Toská -Angústia escrita por Tia Lina


Capítulo 16
Uma dose de Bourbon


Notas iniciais do capítulo

Olááááááá, enfermeira! Tudo bem com vocês?

Não vou enrolar ninguém, então...

BoA leitura ^^



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A silhueta de Bucky era refletida na parede da sala em tom amarelado por conta da iluminação do abajur na mesinha, ao lado do estofado puído. Os sons da madrugada se misturavam ao som do líquido âmbar na garrafa, que ele entornava vez ou outra. O sabor amargo daquele Bourbon barato não era exatamente o que o instigava a continuar seu momento de solidão, mas sim as imagens e palavras confusas em sua mente. Era fácil manter um sorriso no rosto durante o dia, quando estava na companhia de pessoas que - com certeza - se preocupariam consigo. Difícil era manter a pose quando estava em casa, sozinho, na companhia do eco de seu próprio vazio existencial.

Mais amargo que a bebida era o gosto de que tudo estava fora do lugar que permanecia em sua boca, agora há mais tempo do que realmente conseguia suportar. Era difícil se acostumar, mas Bucky tinha aprendido da pior maneira que era inútil lutar contra a única verdade. Ele era pouco mais que um saco de pele, sangue e ossos que se arrastava para tentar se manter. Já não tinha mais tantas ambições como antigamente, e já se sentia um fracasso admitindo para si mesmo que perdera toda a vontade de continuar lutando por algo melhor, não precisava admitir para mais ninguém. Ele era uma piada ruim, daquelas ditas nos almoços de família e que ninguém achava graça ou sentia repudio. Ele era somente uma frase solta e sem sentido.

Talvez um pouco melodramático demais, e ele entendia que aquilo faria dele o rei do drama se mais alguém o ouvisse, mas sozinho ele poderia ser quem ele quisesse. Ele só escolheu errado. Mais uma vez.

Terminou o conteúdo da garrafa que começara pouco depois das 20h, quando finalmente deixou a casa dos Rogers, depois de um jantar delicioso. Riu um riso partido quando olhou para a imagem acima da lareira. Uma pintura a óleo de sua família. Seus pais sorriam sentados em um banco acolchoado enquanto ele sorria em pé, atrás dos mesmos, com as mãos apoiadas nos ombros de cada um. Ficou um tempo dividindo sua atenção entre os olhos muito verdes da mãe e os acinzentados do pai, buscando, quem sabe, algum conselho.

— Eu sei que não estão exatamente orgulhosos de mim nesse momento. – Disse baixinho, a voz quebradiça e fraca. – Mas eu precisava disso hoje, ok? Não peguei do seu estoque, papai, não estou profanando um pedaço seu. – Riu dolorido outra vez. – Só me deixa curtir meu momento por hora, ok? Parem de me olhar assim.

Num acesso de raiva, atirou a garrafa vazia de encontro à parede, ao lado do retrato. Bucky esparramou-se no sofá e escondeu os olhos no antebraço, sentindo-os queimar. Aquela queimação conhecida que lhe fazia companhia vez ou outra. Ele não se permitiria chorar de novo. Não depois daqueles primeiros dois meses que procederam o acidente fatídico, ele não derramaria mais lágrimas por esse motivo. Alongando-se o quanto pôde, Bucky alcançou outra garrafa de Bourbon. Aquela seria mais uma daquelas noites longas.

No dia seguinte, enquanto caminhavam para as salas de aula, ninguém se atreveu a tocar no assunto, mas aquilo não permaneceria assim pelo resto dia, eles sabiam disso porque Sam estava inquieto demais.

— Ei, cadê o gótico da turma? – Sam se sentou ao lado de Steve na aula de Inglês, jogando seu material sobre a carteira.

— Não sei. – Deu de ombros o loiro enquanto fazia o mesmo. – Toquei a campainha da casa dele umas dez vezes, chamei, mas nada dele atender. Acho que preferiu ficar dormindo. Bucky anda muito cansado por conta da rotina trabalho-escola.

— Cara, ele tava tão estranho ontem...

— Estranho como? – Steve uniu as sobrancelhas.

— Tava num mau humor que dava até pra cortar o ar perto dele. Natasha foi a única que criou coragem suficiente pra se aproximar, mas ela não disse nada pra ninguém pelo resto do dia. Não sei, acho que seu amigo tá meio esquisito mesmo.

— Estranho... Ele me pareceu completamente normal. – Steve fez uma careta involuntária. – Passarei na casa dele antes de ir pra academia hoje.

— Mudando de assunto... Sobre o seu encontro no sábado, é sério mesmo que você chamou uma garota pra sair?

