Você é meu destino -Quileutes -pós Saga Crepúsculo escrita por Karina Lima


Capítulo 4
Nova Rotina




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/734468/chapter/4


Acordei com o despertador – que não era meu – tocando as cinco e cinquenta. Droga! Eu pensei em reclamar, mas eu me esqueci de que eu estudava. Quando quase voltei a dormir, senti alguém me balançando.
— Hey, querida. – ouvi a voz de Sue perto do meu ouvido.
Confusa, abri meus olhos lentamente.
— Você tem escola daqui a pouco. Levante.
Eu fui tomar banho no minusculo banheiro naquele quarto. Bem, eu não tinha o que reclamar. Sempre quis um banheiro no meu quarto, e agora tinha. Depois fui para a cozinha, tomar alguma coisa para não ficar com fome depois. Eu não era acostumada a tomar café antes de ir para a escola, pois eu saia de casa antes do horário para encontrar Camila. Mas eu não me incomodava. Porém, um dia quando eu estava no shopping com ela, eu quase desmaiei por conta da pressão baixa. Eu já estava mal nessa época.
Coloquei uma roupa confortável. Hoje eu não estava muito afim de me arrumar. Perdi essa vontade desde que tudo que eu tinha fora tirado de mim cruelmente.
Coloquei um casaco, pois mesmo que não estivesse chovendo, ainda estava aquele frio gostoso.
— Bom dia. – cumprimentei a aqueles que estavam na cozinha. Sue, Charlie e Seth.
— Bom dia. – eles responderam. Deixei minha mochila encostada a cadeira onde eu me sentei.
Fiquei incomodada com o olhar que Seth me dava. Ele não parou de me olhar desde que entrei ali. O que foi? Tinha nascido orelhas de coelho em mim enquanto eu dormia? Ou alguém pintou a minha cara?
— Você não dormiu muito bem a noite passada, né? – Seth me perguntou baixinho, quebrando o silêncio. – Você estava dizendo coisas como se quisesse que te deixassem em paz. Você não tinha muitos amigos?
Senti que Charlie e Sue me olharam, provavelmente preocupados.
— Está tudo bem. – falei, dando de ombros, tomando um gole do chocolate quente. – É que já estou tão acostumada com esse tipo de tratamento, com eles sendo malvados comigo, desde sempre. E sonho com isso.
— Por quê? – Seth me perguntou.
— Bem, desde a escola, ao orfanato, ninguém gostava de mim. – desabafei, sentindo um aperto no peito ao lembrar de tudo que eu sofri. – Então não é nenhuma novidade se acontecer isso de novo.
Soltei um riso sem humor. Seu olhar havia dor, e isso me deixou confusa. Eu não era bem acostumada com essas coisas, e não entendi o motivo de ele sofrer com meus problemas. Veja bem, eu nunca contei nada disso para os meus pais, pois eles já tinham problemas suficientes e não precisavam se preocupar comigo. Mas toda essa dor me ensinou como é a vida. Ela vai te bater. É escolha sua ficar no chão ou aguentar dde pé. E eu estou tentando me erguer. Tinha que deixar para trás aquela menininha frágil que chorava quase todas as noites pela rejeição da grande maioria dos amigos e principalmente porque sofria bullying na escola.
Eu conheci Madson e Ruan na escola. Ele foi o único garoto que puxou amizade comigo. Camila e eu nunca estudamos juntas, pois ela é um ano mais velha que eu. Mas a gente era vizinha desde a infância, e isso criou um laço inquebrável entre nós duas. Ela me entendia, sabia absolutamente todos os meus segredos que eu não podia contar e essas coisas de melhores amigas. Kirsty eu conhecia desde a escolinha, e ela sempre foi uma amiga que eu não trocaria por nenhuma. Foi por causa deles que eu consegui me manter erguida e passar pelas humilhações por tanto tempo.
A única coisa que estragava era que todos conversaram com todos na escola, e isso me deixava deslocada. Eu não sabia o que falar ou como agir quando alguém que me ignorava puxava assunto com um amigo meu perto de mim, e a pessoa nem fazia questão.
