Toská -Angústia escrita por Tia Lina


Capítulo 30
Stevie, amanhã


Notas iniciais do capítulo

Oláááááááá, enfermeira! Tudo bem com vocês? ^^

Como passaram de Natal? Também se empanturraram e passaram mal? Não façam isso, não compensa as dores do dia seguinte Ç_Ç Eu não planejava nem ligar o note hoje, mas como umas cenas não saíram da minha mente o Natal todo e eu tive uma epifania pra conclusão de Toská (calma, ainda tá um pouco longe), achei que seria melhor sentar, postar e trabalhar num capítulo novo (que não é esse, ok? Esse já tá pronto faz um tempinho ^^). Enfim, mal posso esperar para ouvir de vocês o que acharam ^^ Por hora, vamos ao que interessa de verdade

BoA leitura ^^



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Depois de correr pelas quadras incansavelmente, Steve finalmente adentrou sua casa, subindo diretamente para o seu quarto sem se importar com a expressão curiosa no semblante de seu pai, que lia algum periódico na sala. Sem se importar, inclusive, se ele vira seu estado deplorável. Passou a chave na porta do quarto e encostou a cabeça ali. Puta merda, acabara de beijar o seu melhor amigo. Na boca! Em que merda ele estava pensando? Na verdade, achava que sequer estava pensando quando seus pés pareceram ganhar vida e caminhar até o Barnes, assim como suas mãos pareceram parte de outro corpo pensante quando o puxara para tão próximo, quase como se sentissem que deveriam fazer o que estavam fazendo, como se a coisa certa a ser feita fosse estar ali naquele momento, roçando seus lábios nos rosados do outro. Steve recuperava o fôlego da corrida enquanto o cérebro trabalhava a toda velocidade, traçando rotas, fazendo perguntas estúpidas e se enchendo de porquês mirabolantes, enquanto isso, Bucky assistia de camarote ao espetáculo, sentado em sua poltrona. Denunciou sua presença ao rir soprado, recebendo um olhar assustado do loiro, que tentou recobrar um pouquinho de dignidade diante daquele olhar.

— Por que saiu correndo, Stevie?

— Buck, cara, eu não tô pronto pra falar sobre nada agora. – Engoliu seco, se aproximando cautelosamente na medida em que o outro se levantava.

— Por que me beijou?

— Eu não sei! – Soltou num sussurro meio desesperado. – Eu tava irritado com aquele merda, tava cansado demais para ouvir qualquer palavra idiota que sairia daquela boca suja e tava meio irritado porque você me mandou ficar longe daquilo. Eu não sei, Buck, eu só agi por impulso, no calor do momento.

— Então aquilo foi algo pontual? Sem chance de repetição? – Estreitou os olhos.

— Eu acho que sim, eu não sei, não consigo pensar em nada agora, minha mente tá uma confusão. – Ele mantinha as mãos nos lábios enquanto andava de um lado para o outro, como quem tentava proteger algo que não estava verdadeiramente em risco. – Pode me dar um tempo? Eu preciso pensar com cuidado em tudo isso, inferno!

— Você poderia ter, pelo menos, caprichado naquele beijo se não pretendia me dar outro, não acha? Eu esperava um pouco mais, sabe? – Steve percebeu o tom de chateação na voz do outro, mesmo quando ele tentava soar de maneira brincalhona.

— Cara, se põe um pouco na minha situação. Não faz nem um mês que você se confessou pra mim daquele jeito meio torto só porque tava irritado porque aceitei sair com uma garota pela qual me interessei, agora foi esse beijo idiota e inesperado, vai com calma, Bucky, eu não tô sabendo lidar com nada disso.

— E você, alguma vez se pôs no meu lugar, Steve? – Ele sorria, mas Steve viu que aquele sorriso não atingia seu olhar, e que sua voz transbordava uma mágoa que ele sabia que ficaria implícita até que o próprio Barnes resolvesse essa questão sozinho dentro da sua mente conturbada. O loiro suspirou.

