The Fox escrita por Lady Joker


Capítulo 19
Capítulo 19 - Inseguranças


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas!
Demorei mesmo, me desculpem. Tive um bloqueio.
Ando bastante desanimada com o retorno que tenho aqui, sei que já falei isso antes, mas é triste postar um capítulo e mal receber um comentário... Não estou pedindo comentários gigantes, mas opiniões e sugestões são ótimos incentivos... Enfim, espero que gostem.



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No dia seguinte, sábado, eu já estava de pé assim que o sol nasceu. Como previsto, não preguei o olho a noite inteira.

Fui tomar café da manhã, não havia quase ninguém no Salão Principal, a maioria das pessoas lá eram os fantasmas.

— Bom dia, Nick. – cumprimentei Nick-Quase-Sem-Cabeça quando cheguei à mesa da Grifinória.

— Bom dia, Olivia. – ele respondeu gentilmente antes de seguir seu caminho.

Era até tranquilo comer sem toda aquela agitação de sempre, comecei a pesar a possibilidade de fazer daquilo uma rotina...

Mas não ia dar nem um pouco certo. Eu sempre me atraso de qualquer jeito. Me perguntava sempre se algum dia tomaria jeito... Bom, a resposta é não.

Após o café da manhã, voltei para a Sala Comunal, peguei um livro de Defesa Contra as Artes das Trevas e fui para próximo ao Lago Negro, sentei embaixo de uma árvore, o clima estava um pouco frio por causa do horário e não havia ninguém por lá.

Comecei a ler o livro, estava no capítulo sobre Dementadores, seria bom saber mais sobre eles uma vez que estavam do lado Daquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado naquela guerra.

— Estudando tão cedo assim? – a voz suave de Remus me chamou atenção.

Ergui a cabeça e o vi se aproximando com as mãos nos bolsos da própria capa, encolhido por causa do vento frio. Ele sentou ao meu lado e cruzou os braços.

— Só passando o tempo... – fechei o livro e o encarei – Procurando mais conhecimento sobre o tipo de coisa que nos aguarda fora de Hogwarts.

— Sobre o que estava lendo? – ele pegou o livro das minhas mãos e abriu na página em que eu estava antes – Dementadores!

Tinha um certo tom de animação em sua voz. Remus sempre adorou Defesa Contra as Artes das Trevas.

— É, não acha estranho que ainda não saibamos fazer um feitiço do patrono decente? Digo, vivemos em tempos bem complicados, já deveríamos saber executá-lo com perfeição, seria muito útil.

— É um feitiço muito complexo, mas você não precisa da escola para aprendê-lo. – ele me encarou – Eu posso te ajudar.

— Você sabe conjurar um patrono corpóreo? – arregalei os olhos.

— Hum, eu até consigo quando me concentro bastante, mas evito... Eu não gosto da forma que ele toma. – ele resmungou desviando o olhar de mim.

— Devo deduzir que é um lobo...

— Isso. – Remus assentiu – E o seu é uma raposa?

— É sim... Quando eu consigo, é. – ri levemente – Eu acho que vou aceitar sua ajuda, professor Lupin.

— Certo. – ele riu e voltou a me encarar – Podemos começar depois da lua cheia...

— Ok. – concordei sem desviar os olhos dos dele. Eu estava com um estranho sentimento de saudades do Remus devido ao afastamento dos últimos dias.

Ele parecia compartilhar do mesmo sentimento, pois se aproximou lentamente de mim e capturou meus lábios em um beijo intenso. Deslizei minha mão de seu rosto para os seus cabelos e ele agarrou minha cintura, me puxando para si com força. Ele passou a beijar meu pescoço e eu pude tomar um fôlego, senti sua respiração contra minha pele e ouvi uma espécie de rosnado baixo escapar de sua garganta quando seus lábios chegaram na base do meu pescoço.

— Remus? – o chamei e tentei afastá-lo, mas ele me beijou novamente e com a mão livre agarrou minha coxa – Ei!

