Ao seu lado escrita por nanacfabreti


Capítulo 13
Custe o que custar




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Segui então para a conversa que me aguardava, não temia meu pai, mas sabia que ele não estava totalmente satisfeito comigo, a mentira era um defeito grave para ele, e eu, havia o cometido.

De volta para a sala encontrei-o sentado, estava de costas para onde eu estava, seu corpo inclinado e o rosto dentro das mãos. Caminhei em passos lentos e m sua direção, estiquei meu braço e toquei sua costa.

—Pai... –Comecei.

Como ele estava em frente a mesinha de centro, foi lá que me sentei, queria estar mais próxima dele, olhar em seus olhos.

—Filha... –Ele disse baixinho enquanto encarava-me como se estivesse me analisando. –Eu estou tão assustado com tudo isso.

Baixei minha cabeça.

—Me desculpe, eu nunca quis decepcioná-lo, nem queria desapontar minha mãe, mas aconteceu. –tentei começar a me explicar.

Ele me lançou um olhar terno, então segurou minhas mãos que pareceram tão pequenas dentro das dele.

—Lívia, eu não quis que ficasse aqui para condenar qualquer atitude sua. –Ele franziu o cenho. –Também não quero parecer o paizão legal enquanto sua mãe faz o papel da super protetora, mas eu não posso mentir, eu não consigo desaprovar seu namoro... –Ele olhou para cima como se não soubesse se deveria ou não estar me dizendo aquilo. –Filha, sua coragem é admirável e, o mais importante, eu vejo o quanto o sentimento entre você e Ian é verdadeiro, a forma com que se olham, com que cuidam um do outro, isso não pode ser interrompido nem mesmo por uma doença.

Não sei dizer exatamente em que momento comecei a chorar, o fato é que quando ele terminou sua frase , eu já estava desabando.

—Eu não sou tão forte assim pai. –Enxuguei minhas lágrimas com as duas mãos antes de encará-lo. –Não imagina o quanto eu sinto medo de perdê-lo, e não por causa da doença, mas, fico sempre imaginando que em algum momento ele vai querer se afastar de mim por acreditar que isso é o mais seguro.Sei o quanto ele me ama tenho medo que ele acabe se considerando ruim para mim.

Ele me olhou com intensidade, parecia pensar no que eu havia dito, eu via a angustia em seus olhos.

—Lívia, eu queria poder abraçá-la agora e dizer que tudo vai dar certo, mas, só faria isso se tivesse certeza, e, eu não sei como isso vai terminar. –Ele respirou fundo, eu também.

Depois de um tempo, ele abriu seus braços, e eu, permaneci ali, como quando era criança.

—Obrigada pai, por tudo. –Sussurrei.

Ele segurou meu rosto entre suas mãos, parecia um pouco cansado.

—Estarei sempre aqui, haja o que houver.

—Eu sei. –Afirmei voltando a abraçá-lo. Meu pai estava literalmente sendo meu porto seguro.

Depois disso ele me levou para casa,antes de nos despedirmos ele reforçou que, se fosse necessário eu iria morar com ele.

Eu sabia que se fosse em qualquer outra circunstância, ele teria agido de forma diferente, meu pai sempre respeitou a maneira com que minha mãe estava me educando, geralmente, era o primeiro a defendê-la.

Eu sinceramente esperava não precisar deixar aquele prédio, muito menos afastar-me de minha mãe, mas, quando eu pensava em Ian...Parecia que tudo era válido.

Quando coloquei meus pés no hall de entrada, a primeira coisa que fiz foi encarar o franzino homem que estava na guarida da portaria, certamente havia sido ele quem nos entregara à mãe de Ian. Ele arregalou os olhos quando me viu, depois rapidamente começou a fingir que lia um jornal.

Eu não estava com raiva dele, mas, de repente , enquanto caminhava em direção ao elevador, a impressão que tive era de que todas as pessoas com as quais eu cruzava, estavam me olhando com estranheza. Balancei a cabeça descrente, a história não poderia já ter se espalhado.

Dentro do elevador meus dedos pareciam querer me trair, eu sabia que deveria apertar o número 5, já que aquele era o andar onde eu morava, mas, a vontade de subir até o apartamento de Ian parecia que estava prestes a me dominar. Usei toda a minha sensatez e decidi ir para meu apartamento.

