Ao seu lado escrita por nanacfabreti


Capítulo 23
Voltando a respirar




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 Meu corpo doía, muito, até mesmo respirar era uma tortura. Só não se comparava à dor que eu sentia em meu coração.Eu estava tonta e confusa.

Minha única certeza era quanto a Ian, eu me lembrava de tudo, do seu sumiço,da minha mãe me contando que ele estava em coma e de não ter me deixado ir para Londres.Me lembrei de ter subido naquela moto e ...

Claro! Eu tinha me arrebentado, assim, toda aquela dor tinha explicação.E, se eu não estivesse mesmo morta, meu pai cuidaria disso.

Queria abrir meus olhos, por outro lado, o medo da realidade que me esperava era maior do que tudo.Não de como eu estava, nem de quantos ossos eu tinha quebrado,eu temia mesmo era despertar e ter de encarar minha realidade sem Ian.

Sabia que havia alguém ali comigo, e honestamente, se fosse minha mãe eu preferia voltar a dormir, ao menos no lugar onde eu estava antes, não havia dor e nem sofrimento.

Ensaiei mexer meu braço, o esquerdo que doía menos.Comecei pelos dedos, foi difícil, era como se eles não respondessem aos comandos do meu cérebro.

—Vamos Liv...acorde... –Uma voz conhecida me pedia com delicadeza.Parecia com a voz dele, e aquilo era muito injusto, porque eu sabia que Ian não podia estar ali comigo.

"Será que eu estou em coma?" –Pensei. Era assim nos filmes, as pessoas em coma saiam do corpo, podiam se ver , seguiam uma luz, iam para o céu...Comigo então estava sendo diferente, eu delirava que Ian tinha voltado.

Abri um olho, bem devagar, depois o outro. Tentei virar meu pescoço, mas algo me impediu. Eu estava imobilizada.

—Liv, meu amor... –Ele colocou-se em minha frente e se inclinou deixando seu rosto bem perto do meu.

—Ian... –Minha voz saiu muito baixa.

Ele sorriu, e deu para ver em seus olhos as lágrimas se formando, depois ela escorreram molhando meu pijama.Seu rosto estava igual, seus cabelos caiam sobre a testa e quando ele esticou o braço para me tocar eu tive muito medo.Se fosse uma ilusão acabaria antes que ele encostasse em mim.

—Me desculpe...por tudo... –Ian acariciou meus cabelos, depois meu rosto,e tudo parecia mesmo real.

 Até meu coração acreditava que era verdade, porque parou de doer.

—Isso é um sonho? Um transe, ou um delírio? –Perguntei reunindo minhas forças para tentar tocá-lo também.

Ian riu e balançou a cabeça.

—Senti tanta falta disso. –Ele se inclinou e seus lábios tocaram os meus,cuidadosos, como se eu fosse de cristal. –Eu nunca mais vou me afastar de você.Nunca.

Estávamos respirando o mesmo ar, eu sentia seu perfume, aquele que eu adorava.Acariciei seu rosto e aquilo era mesmo de verdade.Ian estava ao meu lado, finalmente.

Eu estava tão feliz que comecei a chorar, sem controle.

—Liv, acalme-se. –Ian segurou meu rosto entre suas mãos. –Eles vão sedá-la novamente se você se alterar.

—Ian eu...eu tive tanto medo. – Sentia  necessidade de contar para ele. –Eu nunca sofri tanto, eu nunca senti tanta dor, e nem sei como eu suportei.

Ele encostou sua testa na minha, Ian chorava também.

—Estamos juntos agora.Eu juro que nada vai nos separar...Tem minha palavra.

—Que seja assim Ian, porque eu esgotei todas as minhas forças... –Confessei.

Ainda estávamos nos reconhecendo, nos reencontrando quando o médico entrou no quarto.

—Você vão ter tempo de matar as saudades, agora seu pai está lá fora, louco pra ver você.

—Eu vou estar aqui. –Ian afirmou. Eu não queria soltar sua mão.Nunca tive tanto medo de perder alguém, como tinha de perdê-lo. –Não saio desse hospital até que você saia.

Assim que ele cruzou a porta, meu pai entrou.Eu tinha mesmo judiado dele, seu rosto estava cansado, os olhos vermelhos.

—Pai...eu sinto muito. –Sussurrei assim que ele me abraçou.

—Filha, você quase me matou do coração... –Ele beijava minha mão. – Nunca mais faça nada parecido.