— Você fala como se fosse algo impossível de acontecer. – Revirou os olhos.

— Cara, é algo um tanto quanto inesperado, sabe? Você não chama ninguém pra sair, eu duvido até que tenha mesmo saído com alguém durante toda a sua vida toda. – Sam riu soprado da careta do amigo. – Ela deve ser louca.

— Tá, Sam, agora cala a boca e presta atenção na aula, seu imbecil.

A aula não estava assim tão interessante para atrair a atenção do Rogers a ponto de distraí-lo de seus próprios pensamentos. Bucky não lhe pareceu nem um pouco diferente na noite anterior, achara realmente curioso o mau humor que o Wilson citara há pouco e ficara intrigado com o fato. Talvez tivesse a ver com alguma aula do dia ou algum problema com o trabalho. De qualquer forma, Steve descobriria assim que saísse dali.

Tentou arrancar alguma coisa de Natasha, mas, por algum motivo, a ruiva parecia fiel aos segredos de Bucky. Não era de todo ruim, significava muito pra ele que os amigos gostassem de alguém tão importante assim para ele, porém, aquilo não ajudava muito naquele dia, o que o deixou ainda mais impaciente e preocupado. Sua última aula do dia seria Educação Física e ele quase se esquecera de que precisava da ajuda de Stark para se vestir para o sábado. Antes que o assunto fugisse de sua mente mais uma vez, caminhou até onde o recluso grupo do garoto ficava e cumprimentou-os com um sorriso cordial.

— Empolgado com a feira de ciências, Rogers? – O sorriso de Stark parecia mais o de alguém que acabara de vislumbrar um prêmio importante que o de alguém que falava com um colega de turma.

— Na verdade, eu só queria pedir um favor. – Steve coçou a nuca.

— Desde que não seja os meus projetos emprestados, te empresto até as minhas cuecas. – Ele recebeu uma cotovelada de Pepper. – Ai! Estava brincando, qual é?

— Tá tudo bem, Pepper. – Steve sorriu para a garota. – Acho que já me acostumei com as brincadeiras estúpidas do Stark.

— Ei, não são estúpidas! Nada em mim é estúpido!

— Tudo sobre você é estúpido, Tony. – Banner revirou os olhos. – Deixa o garoto falar.

— Tudo bem, tudo bem. Prossiga, Rogers.

— Queria saber se poderia me ajudar com minhas roupas. – Fez uma careta involuntária.

Stark mediu-o da cabeça aos pés, sem entender muito bem o que raios Steve queria dizer com aquela sentença. Voltou a encará-lo com uma expressão confusa.

— Você sabe que não sou estilista, não é? Tipo... Não sei costurar e nem nada do tipo, acho que não há nada que possa fazer sobre suas roupas, mas posso te indicar alguém que faça.

— Não, não é isso. – Suspirou. – Olha, eu tenho um... evento... no sábado. Queria saber se poderia me ajudar a escolher algumas roupas e tal. Eu não sou a melhor pessoa do mundo no quesito moda, não sei o que fazer. Eu só queria alguma roupa meramente decente e que não me fizesse parecer um completo babaca.

— Você tem um encontro no sábado e quer impressionar a garota? – Stark arqueou uma sobrancelha. – Por que não me disse isso antes?! Passa na minha casa e eu te emprestarei algumas peças, faço questão.

— Não, não precisa, eu queria usar as minhas próprias roupas.

— Rogers, meu bem, nenhuma garota em sã consciência sairia com alguém que se veste de cowboy fã de quadrinhos. – Stark revirou os olhos. – Tenho algumas peças que talvez te sirvam, fique à vontade para vir no horário do jantar. Estou convidando-o para jantar em casa.

— Eu não quero incomodar.

— Por isso estou convidando. – Revirou os olhos. – Pare de ser um estraga prazeres, Pepper vai adorar nos ajudar.

— Pensei que você me ajudaria.

— Tony não sabe amarrar os próprios sapatos sem mim. – Pepper revirou os olhos, decidindo intervir. – Vai ser divertido, Steve, por favor. Estaremos esperando.

— Tudo bem. A que horas?

— Às 19h está bom para você? O jantar é servido às 19h30.

— Perfeito.

— Não se atrase. – Stark disse quando o loiro se afastava. Steve acenou positivamente.


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Notas finais do capítulo

P.S.: Eu saio muito com pessoas que se vestem de cowboy fãs de quadrinhos, obrigada, de nada.

É, o momento tristeza começou, desculpem de novo Ç_Ç Aceito ler todas as teorias que tiverem, amo/sou as teorias de vocês ♥ Espero vê-los em breve ♥ Obrigada pela companhia e até breve ♥ XoXo ;*



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