Eram quase duas horas da tarde, àquela altura, se fosse um sábado normal, todos os cômodos estariam infestados com cheiro de comida, mas, naquele dia quando pisei na sala uma sensação gélida tomou conta do meu corpo, não havia barulho algum, exceto o chiado baixo do motor da geladeira, nada de TV,nem rádio, era como se não tivesse ninguém lá.

Segui direto para o quarto de minha mãe, a porta de madeira escura estava fechada, girei a maçaneta um tanto nervosa, ouvi um fungar abafado, ela estava lá, enfiei apenas a cabeça para dentro do quarto. Ela estava sentada sobre sua cama, abraçada ás pernas, o rosto inchado e vermelho, estava chorando, e muito, virou o rosto para que eu não visse, meu coração ficou pequenininho.

—Mãe eu... –bem, eu não sabia o que dizer. –Só quero avisar que cheguei. –Fui breve, foi tudo o que eu pude falar.

Ela me olhou rapidamente e balançou a cabeça sutilmente.Fechei a porta e fui direto para o meu quarto. Soltei o corpo sobre minha cama ,estava realmente exausta,em todos os aspectos,fechei meus olhos e em meio a muitas coisas desconexas lembrei-me da noite perfeita que havia tido , em um segundo todas as sensações maravilhosas que havia sentido , vieram á tona.Aquilo sim era inatingível,pensar em Ian me colocava em uma zona de segurança sem igual.

Resolvi me permitir, fechei meus olhos e passei a relembrar cada minuto naquela casa de praia, meu coração batia acelerado novamente, eu estava revivendo tudo outra vez, entre um suspiro e outro acabei adormecendo.

Meu sono era leve e conturbado, era como se minha mente estivesse sob alerta, mesmo dormindo eu tinha ciência de que algo estava me preocupando, eu precisava falar com Ian, eu tinha de despertar e dar um jeito de falar com ele.

Automaticamente abri meus olhos e já comecei a procurar por meu telefone, lembrei-me que estava na bolsa, sem bateria, amaldiçoei-me em voz alta. Depois coloquei o aparelho para carregar a bateria. Ian poderia estar tentando falar comigo,quando o telefone ligou no visor constavam três chamadas perdidas, nenhuma de Ian, todas de Julia,certamente queria saber se eu não iria a festa do colégio.A festa...

Bem, eu não esperaria mais, eu ligaria e se não conseguisse, subiria até seu apartamento. Me preparava para discar seu número quando meu celular tocou, era ele.Antes mesmo que o primeiro toque se concluísse, eu já estava dizendo alô.

—Lívia, você pode falar? –Ian perguntou num tom preocupado.

—Claro, eu na verdade estava lingando pra você. –Admiti. –Estava tão ansiosa...

Ele riu baixinho.

—Pode descer até o estacionamento? –Sua voz estava firme agora, mas não preocupada.

—Agora? –Questionei desejando que a resposta fosse sim.

—Eu estou aqui, mas se preferir, posso esperar.

—Claro que não, já estou descendo. –Adiantei-me antes de qualquer outra colocação.

—Tudo bem, estou esperando. –Ele disse antes de desligar.

Senti náuseas ,eu não sabia o que esperar , havia até passado pela minha cabeça hipótese de tomar uma banho rápido mas, minha ânsia era tanta que lavei apenas meu rosto, em menos de um minuto estava dentro do elevador descendo para o estacionamento.

A vaga de Ian ficava bem no fundo, caminhei rapidamente e logo o vi descendo do carro.

Ele sim havia tomado banho e trocado de roupa, usava jeans claros e camiseta escura com um desenho abstrato na frente, intacto em sua beleza, me olhava fixamente, meu nervosismo se fez maior.

—Ian... –Joguei-me em seus braços assim que ficamos próximos o bastante.Tive medo de seus braços não me envolverem como eu precisava , no entanto não foi o que aconteceu.

Ele me apertou contra seu peito e beijou o topo da minha cabeça por repetidas vezes, ele parecia estar tão preocupado quanto eu, parecia que estávamos no mesmo impasse.

—Entre no carro. –Ele sussurrou depois de me soltar, então abriu a porta. –Quero conversar com você.

Ele fez o mesmo, entrou e sentou-se em seu banco olhando para frente, colocou as duas mãos no volante e começou a bater os polegares no couro.

Respirei fundo, estava ficando tensa.

— Ian, o que quer que tenha ouvido de seus pais... –Comecei a dizer imaginando o quão terrível teria sido aquela conversa.

Ele balançou a cabeça negativamente, então olhou para mim.

