Hey! I love you... escrita por Lilissantana1


Capítulo 27
Capítulo 27


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo. Obrigada às meninas que estão acompanhando e deixando sua opinião, vcs sempre me ajudam. Beatriz, Juliana, Miss, Myrelle e Doida. vcs são demais.



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FRED

Quando coloquei os pés dentro de casa, depois de deixar Beth em casa, encontrei Madeleine sentada no sofá lendo um livro. Relaxada ela apoiava os pés descalços sobre a mesa. Balancei a chave do carro para chamar sua atenção, como se não tivesse escutado o som das portas do elevador se abrirem e se fecharem.

Ela puxou os óculos do rosto. Me olhou. Sorriu. largou o livro sobre as pernas ainda aberto. O que queria dizer que não importava o assunto que a mantinha em pé até aquele momento, a conversa seria curta.

Fiquei parado no meio do caminho a espera.

— Foi um bom jantar.

Ela afirmou categórica. Não havia espaço para contestação.

— Sim, muito gostoso. - comentei lembrando da comida.

— Você sabe de que estou falando William. Não se comporto como seu avô!

Controlei o riso. O pai dela era uma figura. Eu gostava muito dele. Era um cara alegre, de bem com a vida. Sempre me dizia para aproveitar o meu tempo com coisas e pessoas que valessem a pena. E não perdeu o bom humor nem quando estava preso a cama por causa do câncer.

— Gostei de Lízzie. - ela empurrou as pernas para o chão e fechou o livro afastando a imagem do homem com quem convivi por quase quatro anos. Talvez eu estivesse enganado e o papo se prolongasse.

— Também gosto dela... - remexi na aba do boné retirando-o da cabeça - gosto muito dela. - seria no mínimo bom que Madeleine tomasse ciência disso rapidamente.

— Percebe-se.

Agora era ela quem parecia com o pai dela.

— E a família dela?- a velha Madeleine não sumia por muito tempo.

— O que tem a família dela? - perguntei largando a chave e o boné ao lado da tela do computador antes de me dirigir para o sofá.

— Como eles são?

— Está querendo saber se são normais ou se são pessoas como nós? - sem dar tempo a ela para retrucar o comentário, continuei: - São absolutamente normais.

— Ela é órfã de pai não é?

Fiquei feliz que essa pergunta não tivesse sido feita diretamente para Beth.

— Sim.

— E o padrasto?

— É um cara legal. - eu gostava bastante de Charles. E pelas coisas que soube do pai dela, acho que gostaria dele também. Ao menos musicalmente a gente se entenderia bem.

Me atirei no sofá, empurrei os tênis para fora dos pés esticando as pernas sob o vidro.

— Você sabe para quais universidades Lízzie está pensando em se candidatar? - ela perguntou sem me olhar, e eu não gostei do questionamento.

— Não... e acho que você não deve se intrometer nisso.

— Você não disse que gostaria que ela ficasse perto?

— Gostaria, mas vamos deixar a Beth decidir por ela. Não quero pressionar ou manipular nada.

— Está certo disso? Você sabe que seu pai poderia...

— Eu sei o que papai poderia. Mas não.

Ela sentou em cima dos pés e me encarou.

— Vocês não conversam sobre isso? Sobre o futuro?

Isso era tudo o que sempre importava para eles, o futuro. Eu estava mais era pensando em aproveitar o presente.

— Nós mal começamos a namorar, ainda não falamos claramente sobre isso, na verdade sobre muitas outras coisas. Mas vai chegar uma hora em que será impossível não tocar no assunto. Pode ficar tranquila.

Será que aquela explicação serviria? Em se tratando de Madeleine, nunca se sabe. Ela ficou em pé.

— Se por acaso, você e ela decidirem ficar na mesma universidade, seu pai pode ajudar.

— Acho que não será necessário. - expliquei sem necessidade, eu sabia que ela sabia que Beth é uma aluna exemplar. Que tem ótimas notas. Vai conseguir a vaga que desejar fácil, fácil. - Mas obrigado por oferecer.

Ela se aproximou, beijou o topo da minha cabeça. Graças aos céus deixou para lá aqueles abraços de urso que adora dar. Quase me sufocando com seu perfume caro. Segurei a mão dela antes que se fosse.

— Obrigado por ter maneirado durante o jantar. - a situação toda, apesar de alguns constrangimentos e olhares maternos exagerados, foi até bem tranquila. Ela foi amena nas perguntas. E depois, bancou a simpática amigável. Como falei, tudo melhor do que o esperado.

— Não poderia estragar o primeiro jantar com a primeira namorada do meu filho. - ela respondeu com aquele ar de quem está esperando o segundo encontro para me aprontar alguma.

— Nem pense Madeleine. - rebati imediatamente.

Ela sorriu.

— Boa noite meu bem.

— Boa noite mãe.

