The Fox escrita por Lady Joker


Capítulo 7
Capítulo 7 - Auto Controle


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas! Mais um capítulo para vocês! Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/734639/chapter/7

Na tarde seguinte, estava no fundo da biblioteca conversando com Pandora enquanto fazíamos alguns deveres. Eu contei a ela que fui na Enfermaria no dia anterior para conversar com o Remus e o beijei. Claro que eu não contei sobre o fato dele ser um lobisomem e nem das circunstâncias que me levaram até lá.

— Você o beijou? – ela arregalou os olhos.

— Fale baixo. – a repreendi e então sorri levemente ficando envergonhada com a lembrança – Sim.

— E se você pegar gripe?!

— Eu não vou pegar gripe! – revirei os olhos, tinha dito a ela que ele estava na enfermaria por causa de uma gripe normal – Ele já estava melhor. E isso não importa, eu quero saber o que você acha... Será que eu estou gostando dele?

— Mas como eu vou saber, Liv?

— Eu estou confusa! Me ajuda, Pan. – implorei – Você fica com vários garotos pela escola...

— É, mas não envolve sentimentos... E não fale como se eu fosse veela que sai por aí seduzindo todos. – ela cruzou os braços – Eu não posso opinar sobre uma coisa dessas porque nós não convivemos exatamente... Eu achei ele bem legal nas vezes que o vi, mas não posso dizer mais que isso.

— Mas eu nunca tinha pensado nele dessa forma até ontem.

— Aconteceu algo de diferente? Às vezes precisamos de um choque para enxergar o que está na nossa cara.

— Não aconteceu nada demais... – murmurei, odiava mentir para ela, mas o segredo não era meu.

— Bom... – Pandora se levantou, recolhendo os livros – Eu acho que vocês ficariam adoráveis juntos. Você precisa de um pouco de diversão, sabe?

— Isso significa que eu devo tentar? – ergui uma sobrancelha, confusa.

— Exatamente. – ela sorriu – Eu tenho que ir, vou jantar e depois terminar mais alguns deveres.

— Tudo bem, obrigada de qualquer forma. – sorri para ela.

— Sabe... – ela parou antes de sair, com um sorriso triste no rosto – Situações como essa me deixam um pouco chateada, eu mal posso conviver com você para te ajudar com problemas com garotos.

— Eu também gostaria que nos víssemos mais... Mas as coisas ficam pior a cada dia...

— Eu sei. Estou ouvindo coisas horríveis na Sala Comunal. Sei que você sabe se defender bem, mas não dê motivos para os projetos de Comensais da Morte notarem você, certo? – ela me encarou seriamente.

— Claro, mas... O que você ouviu exatamente? – questionei curiosa.

— Coisas de sempre contra nascidos trouxas. – Pandora balançou a cabeça negativamente – Ouvi um deles dizer que deveriam atacá-los em Hogsmeade...

— Meu Deus...

— Eu não sei se devo contar para algum professor ou para o Dumbledore. Tenho medo que descubram. – ela deu de ombros – Enfim, vou esperar que eles tenham falado da boca para fora.

— Pan. – levantei e fui até ela, falando baixo para ter certeza que ninguém mais iria escutar – Quem falou?

— Quem você acha? – ela revirou os olhos – Bellatrix, é claro. Ela estava se exibindo e tentando influenciar o pobre do Regulus. Ele parecia bem assustado, sabe? É claro, só tem 13 anos. É um coitado.

— Como pode ter tanta certeza? – cruzei os braços, eu confiava mais no julgamento que Sirius tinha sobre Regulus, uma vez que eram irmãos.

— Pela cara do garoto e pelo comportamento dele longe dos amigos. – me falou como se fosse óbvio – Enfim, conversaremos depois, eu realmente tenho que ir.

— Certo, até depois, Pan.

— Até! – ela acenou e saiu apressada.

Fiz um lembrete mental de conversar com Sirius sobre Regulus depois, embora que para isso eu tivesse que contar sobre Pandora e eu duvidava muito que ele tivesse o mínimo de tolerância que Remus teve.

Remus... Eu precisava falar com ele também, mas estava bem menos corajosa naquele momento.

Recolhi minhas coisas e saí da biblioteca distraída, acabei esbarrando em Lily, derrubando alguns de seus livros.

— Oh, me desculpe Lily. – me abaixei rapidamente e peguei os dois livros de poções que caíram – Estava distraída.

— Ah, não tem problema. – ela me olhou e notei que parecia um pouco triste.

— Está tudo bem?

— Sim, só... Estou cansada com tanta coisa para estudar. – ela deu de ombros e pegou os livros da minha mão – Obrigada.

Lily tomou seu rumo para uma das mesas de estudos da biblioteca. Fiquei intrigada, não estava acreditando muito que ela estivesse apenas cansada. Tive a explicação assim que cheguei no corredor. Um pequeno grupo de três alunas da Sonserina estava parado próximo à entrada da biblioteca, pareciam estar fofocando animadamente, quando passei por elas, ouvi o que disseram.

