Toská -Angústia escrita por Tia Lina


Capítulo 2
O que pode dar errado?


Notas iniciais do capítulo

BoA leitura ^^



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/734694/chapter/2

— Steven~

— Quantas vezes eu preciso pedir para parar de me chamar assim, Clint? – Steve suspirou cansado, fechando o livro que lia.

— Ah, para, é um jeito carinhoso de chamar um amigo. – Zombou.

— E o que você quer? Estou estudando agora. – Chacoalhou o livro de Física em sua mão. Clint fez uma careta.

— Por que está estudando agora? Nós nem temos Física hoje.

— Porque daqui duas semanas teremos prova e eu não quero tirar uma nota ruim. Esse é um bom motivo para mim, deveria ser para você também.

— Esquece isso agora, eu vim te perguntar algo.

— O quê?

— Você vai à festa?

— Que festa? – Uniu as sobrancelhas.

— Cara, em que mundo você vive? – Clint o encarava embasbacado. – A escola toda só fala nisso e você nem sabe? Tony vai dar uma festa e convidou todo mundo.

— E o que raios eu tenho a ver com Tony Stark? – Revirou os olhos, reabrindo o livro.

— Ninguém tem, mas quando o ricaço do colégio está de bom humor e oferece a casa para dar uma festa, todo mundo se importa.

— Bom, citando a minha mãe, “eu não sou todo mundo”. – Steve sorriu sarcástico. – Agora, se me der licença, voltarei aos meus estudos.

— Depois não reclame. – Clint se rendeu.

— Reclamar do quê? – Ele mordia um pedaço de sanduíche enquanto buscava o parágrafo que lia anteriormente.

— Nat disse que viria te persuadir, eu me propus a vir no lugar dela, mas ela jurou que se eu não conseguisse, ela mesma viria falar contigo.

— Diga a ela que isso não vai adiantar.

— Você vai tentar discutir com a Nat? – Ele riu. – Boa sorte, meu amigo. – Deixou uns tapinhas gentis no ombro de Steve e se retirou.

Steve suspirou cansado novamente, curtindo a paz e o quase silêncio da parte arborizada de sua escola para estudar. Ele tinha ouvido alguns burburinhos sobre a festa, Bruce havia comentado algo sobre isso enquanto estavam dissecando um sapo no laboratório de química. Steve só não se importava, ele não fazia exatamente o tipo de pessoa que curtia festas, ele não se encaixava naquele perfil. Duvidava, inclusive, que se encaixasse em algum perfil. Com o tempo, ficara mais recluso e mais adepto à leitura do que antes.

As poucas vezes que saía de seu quarto eram por obrigações dadas por seus pais. Idas ao supermercado ou farmácia, para ir à escola, à biblioteca ou à casa de Sam ou Natasha vez ou outra. Steve não gostava muito de sair de sua zona de conforto e enfrentar o dia com garra como fazia anteriormente. Continuava lutando por seus ideais e arrumando confusões com aqueles que atormentavam os mais fracos, ele só estava pouco mais acomodado agora. Talvez fosse a saudade dos velhos tempos, ou mesmo a falta que Bucky fazia, afinal, era Bucky quem costumava bagunçar seu meio campo. O Rogers suspirou. Seis anos passaram rápido demais.

O amigo andava mais ocupado nos últimos tempos, fazia quase um ano que se comunicavam precariamente só por mensagem e isso meio que atormentava o loiro. Costumavam ser imbatíveis e muito unidos, mesmo na distância, e, de repente, nada. Da última vez que tentou ligar, o telefone do amigo chamou incansavelmente até cair na caixa postal. Steve pensou que talvez ele tivesse um grande novo amigo agora, ou mesmo uma namorada que o mantinha ocupado, ele não tinha o direito de reclamar. Várias vezes o encorajara a sair e fazer mais amizades, conhecer garotas, ver a vida e fazê-la acontecer. Conselhos bons demais que ele mesmo não seguia.

Steve suspirou outra vez. Estava farto de sua maneira monótona de viver.

Percebeu que o livro jazia aberto em seu colo, mas não lera nada desde que começara a devanear. Tentou se concentrar novamente, mas foi interrompido por uma mão de unhas longas e vermelhas. Steve revirou os olhos antes de encarar Natasha Romanoff.

— O que foi Nat?

— Vim para avisar que passaremos na sua casa às 19h no sábado. – Sorriu de viés.

— Eu disse que não irei à festa nenhuma, Nat, não insista no convite.

— Não estou convidando, estou avisando que estaremos na sua casa às 19h do sábado. E se não estiver pronto, te arrasto do jeito que estiver. – Arqueou uma sobrancelha.

— Você é um pé no saco. – Suspirou. – Eu nem conheço Tony Stark, ele é só um riquinho irritante. – Revirou os olhos.

— Sou a única que conhece, e ele me disse para convidar quem eu desejasse. Bom, eu desejo convidar vocês, então assunto encerrado.

— Só me diz qual o motivo dessa maldita festa.

— Pepper aceitou o pedido de namoro e ele quer contar para o mundo todo. – Ela revirou os olhos.

— Avisem a ele que inventaram uma coisa chamada Facebook, é só mudar o status para “em um relacionamento sério”. Se ele quiser, eu ajudo.

