Ao seu lado escrita por nanacfabreti


Capítulo 24
Encontro


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores do meu coração... que dizer desse capítulo? Apenas que lágrimas rolaram enquanto escrevi-o...espero que gostem!
Beijos enormes!



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Em 19/02/2012 19:46, Denise Maestri escreveu:

 

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Ian,

espero que leia este e-mail com o coração aberto e sem considerar nossos desentendimentos passados.

Hoje, peço que me enxergue como uma mãe desesperada, que ama e que não agüenta ver o sofrimento de sua única filha.

Admito ter sido incompreensiva e mesmo intolerante ao relacionamento de vocês, mas, agi de tal forma,porque já previa a situação que hoje se dá.Eu sabia que esse seria o desfecho, porque sou experiente,e como disse anteriormente, era notável o peso que Lívia estava carregando nesse relacionamento. Ela é apenas uma garota.

Não quero que pense que estou feliz por ver que hoje, as minhas previsões estão se concretizando,porque não estou. Embora ela não esteja deixando transparecer isso a você, Liv está sofrendo, muito.

Ela é uma garota de 17 anos, com a vida toda pela frente,no entanto, desde a sua viagem, ela vive presa dentro desse apartamento, não sai com as amigas, se alimenta minimamente e se culpa por ter vontade de fazer tudo isso, mas quer manter-se fiel a promessas e juras feitas para você.

Ian, eu mesma a ouvi dizer para uma das poucas amigas que restaram a ela, que,  não sabe como vai fazer para dizer a você que  quer seguir outro caminho.

Ela não tem coragem, se culpa, e isso está acabando com minha filha, e eu como mãe amorosa, estou morrendo junto com ela.

Lívia está apagada, isolada e não sei como isso pode ter um final feliz.

Sei que ela planeja uma viagem até Londres, ela quer falar sobre isso pessoalmente com você.

Livia tem medo de sua reação, ela teme que você desista do seu tratamento caso  termine esse namoro.

Então eu pergunto a você:

É justo que ela esteja vivendo dessa forma?

Ela nunca fez uma viagem para o exterior, e sua primeira experiência deve mesmo ser essa?

Hoje mais cedo Livia saiu, estava descontrolada, nervosa, e se não fosse o Leonardo trazê-la de volta para casa, eu nem sei o que poderia ter acontecido.

Ian, eu sei que gosta da minha filha e sei também o quanto ela já gostou de você, mas considere tudo o que estou falando e tome suas próprias decisões.

Conto com sua descrição, já que faço isso por amor a minha filha.

Denise.

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Esse foi o texto que li, assim que abri meu e-mail, no dia do meu aniversário. Tinha ido ao apartamento da minha mãe, queria pegar algumas roupas, mais tarde Ian e eu sairíamos para comemorar.

Meu pai estava me esperando na sala e Denise no trabalho.

Desde o retorno de Ian, eu não sentava na frente de um computador, já que antes eu só fazia isso para ter uma opção de comunicação com ele.Naquele dia alguma coisa me chamou.

Aquele e-mail tinha sido enviado há dias atrás pela Marla, irmã de Ian. Ela pediu desculpas, mas disse que não se sentiria bem se não o fizesse, disse que sabia que seu irmão não teria coragem de me contar a verdade.

Ela ainda fez um breve resumo de como as coisas aconteceram por lá, e garantiu que sua madrasta estava nisso com minha mãe.

Havia em anexo outros e-mails.Preferi não vê-los, para mim aquele já era o bastante, o que eu acabava de saber me causava tanta repulsa que perdi o chão.

Gritei por meu pai, ele tinha que ver do que minha mãe foi capaz.Assim que leu todo aquele conteúdo sórdido, sua perplexidade foi igual ou maior do que a minha.Era difícil acreditar que alguém pudesse fazer algo tão baixo, mesmo minha mãe, que já tinha nos dado mostras do quão insensível podia ser.

Aquilo transcendia todos os seus feitos e, sequer podia ser tratado como maldade, na verdade eu não sabia como classificar o que aquele texto e o que suas intenções significavam.

—Eu não sei o que dizer... –Meu pai abaixou-se perto de mim, atônito.

—Eu só fico pensando em Ian quando leu isso...em como deve ter se sentido. –Comecei a chorar.

Ele me abraçou e eu não conseguia mais raciocinar.Algumas coisas começavam a fazer sentido.

—Ian nunca disse nada a você? –Ele perguntou-me enquanto voltávamos para nossa casa.

