Twenty Two escrita por SBFernanda


Capítulo 1
Twenty Two


Notas iniciais do capítulo

Oi, oi, gente!

Como vão vocês?

Eu mal terminei minha shortfic e já estou aqui postando uma One para vocês, não é mesmo? Essa é muito especial, pois é um desafio do dia dos namorados da página Fanfics NaruHina. A intensão, claro, é trazer muitas fanfics desse nosso casal amado, então, fiquem de olho na página para saber mais. E escreva também! ♥

A música escolhida é 22, da Taylor Swift (https://youtu.be/SIoOe5Qbbu0), mas vocês irão observar que ela não está na ordem "certa", porque coloquei apenas as partes que se encaixavam nos lugares determinados, ok?

No mais, é isso, espero que gostem. Adorei escrever! ♥



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Twenty Two

Escrita por SBFernanda

 

O dia 14 de fevereiro era conhecido em quase todo o mundo como o grande e esperado dia de São Valentin, ou, popularmente conhecido, Dia dos Namorados. Era uma data cheia de flores, chocolates e beijos. Bem, isso, claro, se você tinha um namorado.

Se o seu caso não fosse esse, então esse era o temido dia em que ficaria em casa, assistindo comédia romântica e comendo chocolate. Bem, era um dia de chocolates, afinal. E esse era justamente o caso de três amigas.

Aquele ano, porém, elas haviam decidido fazer diferente. Estavam tão cansadas de odiar o dia dos namorados, que decidiram (em maioria) fazer diferente.

A ideia partiu de Ino, que estava ansiosa para dançar e não passar mais um dia de São Valentin com as amigas, dentro de casa. Elas andavam sempre tão cheias de afazeres, como faculdade e trabalho, que mal tinham tempo de se divertir. Se recusava também em passar mais um ano tendo pena de si mesma. Estar solteira não era doença, não havia por que tanta pena.

Sakura, uma de suas amigas, concordou assim que ela lhe contou seu plano. Mas o grande problema era Hinata. A amiga era muito tímida e, mais do que isso, responsável. O dia seguinte era de trabalho e aula e isso significaria estar sem dormir. Valeria a pena?, era o que perguntava às amigas.

Sem dúvidas elas acreditavam que sim. Uma noite com as amigas, se divertindo em uma festa feita para pessoas como elas, que não tinham um encontro naquele dia.

Apesar de muito resistir e relutar, Hinata acabou concordando. Isso porque, era impossível dizer não à Ino Yamanaka.

As três se reuniram no apartamento de Ino para se arrumarem. Moravam no mesmo prédio, e foi assim que se tornaram amigas, pois nem mesmo faziam o mesmo curso na faculdade. Enquanto Ino seguia a carreira da moda, Sakura estudava enfermagem, ambicionando a medicina no futuro. Quanto à tímida Hinata, ela seguia realizando o seu sonho de estudar artes plásticas, mas trabalhando com algo tão maçante quanto em um escritório de advogados. A tímida Hinata era uma ótima e impecável secretária.

Ino havia escolhido roupa para todas elas, não deixando que nenhuma delas com seus pudores estragassem aquela que deveria ser a noite mais divertida de suas vidas, segundo a loira.

— Eu não vou usar isso! — rebateu Hinata assim que ergueu o vestido escolhido. Era um vestido preto muito bonito. Mas era tão curto quanto sua beleza.

— Você tem pernas lindas e deveria mostrar um pouco mais delas. Não acha, Sakura?

Antes que a Haruno tivesse chance de responder, Hinata jogou o vestido em cima da cama.

— Eu não vou conseguir nem me mexer achando que tudo meu vai ficar de fora. Ino, esse vestido ficaria bom em você ou na Sakura, mas em mim pode ficar um pouco demais.

E apesar de Ino ser a especialista em moda, Hinata estava certa. A Yamanaka tinha que admitir que não pensara no fato de Hinata ter mais corpo do que ela ou mesmo Sakura. Aquele vestido deixaria a amiga vulgar e não era isso que pretendia.

 

"It feels like a perfect night to dress up like hipsters"

(Parece uma noite perfeita para nos vestirmos como hipsters)

 

— Eu tive uma ideia. — Um sorriso apareceu nos lábios da loira. Ela estava apenas de calcinha e sutiã, pronta para se vestir. As amigas ainda usavam suas roupas e temiam o que viria a seguir. — Hoje nós iremos experimentar a moda hipster, mas do jeito Ino Yamanaka. Poderei até mesmo fotografar para o meu portifólio.