— Olha, depois da escola, o pessoal vai se reunir na praia depois da escola. – Seth falou. – Eles são legais. Adorariam te conhecer.
Pensei por um segundo. Seria uma boa. Eu precisava mesmo de alguns amigos para tampar o buraco em meu peito que eu tive todos esses anos.
Olhei para ele e confirmei com a cabeça, ainda um pouco tímida.
— Nessie e Jake também estarão lá. – ele acrescentou, como se eu fizesse a mínima ideia de quem era esses dois. – Isso é um milagre total. Edward quase nunca a deixa sair com ele. – ele riu, e eu o acompanhei. Meu pai também seria assim, protetor.
Pelo o que eu conhecia de meu pai, também não seria de boa com um namoro da minha parte. Ainda mais com quase dezesseis.
Lembrar dele fez  meu coração cambalear, e depois bater fora do ritmo. Só de pensar em todas as coisas que passarei e ele não estará aqui para ver nada. Ou minha mãe...
— Chega de conversa. – Sue interrompeu, involuntário e agradecidamente meus pensamentos. – Vão se atrasar para a escola.
— Quer uma carona para a escola, Lavine? – Charlie perguntou.
— Na verdade, eu posso levá-la em minha moto. – Seth se antecipou. A adrenalina explodiu dentro de mim. Há quanto tempo eu não andava de moto? – Já que estamos na mesma escola, não precisa se incomodar.
— Não vai ser incomodo. – Charlie insistiu.
— Na verdade, não precisa. – recusei a oferta dele. Eu queria ir de moto... e com o Seth. – Obrigada.
Ele assentiu. Deu um beijo na bochecha de Sue, “Tchau” para a gente e se foi.
— Pronta? – perguntou Seth.
Balancei a cabeça. Para que eu não precisasse levar peso em minhas costas, ele prendeu as duas mochilas na corda de segurança na parte traseira na motocicleta.
Me deu um capacete e me ajudou a subir na moto, - meu coração disparou com esse gesto cavalheiro dele – e deu a partida. Nota mental: precisava parar de me impressionar com cada pequena coisa.
Era incrível como ele ia rápido. Nunca senti tanta adrenalina na vida. Pois é. Pode chamar de vida chata a que eu tinha.
Apertei mais firme meus braços em volta de sua cintura, e fiquei nervosa ao sentir sua definição sob meus pulsos. Abri a palma da mão discretamente para sentir melhor, me sentindo uma completa pervertida. Deus, como ele é lindo! E forte, e musculoso, e gentil, e cavalheiro... enfim, apenas uma palavra pode descrevê-lo corretamente: perfeito.
— Prontinho. – ele falou assim que estacionou. Eu desci da garupa e tentei tirar a fivela que prendia o capacete com segurança.
Fiquei sem graça quando ele mesmo tirou, e retirou o capacete delicadamente da minha cabeça.
— Obrigada. – agradeci sorrindo, ajeitando meu cabelo.
Ele se limitou a sorrir e me entregou a mochila.
— Espero que goste do seu primeiro dia. – ele começou enquanto caminhávamos para dentro da escola. Parecia tão legal. Claro. Toda nova escola parece legal. Pelo menos para mim.
— Eu também. – soltei sem querer.
Ele ouviu meu tom e parou a minha frente, me fazendo parar junto.
— Olha. – ele pausou, pegando minhas mãos nas suas. Ainda não me acostumei com a sua temperatura. Continuava achavando que ele precisava ver um médico. – Não se preocupe. Apenas não dê atenção a algumas pessoas.
— Vou tentar. – prometi.
— Eu queria estar no mesmo ano que você. – ele suspirou, decepcionado, entrelaçando nossos dedos. Como se respira mesmo? – Bem, sabe onde é a sua sala?
— Ainda não. – confessei. – Vou passar na diretoria e me informar. – e no mesmo instante, bateu o sinal. – Não se preocupe.