—Não...e se eu deveria estar chateada com ele, não estou.Na verdade eu me sinto envergonhada pelo que minha mãe fez.

—Você está certa Liv, Ian podia muito bem ter entregado Denise, mas certamente não quis magoar você.

Respirei fundo, sabia que aquele seria um dia que marcaria minha vida para sempre.

As vezes o universo ou sei lá o que é, parece que conspira ao nosso favor. Ian e minha mãe chegaram a casa do meu pai, praticamente juntos.Primeiro ele, veio trazendo no rosto seu melhor sorriso, sem imaginar o que aquela tarde nos reservava.

—Eu já te dei os parabéns hoje? –Ele me abraçou muito forte.Senti meu coração apertado.

—Você foi o primeiro. –Respondi sem soltá-lo.Havia um nó se formando em minha garganta, e só piorava a medida que as frases escritas por minha mãe invadiam a minha mente.

—Vou dar seu presente mais tarde...em nosso jantar.

—Ian...ter você ao meu lado hoje, ser amada por você, é o melhor presente que pode me dar. –Confessei em seu ouvido, enquanto minha mãe caminhava em minha direção.

Ela parou na entrada da sala e nos olhou sem deixar transparecer o que pensava.

—Será que eu posso dar uma abraço em minha filha? –Ela perguntou meio sem jeito.Em uma das mãos segurava um embrulho prateado.

Ian enrijeceu ao meu lado e agora eu entendia o porquê do seu desconcerto quando Denise estava em cena.

—Vou até o quarto... –Ele preparou-se para nos deixar á sós.

Segurei um de seus braços, começava a sentir meu corpo reagir a presença da minha mãe, e a todo o seu cinismo.

—Fique. –Sussurrei encarando-a, queria prepará-la para o nosso embate. –Quero você aqui, comigo.

Àquela altura eu já sentia meu sangue correndo como a lava de um vulcão.

—Aconteceu alguma coisa? –Ela indagou como se realmente não tivesse com o que se preocupar.

—Como consegue, mãe? –Encarei-a tentando encontrar algum vestígio de humanidade nela.

—Do que está falando, Livia? –Ela deixou o embrulho sobre o aparador e se aproximou de mim.

—Eu fico imaginando como suas maldades não perturbam seu dia a dia, afinal, depois do que fez você sequer demonstrou arrependimento.

—Liv, meu amor... –Ian tocou meu rosto. –O que está acontecendo?

—Espera aí, eu nem preciso pensar muito para me lembrar... Lívia está sofrendo por querer seguir um novo caminho e não sabe como dizer isso a você.Eu, como mãe amorosa estou morrendo junto com ela... –Comecei a citar trechos do seu desabafo.

Seu rosto fechou-se numa mistura de ódio e pavor, enquanto Ian esboçava sua surpresa de outra maneira, ele teve de sentar-se.

—Livia, minha filha... –Ela deu mais um passo em minha direção.

—Não-chega-perto-de-mim! –Gritei. –Nem comece com suas explicações ensaiadas.Eu conheço todas elas.

—Contou a ela? –Dessa vez ela falava com Ian.

—Não, mas acho que deveria ter feito isso. –Ele estava aturdido, e certamente temia que eu o culpasse também.

—Então foi aquela... Vanessa é mesmo muito intrometida, uma pirralha inconseqüente.

"Vanessa?" –Pensei.Essa parte da história eu realmente tinha perdido.

—Então Vanessa já sabia desses e-mails e de todo o resto? –Perguntei perplexa.

—Liv,–Ian se levantou e colocou-se entre minha mãe e eu –sei que deveria ter dito a você toda a verdade, mas, eu não queria piorar as coisas... Foi sua amiga quem descobriu tudo e fez com que sua mãe me avisasse sobre seu acidente.

Nossa!E eu achava que não tinha como aquela história ficar pior...

—Lívia, as coisas fugiram do meu controle...Quando seu pai afirmou que ia até Londres eu não tive outra saída, e dizer que Ian estava em coma foi uma forma da ganhar tempo.

Olhei para ela, depois para Ian.

—Então essa história de coma foi inventada? –Dessa vez fui eu que tive que me sentar.

—Na verdade eu passei muito mal mesmo naqueles dias... acabei sofrendo um desmaio e os médico preferiram me manter internado.Marla avisou meus pais e por isso eles foram para Londres, quando dei por mim, todo o circo já estava armado.

