The Fox escrita por Lady Joker


Capítulo 2
Capítulo 2 - (Des)Confiança


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas! Então, mais um capítulo aqui para vocês! Nos vemos lá nas Notas Finais, boa leitura!



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  Como previsto, as garotas que dividiam o quarto comigo saíram logo cedo para se organizar e pegar o trem de volta para suas casas durante as festas, o café da manhã parecia mais uma baderna, todos ficavam especialmente escandalosos antes das pequenas férias.

— Anda, Remus! – James batucava impacientemente na mesa, apressando o amigo.

— James, ainda é de manhã, você pode se controlar? – Lupin respondeu tediosamente.

— Não, ele não pode... – Sirius respondeu sem tirar os olhos do Profeta Diário, ele parecia um pouco nervoso. Pelo o que o conhecia, sabia que sua família inteira tinha pertencido à Sonserina e eram daqueles bruxos que achavam que Você-Sabe-Quem estava fazendo o certo, então os ataques acontecendo pelo mundo a fora o deixavam estressado.

  O Black fechou o jornal bruscamente e o jogou em cima da mesa, a matéria principal era sobre novas prisões de Comensais da Morte, porém logo abaixo vinha a lista de mais pessoas mortas e desaparecidas.

  As coisas estavam piorando muito rápido.

— Ele terminou, finalmente. – James se levantou – Vamos logo!

— Cara, eu já te disse que eu não vou agora. – Lupin revirou os olhos – Tenho que pegar as anotações das aulas com a Olivia. Se vocês quiserem ir adiantando, eu os encontro depois.

— Vamos, James. – Sirius se levantou também – Depois nos encontramos com o Lupin.

— Certo... Anda, Peter, vamos! – James saiu com o Black e Peter Pettigrew os seguiu rapidamente aos tropeços.

  Remus deslizou no banco até parar de frente para mim.

— Hey, Liv.

— Olá, Remus. Já estou terminando aqui para irmos até a biblioteca. – falei apontando meu prato.

— Ah, sem pressa. – ele deu de ombros e sorriu adoravelmente – Achei que passaria o Natal em casa como sempre.

— É, eu também... Mas meus pais vão visitar minha avó que está mais pra lá do que pra cá... Não que isso impeça a velha de me chamar de aberração ou de cria de demônio. – ergui uma sobrancelha e ele riu.

— Trouxas são interessantes mesmo... Eu nunca conheci a família da minha mãe direito, mas eles parecem...

— Intolerantes?

— Exato! – Remus assentiu – Tanto quanto os bruxos podem ser.

  Nós conversamos mais um pouco. Quando saímos do Salão, muitas pessoas já haviam partido e os corredores estavam quase vazios, pegamos nossos materiais e fomos para a biblioteca.

  Estávamos passando pelo saguão, quando vi Pandora encostada na parede, terminando de arrumar seu cachecol antes de sair para pegar o trem. Eu queria muito falar com ela, não havia mais ninguém ali além de nós três. E pelo o que eu conhecia do Lupin, ele não iria criar um grande caso.

— Hum... Remus, você espera alguns minutos enquanto vou me despedir de uma amiga? – eu o perguntei.

— Claro, onde ela está?

— Bem ali. – eu apontei na direção da loira – Eu já volto.

  Dei uma corridinha até a garota com o rosto quase todo escondido por dentro do cachecol da Sonserina, ela se surpreendeu ao me ver ali.

— Liv? O que está fazendo? – ela questionou quando a abracei.

— Vim desejar Feliz Natal, é claro.

— Oh! Feliz Natal pra você também. – ela sorriu quando a larguei – Espero que você tenha pensado na boa explicação que vai dar para o seu amiguinho que está bem intrigado ali atrás.

— Não se preocupe, ele é legal... Então, vai pegar o trem agora?

— Sim! Só estava tomando coragem para enfrentar essa neve toda.

— Você é a pessoa que mais adora o frio que eu conheço... – franzi o cenho.

— Isso não quer dizer que ele não possa me matar de hipotermia. – ela falou como se fosse o óbvio – Bom, eu tenho que ir, Cooper, nos vemos em janeiro! Feliz Ano Novo também.

— Obrigada! Se divirta! – a abracei novamente e ela saiu encolhida pela neve.

— Pode deixar! – Pandora gritou dando um pequeno aceno.

  Quando me virei, dei de cara com um Lupin bem confuso, olhando para a garota que sumia pela nevasca e então voltando a atenção para mim.

