Hey! I love you... escrita por Lilissantana1


Capítulo 26
Capítulo 26


Notas iniciais do capítulo

Boa noite meninas. BJOOOOOOOOOOO apertado em todas. Obrigada pelos reviews. AMO. Os capítulos estão chegando ao fim. Já estou com saudades.



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Fred ficou estático. Olhando, não para o envelope, mas para a mãe dele. Para a mão, de unhas bem feitas, estendida diante de seu rosto. Meus olhos passaram automaticamente de um para o outro. Angustiada percebi que aquele era um momento onde não cabia qualquer interferência minha. Mesmo que eu quisesse arrancar aquele papel das mãos de Madeleine, rasgá-lo em mil pedacinhos e fingir que nunca existira.

A voz dela, ainda falando com o filho, alterou meus pensamentos:

— Seu pai recebeu há pouco mais de uma semana. - a mão ainda estendida. Finalmente Fred segurou o envelope e o puxou para perto enquanto ela me informava sobre um prévio trato - Você nos garantiu que este era o único convite que aceitaria.– e aquela frase soou com um claro tom de cobrança.

Se Fred prometera aceitar, certamente que seria cobrado a cumprir a promessa. A vida deles, segundo meu namorado, era essa. Repleta de trocas, tratos e acertos. Travei enquanto via meu namorado abrir o envelope e prendi a respiração. Em expectativa.

A voz dele saiu áspera:

— E vocês deram um jeito de que ele chegasse.

Algo parecido com o som de um sorriso debochado escapou pela boca de Madeleine. Um som muito parecido com aquele que o filho dela faz normalmente quando está prestes a vencer uma discussão.

— Não. Foi você. Sua performance no hóquei que lhe garantiram a vaga. - a voz da mãe de meu namorado parecia vitoriosa. - A carta dá menos ênfase à área acadêmica do que ao esporte. Ao que tudo indica você tem se destacado nos jogos. Mas é claro que suas “habilidades” como você gosta tanto de declarar incentivaram a antecipação. Eles não querem perder a chance de ter no time um bom jogador no corpo de um gênio.

Por mais que detestasse precisava concordar com Madeleine, Fred se destacava no hóquei. Ele se dedicava nos treinos, nos jogos, dava tudo o que podia. E era exatamente isso que eu pensava de Fred. Que ele era o cara do hóquei. O fato de ter atraído atenção nesse aspecto não deveria ser surpreendente. Mas, te rum jogador que pode ir além do rinque... isso é raro... por que perder a chance?

Mal consegui olhar para o rosto do garoto sentado junto a mim. Meu coração queria sair pela boca. Minhas mãos tremiam. Um medo idiota se apoderando de mim. Idiota sim, uma hora isso ia acontecer. Tanto para ele quanto para mim. Mas a parte racional do meu cérebro não conseguia fazer o estúpido tambor do meu peito aceitar essa verdade.

— Eles podem esperar. - ouvi Frederic dizer enquanto corria os olhos pelo conteúdo da carta.

Madeleine se voltou para mim. Estava claro nos olhos dela o que pensava a respeito daquilo que o filho acabara de dizer. Mas sua próxima fala foi no mínimo inusitada:

— Claro que podem! Fred e eu também chegamos a essa conclusão.

Parecendo surpreso em ouvir um comentário tão tranquilo dos lábios da mãe Fred ergueu o rosto. A encarou, se virou para mim, nossos olhos se encontraram. E ele voltou a atenção para Madeleine novamente.

— Você e Fred acham que eu não preciso cumprir com o que disse que faria se esta carta chegasse? Por quê?

O garçom se aproximou trazendo a bebida de Madeleine, minha água e o suco de Fred. O assunto ficou em suspenso por alguns segundos desesperadores para mim. Queria saber tudo, mas não me sentia no direito de perguntar nada. Não na frente de Madeleine.

— Falta pouco para a conclusão do ano escolar. Você pode aceitar a carta dando como garantia que seguirá para lá assim que terminar aqui. - ela me encarou – O que acha dessa solução Lízzie?

Os olhos cor de mel do filho dela se voltaram para mim. A resposta pronta na minha língua era: claro que concordo com o que acabou de falar! Mas, sabia que havia mais no mundo do que o meu desejo de permanecer ao lado dele, por isso tentei ser diplomática. Esperando que Fred compreendesse o que me motivava. Nunca o obrigaria a ficar comigo e evitar algo que estava esperando.

— Acho que cabe a Fred tomar essa decisão.

Mesmo que minha decisão, que minhas palavras tivessem até um grau de firmeza, sei que meus olhos me traiam e gritavam: Fique aqui comigo! Fique aqui comigo! Afinal, Madeleine estava dando ao filho a opção de decidir.

— Mas você é a namorada dele. - ela me cutucou, parecia estar me testando.

— Sou “apenas” a namorada dele, não posso interferir assim... não em algo que altera a vida de Fred.