— Só... vai com calma, ok? A gente pode falar disso uma outra hora.

— Você sabe que eu não vou esperar pra sempre, não sabe? – Bucky arriscou. Steve sentiu o peso daquela sentença de novo.

— Buck, agora não. - Soltou num silvo exausto de voz.

— Bom, pelo menos eu tentei. De novo. – Sorriu torto novamente, antes de dar as costas. – Ah, e antes que me esqueça. – Virou somente a cabeça na direção do Rogers para lhe falar. – Depois não diga que eu te excluí da minha vida, valeu? Estarei na minha casa, tendo o meu Scotch e meu Bourbon como companhias até que você se decida se está pronto ou não para me dar um beijo decente da próxima vez que deixar o calor do momento falar mais alto.

Deixou um Steve boquiaberto em descrença para trás ao sair pela janela da sacada e sumir noite à dentro.

O relógio marcava 3h07 e ele ainda não havia conseguido dormir. Revirou na cama incontáveis vezes até se cansar e encontrar uma posição meramente satisfatória, observando sua sacada. Bucky não apareceria magicamente por ali, ele sabia disso, mas um resquício de esperança não o abandonava. Ele falava sério sobre se entupir de bebida mais uma vez? E o que era aquilo de beijá-lo com vontade da próxima vez que deixasse o calor do momento o assolar quando Steve sequer conseguia compreender porque fizera a primeira? Ele não conseguia mesmo compreender ou só estava com medo de dizer em voz alta?

Existiam muitas coisas assombrando a sua mente naquele momento e ele nem sabia por onde começar. Não queria perder seu amigo, essa era a única certeza. Se Steve não tivesse Bucky, então não teria mais nada. Soltou um longo e pesado suspiro, olhando novamente para o relógio de grandes números vermelhos. 03h22, o tempo parecia brincar consigo.

Cansado de pensar e desistir, ele se levantou num rompante e se enfiou em um moletom, calçou seus tênis e caminhou até a sacada. Chegando lá, ele finalmente reparou na dificuldade para escalar aquele lugar. Não era como se possuísse uma trepadeira ou um jardim vertical onde Bucky poderia se sustentar enquanto subia, e agora Steve estava verdadeiramente curioso para saber como o amigo conseguia essa peripécia sem nunca ter se machucado antes. Tomando coragem, ele saltou de lá de cima, rolando pelo chão algumas vezes. Levantou-se e tirou a poeira acumulada de sua roupa, correndo até a porta da frente do Barnes. Tocou a campainha diversas vezes até que o moreno surgisse com a expressão emburrada.

— Eu deveria te quebrar na porrada, Rogers. – Falava meio embolado, o que denunciava sua embriaguez.

— Deixe-me entrar.

— Você tá maluco? É quase quatro da manhã, dá o fora daqui, garoto. – Ele tentou fechar a porta, mas Steve o impediu. – Vai embora, caralho.

— Cala a porra dessa boca e me deixa entrar, inferno! – O Barnes arregalou os olhos por um breve momento, aquela era a segunda vez naquele dia que ele usava palavras de baixo calão.

— O que eu tenho que fazer pra você sumir, hein? – Escancarou a porta. – Porque eu juro que se for preciso te assediar pra que não volte mais, eu vou fazer exatamente isso, Stevie.

Steve não deu ouvidos às idiotices que ele dizia, adentrou a casa e seguiu direto para a sala, onde descansavam alguns vasilhames vazios e outro pela metade. Alcançou a garrafa e levou-a à boca, entornando um generoso gole. O líquido desceu queimando sua garganta e narina, dando-lhe a impressão de que tomava ferro derretido. Tossiu afoitamente quando afastou o gargalo dos lábios e precisou limpar os cantos da boca com as costas da mão. Bucky ficou o observando com expressão curiosa, nunca o vira agir daquela forma e queria saber até onde ele iria. Steve voltou a tomar do líquido, finalizando seu conteúdo antes de devolver o recipiente ao chão. Seus sentidos pareceram bagunçados e ele custou a focalizar o amigo naquele cômodo parcamente iluminado pela luz amarelada provinda do hall.