—Lívia, eu não ouvi nada que já não tivesse ouvido antes. –Ele estreitou os olhos. –Claro que minha mãe está certa de que eu vou arruinar sua vida, mas fora isso, nada foi novidade. –Ele explicou-me, sua voz estava firme, parecia que ele realmente não estava afetado com aquilo.

Estendi minha mão até meus dedos tocarem os seus, senti um arrepio bom tomar conta do meu corpo, ele sorriu e inclinou seu corpo em minha direção.

—Sabe que eu posso falar com ela, não sabe? – Encostei minha testa na sua, dividíamos o mesmo ar.

Ian sorriu sutilmente, acariciou meu rosto e depois se afastou, mas, seus olhos permaneceram fixos nos meus.

—É sobre isso que eu quero falar, você já fez de mais, aliás, desde o começo, é você quem toma a frente de tudo, está sempre lutando, dando a cara para bater. Lívia você abraçou uma causa e está lutando contra tudo e contra todos para defendê-la. –Ele disparou.

—Ian não se trata de uma causa, trata-se de você... de nós. –Argumentei gesticulando com os dedos.

Ele balançou a cabeça concordando.

—Sim, é exatamente isso, você tem certeza do que quer.Luta por isso, enquanto eu estou sempre reservado, temendo a opinião das outras pessoas, temendo o que vai refletir em você, e com isso, eu acabo me abstendo, e hoje eu pude ver isso com tanta clareza que decidi mudar as coisas.

Desesperei-me, ele parecia estar falando em metáforas.

—Pode ser mais claro? –Sussurrei nervosa.

Ian jogou a cabeça para trás e riu de mim.

—Eu tenho uma proposta para você. –Ian lançou-me seu olhar mais sedutor.

—Eu aceito. –Afirmei entendendo que seria algo bom.

Ele riu mais uma vez e então se inclinou em direção ao banco de trás, lá haviam algumas sacolas do supermercado Wallmart, ele pegou-as , não parecia ser comida.

—Como eu não esperava uma resposta diferente da que acaba de me dar, adiantei-me, se é que posso dizer isso, e depois de muito rodar foi isso o que consegui. –Ele entregou as sacolas para mim.

—O que é isso? – Indaguei enquanto segurava um chapéu preto e pontiagudo com estampas de morcegos cintilantes.

—Isso é um chapéu de bruxa. –Ele usou seu tom mais escárnio.

Revirei os olhos.

— Que é um chapéu de bruxa eu sei, mas...

—Calma, eu posso explicar. –Ele ergueu as mãos. –Isso não era bem o que eu tinha em mente, mas por causa desse baile da escola eu não consegui nada melhor, levando em conta que estamos em cima da hora.

—Está dizendo que... –Comecei a perguntar incrédula.

—Vamos a festa juntos.Não quero mais me esconder e acho esse evento muito oportuno para acabamos logo com isso. –Ian afirmou decidido.

Olhei para aquele chapéu de bruxa e depois para ele, Ian aguardava minha reação enquanto eu não acreditava que ele falava sério?

—Está brincando, não é? –Perguntei desconfiada.

Ian arqueou as sobrancelhas e sorriu.

—Não. Estou falando sério e... Só não iremos ao tal baile se não quiser, mas, há pouco eu disse que tinha uma proposta e você aceitou. –Ele colocou o dedo contra meu peito.

—É claro que eu aceito! –Quase gritei enquanto me pendurava em seu pescoço. –Eu mal posso acreditar que finalmente... Nossa, nem sei o que dizer.

Ian estava rindo, de repente segurou meu rosto e afastou-o um pouco do seu, seus olhos estavam sérios nos meus, como se quisessem enxergar minha alma.

—O que acha de dizer eu te amo? –Ele sugeriu com a voz baixa e sedutora.

Meu coração parou, desviei meus olhos por um instante, precisava me recompor, por algum motivo Ian conseguiu me deixar sem jeito.

—Eu amo você, Ian. –Declarei séria, convicta, olhos nos olhos.

Ele devolveu-me um sorriso largo, satisfeito, depois me beijou longa e apaixonadamente.

—Eu prometo Lívia, de hoje em diante, tudo o que importa para mim é fazê-la feliz. –Ele me encarou com a testa franzida.

Apenas beijei-o de volta, era minha maneira de dizer o quanto eu já estava feliz.

Poderia ficar ali com Ian por muito mais tempo, no entanto, eu precisava revirar meu armário e encontrar algo para vestir, afinal, eu tinha apenas um chapéu.