— Ela acha que aqueles livros todos vão mascarar o sangue ruim dela. – uma das garotas falou.

— Ei... Olha a outra ali. – uma segunda voz falou mais animada nas minhas costas – Outra Sangue Ruim.

Eu parei imediatamente. Então foram elas que magoaram a Lily e achavam que poderiam fazer o mesmo comigo...

Seria uma pena se eu não ligasse a mínima para o que aquelas baratas diziam ou pensavam sobre mim, mas ainda assim, a intenção delas me incomodava.

Saquei minha varinha e virei na direção das três.

Densaugeo! – mirei no rosto da que estava mais próximo, as outras duas deram gritinhos e colocaram as mãos na frente dos rostos para se defender – Desequilibrum! – mirei nas pernas da outra mais próxima à parede, que caiu imediatamente, tentando se agarrar na capa da garota que estava com os dentes na altura do queixo, acabando por derrubar as três no chão.

— Meu Deus! – a que não fora atingida exclamou ao ver os dentes da amiga assim que se levantou – Seus dentes!

Deixei as garotas gritando escandalizadas e me virei para seguir meu caminho, porém dei de cara com a professora McGonagall, que vinha bem furiosa na nossa direção.

— Mas o que aconteceu aqui? Acabei de ouvir os gritos! – ela veio até mim, então notou as garotas logo atrás – Oh! Céus!

— Foi ela, professora! – a garota que eu derrubei com o feitiço do tropeço apontou para mim – Ela nos atacou!

A garota que estava com dentes maiores do que de um castor pré-histórico tentou falar desesperadamente, mas só conseguiu produzir barulhos indecifráveis. Eu tive que morder minhas bochechas para não rir.

— Levem-na imediatamente para a Enfermaria! – Minerva instruiu e as garotas foram o mais rápido possível, então se virou para mim com um olhar de um tigre mal humorado – Olivia Cooper!

— Elas me chamaram de Sangue Ruim! – expliquei como se fosse um motivo bem óbvio – E chamaram a Lily Evans também.

— Por mais horrível que tenha sido isso, não posso te deixar impune por azarar alunas no corredor. – ela veio até mim, parecia bem menos furiosa – Vou descontar pontos das garotas, porém vou ter que te dar uma detenção.

— O quê? Mas eu só estava me defendendo! – implorei – Por favor, professora.

— Você conhece as regras, Olivia. – McGonagall continuou firme – Não se preocupe, não será nada muito trabalhoso.

A professora saiu caminhando decidida. Apenas bufei e revirei os olhos, tomando meu caminho de volta para a Sala Comunal.

Quando cheguei lá, os garotos conversavam próximos à lareira como sempre, incluindo Remus que devia ter saído da enfermaria naquela tarde. Estava tão irritada pela detenção que nem me lembrei do beijo, fui marchando até eles.

— Olivia! – James falou animado quando me viu, mas seu sorriso desapareceu ao notar minha feição – O que houve?

— Idiotas! Foi isso que houve! – exprimi com raiva – McGonagall me colocou em detenção porque azarei três garotas no corredor.

— Mas você as azarou do nada? – Sirius questionou.

— Me chamaram de Sangue Ruim! Não que eu ligue, mas elas chamaram a coitada da Evans também, a garota estava bem triste quando passou por mim na biblioteca. – expliquei impaciente.

— Elas o quê? – James pareceu preocupado.

— Aposto que eram da Sonserina. – Peter falou venenoso.

— É claro que eram da Sonserina! – Sirius exclamou erguendo os braços – Quem mais faria uma coisa dessas?

— Não faz diferença serem da Sonserina! – me virei para ele e me inclinei em sua direção abaixando o tom de voz – Você se surpreenderia com o que pessoas das outras casa são capazes de falar ou fazer. E isso inclui a Grifinória.

— Tenho certeza que ninguém da Grifinória nunca chamou um nascido trouxa de Sangue Ruim. – James afirmou com convicção.

— Rá! Você acha que só a Sonserina tem puristas? Tente ser um nascido trouxa em plena guerra bruxa para descobrir que eles estão onde menos se espera. – ri sem humor.

E era verdade. Eu não saía falando isso aos quatro ventos, não gostava de me fazer de vítima e, como disse antes, as ofensas não me incomodavam. Mas cada vez mais o medo ia se espalhando pelo mundo bruxo e eu já tinha ouvido várias pessoas dizendo coisas do tipo “temos que nos afastar dos trouxas, assim os Comensais da Morte não virão atrás de nós” ou até mesmo “Acho que tudo isso não é exatamente ruim, minha família não corre perigo por ser sangue puro, só precisamos demonstrar não ter ligações com os nascidos trouxas”. E tudo isso na minha própria casa.

Desde então, passei a confiar menos ainda na divisão. Tinha gente podre em todo lugar, assim como os bons.

