Toská -Angústia escrita por Tia Lina


Capítulo 37
A pessoa mais preciosa


Notas iniciais do capítulo

BoA leitura ^^



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Bucky sentiu as costas e sua mandíbula doerem e decidiu mudar de posição, aquele colchão já estava velho, precisaria trocá-lo o quanto antes. Quando encontrou um lugar confortável, sentiu o calor de algo que o envolvia pela cintura e se prolongava por toda a sua costa, o que arrancou dele um sorriso leve, porque aquele era o terceiro dia consecutivo que Steve dormia ali com ele. Suspirou satisfeito e se aconchegou naquele abraço, mesmo que, tecnicamente, Steve tivesse quase metade de seu tamanho e proporção.

Quando os músculos do Barnes voltaram a relaxar, Steve finalmente se permitiu descansar um pouco. Aquela era a terceira noite consecutiva que ele não dormia bem à noite porque Bucky não parava de soltar frases confusas e de se contorcer em sonho. Steve não entendia nada do que ele dizia, a maior parte de suas frases eram em russo e as poucas que ele dizia em inglês envolviam tempos muito distantes. Às vezes acordava no meio da noite e o encontrava todo encolhido em um canto da cama, no seu rosto uma expressão consternada que somente preocupava o loiro. Fora somente naquela noite que decidira dormir abraçado a ele, na esperança de mantê-lo mais calmo. Não era uma solução definitiva, mas ele não se encolhera naquele dia e aquilo fora sua pequena vitória.

Se perguntava quanto tempo duraria até que ele começasse a balbuciar novamente e se tudo aquilo teria fim um dia. Não estava reclamando, mas se preocupava e queria poder ser mais que um abraço de consolação para quando o Barnes virava pouco mais que um amontoado de dores e choramingos. Talvez era àquilo que ele se referia quando lhe advertiu tantas vezes que Steve não compreenderia, talvez Bucky tivesse medo de afogá-lo junto. Era só que havia essa nuvem escura em seus olhos todos os dias pela manhã e Steve queria passar o máximo de tempo possível ao lado dele até aprender a dissipá-la. E no meio de tantos questionamentos e devaneios, o loiro finalmente acabou pegando profundamente no sono.

E mais uma vez despertara com a mandíbula e as costas doloridas, Bucky já não aguentava mais aquela situação. Tomando todo o cuidado possível, desvencilhou-se do abraço de Steve e se levantou, precisava caminhar um pouco e tentar reencontrar seu sono sozinho antes de voltar a se deitar. Esfregou os olhos e sentiu os ossos das costas estalarem quando se espreguiçou, lançou um rápido olhar em direção ao Rogers e sorriu aliviado quando o viu adormecido feito pedra. Se sentiu tentado em depositar um beijo carinhoso em sua testa, mas preferiu não arriscar acordá-lo. Saiu do quarto não muito depois.

Era mais de cinco da manhã e ele ainda não conseguira dormir, por esse motivo estava recostado no balcão da cozinha com um copo cheio de vodka entre os dedos. Encarava aquele beco muito escuro e vazio entre a sua casa e a de Steve enquanto parecia aéreo demais para o que ocorria dentro de sua própria casa. Sem saber como acontecera ou de onde viera, sentiu pequenas mãos geladas encostarem na sua, tirando o copo de si.

Bucky não reagiu, ficou ali assistindo Steve jogar o conteúdo transparente na pia enquanto o desafiava com sua sobrancelha arqueada. O Barnes riu soprado daquele tom de desafio e esperou que o loiro depositasse o copo sobre o balcão. Então Steve se aproximou e tocou gentilmente o rosto do maior, num gesto desesperado para descobrir se ele ainda estava ali com ele. Bucky sorriu um pouco e envolveu gentilmente a mão do loiro, que sumiu dentro da sua. Steve também sorriu e aproveitou para dedicar um rápido selar nos lábios do moreno que, como sempre, apenas se surpreendera com o ato repentino, ele ainda não havia se acostumado com as pequenas doses de carinho repentino que surgiam em forma de selares castos vindas de Steve. Bucky riu soprado.

— Você precisa parar de fazer isso, Stevie. - Não precisando mais que um sussurro para se fazer entender.

— E por quê? Pensei que gostasse. - Ele devolveu no mesmo tom.

— Esse não é o problema. – Bucky suspirou. – É que eu posso me acostumar de verdade com esses beijinhos castos que você me dá e, talvez, comece a esperar mais no futuro.

— Eu nunca disse que não podia esperar mais. – Steve deu de ombros. Bucky arregalou os olhos por um breve momento.

