Cafeína escrita por Queen of the lab


Capítulo 1
Cafeína


Notas iniciais do capítulo

Eu fiz esse singelo texto para um concurso de redação, porém, nunca receberam o texto então eu não participei do concurso e fiquei muito chateada, mas como eu estava confiante de que ganharia achei injusto manter essas palavras escondidas.Boa leitura.



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A xicara de café esfriava na mesa, alguma música com melodia triste preenchia o pequeno apartamento, se misturando com a atmosfera fria e melancólica. Ela encarava o celular com uma esperança ingênua de quem sabia que não encontraria nada do que esperava, mas se recusava a acreditar nisso. O café estava amargo e desceu desconfortavelmente pela garganta mas, pelo menos, ela sentiu seu sabor. Como queria sentir os sabores do mundo, mas, por algum motivo desconhecido, algo a privava disso, negando o sabor daquele beijo que a garota nunca deu e também nunca daria.

  A vida parecia estar em letargia, porém, nunca parava. A cafeína impulsionou os batimentos cardíacos e a fazia despertar da inércia e contra todas as leis físicas e sentimentais ela saiu em direção à rotina. O som da cidade a preenchia, as buzinas, propagandas, a fumaça. O transporte público carregava diversas histórias e um coração partido. O dela.

  Uma xícara de café, duas, ela precisava de cafeína para que seu coração batesse tanto quanto precisava de oxigênio, porém, todo o ar saía de seus pulmões fazendo com que seu peito ardesse toda vez que ele vinha em sua cabeça. Como o amor era endeusado, fantasiado, retratado como uma glória da humanidade se era tão contraditório a si mesmo? Camões já dizia sobre como “Amor é fogo que arde sem se ver, é ferida que dói e não se sente”, sobre como é solitário andar por entre a gente. Platão acreditava no amor idealizado, na virtude, na junção das almas acima da junção dos corpos, então, a menina o amava quase platonicamente, pois mesmo não passando de um ato idealizado, ela ainda ansiava pela presença do garoto.

  A noite caiu sorrateiramente, trazendo com ela as luzes coloridas da cidade e o som descontraído da vida noturna que brotava de bar em bar. A ideia de uma bebida era um tanto quanto sedutora, porém o cansaço no corpo e alma a guiaram para o conforto do lar. Ela desejava que cada gota de água do banho lavasse um pouco da vontade de tê-lo por perto.

  A pior hora do dia era aquela quando deitava na cama e todos os seus anseios e sonhos se tornavam vulneráveis. A dor invadiu seu peito, fazendo-a rolar nos lençóis, inquieta, desejando arduamente que o garoto estivesse ao seu lado. A ideia causou-lhe arrepios. A insônia persistiu, carregando junto a ilusão dos dois juntos, acelerando mais os batimentos cardíacos do que qualquer dose de cafeína. Pela casa, estavam espalhados porta retratos, cheios de lembranças, mas ele não estava em nenhuma. Dentre as mensagens não se encontravam suas palavras de amor. A casa não tinha seu perfume e nem sua presença. A garota se sentia vazia, como se já não soubesse nem o próprio nome. Rolou mais uma vez pela bagunça do lençol, as palavras pulsavam em seu peito, pedindo para serem gritadas à escuridão. Ele era seu maior vício. Ela sentou na cama e olhou através da janela, para a noite, pensando no que o rapaz estaria fazendo. Será que um dia ele veria sua súplica? Olharia para ela? A garota apenas desejava que não fosse mais um sussurro jogado ao vento, esquecido.  


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Notas finais do capítulo

Só isso mesmo. Quem sabe eu crie coragem pra postar mais dos meus textos?



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