— Resumindo, seremos o seu experimento, não é mesmo? — Sakura revirou os olhos. Apesar de sempre reclamar e implicar com a amiga, no fundo adorava aqueles experimentos.

— Ótimo resumo. Por isso mesmo irei começar por você! — Dizendo aquilo, Ino no closet e começou a procurar a roupa “perfeita” para aquele momento. Quando voltou,  trazia peças de roupas pretas. Um cropped com cruzes vazadas, uma jaqueta jeans e uma saia com a barra também com flores vazadas. — Veste e se quiser pode usar com salto ou com essa sua botinha tênis, deve ficar legal. Ah! Faz cachos no cabelo! — Sem esperar por qualquer resposta, jogou as roupas em cima da amiga.

— Ah, claro. Por que eu iria reclamar de ser um cropped com desenhos vazados? — Sakura comentou irônica.

— Quer um sutiã preto? Eu tenho.

— Vou lá em casa pegar, obrigada. — E parecendo mais emburrada do que feliz, Sakura saiu.

— Sua vez, Hinata! — Comemorou a Yamanaka.

­— Por favor, nada vazado — implorou a Hyuuga, arrancando uma risada da amiga.

Ino se dirigiu ao closet sem responder com uma afirmativa, mas também não demorou muito a voltar.

— Você será a minha hipster romântica — explicou enquanto colocava as roupas em cima da cama para que Hinata apreciasse. — Você tem mais peito, então escolhi esse cropped preto florido, lindo, que fica gigante em mim. — Ino piscou, indicando que tinha comprado aquilo pensando na amiga. — E como seu quadril não é largo, essa saia levemente plissada vai ficar linda em você. Pode usar uma botinha pra completar. E, ah! ­— Ela correu até a penteadeira, pegando uma flor salmão, da cor da saia, para Hinata. — Para o cabelo. Diz que gostou...?

Por mais estranho que aquilo pudesse parecer, levando em conta que Hinata ficaria com os seios muito mais aparentes com aquela roupa, ela havia gostado sim. Ino acertara, como sempre. Como resposta, deu um grande e agradecido sorriso à amiga.

O estilo hipster era um pouco de cor, de combinações um pouco diferentes, mas modernas. Não era como o hippie de antigamente. Se alguém queria misturar flores com o estilo roqueira, como fizera com Sakura, por que não? Ou mesmo o romântico e o ousado, como fizera com Hinata? Ela mesma estaria misturando o rock, com seu short de couro preto, e o country, com sua blusa de quadriculada vermelha.

 

"And make fun of our exes"

(E fazer piadas dos nossos ex-namorados)

 

Após todas se vestirem e enquanto esperavam Sakura terminar de cachear o cabelo, as meninas não resistiram em fazer o seu ritual sagrado de stalkear seus ex-namorados. Havia sempre um motivo de risada enquanto faziam isso. E quanto não havia, uma das meninas inventava, afinal de contas, era isso o que uma amiga fazia.

 

"We're happy, free, confused and lonely at the same time

It's miserable and magical"

(Estamos felizes, livres, confusas e solitárias ao mesmo tempo.

É horrível e mágico)

 

Em qualquer outro ano, aquilo seria apenas mais um ritual que elas faziam no dia dos namorados, um que poderia até mesmo causar dor, mas não naquele ano. De certa forma, saber que não estariam em casa, sonhando com uma vida que não lhes era possível e, mais ainda, um amor que só aconteceria no cinema, dava-lhes certa liberdade.

Pela primeira vez, em algum tempo, elas estavam felizes com o que sentiam, ainda que não fosse um único sentimento definido. Quem, na verdade, possuía um único sentimento, afinal?

 

"Tonight's the night when we forget about the deadlines

I don't know about you, but I'm feeling 22"

(Essa noite é a noite que vamos esquecer os prazos.

Eu não sei você, mas  estou me sentindo com 22 anos)

 

O outro ponto tão importante daquela noite era para Hinata. Sempre preocupada com seu trabalho e com a faculdade. Sempre tão focada em ser perfeita no que fazia, afinal, aquela era a forma como foi criada. Naquela noite ela estava se permitindo viver o que todas as meninas da sua idade viviam, o que todas se permitiam viver em algum momento.