—Vou subir, tenho que improvisar uma fantasia de bruxa. –Disse fingindo irritação.

Ian estreitou os olhos.

—Acha difícil?Imagine a minha dificuldade... –Ian realmente reclamou.

Me dei conta que estava tão entusiasmada que nem perguntei qual seria sua fantasia.

—Mago? –Perguntei enquanto inclinava meu corpo para olhar o banco traseiro, imaginava encontrar algo lá.

Ele sorriu com o canto dos lábios.

—Pirata, com direito a tampão no olho e tudo mais.

—Uau! –Lancei-lhe um olhar malicioso.

Ian colocou o dedo em riste.

—Pare com isso, eu não vejo nada sedutor nesse tipo de fantasia. –Ele estava corado.

—Certo. –Ergui minhas duas mãos simulando redenção. –Agora eu vou mesmo.

—Vamos. –Ele me puxou para um novo beijo. –Vou subir também.

Juntos no elevador, estávamos sozinhos até o terceiro andar, foi quando uma mulher de meia idade, cabelos curtos e cheios entrou.

— Quarto andar. –Ela apertou o botão e sorriu para nós, eu já havia a visto algumas vezes, mas, sequer sabia seu nome. –Estou evitando elevador ,mas hoje estou cansada. –Ela disse mais para ela do que para nós.

Sorri seguida por Ian, que timidamente segurou a minha mão, ato este imediatamente notado pela mulher.

—Tenho duas crianças, vão entender quando tiverem os seus. –Ela choramingou antes de partir.

Abri meus lábios, nem sei se falaria nada, mas nem tive tempo, ela rapidamente acenou e seguiu para seu apartamento.

Ian e eu nos entreolhamos e acabamos rindo.

—Às oito horas no estacionamento? –Ele perguntou quando cheguei ao meu andar.

—Perfeito. –Confirmei, depois de um beijo rápido de despedida.

Dentro do meu apartamento as coisas pareciam iguais, nenhum movimento, nenhum som. Havia demorado meia hora ,ou um pouco mais, em minha conversa com Ian,não iria novamente bater na porta do quarto das minha mãe.Fui direto ao meu armário, precisava de uma fantasia.

Uma roupa preta seria ideal, mas, não era minha cor favorita, Julia tinha inúmeros vestidos pretos, mas eu não seria cara de pau o bastante para ligar pedindo uma roupa emprestada depois de ter ignorado varias de suas ligações no dia anterior.Teria de me virar.

Eu não estaria tão preocupada se meu acompanhante fosse qualquer outra pessoa que não Ian, mas ele ainda me deixava nervosa, insegura, eu achava que precisava mostrar que me esforçava para estar bonita para ele.

Separei uma saia godê escura, não chegava a ser preta e fazia muito tempo que eu não a usava, experimentei e para minha surpresa o zíper não fechou.Claro,eu estava tentando resgatar roupas de anos atrás, peças de quando eu sequer precisava usar sutiã.

Sentei em minha cama e olhei para o relógio, pensei em ir ao shopping, seria o único lugar que encontraria uma loja para me salvar. Já começava a me vestir quando lembrei-me de um vestido que havia ganhado do meu pai no ano anterior, nunca havia usado antes, na época não gostei de como ficou em mim, mas, como ele trouxe de uma de suas viagens eu nem podia trocá-lo, por isso o deixei na caixa, da forma que veio.

Peguei uma cadeira e subi para poder alcançar a parte de cima do maleiro.Lá estava ela, a caixa azul permanecia sob mantas e cobertores, esquecida.

Tirei a tampa rapidamente desejando que aquele vestido desse certo, o tirei do saco plástico e estiquei a peça sobre a cama.Era bonito, preto com detalhes de renda no mesmo tom na barra e nas cavas, tinha um corte reto até a altura dos quadris e depois disso se abria formando ondas no comprimento, alem de exibir uma fileira de botões redondinhos em toda a frente , imitando pérolas negras.Chegava a ser delicado para uma fantasia de bruxa, mas serviria se coubesse em mim.

Em menos de um minuto estava despida, não levou mais do que isso para que eu estivesse vestida nele.Pelo menos havia fechado sem muita dificuldade,pareceu-me curto, mas preferi me certificar em frente ao espelho.

Não sei se foi meu desespero ou se realmente havia ficado muito bom, o fato é que me surpreendi quando vi meu reflexo no espelho.Diferente da primeira vez em que havia experimentado aquela roupa, ele parecia perfeito em mim.