— Stark é uma diva, ele quer holofotes, música alta, uma caixa de cervejas e muita gente dando os parabéns pessoalmente. – Natasha revirou os olhos outra vez. – E você não vai me deixar sozinha naquela casa, eu juro que espanco alguém, você precisa estar lá para ajudar me conter.

— Existe alguma versão alternativa desse convite em que saia ileso e possa ficar em casa estudando? – Steve arqueou uma sobrancelha.

— Não.

— Saco! – Bufou. – Tá certo. Sábado às 19h, tá anotado. Mas eu vou de moletom.

— Você pode ir só de cuecas, Steve, desde que vá. – Ela sorriu, desta vez com vontade.

— Tá, tá bom, agora, por favor, me deixa estudar, Nat.

— À vontade. – Se retirou.

Steve suspirou mais uma vez, com certeza se arrependeria daquela decisão mais tarde.

Ele não sabia muito sobre o Stark. Faziam apenas Educação Física e Química juntos, seus conhecimentos a respeito do colega de classe se resumiam no que os outros diziam. Era herdeiro de uma empresa de tecnologia e gênio da mecânica, também era um aluno exemplar e detinha as melhores notas do colégio. Em contrapartida, gostava muito de festas e garotas, e passava mais tempo nas casas de suas admiradoras do que em seu próprio quarto estudando. Steve só gostaria de entender como alguém que pouco estudava tinha notas melhores que ele, que passava a maior parte do tempo com a cara nos livros. Talvez tivesse a ver com aquele tipo de inteligência nata ou algo do assim, Steve realmente não queria dar tanta importância àquilo agora.

Fechou o livro sem ter lido uma linha sequer desde a visita de Clint e se levantou, caminhando de volta para o prédio principal, onde as maçantes aulas o aguardavam. E que Deus o ajudasse no segundo período, porque Rogers odiava Educação Física. Seu físico melhorara pouco com a puberdade, contudo, continuava sendo aquele garoto baixinho peso pena, definitivamente não se encaixava em nenhuma equipe para poder satisfazer as expectativas do senhor Higs, seu professor.

Parou em seu armário, deixando seu livro e seguindo pelo corredor até o ginásio. Steve odiava Educação Física, mas nada era pior que aquela maldita corda. Ele não pretendia ser um militar ou algo do tipo, sequer pretendia escalar sacadas e prédios, por que raios precisava subir naquela corda estúpida? Ele jamais entenderia. Passou no vestiário, colocando seu uniforme para atividades físicas e finalmente chegou ao ginásio. Poucos alunos estavam esparramados por ali, ainda faltava alguns minutos para a aula começar, dentre eles estava Tony Stark. Rogers se sentou na arquibancada e passou a observar o garoto.

Stark deveria ser cinco ou seis centímetros maior que si, tinha cabelos e olhos negros profundos e muita lábia. Observou as pessoas que o cercavam e se surpreendeu ao perceber que Bruce era uma delas. Desde quando eram amigos? Steve nunca os vira juntos pelos corredores do colégio, mas Bruce parecia rir de algo que lhe era dito. Logo ao lado estava Pepper, a quase ruiva que andava para cima e para baixo com Tony desde que Steve os vira pela primeira vez. Essa era outra coisa que Steve não compreendia. O que Pepper vira em alguém como Tony Stark? Rogers começou a pensar que havia algo muito errado consigo mesmo.

Estava absorto em seu próprio mundo e não viu quem se aproximava, não prevendo também o peso que quase o derrubou ao se chocar consigo. Encarou a pessoa com certa raiva no olhar, tomando a liberdade de socar-lhe o ombro quando viu se tratar de Sam. O garoto riu em resposta, acomodando-se. Por alguns minutos ficaram em silêncio, observando as três figuras conversando animadamente do outro lado do ginásio.

— O que houve? – Sam cortou o silêncio.

— Curiosidade. – Deu de ombros. – Você é amigo do Stark?

— Ele é meio “x”, ninguém é exatamente amigo do Stark. Ele conhece muita gente, conversa com as pessoas, dá os shows dele, conta umas piadas, ajuda com alguns deveres, mas o grupo dele se resume nele e em Pepper, que agora também é a namorada. – Sam também deu de ombros. – Sei lá, ele só não confia em muita gente.

— Desde quando eles se conhecem? Stark e Pepper?

— Ah, faz muito tempo. Acho que desde sempre.

— Você parece conhece-lo muito bem.

— Eu conheço Bruce, e ele é um fofoqueiro. – Sam piscou, rindo com Steve. – Por que tá tão interessado no Stark agora?

— Natasha me obrigou a ir na maldita festa que ele vai dar pra comemorar o namoro estúpido dele.

— Epera, Natasha te obrigou? Era só recusar, cara! – Sam ria ainda mais.

— Ah, sim, claro. Tenta negar algum convite da Natasha pra ver o que acontece. Só tenta. – Steve também riu. – Sei lá, talvez nem seja tão má ideia assim, certo? O que pode dar errado?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Agradeço a companhia e vejo-os logo mais ♥ Hasta e XoXo ;*



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Toská -Angústia" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.