Como uma das muitas escolhas de Ino naquela noite, elas iriam para um clube muito conhecido da cidade. Normalmente, as festas dadas lá eram disponíveis apenas para quem tivesse convites, porém, desta vez, estava aberto para qualquer um que comprasse os ingressos. E, mais uma vez, já prevenida, Ino comprara muito antes de comunicar a ideia às amigas.

 

"It seems like one of those nights

This place is too crowded

Too many cool kids"

(Essa parece uma daquelas noites

O lugar está tão cheio

Tanta gente legal)

 

Havia uma pequena fila do lado de fora. Porém, as pessoas não ficavam muito tempo ali. Tudo andava muito bem e em pouco tempo estavam dentro do local. A música tocava alto e era em um ritmo contagiante. O local estava realmente cheio de pessoas, todas animadas. O mais interessante é que, pela aparência, havia todas as idades naquele lugar.

Ino soltou uma exclamação de alegria, pegando as amigas pelas mãos antes de puxá-las para a pista de dança. De início Hinata se sentiu envergonhada de dançar em um lugar tão cheio de pessoas que nem mesmo conhecia, mas foi justamente este pensamento que a ajudou a se soltar. Se ninguém a conhecia, o que importava? Provavelmente nunca veria ninguém mais, ou melhor, ninguém se reconheceria.

Conforme as músicas tocavam, elas dançavam e conversavam. A primeira a se afastar foi Ino, que afirmou que o dia dos namorados era feito para beijar, mesmo que fosse uma boca alheia. Ela começou a dançar com um rapaz que a convidara e não mais voltara.

Hinata e Sakura decidiram fazer uma pausa quando sentiram a garganta seca. Acenaram para Ino, indicando o bar. Elas tinham um acordo que nunca deixariam a outra preocupada e sempre avisariam quando saíssem de algum lugar para evitar qualquer problema.

Ao chegarem ao bar, que estava cheio, mas não tão lotado quanto a pista de dança, procuraram um espaço e esperaram serem atendidas por um dos garçons.

— O que posso fazer pelas senhoritas? — Ele tinha sotaque.

— Queremos um refrigerante — disse Hinata. Sakura lhe socou as costelas. — Bem, eu quero. Uma soda.

Sakura fez outro pedido, algo com álcool. Hinata queria aproveitar a noite, mas nunca fora de beber, não seria apenas porque muitos da sua idade faziam que ela também. Qual foi a sua surpresa quando, ao receber seu refrigerante, o garçom tinha colocado em um copo bonito e com um limão.  Recebeu uma piscada de olho dele e não pôde evitar corar.

Assim que se viraram para deixar espaço no lugar, um rapaz se aproximou de Sakura, lhe tocando o cotovelo para lhe chamar a atenção. No mesmo instante, alarmada, a Haruno se virou.

— Isso é estranho... — A voz dele era baixa, mas não o suficiente para deixar de ser ouvido, mesmo com o som alto. — Meus amigos apostaram comigo que eu não lhe convidaria para dançar. Será que você poderia me ajudar a não deixar esses idiotas rirem mais de mim?

Aquilo parecia conversa fiada. Sakura sabia disso tanto quanto Hinata. Mas o olhar entediado do rapaz mostrava algo completamente oposto. Ela ia negar. Dançar por conta de uma aposta? Mas Hinata a empurrou levemente, confirmando com a cabeça.

— Eu estou com minha amiga... — ela começou, tentando arrumar uma desculpa.

— Ah, eu estou cansada. Pode ir, Sakura. — Hinata se sentou no primeiro banco que viu livre no bar e sorriu para a amiga. Como resposta, recebeu um olhar que lhe mataria, se tivesse esse poder.

— Mais soda? — O garçom do bar com sotaque perguntou, lhe fazendo pular de susto. — Ou talvez algo para comer?

— Aqui tem alguma coisa para comer? — Ela não tinha visto ninguém, mas estava com fome, não podia negar.

­­— Não, não aqui, mas conheço um lugar que sim. Meu turno acaba daqui a vinte minutos, você não gostaria de comer?

— Mas eu nem te conheço... — O rosto de Hinata ticou quente. Ela estava corando, tinha certeza disso.

— Então daqui a vinte minutos eu te encontro aqui para dançarmos e nos conhecermos. — Dizendo aquilo, o garçom lhe entregou mais um bonito copo com soda. — E esse é por conta da casa.