— Isso foi incomum. – ele falou me encarando – Eu estou bem curioso sobre essa amizade.

— É estranha para o padrão da escola, mantemos em segredo mais por causa da casa dela do que da minha. – expliquei brevemente enquanto retomávamos o caminho para a biblioteca – Nos conhecemos antes de Hogwarts, no Beco Diagonal, não esperávamos que as coisas fossem do jeito que são por aqui... Até tentamos no começo, mas os sonserinos falavam coisas horríveis para ela e a tratavam muito mal, você sabe o quanto crianças podem ser cruéis...

— Sei sim. – ele concordou prontamente.

— E você via o tanto de gente que reclamava com a Lily Evans sobre a amizade dela com Severus Snape, certo?

— É, no final das contas estávamos certos.

— Podia até ser, mas a Pan me contou que era muito pior o que falavam com ele lá. A pressão e tudo mais... Eu decidi, pelo bem dela, que era melhor que ninguém soubesse. Não queria que fizessem com ela o mesmo que fizeram com Snape.

— Isso é um pouco triste... – ele me encarou.

— Eu sei. Mas as coisas são assim aqui, por mais que tentem nos unir, as casas se isolam.

— O que os amigos dela pensam sobre isso? Ou eles também não sabem?

— Se ela tivesse algum, eles não saberiam, provavelmente. – dei de ombros – Ela não confia muito na maioria das pessoas da casa dela, tem medo de quem possa ser um potencial Comensal da Morte, entende?

— No lugar dela eu também teria...

  Nós chegamos na biblioteca, cumprimentamos a Madame Pince e fomos para as mesas no final da sala. Eu entreguei meus pergaminhos para Remus e peguei alguns livros de Poções e sentei de frente para ele. Mais uma vez, éramos os únicos ali. Eu particularmente adorava esses momentos de estudos com ele, quase não trocávamos uma palavra mas ainda era uma das melhores companhias para estudar.

— Olivia, posso te perguntar uma coisa sobre sua amiga? – Remus indagou sem deixar de copiar as anotações.

— Sim.

— Você confia completamente nela?

— É claro! – uni as sobrancelhas e o encarei.

— Desculpe, mas é que eu fiquei pensando em tudo que você contou... Ela não parece nem pertencer à Sonserina, pelo o que você conta. Parece certinha demais.

— Ah... – soltei uma risada sem graça – Não sei como eu achei, por um momento, que não existiria esse julgamento. Sabe, nem todos os sonserinos são bruxos das trevas. Não é um requisito para ser colocado lá! Da última vez que eu chequei não era a casa dos Comensais da Morte...

— Calma. É que é como você disse, não dá para saber quem tem potencial para ser um Comensal da Morte, além dos que anunciam isso aos quatro ventos -  ele diminuiu o tom da voz e se inclinou na minha direção –... Como a prima do Sirius, Bellatrix. Eu entendi que você a conhece há um bom tempo, mas nos dias de hoje é difícil saber em quem confiar.

— Confiaria minha vida à ela. – falei severamente – Você sabe como é isso, tenho certeza que sente o mesmo pelos seus amigos.

— Sim, mas...

— Mas o quê? Devo perguntar se você também confia no Sirius mesmo sabendo que a família dele inteira está na Sonserina e seus pais acham que Você-Sabe-Quem está fazendo o certo e o próprio irmão dele é um projeto de Comensal da Morte? – sussurrei, também me inclinando por cima da mesa, ficando à centímetros de Remus.

— É diferente... – ele balançou a cabeça negativamente.

— Por quê? Porque o Sirius está na Grifinória e a Pandora não?

  Remus não respondeu, ele apenas voltou a recostar em sua cadeira. Eu sabia que aquela preocupação era natural, mas ela não fazia sentido para mim, eu sabia como minha amiga realmente era e não importava de onde ela tinha vindo ou para onde iria.

  Fiquei decepcionada, não esperava aquele comportamento vindo dele.

— Eu vou indo. – levantei da mesa e coloquei o livro de volta na estante – Você pode me devolver as anotações quando terminar.

— Olivia! – Lupin levantou e veio até mim – Me desculpe, eu não quis...

— Nos vemos depois, Remus. – passei por ele, não estava mais com paciência.

  Normalmente eu tinha mais tolerância para aturar aquele tipo de coisa, mas foi muita hipocrisia da parte do Lupin. Como a escola estava quase vazia e eu não tinha muito o que fazer ou com quem conversar, decidi dar uma volta pela floresta.