Será que aquela mulher esperava me ver me chorando ali, implorando a Fred que permanecesse comigo até o baile de formatura? Mesmo sabendo que aquela era a única carta que lhe interessava receber? Nunca faria esse tipo de coisa com ele. Por mais que me doesse permitir que partisse.

Mas Fred é teimoso. Irredutível.

— Se eles realmente me querem, podem esperar alguns meses. - ouvi Fred dizer enquanto recolocava o papel dentro do envelope. Uma mistura de felicidade e angustia me invadindo.

— Isso é por minha causa? - perguntei sem me importar que Madeleine estivesse ali.

— Não! - ele falou firme e eu finalmente liberei um pouco de ar enquanto Fred continuava, ele sabia que eu pediria uma explicação - É por minha causa. Porque pretendo ficar aqui com você até que o ano escolar se conclua.

Ele largou o envelope na mesa, entre nós. Em silêncio profundo me olhou antes de segurar minha mão. A palavra estava dada? Não havia retorno? Mas, alguma coisa no meu jeito ou nos meus olhos fez com que ele voltasse a falar:

— Até porque, não sei se pretendo continuar a jogar hóquei Beth.

Aquele comentário era tão surreal que o som liberado por Madeleine atraiu nossa imediata atenção. Os olhos dela estavam fixos no rosto do filho. Como se não acreditasse no que ouvia.

— Não se anime muito. - ele falou em tom mais leve ainda encarando a mãe – Nada está decidido. Estou pensando no que eu quero para mim... mas sinceramente estou cheio de dúvidas.

Ela pigarreou, tomou um gole da bebida, tentou se recompor da surpresa e finalmente falou:

— Você pode fazer o que desejar William.

— Qualquer coisa? - ele falou zombeteiro

— Você sempre faz o que quer.

Ele me puxou para perto e eu maldisse aquela cadeira estofada onde meu corpo não poderia escorregar para junto do dele.

— Posso de repente virar mochileiro... passar anos dando uma volta nos lugares mais interessantes do planeta e só depois fazer um curso superior?

Madeleine deu aquele mesmo sorriso de lado que estava habituada a ver nos lábios de Frederic antes de responder.

— Certamente. Se pagar os custos de suas viagens.

Ele riu descontraído.

— Essa é a boa e velha Madeleine. Sempre pensando em dinheiro primeiro.

— Mesmo que não acredite William – ela se inclinou para a frente e o olhou firme – Sempre penso primeiro na sua felicidade.

Por mais incrível que parecesse, eu acreditava nela.

— Deve ser por isso que você e Fred praticamente me deixaram louco nos últimos meses. Porque querem minha felicidade.

— Fred e eu acreditávamos que você desenvolveria melhor suas “habilidades” se ingressasse em um curso superior. O ensino médio ainda o atrai meu filho?

Ele suspirou. Se falasse a verdade eu sabia o que sairia dos lábios de meu namorado. Como na verdade saiu:

— Não. Mas você sabe que não é o que tenho a oportunidade de aprender que me mantém em uma escola regular. Eu quero ter a vida que todos os garotos da minha idade tem.

Madeleine me olhou. Como se o assunto: ter a vida que todo garoto tem, se referisse a minha pessoa. Mas, nós só estávamos juntos há tão pouco tempo! Minha humilde pessoa não poderia ser aquilo que mantinha Fred preso ao ensino médio.

— Jogos, festas... namoros... - ela citou confirmando meus pensamentos.

— Beth é minha primeira namorada. Se você sabe tudo sobre mim, também sabe disso.

— Sim, eu sei.

Fiquei automaticamente vermelha. Se ela sabia de tudo, acabava de perceber que também deveria saber do tempo que passamos juntos, sozinhos, no apartamento dele. E certamente acredita que estamos transando todas as vezes em que isso acontece.

— De qualquer forma William. - ela mudou de posição e de assunto – A decisão é sua. Estamos lhe dando a oportunidade de fazer o que deseja.

Levemente encabulado. Sim Fred estava encabulado. Ele balançou a cabeça de forma afirmativa. Puxou os lábios levemente para cima antes de falar:

— Obrigado... me sinto aliviado com essa decisão de vocês. Essa história estava pesando na minha cabeça desde que você veio no feriado de Ações de Graças. Assim posso me decidir sem toda aquela pressão.

— Com certeza! Porém, não apenas você, mas Lízzie terá de pensar a respeito do que fará para o próximo ano. Já se decidiu? - ela perguntou segura, me pegando de surpresa antes de tomar um gole da bebida.

— Ainda não decidi. - respondi com sinceridade lembrando dos conselhos de Charles. - Eu tinha alguns planos que na verdade não eram exatamente meus planos. - pouco depois que Rich e eu terminamos notei que tudo o que planejara para mim correspondia ao que meu ex planejara para ele. - Agora estou perdida. Mas, ainda tenho tempo para me decidir.

— Você não vai aconselhá-la William?