Quando ele se afastou, Hinata virou de costas para o bar, mas permaneceu sentada. Estava com um sorriso idiota nos lábios e sentia o seu coração acelerar. Em outras ocasiões isso significaria que ela estava se apaixonando, e, por mais lindo que fosse o garçom, aquilo não era possível sem nem o conhecer.

Ele flertara. E ela não recuou, apesar de não devolver o flerte. Ela aceitou. Aceitou também a bebida grátis. Será que teria alguma coisa ali? Algo lhe dizia que não e ela costumava confiar em seus instintos.

Exatamente vinte minutos depois, o garçom loiro com sotaque parou à sua frente. Ele estava com a camisa preta que estivera vestindo antes, assim como a calça social, mas seu cabelo estava agora bagunçado e ele tinha um cheiro muito bom de perfume. Provavelmente ele tinha um armário ali com suas coisas, para poder se arrumar quando saísse do trabalho.

 

"Everything will be alright if you keep me next to you

You don't know about me, but I bet you want to

Everything will be alright if we just keep dancing like we're 22"

(Tudo vai ficar bem se você ficar ao meu lado
              Você não me conhece, mas aposto que quer

Tudo vai ficar bem se continuarmos dançando como se tivéssemos 22 anos)

 

Ao ver a mão do rapaz estendida, Hinata ficou sem saber o que fazer. Ela era sempre muito cautelosa, sempre preferia saber com quem estava lidando. É claro que ela vivia e se divertia, mas sempre com pessoas que conhecia. Aquela era uma experiência nova. Foi pensando nisso que aceitou a mão estendida e se levantou, deixando o copo vazio sobre o balcão do bar.

— Muito prazer, sou Naruto Uzumaki. — A voz de Naruto era levemente grave, nada que fosse um exagero. Ele também não parecia muito mais velho que ela.

— Hinata Hyuuga. Não acha um pouco formal demais falarmos nossos sobrenomes?

— Ah, sim. Mas assim posso te procurar pelas redes sociais depois de hoje. Nome, sobrenome e rosto. Não tem erro, a não ser que esteja mentindo pra mim.

— Não estou! — ela se apressou em dizer, corando por conta daquilo.

— Está me devendo uma dança, pelo menos, Hinata Hyuuga. Afinal, se quero lhe levar para comer alguma coisa, preciso te conhecer um pouco.

Ela confirmou com um aceno de cabeça e um sorriso sem graça. De mãos dadas ainda, pois ele não a tinha soltado, Naruto a conduziu para a pista de dança. Hinata pegou o olhar de Ino sobre si, assim como o um sorriso.

— Aliás, gostei da sua roupa. Que estilo seria esse? — Naruto perguntou, se inclinando na direção de Hinata por conta da música alta.

— Hipster romântica. — Ela riu. — Minha amiga faz moda e ela criou as combinações de hoje.

— Ela acertou. Algo me diz que é o seu estilo. Além do mais, você está linda! — As palavras foram ditas, como antes, perto de seu ouvido, mas desta vez conseguiram fazer com que ela se arrepiasse.

Hinata agradeceu, abrindo um pequeno sorriso tímido. Eles dançaram a música agitada por alguns momentos em silêncio. Ela o observou de forma discreta, percebendo que apesar de ser bem alto, Naruto dançava muito bem, não era nada desengonçado.

Ele também a observou, mas sem disfarçar tão bem. Hinata tinha uma graça em seu jeito tímido. Ele a tinha visto dançar antes com as amigas, muito mais solta e parecendo estar se divertindo. Será que a sua presença a deixava tímida? Esperava conseguir mudar aquilo. De uma forma estranha, aquela menina de longos cabelos azulados lhe chamara a atenção de longe e seu instinto dizia que deveria conhecê-la.

— Por que têm sotaque? — ela perguntou de repente, sem conseguir se conter. Naruto, não ouvindo direito, se inclinou. — Você tem sotaque. Não é daqui?

— Nasci e fui criado em Londres. Meu padrinho é daqui, assim como meus avós. Estou estudando aqui e morando com ele.

— Oh! Você é britânico! — Hinata sussurrou, mas como ele estava muito próximo, conseguiu ouvir.

Hinata sabia que aquele sotaque lhe era conhecido. Isso porque era o sotaque que lhe fazia perder os sentidos quando assistia a algum filme. Olhando para Naruto, ele poderia ser o protagonista de qualquer um dos seus filmes preferidos. Ela suspiraria por ele, sem dúvidas.