—Meu Deus... –Cobri meu rosto com minhas mãos. –Qual seria o próximo passo?Inventar que Ian tinha morrido?

Denise Arregalou os olhos, sua respiração ficou curta.

—Eu só pensei em você, e faria o que fosse necessário para mantê-la segura! –Ela gritou externando toda sua ira.

Ian e eu nos assustamos, fomos pegos de surpresa.

— Quis tanto protegê-la que por pouco não perdemos nossa filha! –Meu pai acabava de chegar do supermercado, soltou as sacolas no chão e pôs-se a enfrentar Denise. –Esse acidente é mérito seu!

—Ele ensinou Livia a pilotar –Ela apontou para Ian –Esse rapaz é a uma desgraça na vida da nossa filha... Será que estão todos cegos?

Fechei meus olhos, enchi meus pulmões com todo o ar que pude, eu estava perdendo a razão.

— Armou um plano sórdido. Inventou um monte de mentiras, chamou o Leonardo até nossa casa e nesse dia tirou a bateria do meu celular e o escondeu para que Ian não pudesse falar comigo, para que assim, ele acreditasse em tudo o que você estava dizendo... –Coloquei-me em sua frente. –Se alguém me contasse uma história dessas, eu não acreditaria.

—Eu fiz tudo isso por amor...

—Isso não é amor, e se for, eu dispenso. –Afirmei olhando em seus olhos vazios. –O bom que hoje, eu sou oficialmente, ou melhor, perante a lei, dona das minhas próprias escolhas.Eu escolho me afastar de você.

—Liv... –Ela permitiu-se chorar, talvez tenha percebido que eu não blefava.

—Eu vou me arrumar, não quero me atrasar para minha comemoração. –Disse seca, dando as costas a ela e tentando parecer firme.

Minha mãe caiu ao chão e ficou de joelhos em meus pés, a cena me fez lembrar o dia em que eu implorava para que ela me deixasse fazer aquela viagem.

—Tente me entender filha...

—Não faz essa cena...Isso não combina com você. – Caminhei apoiada em Ian, até o meu quarto.

Eu não tinha derramado uma lágrima sequer até então. Até então.

— Fico me perguntando se isso era mesmo necessário...Sua mãe se refere a mim como se eu fosse uma arma química. –Ian acariciava meus cabelos enquanto eu estava com a cabeça em seu colo, aos prantos.

—Ela é o tipo de pessoas sem limites...Foi muito sério o que ela fez. –Soluçava me permitindo sofrer. –O pior foi fazer você acreditar que eu queria ficar com o Leonardo...

—Tenho minha parcela de culpa nisso...Eu sempre achei que ele quisesse ser mais que seu amigo...

Me sentei secando meu rosto com minhas mãos.

—E você estava certo. –Decidi deixar tudo as claras. –Ele realmente confessou que sempre foi apaixonado por mim.

Ian baixou a cabeça e riu ironicamente.

—É...estava na cara.

—E aproveitando a deixa, nós nos beijamos uma vez, no passado.Antes de nós dois começarmos...

—Nossa!Isso eu não imaginava...Você foi apaixonada por ele então? –Ian demonstrou todo seu incomodo com a revelação.

—Não. Nunca.Isso eu só senti por você.

—Trapaceira...Você bate e depois assopra! –Ele me puxou para seu colo.

Fiquei ali, ouvindo as batidas do seu coração e aquilo era meu melhor calmante.Acabamos não saindo porque eu realmente não estava no clima.

Vanessa me ligou no início da noite para me dar os parabéns e, eu contei a ela que já sabia de tudo.No fim, aquela garota que salvou meus dias no colégio, e que me conhecia há tão pouco tempo, acabou por salvar minha vida.Não fosse Vanessa e seu lado justiceiro, as coisas poderiam ter terminado de um outro jeito.

Falei com Julia também naquele dia, ela estava com a Vanessa, as duas se aproximaram e eu fiquei me sentindo melhor sabendo que ela tinha feito uma nova amizade, afinal, estava decidido,eu não voltaria ao colégio.

Depois de uma longa conversa, nós três decidimos, Ian e eu iríamos passar uma temporada em Londres, um ou dois anos.Ele retomaria seu tratamento e eu faria algum curso, essa condição foi feita por meu pai. A irmã de Ian fazia questão de nossa estadia lá, e mesmo sem conhecê-la, tinha certeza de que nos daríamos bem.

Três meses.Foi o tempo para minha alta, finalmente estava caminhando livre, sem aquela bota e pronta para viver minha nova vida.