Agradeci aos céus, ao meu pai, sei lá, sem pestanejar corri para meu merecido banho, eu não tinha muito tempo.

Caprichei na maquiagem apesar de não ser muito acostumada,coloquei o vestido acompanhado de botas pretas e por último o chapéu.Fiquei insegura depois de me olhar com a "fantasia completa", conferi a hora, faltava menos de dez minutos para as oito, eu não tinha mais o que fazer.

Antes de sair bati na porta do quarto da minha mãe, eu tinha de avisá-la.

—Estou indo á festa do colégio. –Avisei muito sem jeito.

Ela me olhou dos pés a cabeça, não esboçou nenhuma reação.

—Achei que você não fosse. –Ela observou com a voz fraca, quase rouca.

—Decidimos em cima da hora. –Expliquei sem encará-la.

—Vai com Ian? –Ela indagou com peso nas palavras, não se esforçou para esconder seu incomodo.

Fiz que sim com a cabeça.

—Vai dormir em casa? –Ela pareceu tentar me atacar.

Respirei fundo.

—Claro, não vou voltar tarde. –Respondi calmamente.

Nesse momento ela me encarou de forma profunda, como se quisesse arrancar algo de mim.

—Lívia, eu quero pedir que você vá com calma...Que pense antes ir fazendo as coisas, entendeu? –Ela estava tentando me dizer algo, só não sabia como, parecia perdida em suas palavras, ou em seu desespero.

Estava começando a tentar interpretar sua mensagem subliminar quando tudo se clareou.

—Ok, não precisamos ter essa conversa agora. –Falei bastante constrangida.

—Não me diga que... –Ela passou as mãos pelo rosto. –Lívia, vocês já...já ? –Ela parecia estar entrando em colapso.

Desviei meus olhos.

—Não acha que isso é muito particular? –Indignei-me, afinal, sempre achei que esse tipo de assunto só devia respeito às partes interessadas.

—Santo Deus. –Ela sussurrou. –Você só pode estar dizendo essas coisas para me causar pânico, não é?

—Mãe, eu vou para a festa. –Fechei meus olhos cansada daquilo. –Não precisamos começar tudo de novo.

Ela baixou a cabeça e voltou a se encostar-se à cabeceira da cama.

—Não vou falar mais nada. –Ela sibilou chorosa.

Saí em silêncio, se permanecesse ali, desistiria ir ao baile.Rezei para que o elevador estivesse vazio, não queria ninguém perguntando-me onde seria a festa, meu coração só se aclamou quando a porta se abriu e lá estava meu pirata, lindo como uma pintura, calça preta e camisa branca, não fosse o chapéu e o tampão nos olhos, ele estava mais para um baile de gala.

Ian permaneceu estagnado onde estava, seus olhos grudaram em mim enquanto ele permanecia inexpressivo.

—Eu...Na verdade foi tudo o que consegui. –Encolhi meus ombros de forma patética. –Podemos passar em um shopping e ver se encontro alguma coisa mais apropriada. –Disparei a falar .

—O que está dizendo? –Ele veio caminhando lentamente até mim e depois tirou o tampão dos olhos. –Você está linda, de mais.

—Sério? –Perguntei dúbia.

Ian não me respondeu nada, com certa agressividade, algo que eu não achei ruim, puxou-me pela cintura e começou a me beijar de um jeito que eu não queria que terminasse.

—O que é isso?É só o que eu me pergunto a todo o momento. –Ian começou a falar sem me soltar.

—Do que está falando? –Sorri perdida.

Ele estreitou os olhos.

—A forma com que eu amo você, chega a me preocupar. –Ele sussurrou olhando em meus olhos.

Já estávamos a caminho do colégio e Ian permanecia com um sorriso bobo nos lábios.

— Você está estranho. –Disse rindo.

—Estranho?Como assim? –Ele reduziu a velocidade e me olhou.

Dei com os ombros.

—Sei lá... Acho que acabei subestimando este dia, depois de tudo. –Tentei não me estender quando queria dizer que só podia esperar coisas ruins daquele dia tão turbulento.

—Que bom que é isso, prefiro que se surpreenda com o bom do que o contrário. –Ele deu uma piscadinha para mim.

Não vou negar que quando Ian fez a última curva antes de entrar na rua do colégio, meu estômago revirou-se, um nervosismo acabou me dominando, não conseguia discernir se era bom ou ruim.Um quarteirão antes de chegarmos já podíamos ouvir o som abafado vindo da festa, respirei fundo.


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