— Acredito que você tenha nascido aqui. — A voz dele a despertou dos pensamentos e Hinata afirmou com a cabeça em resposta. — Faz faculdade de alguma coisa? Ou trabalha?

— Ambos. Trabalho chato, mas faço faculdade de artes plásticas, uma paixão antiga.

— Uau! Acho que sei onde podemos ir depois de comer... Se você realmente aceitar.

— Por que está fazendo tantos planos para essa noite comigo?

— Porque não sei se vai me dar outra chance depois dela. — Ele parecia sincero, mas por que dizia aquilo? Hinata queria perguntar, queria até mesmo desconfiar de algo ruim, mas não conseguia.

— Nenhuma pista? — ela perguntou e recebeu apenas um grande sorriso como resposta. — Você estuda?

— Sim. Gastronomia. Meu emprego é vagamente perto do meu sonho, não é mesmo? — Hinata sorriu, não porque achasse que ele merecia esse “deboche” que fazia consigo, mas porque não achava nada demais alguém trabalhar de garçom, como ele fizera parecer ser.

— Um emprego que a minha amiga ali — Ela apontou para Ino ao falar — Ia adorar ter. Festa sempre, conhecer pessoas novas sempre.

— E raramente ter a sorte de terminar o turno para dançar com ela, não é mesmo? — Sorte. A palavra dançou na mente de Hinata enquanto eles dançavam sem perceber qual música. — Então, o que acha de comermos? Não é longe daqui e você pode avisar suas amigas para caso demorar a voltar, elas saberem onde procurar e quem.

— É isso mesmo o que vou fazer. — Ela concordou sair com um completo estranho. Quem era ela?

— Te encontro no bar. — Naruto pegou sua mão e lhe deu um beijo ali. Ele tinha vontade de beijar os lábios que estavam pintados com um batom rosa, e que o provocava a cada vez que se mexiam.

 

"It seems like one of those nights

We ditch the whole scene and end up dreaming

Instead of sleeping"

(Essa parece uma daquelas noites

Nós abandonamos toda aquela cena e acabamos sonhando

Ao invés de dormirmos)

 

Hinata se aproximou de Ino e explicou a situação. A amiga ficou alarmada e olhou para Naruto com desconfiança. Procuraram Sakura e a encontraram beijando o rapaz com quem fora dançar. Após dizer para Hinata ficar com o celular pronto para qualquer pedido de socorro e para não ir em nenhum lugar privado sozinha com ele, Hinata conseguiu caminhar até o loiro.

— Sua amiga acha que vou te sequestrar ou o quê? — Ele perguntou apenas quando os dois estavam já do lado de fora.

— Sequestrar, estuprar, matar, roubar, seduzir. Qualquer uma dessas coisas Ino considera muito pesada para mim. — Hinata riu, mesmo sabendo que ela criara essa aparência frágil com a sua timidez.

— Sei que minha palavra não vale muito, mas não farei nada disso. Talvez tentar te seduzir? — Hinata o olhou, os olhos arregalados e o rosto corado. — Ou talvez eu tente isso outro dia, quando a gente já tiver se conhecido.

Hinata tinha estado muito sem graça para dizer qualquer coisa e agora caminhava com a cabeça baixa ao lado do loiro.

— Desculpe, não quis lhe deixar constrangida. Nossa, eu sou um fiasco. Meus amigos fazem isso e arrancam risadas das meninas. Me desculpe, Hinata. — Agora ele estava adorável. Coçava a nuca, mostrando o seu nervosismo.

— Ino e Sakura costumam dizer que minha timidez afasta as pessoas. Acredito que elas tenham razão. Não se preocupe.

— Você fica mais bonita corada. — E como em um passe de mágicas, ela corou ainda mais. Naruto riu. — Viu? Mas vou parar antes que pense que sou um pervertido. Ah! Por falar nisso, fique perto de mim. O dono do lugar é um verdadeiro pervertido, mas é gente boa.

Eles estavam parados na frente de um belo e aconchegante restaurante. Era um lugar muito bonito e muito elegante também. Tinha ido ali algumas vezes com seu pai, mas sempre tinha que ter reserva. Será que Naruto tinha reservado alguma coisa com a intenção de levar uma garota? Era possível, afinal, era dia dos namorados.

— Naruto! — Uma menina ruiva, que aparentemente cuidava da recepção, o saudou. — O que faz aqu... — A fala dela morreu assim que viu Hinata. — Boa noite, senhorita. ­— E, de repente, o ar profissional apareceu em sua fala.