  Sim, parecia loucura considerando o frio absurdo que estava fazendo...

  Mas eu não precisava ir como humana.

  Saí do castelo e o vento frio me pegou repentinamente me fazendo tremer dos pés à cabeça, mas eu não podia me transformar ali, alguém poderia ver. Corri o mais rápido que pude em direção às árvores e assim que julguei estar fora de vista, saltei por cima de um galho aterrissando do outro lado em minha forma de raposa.

  Bem mais confortável.

  Já fazia um bom tempo que eu não saía pelos terrenos de Hogwarts naquela forma, andava ocupada demais ou não tinha uma boa oportunidade. Estava andando tranquilamente pela neve quando ouvi uma conversa vinda da orla da floresta, podia entender claramente por causa da audição aguçada, eram James, Sirius e Peter.

— E podemos guardar as sobras na Casa dos Gritos para ninguém descobrir após a festa. – o Pettigrew parecia sugerir algo... Muito esquisito.

  Me aproximei de onde o som vinha, mas não conseguia vê-los, conseguia ouvir a conversa cada vez mais clara, porém nada de encontrar os garotos.

— Não seja idiota, Peter. – a voz de Sirius – Ninguém vai descobrir! E mesmo que descubram, não é como se estivéssemos fazendo algo de errado...

— Sirius, vamos levar bebidas alcoólicas, isso se encaixa em “algo de errado”. – James riu.

  Eu comecei a farejar e acabei chegando até o ponto em que podia ouvir as vozes deles como se estivessem à minha frente, mas não conseguia enxerga-los. Vi algumas pegadas na neve, mas elas pararam em um ponto.

  O ponto de onde as vozes estavam saindo.

— Olhem! Uma raposa! – a voz de Peter anunciou e eu me assustei, estava vindo do nada – Ela deve estar nos ouvindo, coitadinha.

— Hum...

  Foi a última coisa que ouvi antes de um Sirius Black surgir na minha frente DO NADA. Por causa do susto e do instinto, eu rosnei para ele e quase o ataquei.

— Ei, calma aí, Sirius! – James também saiu do nada com Peter e puxaram o amigo pelo braço, só então percebi que eles estavam embaixo de uma Capa da Invisibilidade – Você a assustou.

— Assustei? Ela tentou me atacar. – ele falou nervoso e me encarou – Sai daqui!

  Ele tentou me afugentar, jogando os braços para cima. Mas eu não movi um músculo, apenas me sentei e pendi a cabeça de lado, deixando o Black muito contrariado.

— Parece que ela não tem muito medo de você. – James sorriu.

— Mas aposto que o Almofadinhas pode assustá-la... – um sorriso maligno escapou da boca de Sirius.

— Cara, não! Aqui não, está louco?

  Almofadinhas? O que era um Almofadinhas? Eu já tinha ouvido aquele nome antes, só não lembrava aonde...

— Vamos sair daqui, temos que tirar o Remus dos estudos um pouco e terminar de organizar a festa logo, Peter também tem que pegar o trem... O último vai sair daqui a pouco. – Sirius se virou para os amigos e os empurrou na direção do castelo.

— Eu acho que ele não está lá pelos estudos... – Peter deu uma risadinha – Ele tem uma queda pela Olivia.

  Opa. O quê? Eu tentei me aproximar deles, mas novamente sumiram embaixo da Capa da Invisibilidade.

  Voltei para dentro da floresta. Definitivamente foi uma bela descoberta e de fato fazia sentido, não era possível que aqueles quatro entrassem e saíssem de Hogwarts e contrabandeassem mil coisas da Dedosdemel sem que ninguém os visse.

  Quanto a parte do Remus ter uma queda por mim, essa parecia ser apenas uma brincadeira, então deixei para lá e voltei a correr sem rumo, apenas curtindo a natureza.

  Quando estava próximo da hora do almoço, voltei à minha forma humana e mais uma vez tive que correr do frio até o castelo, estava bem pior. Entrei aos tropeços, encolhida e tremendo, certa de que meu rosto tinha congelado no trajeto.

— Olivia? – a voz de Sirius surgiu ao meu lado e eu me assustei – O que estava fazendo lá fora sem agasalho? Finalmente ficou louca de vez?

— Eu fui... D-dar uma volta. – falei tremendo, puxando as mangas do meu casaco para cobrir meus dedos gelados.

