos de conversa.

— Posso providenciar o primeiro. O segundo não tenho tanta certeza. – Ele registrava o pedido enquanto falava. – Qual o tópico dessa conversa?

— Steve. É sempre sobre Steve.

— Verdade, você ainda é a guardiã legal do loirinho. Quero o divórcio, Natasha, e brigarei por Steve na justiça. – Ela sorriu.

— Pelo menos está de bom humor. – A ruiva se sentou ao balcão e apoiou os cotovelos no mesmo, projetando o corpo para frente. – Você sabe que ele, às vezes, me conta as coisas, certo?

— Certo. – Bucky suspirava, pegando o copo da Romanoff e passando para a mesma. – E o que isso quer dizer?

— Que ele me contou que você tem o afastado com frequência. – Bucky uniu as sobrancelhas, também projetando o corpo para a frente quando se apoiou ao balcão.

— Eu tenho afastado Steve? De onde esse pestinha loiro tirou isso?

— Você sabe que ele tem uma mente fértil, não é a mim que deve perguntar. – A garota deu de ombros outra vez, tomando de seu café.

— Ele ainda deve estar incomodado com a história do casal na Rússia. – Bucky estalou a língua. – Eu vou socar aquele idiota se continuar a ter essas ideias incabíveis.

— Ou só está inseguro porque tudo isso é muito novo e ele nunca teve ninguém que verdadeiramente se interessasse por ele. – Natasha deu ombros outra vez, encarando o copo em suas mãos como se ele estivesse lhe dando todas as respostas. – As pessoas o acham “fofo” porque ele é pequeno e franzino, mas ninguém verdadeiramente sente tesão em Steve, só você, mas ninguém pode te julgar, você é meio esquisito e tem uns gostos duvidosos. – Natasha sorriu diabolicamente para o Barnes. Ele riu soprado.

— Se eu realmente me importasse com a sua opinião, te socaria agora mesmo, Romanoff.

— Enfim, eu só vim pra dizer que ele se sente inseguro e precisa de você, acho que saberá o que fazer. - Ela ignorara o comentário do moreno e tomara mais um gole de seu café.

— Steve é meio idiota se pensa que o trocaria por qualquer outra pessoa. – Bucky suspirou. – Não existe absolutamente ninguém nesse mundo que valha o que ele vale pra mim, achei que tivesse sido bem claro com ele todas as vezes.

— Às vezes ele só precisa de mais palavras, você o conhece bem, Steve é criativo e excelente com desenhos, mas é um péssimo interpretador de textos. – Natasha finalizou sua bebida. – Antes de ir embora, eu tenho uma dúvida.

— Não vou te dar todas as respostas, você sabe disso?

— E você sabe que eu sempre consigo as respostas que eu quero quando estou verdadeiramente empenhada, não sabe? – Ela arqueou uma sobrancelha, ele riu soprado outra vez. Natasha sorriu em resposta.

— Pergunte, Natasha.

— Você não quer mesmo transar com Steve?

— Por que raios precisa saber disso?

— Eu não preciso. – Deu de ombros novamente. – É só curiosidade mesmo. É estranho gostar tanto assim de alguém e não desejar transar com essa pessoa, considerando que nenhum dos dois é assexuado.

— Não é “não querer”, é mais como “não poder”.

— Por quê? E não me diga que é por causa dos pais do loirinho que eu já estou sabendo que eles apoiaram tudo. – Arqueou uma sobrancelha.

— Eu não quero um Steve excitado, quero um Steve apaixonado. – Bucky suspirou. – Caralho, não acredito que vou te dizer isso. – Disse baixinho antes de concluir. – É fácil sentir desejo enquanto se está no meio de um amasso, difícil é ter o mesmo desejo antes das provocações. Não quero que Steve tenha nenhum tipo de arrependimento depois, acredite, eu sei muito bem o que tô falando, é fácil confundir as coisas quando estamos de pau duro. Quero que Steve olhe pra mim e me deseje antes mesmo de tocá-lo, quero que se excite com a minha presença e não com meu corpo. Eu não vou avançar o sinal com aquele merdinha enquanto não tiver certeza de que Steve me deseja ardentemente antes mesmo de me ver.

— Pensei que estivesse bem óbvio que ele ama você.

— E ele realmente me ama, somos amigos há dez anos, estranho seria se ele não me amasse, mas para transar com ele, eu não quero que ele me ame como um amigo de dez anos.

Natasha sorriu e entregou o copo vazio ao Barnes, levantando-se da banqueta e recolhendo a bolsa que ele sequer notou que ela trouxera consigo. A ruiva passou a alça transversal pela cabeça e ajeitou sua camiseta antes de encarar o moreno.

— Acho que estou bem satisfeita com essa resposta. Que bom que esse panaca encontrou um cara bacana pra ele. Até amanhã, garoto gótico do braço brilhante. – Natasha piscou e se retirou.

Bucky riu soprado, negando de leve com a cabeça. Natasha certamente era a figura mais divertida daquele lugar e ele certamente se sentia um pouco melhor em ter decidido se aproximar dela.


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Notas finais do capítulo

"Mas tia Lina, não tem nada de importante aí?"

Vai por mim, tem um monte delas huahauhauahuahau

Obrigada pela companhia e até o próximo ♥ XoXo ;*

P.S.: E MUITO obrigada pela paciência, vocês são maravilhosos ♥



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