— Karin, esta é Hinata. Hinata, esta é minha prima Karin, ela trabalha aqui na recepção. – As moças trocaram um aceno. Karin surpresa, Hinata envergonhada. — Alguma mesa livre, Karin? Ou algum arranjo? Estamos morrendo de fome!

— Talvez um arranjo. Você espera dois minutinhos?

— Com prazer. — Ele pegou a mão de Hinata e a conduziu até o bar do local, onde algumas pessoas aguardavam uma mesa. Apenas a Hyuuga notou o olhar surpreso de Karin.

— Pode me explicar o que fazemos aqui?

— Viemos comer. Não existe lugar melhor!

— Eu sei! Mas é muito difícil conseguir reserva, mesmo que sua prima trabalhe aqui. Olha quantas pessoas esperando! — Hinata fala muito baixo. Por mais que ela tivesse acabado de conhecer Naruto, sentia que podia falar com ele daquela forma.

— Ah, é que o meu padrinho é o dono do lugar. — O pervertido. Claro, só assim para ele saber como o dono era. — Ei, Hinata?

— Isso é... Hm... E porque não trabalha aqui com ele? Acredito que poderia estar trabalhando até na cozinha.

— Sim. Ele me ofereceu. — O rapaz deu de ombros, abrindo um sorriso sem graça. — É idiota eu querer fazer algo diferente da família? Bem, não diferente, mas querer crescer por meus méritos e não os deles? Seria muito fácil começar já dentro da cozinha, apenas porque já conheço o dono.

 

"It feels like a perfect night

For breakfast at midnight

To fall in love with strangers"

(Essa parece uma noite perfeita

Para um café da manhã à meia noite

Para se apaixonar por estranhos)

 

Naquele momento, Hinata o admirou. Naruto falou tudo aquilo com simplicidade, até mesmo certa vergonha. Mas fora tão sincero em suas palavras e sentimentos que o admirou. Ela estava sorrindo sem perceber enquanto o olhava. Apenas ao receber um grande sorriso de volta foi que caiu em si.

— Naruto! — A voz de um homem mais velho e de cabelos brancos cortou o silêncio, chamando a atenção de todos. — Ora, ora, o que temos aqui? Quem é essa belezinha!

— Pode abaixando a bola e desviando o olhar, velho tarado. — Naruto se levantou, ficando parcialmente na frente de Hinata. — Esta é Hinata, uma amiga. Estamos com fome, tem como ajudar não?

— Amiga? — ele perguntou e os dois confirmaram, apesar de terem acabado de se conhecer para receberem esse título. — Se fosse minha amiga, hoje já seria outra coisa.

O comentário fez tanto Hinata quanto Naruto corar. Ao perceber isso Jiraya, o velho tarado, caiu na gargalhada. Seu jeito escandaloso era o oposto do que o lugar indicava, e por isso poucos sabiam ser ele o dono do lugar.

— Venham. Tenho um lugar especial pra vocês.

Uma mesa havia sido posta na sacada do local, no andar superior. Naruto sabia que ali não costumava ter aquela mesa. Agradeceu ao padrinho em voz baixa enquanto Hinata apreciava a vista da cidade dali.

— Então, o que vai ser? — Os dois haviam se sentado quando Jiraya perguntou. Hinata ficou surpresa por ele estar os atendendo.

— Me permite? — Naruto perguntou, recendo um aceno de confirmação. — Um café da manhã completo.

— Moleque, sabe que horas são? — O mais velho conferiu o horário. ­— Meia noite!

— E por que não? O que acha, Hinata?

— Adoro café da manhã! — E era como se ele tivesse adivinhado que era a única refeição do dia que nunca abria mão.

— Café da manhã à meia noite! — Jiraya se afastou resmungando. — Dois estranhos!

Enquanto esperavam seu café da manhã completo, os dois descobriram ter a mesma idade e estudar na mesma universidade, porém, em horários diferentes. Era coincidência demais!

Em meio a conversa, Hinata respondeu a uma mensagem de texto de Ino dizendo que estava bem e dizendo onde estavam. Naruto fez um comentário que arrancou uma risada da Hyuuga e logo em seguida o café da manhã chegou, enchendo a mesa.

Para a surpresa de Naruto, a mulher a sua frente, apesar de magra, comia tanto quanto ele. Isso o deixou ainda mais encantado, se é que era possível. Hinata não fizera cerimônia ao ser convidada a se servir. Comer também parece ter feito ela se soltar mais, comentando as coisas que mais gostava no café da manhã e que aquele deveria ser o melhor em muitos anos.