Empurrei seus ombros com força e ele piscou os olhos como se estivesse saindo de um transe, suas pupilas estavam dilatadas, deixando seus olhos praticamente negros.

— M-Me desculpe, Liv... – ele balançou a cabeça negativamente e seus olhos voltaram ao normal, ele estava ofegante e assustado – Me desculpe!

— Calma, não tem problema... – eu segurei sua mão.

— Tem problema sim! – ele me encarou aterrorizado – Eu não estou sabendo controlar meu próprio corpo, isso é bizarro! Não bastava passar noites sem ter consciência alguma, agora isso vai acontecer durante o dia também? Eu quase te mordi!

— Você não ia fazer isso, eu sei que não...

Eu falei aquilo, mas assim que as palavras saíram da minha boca, eu não tive mais certeza sobre elas. Eu realmente tive medo que ele me mordesse. Todo aquele tempo e eu nunca tive medo do Lupin, nem mesmo que ele me arranhasse sem querer. Nunca o lado do monstro me pareceu tão real quanto naquele momento.

— Eu preciso ir. – ele se levantou prontamente – Talvez seja melhor ir logo para a Enfermaria.

— Espera!

Tentei impedi-lo, mas ele me deu às costas e voltou ao castelo o mais rápido possível.

Sua insegurança era incrivelmente forte. Ele nem ao menos tentaria resistir, ele só aceitava que era um monstro e isso acabava tomando conta de todo o resto. Eu sentia como se fosse meu dever convencê-lo do contrário, mas era difícil fazer isso se ele não aceitava ajuda.

Vamos ser sinceros... Ele não aceitava dos seus amigos, por que aceitaria de mim?

Os dias se passaram mais rápidos do que eu esperava, vi Remus poucas vezes até chegar a noite de lua cheia. Aliás, durante todo o processo não pudemos trocar mais do que algumas palavras.

Como se fosse possível, Madame Pomfrey estava ainda mais rigorosa. Ela não me deixava nem dar um “oi” ao Lupin.

No dia que ele iria sair da Enfermaria, eu estava sentada no banco ao lado da porta, o esperando. Sirius ia passando por lá, mas ao me ver sentou ao meu lado.

— Hey, garotinha... – ele deu um leve sorriso para mim – Posso perguntar que cara é essa que já dura alguns dias?

— Hum... – eu o encarei incerta. Sirius era um bom amigo, mas não eu não sabia se era o certo para aquela conversa – Não é nada que vá te interessar.

— Ah, por que não tenta? – ele insistiu – Tem algo a ver com o Remus, não é?

— Como você sabe? – franzi o cenho.

— Ele também está agindo como um esquisito... Não quer falar com ninguém. – ele falou simplesmente – Aconteceu algo antes da lua cheia, não foi?

— Sim.

Eu expliquei o que havia acontecido no sábado, sobre a insegurança do Remus, sobre eu ter sentido medo dele pela primeira vez. Não de que ele fosse capaz de me machucar de propósito, mas de acontecer sem querer.

Enquanto falava, percebi que as inseguranças de Remus estavam me afetando também.

— Era de se esperar que algo assim acontecesse. – o Black falou seriamente – Digo, não dessa maneira...

— Eu estou com medo que a minha reação tenha o magoado... Eu não queria ter... O afastado daquela maneira! – me virei para ele – Mas eu...

— Calma. – Sirius colocou uma mão no meu ombro e me ofereceu um sorriso solidário – Vocês vão poder conversar logo, tenho certeza que ele é bem grandinho para entender.

Ele estava certo. Eu podia contar com a maturidade de Remus ao meu favor. Ao nosso favor.

— É, acho que você tem razão...

— É claro que eu tenho! Eu sempre tenho razão. – ele se vangloriou.

— Desculpe te encher com essas coisas... Eu conversaria com a Pandora sobre isso, mas eu não poderia contar tudo. – dei de ombros.