A temporada de viagens do meu pai tinha começado e, combinamos que ele nos visitaria assim que tivesse uma brecha.

Estávamos seguindo para o aeroporto e a medida que a cidade ia ficando para trás, as lembranças do que vivi nos últimos anos invadiam minha mente como ondas de nostalgia.Algumas nem eram de tanto tempo atrás.

Lembrei-me de Ian antes do nosso envolvimento, das vezes em que nos cruzamos e de como eu nem imaginava que um dia, ele seria a pessoa com quem eu escolheria passar o resto da minha vida.Sorri, mesmo sem querer ao perceber que as vezes, as histórias começam muito antes do que gente se dá conta.

É como aquelas bolinhas da loteria, juntas no mesmo globo, mas existe o momento certo em que duas vão cair juntas e se encontrar.Ian e eu nos encontramos no momento certo.

—Não acredito que elas estão aqui! –Comemorei ao ver Júlia e Vanessa, no saguão do aeroporto.

As duas estavam distraídas, rindo e de mãos dadas.

—Liv!Achamos que não conseguiríamos nos despedir! –Vanessa deu-me um forte abraço.

—Eu não imaginava que viriam... –Abracei a Julia.

Vanessa voltou a se posicionar ao lado de Júlia e suas mãos uniram-se novamente.

—Vou checar se o voo está no horário. –Ian beijou meu rosto e partiu com meu pai.

Encarei as duas ali, o clima de intimidade era claro.

—Vocês...? –Apontei para elas um tanto descrente.

—Ela é uma chata, mas estamos tentando... –Vanessa riu beijando o rosto de Júlia.

Levei minhas mãos à boca, eu mal podia acreditar naquilo.

—Acho que estou me conhecendo de um novo jeito. –Julia encolheu os ombros meio sem graça.

—Eu fico tão feliz por vocês...Isso é perfeito! –Abracei-as simultaneamente. Já dava para ver o bem que Vanessa estava fazendo a Júlia e eu, realmente torcia para que elas dessem certo.

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Assim que a última chamada para o nosso vôo foi anunciada, o aperto em meu peito ficou mais forte.Eu estava seguindo em frente, buscando um novo caminho, mas estava deixando um pedaço meu para trás, e isso nunca é fácil.

Claro que nada se comparava ao que senti da última vez naquele aeroporto, quando me despedi de Ian. Aquilo doeu na alma.Agora eu estaria me despedindo das minhas amigas e dele, meu pai.

Aquele homem era a pessoa mais importante da minha vida, alguém que sempre fez tanto por mim,  que nos meus piores dias esteve lá, sendo meu chão quando caí, sendo meu ar quando eu não podia respirar e secando minhas lágrimas quando isso era tudo o que ele podia fazer.

Eu estava acostumada a vê-lo partir em suas viagens de trabalho, sempre foi assim, mas dessa vez era eu quem estava indo, e de alguma forma estava sendo mais difícil.

—Pai... você é a pessoa mais importante da minha vida... – Falei em seu abraço sem conseguir segurar minhas lágrimas.

—Eu sei, estou no mesmo pacotinho que o bonitão aí. –Ele apontou com a cabeça na direção de Ian. Sua voz denunciava o quanto ele estava emocionado também.

Afastei-me dele e segurei seu rosto.

 –Não pai, você tem seu próprio pacote agora, um bem especial.Só seu. –Abracei-o novamente. –Eu amo você...muito.

—Também te amo filha e, não pense que está livre, em breve estarei visitando vocês. –Ele seguiu para os braços de Ian. –Cuide bem dela, eu estou confiando em você, rapaz.

Ian passou seus braços em torno do meu pescoço.

—Deixa comigo, eu não vou decepcionar o senhor.

Entre abraços, lágrimas e promessas, Ian e eu seguimos então, se continuássemos mais um pouco ali perderíamos o voo. Ainda, quando olhei para todos eles ali, Vanessa, Júlia e meu pai, pude vê-la, em segundo plano, atrás dos três.Minha mãe.

Os braços estavam cruzados e ela chorava. Seria perfeito se eu corresse até ela e se nós duas partilhássemos de um momento de perdão, assim como vemos nos filmes.Só que eu não consegui, eu não tive forças, a única coisa que pude fazer foi deixar um olhar de despedida.

—Está tudo bem? –Ian preocupou-se.

Segurei sua mão e olhei dentro dos seus olhos.

—Vai ficar....


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