— Achei que estaria com o Lupin na biblioteca. – ele ergueu uma sobrancelha.

— Hum, eu desisti de estudar por hoje... – me virei na direção dele – Precisava de um pouco de ar puro.

— Céus! Seus lábios estão roxos! Sua cara está congelada... – ele veio até mim tentando não rir, tirando sua própria capa e a jogando por cima dos meus ombros – Você tem sérios problemas, ruivinha...

— Obrigada... – falei, me aconchegando contra o tecido – Eu gosto de apreciar o frio, não é nada demais.

— E de apreciar uma morte lenta também, certo? – ele finalmente riu e tirou um pouco da neve do meu cabelo – Anda, vamos para a Sala Comunal.

  Nós fomos em direção ao retrato da Mulher Gorda, dissemos a senha, “Cinzas de Fênix”, e entramos. Como era de se esperar, estava praticamente vazia a não ser por algumas garotas conversando enquanto subiam para o seu dormitório e Remus e James conversando próximos a lareira, e foi para lá mesmo que o Black me rebocou.

— Ei, o que houve? – James perguntou espantado ao me ver – Caiu de cara na neve, Olivia?

— Algo assim... – respondi com um leve sorriso, minha cara devia estar péssima.

— Sente aqui. – Remus levantou da poltrona que estava e eu me joguei nela, encolhendo as pernas e aproveitando o calor da lareira.

— Obrigada. – respondi sem olhar para ele, ainda estava um pouco chateada com a pequena discussão de mais cedo.

— Você vai explicar o que realmente estava fazendo lá fora? – Sirius cruzou os braços.

— Só estava esfriando a cabeça... Nossa, esse foi um péssimo trocadilho. – ri sozinha – Não se preocupe, Black.

  Tirei sua capa e joguei contra ele. Ficamos ali por alguns minutos, eu decidi não os questionar sobre a capa, estava bastante curiosa sobre como a conseguiram mas eu achei melhor guardar para outro momento. Então chegou o horário do almoço e fomos todos para o Grande Salão.

  No caminho para lá, Black e Potter estavam conversando animadamente sobre Quadribol e Remus segurou meu braço e diminuiu o passo, deixando que os três se afastassem mais.

— Ei, não gosto que me peguem assim. – puxei o braço da mão dele.

— Desculpe. – ele falou baixo – Eu só queria te pedir desculpas pelo o que eu disse mais cedo...

— Tudo bem, Remus, você já pediu desculpas. – revirei os olhos.

— Não! Eu, mais do que ninguém, não tenho direito algum de julgar os outros. Você tem razão, eu não posso dizer como sua amiga é só pela casa que ela está, seria o mesmo que julgar o Sirius por sua família ou... – ele balançou a cabeça negativamente e parou, me fazendo olhar para ele – Olha, me desculpe, de verdade. Eu fui muito hipócrita.

— Eu sei disso, mas agradeço por ter reconhecido. – dei um meio sorriso e ele retribuiu com um sorriso de orelha a orelha.

  Remus era adorável demais para que eu conseguisse ficar com raiva dele por muito tempo, principalmente quando ele sorria. Porque seu sorriso era capaz de iluminar todo o local.

— Então, você não contou para os seus amigos, certo? – mordi o lábio, não me surpreenderia se ele tivesse falado, na verdade.

— Não. O segredo não é meu. – ele ergueu as duas mãos.

— Ah, muito obrigada. – eu suspirei aliviada e nós voltamos a seguir o caminho para o Grande Salão.

  Quando entramos lá, Sirius e James já estavam comendo e falando de boca cheia, sobre o quê? Isso mesmo, sobre Quadribol.

  Eu me sentia um pouco estranha por não me animar tanto assim com aquele esporte. Eu adorava assistir, mas nada além disso. Não entendia como conseguiam conversar sobre aquilo por horas a fio.

  No final do almoço, James já tinha espalhado para todos na mesa da Grifinória sobre a festa após o jantar da véspera de Natal e as pessoas pareciam ansiosas. Algo me dizia que aquilo poderia fugir um pouco do controle.


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Notas finais do capítulo

Então, espero que estejam gostando. Aos poucos a Liv vai descobrir os segredos dos Marotos e outras coisinhas também...
Eu vi que teve muitos acessos, porém cadê as pessoas comentando? Me digam o que estão achando, gente.
Em breve trarei o próximo! Beijos e até mais!