— Não vou te ver até a hora do almoço. Então queria te dar algo. – ele falou, e fiquei imediatamente nervosa. Ele se inclinou e depositou um beijo em minha bochecha. Um beijo calmo, lento, e acima de tudo, delicioso. Como seria beijá-lo?
Afastei rapidamente esses pensamentos. O que é isso, Lavine? Você mal conhece o garoto!
Dei um sorriso tímido enquanto ele se afastava, e dei as costas, indo na direção que eu achei ser a diretoria. Graças a Deus, eu estava certa.
Peguei o mapa da escola – apesar de ela não ser tão grande – e fui para a minha primeira aula. Física. Perfeito. Logo a matéria que eu adoro.
Foi uma chatice. A manhã inteira eu só pensava no Seth. Em seu corpo estranhamente quente – mas ainda era quente. Tanto em termos de temperatura quanto de aparência. Em seu sorriso encantador, em seu beijo de arrrepiar...
— ...A Primeira Guerra Mundial teve um grande impacto. Quantas foram as baixas desta Guerra? Alguém se lembra? Senhorita Stewart. – a voz do professor chamou a minha atenção. 
Levantei a cabeça num pulo, surpresa e nervosa por eu ter sido a escolhida. Talvez se eu prestasse – ou fingisse melhor – atenção na aula, isso não aconteceria.
— Hã, muitas? – sugeri, não me lembrando disso. Estudei sobre isso na oitava série. – Não tenho certeza sobre isso, mas acho que muitas.
Alguns riram da minha resposta, outros reviraram os olhos. E alguns nem se importaram.
— A beleza vira burrice em apenas um segundo, senhorita Stewart. – ele falou, e fiquei constrangida. – Senhor Walter? Por que não aproveitar a oportunidade para desfazer esse esteriótipo de atleta?
Me virei, curiosa para ver quem era. O capitão do time de futebol americano da escola. Deduzi isso pela sua jaqueta vermelha do time.
Ele abriu a boca, e depois a fechou. Abriu de novo e falou:
— Não, obrigada senhor Maison. – ele falou. – Estou bem assim.
Mais uma vez todos riram.
— Senhora Willins? – ele chamou a atenção de outra garota.
— Hmmm, desculpe, senhor Maison. Eu não sei.
Ele de repente ficou furioso, e eu não sabia o que ele iria fazer ou dizer.
— Ano passado eu fui membro do Conselho Estudantil por uma razão, e óbvia. Mas as desculpas acabaram com as férias, pessoal.
A sala ficou em silêncio absoluto por um segundo e meio, até um aluno irromper isso.
— Foram  cerca de 10 milhões de mortos, sem contar com os 20 milhões de feridos. – olhei em direção a voz. O menino era surpreendentemente lindo e tão inteligente!
— Está certo, senhor...
— Steven. – ele revelou seu nome. Pelo jeito, também aluno novo.
A aula se passou mais rápido desde aí. Mas então o professor passou um trabalho em dupla para fazer. Caramba, eu sabia que ia ficar para a titia se não escolhesse rápido. Mas as pessoas perto de mim já tinham dupla.
— Olá. – ouvi uma voz gentil perto do meu ouvido.
Me arrepiei – eu não era acostumada com esse tipo de aproximação, ou carícia, ou coisas que garotas da minha idade já são plenamente acostumadas. – e me virei, dando de cara com o garoto inteligente.
— Oi. – respondi, meio tímida.
— Quer fazer dupla comigo? – ele perguntou. – Você tem cara de inteligente. – elogiou.
— Só por que uso óculos? – sugeri de brincadeira, tirando o mesmo. – Aparências enganam.
Ele sorriu lindamente. Senti meu coração bater mais rápido.
— Então, não me respondeu a pergunta. – ele continuou, sem apagar seu lindo sorriso.
— Mas é claro. – aceitei no mesmo segundo.
Ele alargou seu sorriso.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Você é meu destino -Quileutes -pós Saga Crepúsculo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.