Você é meu destino -Quileutes -pós Saga Crepúsculo escrita por Karina Lima


Capítulo 13
Eu preciso de você




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Sia - Breathe me

Foi tão triste a minha vida no orfanato. Onde o tempo custa tanto a passar. A saudade dos meus pais, que já se foram. Da minha irmã que está longe, e num paradeiro desconhecido por mim. A vontade de voltar a minha vida, e reviver cada momento com meus pais juntos.
Reviver as doces e longas gargalhadas ao lado da minha irmãzinha. As nossas brincadeiras. Nossos momentos de alegria.
Uma lágrima escapuliu de meu olho, e caiu diretamente no rosto da minha irmã da fotografia enquadrada. Como eu sentia sua falta.
Ouvi passos no corredor, e logo se aproximar do meu quarto.
— Lavine, posso entrar? – Seth falou do outro lado.
Rapidamente eu funguei e limpei meus olhos e nariz com um paninho em cima de minha cama. Mas depois realizei: ele saberia que eu estava chorando.
— Pode. – murmurei, colocando a minha foto com a Emma, deitada na cama, com a imagem virada para o colchão. Eu não queria correr risco de chorar na preseça do Seth.
Ele abriu a porta suavemente, já com a sua feição desconfiada, e quando me viu, ficou preocupado.
Não pude deixar de notar como ele fica lindo sem camisa!
Fingi que não reparei nesse detalhe e foquei em seu rosto.
— Está chorando por quê? – ele perguntou, se sentando ao meu lado na cama.
Seu cabelo estava úmido, o deixando lindo. Seu cheiro era o melhor perfume que já entrara em minhas narinas.
— Saudades da minha irmã. – respondi, sendo inútil tentar conter as lágrimas. Abri a boca para falar algo, mas a falta de palavras me impediu de continuar. Engoli em seco e tentei mais uma vez. – Tenho medo de nunca mais vê-la.
— Você vai vê-la novamente. – ele falou, afagando meu cabelo. Seus olhos demonstravam o quão angustiado ele estava por me ver assim. – Eu vou te ajudar a procurá-la.
Soltei um choro involuntário, e me agarrei em seu pescoço.

— Eu vi meu pai acabar com a vida dele lentamente. - murmurei, minha voz saindo por um fio. - E eu não pude fazer nada. Sabe por quê? Pq eu não estava muito melhor que ele.
Eu me sentia estranha comentando sobre isso. Nunca tinha conseguido desabafar com ninguém.
— Eu não conseguia ser mais ativa, fingir mais. Igual ele. Tudo o que nos restava era cuidar da bebezinha que mamãe nos deixou. E quando Emma foi levada embora, bastou para eu viver igual um robô.
— Nada disso foi culpa sua, Lavine. Não se esqueça. Você não tem culpa de sentir falta de quem ama.
Suas palavras fizeram um efeito que eu não esperava. Elas me acalmaram.
De repente me lembrei do vampiro que estavam procurando. Me afastei do Seth, com a feição preocupada.
— Não acha melhor avisar aos outros que o vampiro que estava rondando La Push, pode ser Jackson? – sugeri.
— Claro. – ele concordou rapidamente. – Vou avisá-los.
Ele se levantou para ir a cozinha, eu acho, e eu fui também, não querendo ficar sozinha.
Jacob ficou bravo por ser um “amigo” e ele não poder machucar. Seth também não estava contente por não acabar com a raça daquele idiota. Eu não queria me sentir culpada pela sua morte, ou por Seth se machucar tentando matá-lo, então eu ordenei a ele que não tentasse isso, pelo menos se Jackson também não fizer nada da parte dele.
— Seth Clearwater, estou falando sério! – falei com os dentes tricados, apontando um dedo em sua cara. – Se eu souber que você chegou perto dele, eu nunca mais falo com você!
— Se você ainda gosta dele, não precisa ficar tentando protegê-lo. – ele falou um pouco magoado. Eu sabia que ele não queria me atingir com essas palavras, mas isso me pegou em cheio.
— Não acredito no que você acabou de dizer. – murmurei, sem muito humor na voz.
Ele parou de falar para me analisar, e seu rosto demonstrava dor pelo que via no meu.
— M-me desculpe. – ele sussurrou, tentando chegar perto para me abraçar, mas o impedi.
— Eu preciso ficar um pouco sozinha. – murmurei e dei meia volta em meus calcanhares, indo para o meu quarto.