— Não! Não gosto de ser pressionado. Não faria isso com ela. É ela quem precisa saber o que quer. - e me olhou – Claro que eu gostaria que a gente pudesse ficar próximos. Mas, Beth é quem deve escolher, sem pressão.

— Também gostaria de ficar perto de você. - afirmei sem me preocupar que Madeleine estivesse ouvindo. - E quanto a cursos, as opções são variadas... mas ainda temos alguns meses. - concluí.

A mulher me olhou distraída, mostrou um ar mais ameno e o assunto enveredou para outro lado. Sobre meus pais. Sobre as viagens dela. Sobre as artimanhas e peripécias de Fred quando pequeno. Sobre a necessidade de deixá-lo morando sozinho. Ela se culpava quanto a isso. Em cada frase havia algo que me informava essa realidade, mas parecia ver a decisão como um mal necessário, como se não tivesse alternativa. E ai está um fato que não consigo entender. Como assim alguém como ela não tinha decisão? Poderia ter ficado com o filho ao menos até que ele estivesse um pouco mais velho. Mas, largar um garoto de pouco mais de oito anos sozinho em uma cidade estranha por falta de “opção” ainda soa como egoísmo. Afinal, quando você tem um filho é porque está disposto a abrir de algumas coisas em favor favor dele. É ou não é?

E apesar de considerar tudo muito bem, de não reclamar abertamente, vejo que essa parte da vida de Fred o magoou. Noto em cada gesto. No modo como fala com a mãe. Como a desafia. Como se mostra auto suficiente. Eu o amo. Eu sinto. Eu sei. Frederic precisa de carinho. De apoio. De segurança. De proximidade... assim como eu. Ter alguém com quem contar. Alguém em quem se apoiar. Em quem confiar. E só então descubro o que realmente nos uniu. Sou mais parecida com ele do que imaginei. Pelo menos nesse aspecto sou.

Estava buscando no lugar errado, me anulando, permitindo que me controlassem apenas porque a segurança que Rich e a família dele passavam era tudo o que eu queria. Mas estava enganada. Estranho foi ter encontrado, por um golpe de sorte chamado Brenda, justo onde não esperava, as respostas para todas as necessidades que me consumiam.

******************

Estávamos diante de casa, nos beijando dentro do carro de Fred depois de conversar sobre o jantar, sobre minha impressão de Madeleine. O banco foi afastado para pudesse me acomodar em suas pernas. Descansei o rosto no ombro firme e ele me apertou um pouco mais enfiando a mão sob o meu vestido, traçando um linha de calor por onde passava.

— Eu te amo... - falei baixinho quase sem conseguir respirar.

— Também amo você Beth...

— E ai de você se arrumar outras namoradas quando for para a universidade.

Ele riu alto jogando a cabeça para trás.

— Sabia que você estava com ciúmes.

Mordisquei a pele alva do pescoço perfumado e senti o corpo dele estremecer.

— Mas... não vou negar que a ideia de você me trocar por um idiota qualquer me apavora...

Afastei o rosto do pescoço dele.

— Por que eu faria isso? Quem mais vai me provocar? Quem mais vai me tirar da minha zona de conforto? Quem mais vai ser tão romântico quanto você quando me chama de Beth?

Afaguei os cabelos desalinhados enquanto Fred me olhava diretamente nos olhos. Lentamente ele se aproximou, passou os lábios sobre os meus. A mão apoiou minha cabeça me segurando naquela posição. Colada a boca dele. Senti a respiração ofegante bafejar minha bochecha enquanto as ondas de calor se espalhavam pelos meus poros, pelos braços, pelas pernas...

— Lembra quando você disse que eu tinha uma queda por você?

— Lembro... - sussurrei.

— Pois tinha razão...

Foi minha vez de rir.

— Sabia. - respondi enroscando os dedos nos fios soltos da nuca dele.

Suspirei.

— E você sabia que eu me incomodava mais quando me ignorava do que quando me chamava de Beth?

— Sabia... você sempre dava um jeito de falar alguma coisa que me obrigasse a retrucar...

Ele percebeu. Por que não perceberia? Eu era tão estúpida! Era tão clara!

— E você continuava me ignorando... - retruquei.

— Pra provocar...

Estávamos ainda na mesma posição. Olho no olho. Narizes encostados. Lábios se roçando.

— Ainda bem que o Rich e a Brenda se descobriram... - ele falou de repente. - Se não fosse isso, você nunca teria me beijado... nem nada disso estaria acontecendo.

Me aconcheguei um pouco mais no corpo dele.

— Preciso lembrar de agradecer a ela...

Concluí antes de capturar e sugar o lábio inferior dele.


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Notas finais do capítulo

Obrigada pelos reviews, Juliana, Luzilene, Miss, Louis, Karolayne, rosas, Doida. Adoro a presença de vcs. adoro as contribuições. BJOOOOOOOOOO

E aí? E agora? O que pode acontecer?
Na verdade muitas coisas não é?
BJO e até o próximo!!!!