*****************

Os dias passaram. Madeleine se foi não antes de praticamente virar uma das melhores amigas de Beth. Quase não acreditei quando soube pela boca da minha namorada que ela e minha mãe saíram para fazer compras juntas durante uma tarde em que estava no treino. Tive medo do que poderia ter acontecido nessas poucas horas. Mas, ao que consta, e isso pode muito bem ser mentira feminina, elas falaram apenas sobre moda e sobre como lidar com as constantes alterações que o clima provoca nos cabelos.

E eu acreditei? Há! Claro que não! Mas... fingi que sim e deixei passar. Uma hora a Beth me conta tudo. Ela sempre conta... além do mais, eu tinha coisas importantes para me preocupar além de minha mãe contando meus furos para Beth.

Os jogos estavam chegando ao fim. Teríamos mais uma apresentação. A final. E eu queria fechar com chave de ouro minha última apresentação pelo time da escola. No ano seguinte o elenco seria todo novo. Nós estaríamos em universidades, alguns ainda ligados ao hóquei. Outros apenas cursando alguma coisa. Então, era a oportunidade de colocar nossa foto no mural dos esportes definitivamente, como um time campeão.

Os treinos foram intensos, tão intensos que Beth e eu mal nos vimos nesses dias. Apesar de eu ter me sentido chateado por relegar minha namorada, ela pareceu compreender. Disse que precisava de algum tempo com as amigas. Elas estavam se vendo pouco por causa dos namoros, das provas, das atividades extras.

Tom e eu estávamos treinando direto, Gabi teve um campeonato de ciclismo na mesma época. E pelo que entendi, o ficante de Jéssica estava em período de provas. O que deixou o quarteto totalmente a vontade para fazer uma nova noite do pijama. Foi bom. Beth voltou mais tranquila desse pequeno encontro de garotas. Jess como ela chama estava afastada do grupo, e as pendengas entre elas se resolveram com muitos filmes românticos e uma boa dose de sorvete.

Por que mulher precisa de sorvete para resolver problemas? Taí uma coisa que nunca vou entender.

De qualquer maneira. O último jogo, do meu último campeonato de hóquei na escola estava para começar, a nossa arena estava lotada. Não seria um jogo fácil. Mas eu sabia que podia contar com alguns pares de olhos a me incentivar. E o principal deles, meu pé de coelho, meu trevo de quatro folhas, meu amuleto da sorte, estava sentada de frente para a entrada, eu podia vê-la de onde me posicionava, em pé, no túnel antes de entrar.

O som de uma buzina da torcida ecoou pelo espaço, o treinador passou as últimas instruções. Mandou a gente se divertir. E bateu no ombro de cada um enquanto cruzávamos por ele em direção a entrada. O barulho quase ensurdecedor da torcida me arrepiou. Ao ouvir aquilo me perguntei: Será que conseguira viver sem aquela adrenalina toda? O ar frio do gelo atingiu meu rosto. Retirei a proteção dos patins e cruzei pela entrada seguindo Tom e os outros. Com o bastão em punho meus olhos cruzaram com os de Beth. Ela jogou um beijo e sorriu. Estou viciado nisso também. Em contar com a presença dela nos jogos, na minha vida.

O juiz chamou, anunciando o começo da partida. Desviei a atenção da minha garota. Da “minha” garota. E me coloquei a postos até que o sinal tocou.

************

BETH

O jogo estava acelerado e apertado. No placar, um a um. Ao meu lado Savana, Gabi, Morgana e Jess junto do seu universitário me acompanhavam no nervosismo. Nunca pensei que Jéssica seria uma torcedora tão participativa,especialmente porque aquela era apenas sua segunda ida à arena.

Era como se a tensão e a agitação do gelo ligassem algum ponto da personalidade de minha amiga que geralmente ficava desligado. Ou talvez, só talvez, fosse o magrelo de óculos com cara de inteligente que estava junto dela que promovesse essa mudança. Assim como o número 70 fizera e fazia comigo.

Lá embaixo Michael deslizava em direção ao gol adversário. Segurei a barra de proteção a minha frente vendo ele passar o disco para Tom, Fred cruzou por trás da goleira tão rápido que ninguém conseguiu acompanhá-lo. Recebeu o passe certeiro e mandou para a rede. O sinal soou. Dois a um, com um gol do meu, meu, meu namorado.

Para alguém que detestava esportes ou esportistas, a senhorita Elizabeth Gillies, mais conhecida como Lízzie, por causa da heroína de Orgulho e preconceito, livro favorito de sua mãe, não conseguia mais esconder a paixão que sentia por hóquei ou pelo jogador 70. Mais precisamente pelo garoto mais metido, chato e provocante que atende por Frederic William Price lll.

O pessoal ao meu lado também comemorou, a torcida adversária silenciou momentaneamente, e eu olhei para o degrau acima, Rebeca e Charles pareciam tão satisfeitos quanto nós e batiam palmas animados.