— Credo, Liv. – Sirius falou com tom de riso – Mas garanto que sua detenção não será tão ruim assim, Minerva deve ter ficado com mais raiva por causa do que elas te chamaram.

— Ela disse que não ia pegar pesado, mas mesmo assim... É chato ter que cumprir detenção. – murmurei.

— Você vai superar... Estamos indo jantar, você vem? – Sirius levantou de sua poltrona, assim como James e Peter.

— Daqui a pouco, vou guardar umas coisas no dormitório...

— Remus? – James encarou o amigo jogado na poltrona, ainda parecendo cansado.

— Madame Pomfrey me fez comer antes de sair. – ele falou pendendo a cabeça de lado.

— Ok então.

Os três saíram da Sala e eu sentei na poltrona de frente para o Lupin, só então comecei a pensar na tarde anterior e minhas bochechas começaram a queimar.

— Então... – pigarreei, desviando o olhar para a lareira – Como está?

— Bem, logo a indisposição vai passar. – ele me tranquilizou.

Nós ficamos em silêncio por um bom tempo, eu não ousei tirar os olhos do fogo nem por um segundo sequer, até perceber que estava sendo bem idiota, afinal, Remus era meu amigo, eu não podia deixar as coisas ficarem estranhas daquele jeito.

— Bom... – voltei a encará-lo, ele estava com o rosto apoiando na mão, parecia realmente exausto – Eu acho que é melhor conversarmos depois... Você deveria descansar.

— Eu estou bem, podemos conversar agora, se quiser. – ele me lançou um leve sorriso – Posso perceber que você está bastante perturbada com minha presença, espero que não seja por causa do meu “problema peludo”.

— Não! Nunca! – me apressei em dizer – Seria bem ridículo considerando que eu sou uma aberração da natureza, não é?

— Eu estou realmente curioso para saber a história daquela raposa... – ele se inclinou na minha direção.

— Eu vou te contar, mas... Vamos logo falar sobre... Ontem. – abaixei o olhar.

— Céus, se alguém me dissesse que um dia eu veria Olivia Cooper envergonhada, eu diria que a pessoa está sob um forte feitiço Confundus. – ele sussurrou.

— Odeio quando você deixa esse seu lado maroto aparecer, gosto do Remus mais tímido, ele não me provoca tanto. – ergui uma sobrancelha para ele.

Remus podia ser tão maroto quanto James e Sirius, ele tinha um senso de humor sarcástico incrível. Mas na maioria das vezes fazia comentários em voz baixa ou ficava calado só observando, quem não o conhecesse que o comprasse.

— Desculpe. – ele sorriu e voltou a recostar na poltrona – É que você ficou adorável envergonhada.

— Certo, er... – reuni um pouco de coragem – O que aconteceu ontem?

— Olha, eu que pergunto, foi você quem me beijou. – Remus deu de ombros, ele parecia estar contendo um sorriso – Não estou reclamando, é claro.

— Eu não sei bem o que aconteceu, estava tão imersa na sua história, eu passei o dia com tanto medo de que você não quisesse mais falar comigo, fiquei me sentindo tão mal por tudo que você passa... – abaixei o olhar, dessa vez por tristeza – Eu acho que isso me desestabilizou emocionalmente e eu posso ter deixado escapar alguma coisa de dentro de mim.

— Bom, se você estava se sentindo assim, imagine eu. Eu te conheço há bastante tempo para saber que você nunca me julgaria, mas ainda assim tive medo de que você achasse que eu sou um monstro desalmado. – Remus falou seriamente – Liv, você é importante para mim. Até agora estou perturbado só de pensar no que teria te acontecido naquela noite se você não fosse... – sua voz falhou – Eu nunca me perdoaria.

— A culpa não seria sua. Eu que fui bisbilhotar.

— Bom, eu já disse o que penso sobre isso. – ele sorriu mais uma vez – Eu estou mais interessado no que vai acontecer daqui para frente.

— Eu não sei... Eu acho que podemos deixar rolar. – mordi os lábios e o encarei ansiosa.

— Acho que pode ser uma boa ideia... – Remus assentiu e se levantou, ele tinha um ar divertido no olhar – Sem nenhuma pressão, eu não quero estragar o que já temos.

— Ótimo! – assenti.

— Ótimo. – ele concordou e riu.

— Eu vou jantar... – levantei e peguei meus materiais novamente – Nos vemos mais tarde, Lupin.

— Até depois.

— Ah... E só mais uma coisa. – virei para ele – Nós vamos contar aos outros?

— Acho que não precisa, eles vão descobrir de um jeito ou de outro. – ele deu um meio sorriso.

— É verdade... Ok, então. Até mais.

Saí rapidinho de lá e fui para o dormitório ainda sem entender bem o que estava acontecendo, mas algo me dizia que eu estava transformando aquilo num drama grande demais e precisava me controlar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

É isso, espero que tenham gostado.
Deixem suas opiniões nos comentários, é muito importante!
Beijos e até mais!