— Eu não posso perder você, Buck. – Foi a primeira coisa que saiu de sua boca. O moreno paralisou, mas apurou os ouvidos, pronto para ouvir qualquer coisa que ele lhe dissesse. – Quando eu te disse que eu queria pensar com cuidado naquilo tudo, eu não disse para ferir os seus sentimentos, merda! Eu jamais faria algo do tipo! Eu só não sabia o que é que você esperava de mim, porra! Eu... Você... Nós... – Ele tomou fôlego, sentindo o cérebro doer e a sala rodopiar lentamente, mas se manteve firme em seus pés – Nós somos amigos há tantos anos... Nos conhecemos desde sempre, eu sempre te considerei como um membro da minha família, como você acha que eu me senti quando você disse aquilo do nada? Eu sei que vai soar egoísta dizer isso, mas você realmente considerou os meus sentimentos quando jogou essa história em cima de mim ou você só tava com tanta raiva da Peggy que precisava se aliviar?

Bucky trincou os dentes, porque Steve estava certo. Embora tivesse pensado muito à respeito enquanto estava enlouquecendo sozinho na Rússia, não considerara nada quando deixou escapar de sua boca, ele só estava cansado de correr e fugir de si mesmo e queria que o Rogers soubesse de tudo antes que fosse tarde demais. Fora numa hora completamente errada, ele sabia disso, mas agora não tinha como voltar atrás e fingir que nada fora dito. Agora já era tarde e ele precisava arrumar um meio de remendar as coisas. Antes que pudesse pensar em alguma coisa para dizer, Steve continuou seu discurso.

— E depois aquele imbecil do Dylan falando aquele monte de bosta pra você. – Bucky percebeu que ele estremeceu, mas não sabia dizer se era de raiva ou pela bebida. Steve não era acostumado a beber, certamente estava embriagado. – Eu perdi a cabeça, merda! Você não merece ouvir nada daquilo, você não merecia sofrer tanto assim, porra! Eu só queria que ele calasse a porra daquela boca imunda, que ele parasse de te machucar. Eu só... Então eu fiz aquilo, e eu pensei que foi pra fechar aquela maldita boca daquele monte de lixo que eu te beijei, porque ele precisava aprender a ficar quieto, aquele pacote de bosta. – Steve cambaleou, mas conseguiu se recuperar antes que Bucky desse um passo em sua direção. – Então eu percebi que esse não era o único motivo e fiquei com medo do que você entenderia daquilo tudo e corri. Nem eu sabia ao certo porque fiz, não saberia explicar pra você. Eu tava confuso e meio irritado, não conseguia pensar racionalmente em nada. E depois que você foi embora do meu quarto eu fiquei pensando nisso. Cara, eu tô até agora sem dormir, só mastigando os últimos acontecimentos. Eu não sei o que pensar ou o que fazer, eu só sei que fui igualmente egoísta quando te beijei sem considerar os seus sentimentos antes, então tentei muito entender o que foi que você sentiu naquele momento quando me disse que gosta de mim alguns minutos antes de Peggy chegar, e eu finalmente conclui que você estava com raiva de mim.

— O que? Stevie, não... – Bucky falou pela primeira vez, mas foi interrompido.

— Deixa eu terminar, Buck. – Ele soluçou, e seu hálito fedia a vodka mesmo daquela distância. – Você tava com raiva de mim, mas não desse jeito que tá pensando. Você sentiu raiva porque eu encontrei alguém que me cativou e despertou um sentimento gostoso em mim. Você sentiu raiva porque você achou que eu te substituiria por ela, porque achou que eu te abandonaria pra ficar com ela, mas não é assim que o mundo funciona, Buck. Eu jamais te abandonaria pra ficar com outra pessoa, eu não posso te deixar, entende?

