Toská -Angústia escrita por Tia Lina


Capítulo 13
Encontros


Notas iniciais do capítulo

Oláááááááá, enfermeira! Tudo bem com vocês? Estava com tanta saudades de postar que não aguentei esperar até de manhã huahauhaua Vamos ao que interessa, neah?

BoA leitura ^^



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Seria mentira se dissesse que gostaria de ter ido sozinho, mas também seria uma meia verdade se dissesse que gostaria de ir acompanhado justamente por ele, porque Steve sabia que Bucky não aprovara exatamente as aulas de karatê. Não chegara a lhe proibir ou a lhe dizer que não queria que fizesse, mas ele conseguia enxergar aquelas palavras nos olhos de esmeralda do amigo, que caminhava calado e com as mãos enterradas nos bolsos ao seu lado.

Steve não entendia. Às vezes o Barnes parecia ser a vida de sua casa, fazendo todos sorrirem e rirem das histórias do passado, mas às vezes era somente uma casca vazia caminhando em meio à multidão. Não era sequer pela tragédia que o acometera, era aquele algo a mais que não se encaixava em nenhuma de suas histórias, mas que o incomodava por não saber o que ele pensava quando estava tão sério como agora. Sem se dar conta, o Rogers suspirou desanimado, lhe chamando atenção.

— O que foi, Stevie? Se arrependeu de ter feito a matrícula? – Ele soava calmo e divertido, até mesmo sorrira um pouco ao falar, mas Steve não via esse sorriso alcançar seus olhos.

— Talvez. – Deu de ombros. – Acho que é um pouco de nervosismo pelo novo. Eu não sei o que vou encarar, tô meio apreensivo. – Sorriu fraco, tentando fixar uma mecha de cabelo no lugar onde ela deveria estar.

— Você é um péssimo mentiroso, Rogers. – Bucky riu soprado. Tirou uma das mãos dos bolsos e o abraçou pelos ombros, trazendo-o para mais perto. – Ei, cara, relaxa, estarei lá por você. – Apertou-o gentilmente, sorrindo pouco mais.

— Porque insistiu tanto em vir?

— Para me certificar de que ninguém vai te partir ao meio logo no primeiro dia. – Riu.

— Muito engraçado, seu idiota. – Acotovelou-o na costela, fazendo-o rir mais alto.

— Só para te ver apanhar mesmo, dessa forma poderei jogar na sua cara que isso foi uma péssima ideia e que não leva jeito pra nada disso. – Sorriu zombeteiro.

— Por que ainda me dou ao trabalho de tentar? – Steve revirou os olhos, soltando-se do Barnes. – Ficará até o final?

— Preciso escoltar meu precioso bombonzinho para casa em segurança, não é mesmo? – Bagunçou os cabelos dele, arrancando alguns muxoxos descontentes do mesmo.

Pelo menos ele sorria agora, e parecia um pouco mais genuíno que antes. Por alguns momentos aquela nuvem acinzentada que Steve via nos olhos do Barnes tinha se dissipado, ele só não sabia por quanto tempo.

A academia estava logo à frente, o loiro sentia algo revirar o seu interior a cada passo que o aproximava de sua nova fase. Foi assim que ele resolveu encarar, uma nova fase, um novo Steve. Um Steve que não preocuparia ninguém e que se defenderia sem ajuda dos outros. Um Steve que lutaria por tudo o que acreditava sem machucar nenhum de seus amigos. Sentiu algo mais forte atingir em cheio a boca de seu estômago, ele tinha certeza que era ansiedade. Respirou fundo e adentrou o local.

Cumprimentou educadamente o rapaz da recepção e se dirigiu diretamente ao vestiário, despedindo-se de Bucky, que ficara sentado em alguns bancos próximos ao tatame. Tempo depois, Steve saiu trajado todo de branco e o Barnes não deixou de pensar que ele parecia muito um filhote de cachorro enrolado em alguns panos para poder se manter aquecido. Riu soprado com o pensamento, recebendo uma expressão que transmitia curiosidade pura por parte do Rogers. Negou com a cabeça, apontando para o tatame, onde a turma já começava a se reunir.