Fiquei quieta, eu não pensava mesmo em subir em uma moto, nem como carona.

—Eu não estava tentando me matar pai, eu só estava...

—Eu sei...mas agora tudo vai ficar bem.O Ian está de volta , você vai se recuperar e você vão ser felizes como merecem.

Fechei meus olhos e sorri, eu sempre cofiava nas coisas que meu pai falava.

—Eu vou sair, sua mãe quer vê-la... e tem sua amiga, a Vanessa, ela ficou aqui por todo o tempo.

—Pode chamar a Vanessa.Eu não quero ver minha mãe,não agora.

Meu pai franziu a testa,do jeito que fazia quando sabia que alguma coisa não acabaria bem.

—Liv...

—Pai, é serio, se ela entrar, eu finjo que estou dormindo, finjo que desmaiei.

Ele respirou fundo, balançou a cabeça e saiu.Um minuto depois Vanessa estava lá.

—Aposto que minha mãe está lá fora tendo um surto. –Desdenhei.

Vanessa arqueou a sobrancelha .

—Não, ela está... calma.Eu diria. –Vanessa falou com um certo mistério na voz.

—Calma?A minha mãe? –Eu não acreditei.

—Liv, você tem idéia da loucura que fez?

Olhei para meu braço todo cheio de escoriações e curativos, sem contar minha perna, engessada até a altura do joelho.

—Eu não pensei...acho que eu nunca me vi tão sem saída, sem ar,como naquele dia.

—Eu sei e...conhecendo Ian, vendo o amor que ele sente por você, dá pra entender. –Ela sorriu. –Agora eu sei que fiz tudo certo.

—Como assim? –Não entendi sobre o que ela se referia.

—Ah, eu falo sobre a nossa amizade, sobre eu não ter dado ouvidos ao que o pessoal do colégio falava...

—É. Eu só posso agradecer você.Por tudo,meu pai me contou o quanto você foi companheira.

—Eu vou sempre estar com vocês, pro que precisarem, mas... –ela fez uma careta –O Leonardo foi outro que ficou aqui, o tempo todo.

—Nossa, o Ian deve ter ficado incomodado.Nada me tira da cabeça que foi alguma coisa envolvendo o Léo que deixou ele daquele jeito.

Vanessa abriu a boca como se fosse me dizer alguma coisa, depois desistiu.

—O importante é que Ian está aqui, e ele está bem...Se não quiser receber o Leonardo, eu falo que você está cansada.

Foi exatamente o que eu fiz, pedi para Vanessa dizer que eu estava cansada e que receberia o Léo no dia seguinte.Minha vontade mesmo era de sair daquele hospital, entrar em um carro e ir para longe com Ian.Tudo bem, toda quebrada como eu estava não ia ter jeito, então se ele ficasse ali comigo já estava bom.

Foram quatro longos dias naquele hospital, que só foram suportáveis porque Ian estava ali comigo.Ele se desvencilhava todas as vezes que eu tentava falar sobre seu sumiço, seu coma.Ian apenas me dizia que teríamos tempo para conversar sobre isso.Eu sabia que tinha alguma coisa errada naquela história mas, eu me sentia tão feliz com seu retorno que nada mais importava.

Antes de sair de lá ainda recebi as visitas de Leo, e de Julia.Foi estranho, era como se estivéssemos desconfortáveis , e eu até achava que o tempo cuidaria disso.Com minha mãe não era diferente, eu mal conseguia olhar para ela, e não era raiva, era mágoa mesmo.

Coloquei os três, Julia, Leo e minha mãe no pacotinho de coisas para resolver depois.

Todos concordamos que eu ficaria na casa do meu pai, com aquele gesso, ter que pegar elevador seria complicado e para mim foi um alívio.Eu considerava mesmo me mudar em definitivo, eu preferia ir morar com ele, e não demoraria muito até que eu pudesse decidir.

No dia da minha alta pedi para Vanessa me ajudar,combinamos que ela me ajudaria a sair dali linda, eu queria surpreender Ian.

—Olha o que eu trouxe. –Ela tirou um vestido com estampas delicadas de dentro da sacola. –É meu, nunca usei.

—É lindo! –Me empolguei.

Vanessa arrumou meus cabelos, maquiou-me e  vestiu-me.Eu precisava de ajuda para tudo, Não podia nem pensar em colocar minha perna direita no chão.Teria por um tempo, muletas como minhas melhores amigas.

—Posso ir chamá-lo? –Vanessa estava mais ansiosa do que eu.