Eu não estava chateada com ele, necessariamente, mas sim do que ele falou. Eu não gostava do Jackson, mas acontece que já gostei dele. Eu ainda gosto como amiga, e se eu permitisse que os lobos o matasse, eu ficaria péssima. Jackson é ou era um bom amigo, só não gostei do que ele fez comigo no passado. O seu problema é que ele é ou era muito pegador.
Desabei na minha cama, me debulhando em lágrimas.
— Lavine, por favor, abre essa porta. – a voz de Seth foi abafada pela porta fechada.
— Me deixa em paz. – gritei contra o meu travesseiro, e eu não estava muito afim de me mexer para gritar mais com ele.
— Não faz assim, meu anjo. – ele implorou, e pela sua voz parecia a ponto de chorar. – Por favor, me deixe entrar.
Eu era orgulhosa. Não muito, mas sim a ponto de não dizer nada numa situação dessas. Eu tinha medo de estragar as coisas com o meu orgulho, e parecia inevitável.
Eu chorei mais ainda quando ele respirou fundo e se encostou a porta. Escutei ele escorregar até o chão e ficou lá. Isso me deixou desamparada. Eu queria que ele entrasse aqui dizendo que sente muito pelo o que disse e me abraçasse tão forte para me tirar o fôlego, mas que me sentisse bem. Só que parece que isso não aconteceria.
Para o meu alívio ouvi-o dizer "que se dane" e se levantar. A porta se abriu e se fechou. Eu continuei soluçando com a cara escondida na almofada macia, até que senti algo se mexendo na cama, e logo sua mão afagando minhas costas.
— Me desculpe por dizer aquilo. – ele pediu, mexendo nos meus cabelos.
Precisei de alguns segundos para poder dizer algo, mas ele interpretou mal meu silêncio.
— Eu só queria entender porque de você estar o protegendo desse jeito...
Isso foi a gota d’água para mim.
Falei me sentando bruscamente, sem me importar com a minha aparência ou com os olhos inchados.
— Seth Clearwater, desde que me decepcionei com Jackson, eu construí essas paredes ao redor dos meus sentimentos. E sabe o que aconteceu quando te conheci? Está tudo desmoronando. E elas nem sequer resistiram à queda. - seus olhos se arregalaram de surpresa. - Eu só não quero que você se machuque, está bem?! É tão difícil de entender?
Ele jogou seus braços ao meu redor, fazendo os soluços aumentarem.
— Vampiros são fortes, e você poderia se machucar tentando matar um. – falei o real motivo das minhas lágrimas. – Já perdi muitas pessoas importantes, não quero que você seja o próximo. – falei, quase engasgada pelo nó na garganta.
— Eu sei me cuidar. – ele assegurou, convicto disso.
— Não estou brincando. – o encarei séria, tentando fazê-lo entender que eu não estava para brincadeira. – Será que pode me entender?
— Tudo bem. – ele se rendeu, parecendo me levar a sério desta vez. Pousou seu queixo em meu ombro. – Desculpe. Prometo não desapontar você, meu amor. Seus sentimentos estão seguros comigo.
Seu hálito raspou em minha nuca, me arrepiando dos pés a cabeça. De repente, meu corpo pedia, implorava por qualquer contato de minha boca na dele. E foi o que eu fiz.
Segurei seu rosto com as minhas mãos e grudei gentilmente nossos lábios. Toda atrapalhada, abri de leve minha boca, e ele me imitou, começando um beijo apaixonado e atrapalhadamente bobo. Era assim que eu me sentia. Uma boba apaixonada.
Tranquei meus braços ao redor de seu pescoço, deixando meus lábios se levarem pelo momento. Eu quase não tinha o controle dos mesmos. Parecia impossível tentar amenizar o beijo – não que eu quisesse – ou mesmo parar de beijar – mais uma vez, não que eu quisesse.
Meu coração acelerou quando senti sua barriga contra a minha, e só então me dei conta de que estava sentada em seu colo. Eu não fiquei constrangida como pensei que ficaria. Muito pelo contrário. Eu gostei de ficar assim. E parece que ele também, pois segurou minha cintura e me puxou para mais perto, se é que era possível.
Minha língua espontaneamente pediu passagem para entrar em sua boca, e fiquei um pouco excitada quando sua língua entrou no meu caminho, me deliciando com o seu gosto.
Fiquei com raiva quando escutamos algo vibrar em cima da cômoda, nos obrigando a separar.
— Vou ver o que é. – falei, tentando recuperar o fôlego. Ele assentiu devagar com a cabeça.