Steve aguardou por um momento antes de finalmente pisar na superfície macia daquele lugar, caminhando diretamente para o meio da turma, aguardando o próximo passo. O mestre responsável não demorou a chegar, distribuindo sorrisos e esbanjando uma jovialidade que Steve desconfiava que ele somente acreditava ter, mas já havia perdido. O homem era baixinho como ele, possuía cabelos grisalhos muito bem aparados e rosto limpo. Também tinha uma pele bronzeada, mesmo sendo claramente japonês, o que aguçou a curiosidade do loiro.

— Boa tarde. – O homem falava com um sorriso no rosto. – Para aqueles que não me conhecem, sou o sensei Kazunori. Aos novatos, bem-vindos. – Sorriu novamente.

Steve atentou-se ao que o homem falava, apresentou-se como pedira e se posicionando conforme fora orientado. Do lugar onde estava, conseguia ver a garota que lutava quando pisara ali pela primeira vez. Dali de tão perto, ela parecia ainda mais feroz e compenetrada. Aquela primeira aula fora leve e mais teórica que prática, o que o decepcionou de certa maneira. O loiro seguiu o que os alunos mais velhos faziam ao cumprimentarem o instrutor e em seguida foi liberado.

Procurou por Bucky, encontrando seu olhar quase no mesmo momento em que se virou. O moreno parecia satisfeito com o resultado da aula, o que gerou um riso soprado por parte do Rogers. Se preparava para sair dali quando sentiu alguém cutucando seu ombro. A garota o encarava com uma expressão amistosa, ainda que não sorrisse. Steve, pelo contrário, julgou que seria mais educado de sua parte se exibisse seu sorriso.

— Prazer. – Disse antes mesmo que ela pudesse falar algo. – Meu nome é Steve Rogers.

— Peggy Carter. – Ela estendeu a mão. Steve uniu as sobrancelhas por um momento, mas a aceitou. – Você é um dos novatos, certo, Rogers?

— Isso.

— Como aluna mais velha do sensei, sou responsável pelas boas vindas. Então, seja bem-vindo. – Sorriu minimamente. Steve não deixou de pensar que era um belo sorriso. – Então? Gostou da aula?

— Pensei que seria mais prática. – Fez uma careta involuntária enquanto dava de ombros.

— Chegaram muitos alunos novos hoje, o sensei sempre começa com a teoria quando tem tantos novatos.

— Eu te vi lutando quando vim me matricular. – Comentou sem nem se dar conta. – Você é mesmo muito boa, espero poder aprender muito com você. – Peggy sorriu pouco mais com aquilo.

— Bem, agradeço a observação. Espero poder ser uma boa instrutora e colega de tatame.

— Eu preciso ir agora, tem alguém me esperando.

— Claro. Vejo você na próxima aula, Rogers.

— Vejo você na próxima aula, Carter. – Acenou, direcionando-se para onde estava o amigo.

Bucky mantinha os olhos fissurados nos dois, grande novidade, não tirava os olhos de cima do Rogers em momento algum. Poderia ser besteira sua, mas era bom assisti-lo viver e estar ali por perto. Era bom tê-lo ao alcance das mãos novamente, porque Bucky não sabia por quanto tempo conseguiria segurar aquela expressão tão relaxada daquela vez. Suspirou cansado, fechando os olhos por um momento. Abriu-os somente quando sentiu que alguém tocava em seu ombro gentilmente. Abriu um singelo sorriso para Steve antes de se levantar e segui-lo para fora.