—Pode... –Concordei me acostumando com aqueles apoios de madeira.

Estava nervosa, era como se fossemos sair pela primeira vez.Quando ele chegou seus olhos percorreram-me dos pés a cabeça.Ian sorriu, largamente.

—Você está linda... –Ele veio até mim.Inclinou-se para nosso primeiro beijo de verdade, desde a sua volta.

Ouvi o som de pigarros forçados, era meu pai, estava na porta.

—Vamos, eu não vejo a hora de tirar você daqui...Já ficamos tempo de mais nesse hospital.

—Tem razão. –Ian concordou.

Na saída estavam todos lá, Vanessa, Júlia, Leonardo e minha mãe.

— Melhore rápido Liv, e se não se incomodar, vou visitar você. –Julia disse tímida.

—Claro. –Abracei-a rapidamente. –E, obrigada por se preocupar.

—Se cuida... –Leo também me deu um abraço ou melhor, um semi-abraço, foi meio estranho,talvez porque Ian não desgrudava os olhos dele.

—Não demore para voltar ao colégio... –Vanessa envolveu-me em seus braços. –Aquilo lá está um saco sem você!

Eu ri.

—Mais uns quinze dias e eu volto...prometo. –Segurei suas mãos. –E te espero na casa do meu pai.

—Claro, não precisa nem chamar.

Olhei para minha mãe, seus olhos estava marejados.Eu estava tentando passar por cima de tudo o que tivemos, de todos aqueles maus momentos, só que era difícil de mais para mim.Eu não conseguia entendê-la por mais que me esforçasse.

—Eu vou estar lá todos os dias, –ela toucou meu ombro –para o que precisar.

Flagrei uma troca de olhares entre Ian e ela, e havia muito rancor, de ambas as partes.

Eu não respondi nada, entrei no carro de Ian e seguimos para a casa do meu pai, ou melhor , agora, para minha casa.

Ian ficou comigo por quase todo o tempo, era ele quem trocava meus curativos, cuidava do horário dos meus remédios e mesmo nas tarefas que eu já conseguia fazer, ele sempre estava dando um jeito de me poupar.Eu vivia em seus braços, ele fazia questão de me carregar de um lado para o outro.

—Essa menina vai ficar mal acostumada. –Meu pai o repreendia.

Ian dava de ombros, ele estava querendo recompensar o tempo em que ficamos separados.

—Seus pais ainda não voltaram? –Questionei em uma tarde em que seguíamos para um retorno ao médico.

—Não. Acho que ficam em Londres por mais um tempo. –Disse sem me encarar.

—E seu tratamento Ian? Você não me diz se vai retomar... –Cobrei mais uma vez uma explicação.

Já fazia três semanas desde a sua volta e nossas conversas sempre ficavam reticentes quando eu tocava nesse assunto.

—Vamos ver isso depois, quando você estiver bem recuperada, aí decidimos o que fazer. –Ele tocou minha perna. –Juntos. –Afirmou piscando para mim.

Naquele dia ganhei meu primeiro presente de aniversário que seria dentro de três dias.Aquele gesso que tanto me incomodava foi trocado por uma bota imobilizadora.Era algo que me daria um pouco mais de liberdade.

—Meu pai nem vai acreditar! –Comemorei quando chegamos em casa.

—Ele volta amanhã cedo? –Ian colocou-me sentada no sofá da sala.

Afirmei com a cabeça.

—Esses machucados estão coçando. –Reclamei correndo os dedos pelas cascas que cobriam boa parte do meu braço.

Ian ficou me olhando furtivamente, depois colocou uma mecha dos meus cabelos atrás da minha orelha .Deixou sua mão escorregar por meu pescoço, e então acariciou minhas feridas delicadamente.

—Dói? –Ele perguntou baixinho.

—Minha perspectiva de dor mudou. –Suspirei. –Nada mais vai doer tanto quanto ficar sem você, do que pensar que eu podia não vê-lo nunca mais.

Ian fechou os olhos e franziu a testa.

—Eu sei...e me desculpe por ter causado isso a você. –Sua voz era quase um sussurro. –Mas eu também sofri muito com a sua ausência e,quando soube do seu acidente foi como se eu estivesse sido feito em pedaços.

Balancei minha cabeça entendendo.

—Vamos ter tempo de colar tudo, de juntar nossos cacos... –Puxei-o pela gola da camiseta. – Na verdade, eu já me sinto refeita.