— Não se preocupe, você pode conversar comigo sempre que precisar. – Sirius me lançou uma piscada.

— Obrigada. – sorri para ele e o abracei.

Ele retribuiu o abraço e então levantou para seguir seu caminho. Alguns minutos depois, Remus saiu da Enfermaria com as mãos nos bolsos e cabeça baixa. Ele só percebeu que eu estava lá quando levantei do banco.

— Ah, oi, Liv. – ele me lançou um sorriso fraco.

— Hey... Como você está? – coloquei uma mão em seu rosto, deslizando os dedos por suas antigas cicatrizes.

— Como sempre...

— Eu senti a sua falta. A Madame Pomfrey não me deixou entrar para ver você...

— Eu pedi que ela não deixasse ninguém entrar. – ele desviou o olhar – Precisava pensar um pouco...

— Ah... – deixei minha mão cair ao lado do corpo – Entendi.

— Vem cá. – ele me puxou de volta para o banco.

Nós sentamos um virado para o outro. Remus estava com o olhar nas nossas mãos juntas em cima da minha perna. Para alguém que havia pensado tanto, ele parecia ter problemas para começar a falar o que queria.

— Não precisamos conversar agora, se você não quiser... – eu comecei a falar mas ele me interrompeu.

— Mas eu quero. – ele me encarou. Seu olhar era indecifrável, ele tinha um tipo de sorriso esquisito nos lábios – É melhor esclarecer as coisas logo.

— Certo, pode falar. – o incentivei.

— Você sabe que eu vou carregar essa maldição comigo para sempre. E com isso vem todos os efeitos colaterais, a falta de controle, a insegurança... Eu não posso simplesmente me impedir de passar por isso. – ele desviou o olhar e focou no chão – Eu também não posso te fazer passar por tudo isso comigo.

— Remus... – comecei em tom de aviso, já podia ver onde essa conversa ia parar, mas ele me impediu de continuar.

— Me deixe continuar. – ele ergueu uma mão – Eu sei que não posso te impedir de... Me ajudar. Assim como meus amigos. Por mais que eu me ache um fardo, não posso deixar de me sentir grato por estarem aqui. Eu só quero deixar claro que eu vou fazer o possível e o impossível para não deixar que meu problema afete o resto da minha vida, mas no final das contas, lidar com isso, é uma escolha sua.

— Você está me perguntando se eu realmente quero ficar com você? – questionei descrente – Que pergunta idiota! Mas é claro que sim!

— Não precisa me responder agora, pode pensar mais um pouco...

— Eu não preciso pensar! – levantei, estava irritada – Você é retardado? Acha que eu estaria aqui se não quisesse? Se não aguentasse? Achei que depois de tudo você teria provas o suficiente de que eu não ligo para o seu “problema”.

— Você sentiu medo de mim, Olivia. – ele se levantou, ficando frente a frente comigo – Eu sei que sentiu.

Eu suspirei.

— Senti. Mas pensando bem... Não foi só medo por mim, foi por você também!

— Por mim?

— Seja sincero... Como você se sentiria se tivesse me mordido?

Remus não respondeu, seu olhar ficou completamente sombrio como se apenas a possibilidade o assombrasse completamente. O medo era notório em seu rosto.

— Foi o que pensei. – assenti – Não precisa se preocupar comigo, Remus... Eu sei bem onde estou me metendo.

— Ah, Olivia... – ele respirou fundo e colocou uma mão na lateral do meu rosto – É muito egoísmo eu estar feliz por você pensar assim?

— Não, idiota! – o puxei pelo pescoço e o beijei apaixonadamente. Ele retribuiu, segurando meu rosto entre suas mãos.

—---

Outubro chegou e com ele o primeiro passeio para Hogsmeade daquele ano. Era o fim de semana antes do Halloween, então todos estavam animados para comprar doces.