Ao final, Naruto conseguiu que ela lhe desse o seu número de telefone. Aproveitou para tirar uma foto dela tomando um copo de suco de laranja enquanto olhava a cidade. A Hyuuga apenas se virou quando ouviu o som da câmera. O rosto já corado e uma risada nervosa lhe escapando.

— Mostro se prometer que não vai tentar apagar. Ficou uma linda foto, modéstia parte — ele disse quando ela pediu para ver. Após a promessa, estendeu o telefone para ela. Sim, a foto tinha ficado muito boa. — Será a sua foto de contato pra mim. Quem sabe um dia consigo fazer você me ligar e ela aparece assim na minha tela?

Após isso, Hinata se sentiu livre para fazer o mesmo. Mas Naruto olhava para a câmera na hora da foto e dava um sorriso tão lindo que ela sentiu seu coração acelerar. Aquilo era normal? Esperava que sim.

Quando finalmente terminaram de comer, Naruto a pegou pela mão mais uma vez e eles seguiram em direção à saída.

— Não vamos pagar?

— Eu sempre pago de outra forma aqui. — Ele comentou. Apesar de não trabalhar para Jiraya, Naruto fazia alguns serviços no local de vez em quando. Era a sua forma de pagamento.

Enquanto eles saíam, Naruto comentava sobre isso. Após o rapaz contar onde iriam, Hinata mandou mais uma mensagem para Ino.

— Eu não acredito que você também conhece o Deidara. Quão influente é?

— Apenas o suficiente para impressionar uma garota bonita e inteligente como você, eu espero. — Era uma brincadeira, mas no fundo ele esperava mesmo que ela ficasse impressionada.

Deidara era um jovem artista plástico que Hinata admirava. O rapaz ficara conhecido há pouco tempo e tivera suas obras expostas no museu da cidade há pouco tempo. Hinata sabia que ele tinha esquizofrenia e que suas obras eram sobre as coisas que via. Ele trazia o seu mundo particular ao público por meio da arte. Isso maravilhava a Hyuuga, que queria muito conhecer mais do trabalho do artista.

Como Naruto o conhecia? Por mero acaso. Em um dos seus pagamentos a Jiraya, enquanto estava no bar do restaurante, Deidara sofreu um ataque e ele ajudou. Desde então eles tinham mantido contato. Naquela noite, após confirmar que Hinata iria sair para comer com ele, pediu ao artista para mostrar a galeria particular para a moça. Aceito o pedido, agora eles se encaminhavam para o local.

— Ele não está dormindo? Já é tarde.

— Ele dorme durante o dia. Só consegue criar durante a noite — explicou enquanto estavam em um táxi para a casa do artista.

Poderia ser arriscado. Mas havia alguma coisa naquele dia, ou melhor, naquela noite em especial. Era como se a magia do dia dos namorados estivesse no ar, não permitindo que coisas ruins e sentimentos ruins estragassem esse dia. Há muito Hinata não pensava assim.

E ela ficou feliz de se arriscar. Pôde contemplar obras maravilhosas quando chegou lá. Deidara também era uma pessoa bem humorada e disposta a explicar cada detalhe. Naruto, ao contrário do que seria normal, não parecia entediado ali. Os pensamentos do Uzumaki estavam todos em Hinata. Por que se encantara tão rápido por aquela moça? Como acontecera e justamente naquele dia? Ele não tinha aquelas respostas.

Ino ligou dizendo que ela estava indo para casa e que Sakura já havia ido também. Ao que parecia, Ino estava acompanhada. Hinata garantiu que também estava indo e que enviava mensagem ao chegar, mesmo sabendo que a amiga não veria.

Aquela foi a deixa para eles se despedirem de Deidara e seguirem ao endereço de Hinata de táxi. Naruto ficou empolgado em imaginar que conheceria o local que era morava. Mas qual foi sua surpresa quando ela pediu que eles se sentassem na pequena praça que havia em frente ao prédio.

 

“It feels like one of those nights

We won't be sleeping”

(Essa parece uma daquelas noites

Nós não vamos dormir)

 

— Será que podíamos conversar aqui?

— Claro.

Os dois se sentaram lado a lado em um banco de madeira, mas ninguém falou durante algum tempo.

— Por que me chamou para sair?