Ian começou a me beijar, os movimentos dos seus lábios pareciam calculados.Com minhas mãos eu forçava sua cabeça contra a minha, eu estava morta de saudades dele e eu queria mais.

—Ian... –Sussurrei quando nossas bocas se separaram.

—Tem certeza de que seu pai não volta mesmo? –Ele estava ofegante.

—Tenho! –Quase gritei.

Ele então me tomou em seus braços e me levou para o quarto.Eu podia sentir seus músculos trêmulos, não porque estava com dificuldades em me carregar, ele já tinha feito aquilo tantas vezes naqueles últimos dias, que devia estar sendo tão fácil quanto respirar.

Ian estava trêmulo por outro motivo, ele sabia o que iríamos fazer e eu também comecei a sentir a tensão se alastrando por mim.Mais do que em nossa primeira vez, mais de que em qualquer outra vez em que fomos inteiramente um do outro.

Quando ele cuidadosamente repousou meu corpo sobre a cama senti minha boca começar a reagir a como eu me sentia.O canto direito do meu lábio inferior pulava involuntariamente. Ian mantinha o maxilar contraído, isso demonstrava seu nervosismo.

Era fim de tarde, os raios de sol entravam por entre a janela e atingiam o rosto dele, fazendo com que Ian parecesse ser feito de bronze.Seus olhos pareciam reluzentes enquanto ele desabotoava cada botão do meu vestido.

Quando o ultimo foi aberto ele correu suas mãos ao encontro dos meus seios nus.Eles reagiram da forma que eu imaginava.Senti um arrepio começar ali e terminar por entre as minhas pernas.

—Você é linda... –Ele sussurrou em meu ouvido e sua voz me lançou para outro lugar.Eu já nem lembrava que estava machucada, e que meu corpo nem deveria estar tão atraente.

A forma com que Ian me olhava e a maneira que suas mãos percorriam minha cintura e meus quadris diziam totalmente o contrário.Eu realmente estava me sentindo linda e desejada como nunca antes.

Três meses sem sentir sua pele daquela forma, e algo parecia estar diferente, de um jeito bom.Ele tirou sua camiseta, seu tórax estava vermelho, condizente com a temperatura que seu corpo emanava. Ian estava febril.

Ele se inclinou sobre mim e começou a beijar com leveza todo o meu braço direito.Seus lábios tocavam minhas feridas com a leveza de uma pluma.Eu me contorcia sob ele, sentia uma cócega boa.Depois, quando chegou ao meu pescoço a intensidade dos beijos mudou, agora ele assumia outra postura, estava voraz, faminto.

Eu não conseguia dizer nada, estava quase explodindo de prazer.Soltei um gemido assim que seus lábios tocaram meus seios.Cravei as unhas em suas costas, eu não queria que ele parasse.

Quando ele terminou de se despir eu estava quase implorando, eu queria sentir o peso do seu corpo sobre mim, eu queria seu calor.Ian entendeu.

Em menos de um segundo ele estava de volta, sugava meus lábios e sua língua explorava cada pedacinho da minha boca.Era como se estivesse me reconhecendo, e eu estava adorando, estava tudo perfeito.

Respirávamos na mesma freqüência, e depois de livrar-se por completo das minhas roupas, foi para minhas pernas.Ele alternava beijos e mordiscadas.O rastro que sua língua deixava em minha pele era ainda mais quente que a temperatura do meu corpo.Segurei seus fartos cabelos quando seus lábios tocaram a linha á baixo da minha cintura, fazendo com que eu perdesse os sentidos por um breve instante.Senti como se tivesse submergindo das profundezas do mar e voltado a respirar.

—Ian Sodier, eu amo você. –Declarei-me enquanto reparava em como aquele rapaz era lindo, em todos os aspectos, e inacreditavelmente, era meu.

Ele havia feito uma pausa para colocar o preservativo, e ao voltar para mim sorria como se tivesse escutado a melhor coisa de todo o mundo.

Entrelaçando seus dedos nos meus, sua língua urgente voltou a invadir minha boca.Ele repetia meu nome, uma duas, três vezes, e meu corpo se arrepiava todo quando seu ar soprava em meus ouvidos.Seus movimentos me levavam ao céu e me traziam de volta sem que eu tivesse tempo de raciocinar.Eu só aproveitava,tudo, todo o prazer que aquele encontro de almas nos proporcionava e quando Ian estremeceu sobre mim soltando um gemido que me tirou o ar, entendi que tudo o que fosse diferente daquilo, era errado então.


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