Estava sentada numa mesa do Três Vassouras com os garotos, nós estávamos tomando cerveja amanteigada. James estava contando sobre os treinos de Quadribol. Confesso que eu estava mais interessada na minha bebida do que no assunto deles. Minha salvação foi quando Pandora entrou animada, ela trazia algumas sacolas.

Nós estávamos nos vendo muito pouco desde o ocorrido no pátio, mas como o local estava vazio e nossa mesa se encontrava numa área mais reservada, ela foi até nós.

— Olá. – ela os cumprimentou gentilmente.

— Hey, Pan! – sorriu e dei espaço para que ela sentasse ao meu lado.

— Oi. – James acenou sorridente, assim como Peter.

— Olá, Pandora. – Remus também a cumprimentou enquanto ela se sentava.

— Oi... – Sirius ofereceu um meio sorriso. Ele me perguntou algumas vezes como ela estava, visto que era o único além de mim que sabia o que ela tinha passado. Então, ele estava mais solidário com ela – Como está?

— Bem, obrigada. – ela respondeu estranhando a gentileza e então se voltou para mim com um ar animado – Adivinha só o que eu acabei de comprar...

— Comida para se entupir até explodir? – indaguei olhando a sacola enorme da Dedosdemel.

— Sim, isso também. Mas eu estou falando do seu presente de aniversário! – ela anunciou e bateu palmas. Todos na mesa se viraram bruscamente para mim em surpresa.

Uma informação importante, eu faço aniversário no dia do Halloween. Mas eu sempre passava o aniversário como um dia normal e não tinha nenhum plano para que naquele ano fosse diferente. Mas Pandora sempre se animava o suficiente por nós duas, não sei como achei que escaparia daquela vez.

— Quando é o seu aniversário? – James perguntou.

— Dia 31 de outubro... – dei de ombros.

— E você não pensou em nos contar? – Remus questionou cruzando os braços.

— Não é grande coisa, eu nunca comemoro...

— Ela mal me deixa dar parabéns para ela! – Pandora resmungou.

— Temos que fazer uma festa! – Sirius falou animado e já olhou para o Potter, que imediatamente ficou com os olhos brilhando.

— NÃO! – dessa vez não fui só eu que protestei, o Lupin também.

— Por que não? – o Black nos encarou chateado.

— Não se lembra da última vez? – Remus o encarou – Não quero passar mais um ano sem vir para Hogsmeade.

A menção à festa de natal do ano anterior fez minhas bochechas arderem. Me toquei que nunca contei ao Remus que eu beijei um de seus melhores amigos naquela noite. Não foi nada demais, é claro. Mas eu senti que era algo que ele deveria saber. Fiz uma nota mental de conversar sobre aquilo com ele depois.

— Estraga-prazeres... – James resmungou – Mas de qualquer forma, não podemos deixar seu aniversário passar em branco, Olivia.

— Não só podem, como vão. – me virei para Pandora – E a senhorita, já disse que não precisa me comprar presentes.

— É, mas eu nunca escuto, não ia começar agora... – ela falou simplesmente e se levantou – Eu vou indo, não quero abusar da sorte...

— Já? – James perguntou – Não quer tomar alguma coisa com a gente?

Pandora o encarou por alguns segundos, eu sabia que ela estava verdadeiramente surpresa com aquele convite.

— É, é melhor não... – ela pressionou os lábios – Mas obrigada mesmo assim. Nos vemos depois, Cooper. Até mais pessoal.

Todos dissemos tchau enquanto a loira saía do estabelecimento.

Eu não podia negar que estava sentindo uma certa emoção de ver os garotos a tratando bem, aquilo aquecia meu coração e eu sei que aquele tipo de gentileza deixava Pandora feliz também.


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Notas finais do capítulo

Se tiver algum erro, me avisem nos comentários, por favor!
Espero que tenham gostado! No próximo capítulo vai ter o halloween!
Em breve terá mais um especial com spoiler no tumblr da fic, então sigam lá: https://thefox-fic.tumblr.com/
É isso, beijos e até mais!



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