Antes de voltarem para casa, decidiram comer em um daqueles vários restaurantes temáticos de Chinatown, muito mais pela saudade que Bucky sentia daquela comida do que pela vontade que Steve tinha de comer algo. Entraram em um chamado New World e escolheram um dos pratos da tabela antes mesmo de ler o resto do menu. Bucky se certificou de ouvir toda a expectativa e experiência do amigo com um sorriso amistoso no rosto, se permitindo soltar alguns gracejos vez ou outra, somente para não deixar o assunto morrer. O sol se punha lá fora quando eles finalmente decidiram partir dali.

Num ato de azucrinação de sua parte, o Barnes abraçou o loiro mais uma vez pelos ombros, mantendo-o próximo a si enquanto caminhavam. Steve riu um pouco ao tentar se soltar, mas acabou desistindo porque Bucky realmente era mais forte. As ruas de Chinatown continuavam abarrotada de pessoas caminhando com a pressa de uma indústria a todo vapor, mas aqueles dois riam e andavam como se o tempo não fosse mais que um enfeite bonito nos pulsos dos trabalhadores. E o Barnes ria, e aquilo era o que verdadeiramente importava naquele momento, porque seu riso era claro e sincero de novo.

No meio de todas as piadas e risadas soltas, uma voz mais alta e indesejada foi ouvida. Steve trincou os dentes e sentiu Bucky apertá-lo um pouco mais quando se depararam com o locutor.

— Mas ora, vejam. – O sorriso de viés que Dylan lançava na direção dos dois só aguçava a vontade que Bucky sentia de quebrar aqueles dentes. – Então seu cão de guarda retornou pra América, pequeno Steve? – O moreno cruzou os braços fortes. – E agora, pelo que posso perceber, ele deixou o posto de cachorrinho pra finalmente tomar a posição de namorado ciumento e protetor. Ah, Steve... Tsc, tsc, tsc... – riu ironicamente – Seus pais sabem disso? Sabe que o pequeno Steve gasta seus dias dando a bundinha branquela dele pra alguém como o Barnes? – Bucky trincou os dentes e cerrou o punho livre. – Logo o Barnes, Steve? Com tantas opções melhores... Tsc, tsc, tsc...

— Vamos embora, Buck. – Steve sibilou. – Não vale a pena. – Bucky semicerrou os olhos ao ouvir o apelo do loiro. Suspirou derrotado, desfrouxando um pouco o aperto.

Ele não poderia começar uma briga agora. Mais que isso. Bucky não podia, não devia e não queria começar uma confusão agora.

— Sinto desapontá-lo, Dylan. – Ele não poderia partir sem dizer algo. – Eu sei que gostaria muito de ter tido uma chance, mas Steve tem bom gosto, sabe? Ele não se derreteria pelo primeiro neandertal que aparecesse só porque o cara é um troglodita de merda e gosta de socar as coisas por aí porque é incapaz de formular uma sentença meramente satisfatória. Steve é mais do tipo que curte gente que pensa. – Deu de ombros, vendo o maldito sorriso do outro quebrar por um instante. – Se nos der licença, precisamos partir. Você pode virar essa esquina e seguir reto por essa avenida. Tem uma excelente biblioteca por ali, você pode aprender alguma coisa, só pra podermos manter algum nível na conversa no futuro. Ou pode seguir reto nesta rua e ir parar lá na puta que te pariu. – Bucky devolveu o sorriso enviesado e acenou com a mão livre antes de se virar, levando Steve para longe da vista do outro.


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Notas finais do capítulo

Eu gostaria muito de pedir um momento a vocês agora. Eu, Carolina, fiz karatê por três anos e o meu mestre era o sensei Kazunori Yonamine. Ele foi o primeiro 10-dan na América Latina e eu tive o prazer ENORME de conhece-lo. Sensei Kazunori era a prova viva de que a humildade e a simpatia te levam longe nessa vida, mas infelizmente veio a falecer no ano de 2015. Achei digno prestar essa homenagem a um homem tão bom quanto ele. Sensei Kazunori, esteja em paz onde estiver e obrigada pelos ensinamentos.



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