— Ah, Stevie. – Ele riu soprado novamente, um pouco em sinal desespero desta vez. – Não me dê falsas esperanças para depois chegar pra mim e dizer que não vai conseguir me aceitar, porque isso eu juro que não vou aguentar.

Steve sorriu de leve e roubou mais um selar do moreno antes de se afastar.

— Eu só desci porque estava preocupado, não gosto quando bebe escondido.

— Não estou escondido, só não queria te acordar.

— Dá no mesmo. – O loiro suspirou. – Da próxima vez que pensar em afogar as suas mágoas num copo de vodka, me procure, ok? Posso te oferecer meu abraço pelo tempo que precisar.

— Eu posso precisar por muito tempo. – Bucky sorriu.

— Que seja por muito tempo então. – Steve também sorriu, começando a caminhar para a escada.

— Eu quero dizer por muito, muito tempo. – Bucky o acompanhava.

— Que seja por muito, muito tempo então. – Ele alcançou a escada, tendo Bucky logo aos seus calcanhares.

— Digo, pode ser a noite inteira. – O moreno insistia.

— Eu não vou sair daqui de qualquer forma.

— Você vai se arrepender de ter me oferecido isso, porque posso ficar o dia todo abraçado a você.

— Que seja. – Steve lançou mais um sorriso na direção do moreno antes de abrir a porta do quarto, apontando para que Bucky adentrasse-a.

Ao contrário do que esperava, Bucky o puxou pela cintura e o beijou ali mesmo no corredor, recostando-o na parede. Steve sorriu um pouco na boca do Barnes, ainda achava adorável quando ele o pegava de surpresa, mas não parou de acariciar seu rosto. Quando se separaram, Bucky fez questão de mantê-lo próximo a si, num abraço apertado e silencioso. Steve acariciava seus cabelos compridos e depositava vários selares em seu pescoço, indicando que estava totalmente ali pra ele. O Barnes então riu soprado e se separou, segurando-o pela mão e se afastando do quarto.

— Onde vamos? – Steve arqueou uma sobrancelha.

— Ver o sol nascer, oras. – Bucky deu de ombros, lançando um rápido olhar sobre o ombro somente para ver o loiro rir.

— Não acha perigoso tentar escalar o telhado à essa hora?

— Já fizemos coisas bem mais perigosas antes, Stevie, está com medo? – Ele arqueou uma sobrancelha.

— Alguma vez eu tive? – Ele arqueou de volta.

— Você definitivamente é um delinquente imprudente, seu pirralho de merda. – Ele riu, fazendo o loiro rir também.

— E você é o idiota que sempre me ajuda nas minhas aventuras imprudentes, seu babaca. – Chegaram na janela mais alta da casa, que dava para o telhado quase plano.

— E é exatamente por isso que somos perfeitos um para o outro. – Bucky sorriu por cima de seu ombro pouco antes de abrir a janela muito enferrujada. – Vem, você vai na frente.

— E por que eu?

— Porque eu precisarei de ajuda depois, vai, Stevie, colabora, o sol está quase nascendo.

Steve riu novamente antes de atender ao pedido do outro. Não se lembrava daquela passagem ser tão estreita, talvez porque eram duas crianças de onze anos na época. De qualquer maneira, fora mais complicado para Bucky chegar até lá, mas no momento em que chegara, fizera questão de colocá-lo sentado entre suas pernas, abraçando-o pela cintura. Steve recostou a cabeça em seu ombro e segurou gentilmente seus braços, fechando os olhos e aproveitando a brisa por alguns minutos. Bucky não conseguia para de admirá-lo e também não conseguiu resistir a depositar um selar na bochecha do outro, que riu com o ato.

— Eu posso me acostumar com esses beijinhos castos que me dá. – Steve disse baixinho e Bucky riu soprado.

— Acho bom que se acostume mesmo, porque eu não vou parar. – Ele sussurrou em seu ouvido, beijando-o novamente. Os cabelinhos da nuca do loiro se eriçaram, era óbvio que Bucky notaria. – Stevie, ah, Stevie...

— O que foi, Buck? – Steve sussurrou de volta, abrindo os olhos e virando o rosto para encará-lo.

— Eu só queria que você soubesse que é a pessoa mais preciosa que eu tenho.

Steve sorriu e deixou mais um selar carinhoso nos lábios do Barnes antes que o sol começasse a tingir tudo o que tocava de laranja vivo.


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Notas finais do capítulo

Por que eu chorei escrevendo isso? Eu tbm não sei, alguém me explica?

Mas enfim... Acho bom vocês irem se preparando porque logo mais eu servirei a limonada que prometi ~pisca

Muito obrigada pela companhia e até o próximo ♥ XoXo ;*



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