— Stevie. – Ele finalmente conseguiu sua atenção. – Você está bêbado e pronto pra dizer alguma coisa que certamente vai me machucar e vai me deixar irritado por algum tempo, então eu tô te pedindo, cara. – Bucky suspirou de olhos fechados por um instante. – Seja lá o que tiver pra me dizer, diga amanhã, porque eu tô cansado por hoje.

— Eu preciso falar agora, antes que eu perca a coragem. – Ele assumiu.

— Eu já fui suficientemente magoado por você hoje, o que mais você quer de mim? – O olhar no rosto do Barnes feriu o loiro de alguma forma.

Ele estava certo, já o magoara tantas vezes desde que ele voltara sem nem se dar conta disso. Steve continuava ferindo aquele a quem jurara proteger das feridas do mundo sempre que tomava uma decisão impensada, e Bucky continuava lá por ele porque era a pessoa mais valiosa que o Rogers já conhecera. O amigo perdera tudo de uma só vez, e Steve esteve prestes a sujeitá-lo a mais uma perda quando aceitou o carinho de Peggy. O loiro sentiu o peito ficar menor enquanto observava todas as dores do Barnes tomarem forma naquele olhar vazio e se cansou de feri-lo. Tomou fôlego e caminhou cambaleante até ele. Bucky se adiantou antes que o amigo caísse no chão e o segurou pelo braço. Na primeira oportunidade, Steve o abraçou e lhe selou novamente os lábios. Bucky se surpreendeu e o afastou por instinto.

— Você tá errado, James. – Barnes sentiu o hálito do loiro embriagar seus sentidos com aquele aroma tão conhecido daquela vodka que seus amigos lhe enviaram da Rússia e sequer conseguiu se importar com o nome pelo qual fora chamado tão graciosamente. – Eu não vim ferir os seus sentimentos. Eu queria te dizer que, mesmo que alguém me peça para escolher entre você e qualquer outra pessoa, eu escolheria você.

— Você não sabe o que está falando, venha, vou te passar um café. – Tentou arrastá-lo para a cozinha, mas Steve agarrou sua camiseta, chamando-lhe a atenção.

— Sei exatamente o que tô dizendo, e eu falo sério.

— E precisou beber meia garrafa de vodka pra quê então? Criar coragem pra me dizer algo que seria incapaz de me dizer enquanto sóbrio? – Steve se calara, porque ele não estava de todo errado. – Vou te dar um café e te pôr pra dormir, amanhã nós conversamos porque hoje eu estou exausto.

— Eu não...

— Stevie, amanhã. – Ele encarou o loiro, e seus olhos eram decisivos.

O Rogers acatou ao pedido porque era, de fato, a melhor coisa a se fazer. Ele só esperava ser corajoso pela manhã, quando o efeito da bebida tivesse passado e Bucky estivesse ansioso para ouvir tudo aquilo outra vez.


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Notas finais do capítulo

Enquanto deixo um leque de oportunidades aberto para irem pensando, eu tenho uma questão para vocês.

Quando comecei a desenvolver o plot de Toská, eu não cheguei a pensar em uma cena de sexo entre Steve e Bucky, principalmente porque haviam assuntos que eu queria tratar aqui e que eu não sabia se ficaria bom tentar encaixar um lovey-dovey. Hoje terminei um capítulo que, na verdade, é uma sequência de cenas que duram cinco capítulos e me peguei imaginando que, talvez, se eu fizesse esse frick-frack de uma determinada maneira aí, até que ficaria bacaninha, mas eu vou deixar a decisão na mão de vocês ^^

Só queria lembrá-los que comecei outra Stucky que tá me dando mais espaço pra explorar o lado mais caliente de Stucky (embora tbm não tenha pensado numa cena de sexo para esta :S huahauhaua), enfim, eu só queria saber a opinião de vocês: Faço rolar um amorzinho-love-love ou não?

Por hora, muito obrigada por tanto carinho e caramelo ♥ Eu não mereço vocês ♥ Feliz Ano Novo, que os sonhos se realizem e sejam tão grandes quanto o coração bonito que têm ♥ Obrigada pelos minutos que dedicou a esta história hoje e até breve ♥ XoXo ;*



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