— O que está achando do jogo? - perguntei a Jess durante o intervalo, quando seu ficante, futuro namorado, foi comprar água com gás.

— Alucinante. - ela respondeu com um sorriso espesso e sincero.

Alucinante? Repeti mentalmente. Jéssica nunca na vida usara essa palavra. Pois de onde sei, esse vocábulo estava devidamente cortado do seu vocabulário. Com ela tudo era absolutamente seguro. Assim como foi para mim um dia. Mas, de fato, me perguntei, de onde esse termo saíra se o garoto com quem ela saia parecia tão certinho, tranquilo e metódico quanto ela? Encarei o gelo. Eu sabia de onde vinha o meu lado espirituoso e destemido. Da alegria contagiante que Fred espalhava por onde ia. De seu coração gigante. De seu temperamento despretensioso e livre de pré conceitos.

— Obrigada por convidar. - ela falou segurando minha mão afastando meus olhos do gelo.

— Obrigada por aceitar o convite. - respondi apertando os dedos dela entre os meus.

Nós conversamos muito durante o final de semana em que nossos namorados estavam ocupados com treinos, trabalhos e provas. Colocamos todos os pingos nos is. E demos um UP na nossa eterna amizade. O quarteto fantástico jamais vai se separar. Isso é um fato incontestável. Eu amo essas garotas. Não saberia viver sem elas e é tão bom quando a gente pode assim, dividir as coisas boas da vida com as pessoas que amamos.

Não há nada melhor!

O garoto magrelo chegou com as águas, seguido de perto por Gabi e seus cachorros- quentes.

— Estava complicado chegar aqui. - ele falou me entregando uma das garrafas.

— Obrigada! - agradeci comentando que apesar de não ser o esporte oficial da escola. Os jogadores de hóquei tinham muitos amigos. Por isso, todos queriam dar apoio e ver o nosso time bater o adversário.

Lá embaixo o segundo tempo ia começar. Nos armamos de toda a força possível para cantar e seguimos nesse ritmo até o final. Quando o placar já marcava quatro a um e faltavam segundos para o apito derradeiro soar, meu coração se agitava em expectativa, imaginando como Fred estava. A felicidade. A satisfação. A sensação de ter cumprido com seu dever. De ter ajudado o time. De ter sido parte importante nessa conquista.

Ainda vi ele patinar para um último ataque enquanto o cronômetro corria. Michael e Tom bem próximos. Segurei as mãos na esperança de que ele pudesse lançar o disco, mas não teve tempo O som ecoou na arena lotada dando por encerrada a partida. A agitação imediatamente tomou conta do local. Eles se abraçavam lá no gelo. Nós comemorávamos aqui em cima.

Durante o intervalo, entre um abraço e outro em comemoração a vitória, espiei o rinque. Seria quase impossível chegar em meu namorado naquele momento. Mas, estava sedenta por um abraço apertado. Coisas que só foram possíveis quando ele saiu do estádio praticamente vinte minutos depois e nos dirigimos para a festa. Fred estava muito feliz. E eu estava feliz pela felicidade dele.

A semana se foi. A vitória se foi. A foto deles foi colocada no mural e nós passamos a pensar em cursos que gostaríamos de fazer. Em testes vocacionais. Em visitas à orientadora. Fred tinha cada vez mais certeza de que pretendia continuar jogando. Eu, depois de alguns testes descobri que tenho jeito para designer, apesar de não ser uma desenhista excepcional, e quanto mais pesquiso sobre o assunto, mais gosto. Há uma variedade de ramos, posso me especializar no que mais me atrair depois do curso. Na verdade há um ponto negativo, um só problema nessa escolha. Fred e eu não ficaremos na mesma universidade. Por que ele vai aceitar aquela carta. Isso é fato consumado.

Não posso negar que nossas decisões não foram tomadas de cabeça quente. No calor do momento. Nós conversamos muito. Eu me aconselhei com Rebeca. Com Charles. Chorei por algumas noites. E no final decidi que, se a gente pretende ser um casal capaz de lidar com liberdade e a distância, essa é a hora decisiva. Vou fazer o que me atrai. Ele vai fazer o que deseja. E a gente segue namorando até que... o tempo nos diga no que vai dar essa história.

Mas, antes disso tem a formatura. O baile final. O verão.

Vamos aproveitar o que há para aproveitar nesse pouco tempo.

Viver esses dias únicos. Na verdade. Ser feliz...


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Notas finais do capítulo

E ai? Como estão? Ainda gostando da fic agora q ela entrou em um ritmo mais calmo? Sabem q pensei em terminar ela assim? Mas acho q vcs vão querer saber se eles vão aguentar ficar separados... ou não? Então, supondo que sim, eu gostaria, pq isso vou escrever mais dois kkkkkk BJOOOOOOOOOO amei ter vcs aqui. OBRIGADA!!!!