— Sinceramente? Eu não sei. Quando eu te vi dançando com suas amigas, algo em mim foi mais forte. Aí quando apareceu no bar eu só queria lhe convidar pra sair. Sua amiga me intimidou na primeira vez, mas...

— Pretendia alguma coisa?

— Te conhecer. Hinata, eu juro, por Kami-sama, eu não tinha nenhuma segunda intenção em lhe chamar. Sei que é dia dos namorados, mas não é porque eu estou solteiro que estou querendo pegar todo mundo. Nossa, não. Você viu a cara da Karin? Eu costumo ser lerdo demais para manter alguma garota interessada — Naruto falava tudo muito rápido, mostrando mais do lado hiperativo que havia comentado em meio a conversa.

— Mas você é muito bonito, isso deve ajudar...

— Ajuda. Ajuda sim. Mas o interesse não dura muito tempo. — Ele coçou a nuca, sorrindo sem graça. — Além do mais, eu trabalho e estudo, o meu tempo é curto.

— Eu entendo. Meu ex-namorado terminou comigo por isso. Mas o meu sonho...

— Impossível abrir mão — ele completou, abrindo um grande sorriso. — Acredita em destino?

— Acha que estamos destinados a ficar juntos?

— Talvez. Mas acho que estávamos destinados a nos conhecermos.

— Para quê?

— Para sermos amigos.

Hinata concordou. Por mais que tivesse que trabalhar no dia seguinte, ela não sentia vontade de ir para casa. O vento frio a mantinha acordada, mas também fez com que se arrepiasse. Notando o estremecer que ela deu ao sentir o vento, Naruto passou o braço ao redor do pequeno corpo e a puxou para perto.

Em um acordo mútuo eles concordaram em ficar ali juntos pelo tempo que sentissem vontade. Hinata comentou até que era a primeira vez que ficaria acordada a noite toda, mesmo tendo compromisso. Naruto, apesar de perseguir seu sonho, confessou que gostava de sair de vez em quando.

Ele pediu então que daquela amizade surgisse um companheirismo: ela sairia com ele de vez em quando, ele se comprometeria em estudar mais e ela em se divertir mais. Não houve resistência por parte da Hyuuga, afinal, era bom curtir da forma como sua idade pedia.

O sol começava a surgir quando os dois levantaram para se despedirem. Apesar de estar acordada a noite inteira, de ter ficado abraçada a um completo estranho que ela não tinha certeza se viria a ser mesmo o seu amigo depois daquele dia, Hinata se sentia mais acordada e feliz do que nunca.

— Hinata! — Naruto a chamou quando ela estava à porta do prédio. Ele correu até lá, segurando as duas mãos dela. Era um toque diferente de antes. Na verdade, os olhos de Naruto brilhavam diferentes. — Andei pensando... Acho que não consigo uma amizade normal com você.

Ela não entendeu. Precisou um minuto para que ele percebesse que o que tinham conversado não seria possível? Fora mais rápido do que ela imaginou.

— Acho que o destino não queria isso. Você sente o mesmo? ­— Os olhos do rapaz foram para as mãos unidas. Ele sentia como se todo o seu corpo acordasse naquele toque.

Paixão era o nome. Ele não podia dizer que era amor, aquilo seria loucura. Mas era atração. E ele seria um tolo se a negasse.

E ela sentia o mesmo. Ele via em seus olhos. Olhos perolados que brilhavam quando encontravam os dele. Aquilo foi o que ele precisou antes de se aproximar. Os lábios se tocaram levemente.

Como ele esperou por aquilo a noite toda! Lábios macios, como imaginou. Lábios pequenos que se encaixavam nos seus, como imaginou. Lábios viciantes, como teve certeza que seriam. A abraçou pela cintura, sentindo o quanto ela também o queria.

Se aquele não era o espírito dos dias dos namorados, qual era então? Nenhum dos dois saberia dizer. Não sabiam se a história deles iria muito além, mas torciam para serem abençoados pelo tal São Valentim.

 

“I gotta have you”

(Tenho que ter você)


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Notas finais do capítulo

Olá! O que acharam?

Eu nunca consigo criar uma história rasa, apenas para o romance. Tive que criar toda a história por trás da história, eu sei.
Sei que não comentei das outras meninas e talvez devesse, mas não da pra perder o foco NaruHina, não é mesmo?
Espero que tenham gostado. E se não gostaram, me digam o que poderia ter sido melhor!

Beijinhos! ♥



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