Me levantei de seu colo e fui pegar meu celular. Quase joguei ele no chão de tanta raiva que senti naquele momento. E então me recordei de quanta raiva senti antes de me transformar, e por algum motivo temi me transformar de novo, e tentei me acalmar.
— Algo importante? – ele perguntou, e o senti por trás de mim. Afastou meu cabelo e beijou meu pescoço, abraçando minha cintura. Encolhi meus ombros por conta do arrepio e sorri abobalhada.
— Não. – respondi, me esquecedo do porque de eu estar com raiva. – Apenas mensagem da operadora.
Me virei e capturei seus lábios mais uma vez, segurando sua nuca. Percebi a vantagem de estar encostada na cômoda, e levei uma mão até a sua cintura, colando nossos corpos. Era boa essa sensação.
Ele percebeu o que eu queria e me pressionou mais no móvel contra o seu corpo, segurando minha cintura, e eu, já que não precisava mais juntar nossos corpos – ele fazia isso por mim – e joguei meus braços ao redor de se pescoço.
Eu já estava ficando sem fôlego, mas a minha vontade de beijá-lo era mais forte. Era um tipo de frenesi. Mas ele perdeu completamente o fôlego, pois se separou levemente do meu rosto.
— Você tem um fôlego e tanto, ein. – ele brincou, me dando um beijo na testa. Putz. Se eu contasse as minhas amigas o quão ele é carinhoso comigo, elas ficariam com inveja. – Sem contar que você beija incrivelmente bem.
Odiei o pequeno espaço que ele colocou entre nossos corpos, sei lá, talvez para me dar espaço ou para eu não me sentir pressionada.
— A culpa é sua por ser viciante. – falei, em tom de acusação. Ele me lançou um sorriso tão lindo, que quase me hipnotizei. – Esse sorriso deveria ser ilegal. – falei, apontando para a sua boca.
— Seu beijo devia ser proibido. – ele retrucou. – Tem certeza de que nunca beijou antes?
Eu ri.
— Talvez algo sobre você me fazer sentir bem. – dei de ombros.
Ele riu desta vez, maravilhado.
Suspiramos ao mesmo tempo quando ouvimos um carro estacionando em frente a casa. A gente estava torcendo para ser apenas um vizinho. Droga! Sue e Charlie em casa, quer dizer menos privacidade.
Para dizer que não estávamos nos “pegando”, meu celular me salvou. Meu coração quase pulou de felicidade quando vi no visor quem era.
— Não brinca! – gritei e o peguei rapidamente. – É a Camila! Ela me mandou uma mensagem!
Abri-a e li.
— “Minha mãe vai me dar um presente de aniversário super legal e que acho que vou desperdiçar para te ver. Bem, já disse tudo, né?” – li o que tinha lá, e revirei os olhos para a sua “delicadeza” de BFF.
Mas depois que a frase fez sentindo em minha cabeça, soltei outro grito involuntário com todas as minhas forças.
— Lavine? Seth? – a voz de Charlie seguido de seus passos firmes fizeram barulho no corredor.
— Não acredito! Não acredito! Não acredito! – gritei, pulando histericamente com o celular ainda em minhas mãos ao mesmo tempo em que Charlie rompia a porta com a sua arma na mão, Sue logo atrás dele, preocupada. Ele apontava a arma a sua frente caso houvesse um bandido ou algo, mas abaixou-a aliviado, assim que me viu gritando feito uma louca e pulando. – Minha melhor amiga estará vindo me visitar logo!
— Que bom para você, querida. – Sue falou, sorrindo. Parei de pular.
— Estou tão feliz. – falei comovida, e fiquei com a raiva mustirada com a felicidade ao ver que não consegui conter as minhas lágrimas. – Faz tanto tempo que não a vejo...
— Qualquer uma delas serão bem vindas para visitá-la. – Sue falou.
— Obrigada. – sussurrei, ainda emocionada.
— Bem, já é tarde, Charlie e eu vamos dormir. – ela falou, colocando as mãos em seus ombros. – Certo, Charlie?
Ele assentiu com a cabeça, parecendo cansado.
— Boa noite, crianças. – ele disse, e terminou com os olhos no Seth. – Juízo, vocês dois.
Isso foi uma indireta bem itencionada? Ou ele estava apenas sendo protetor comigo?
— Teremos. – respondi, com um sorriso inocente no rosto.
Eu não pretendia fazer nada mais do que apenas beijos. Posso ter hormônios de adolescente, mas tenho apenas quinze anos. Não posso cometer esse erro, quero dizer, tanta vida pela frente, para que tomar uma decisão tão precipitada?
Eles se despediram e se foram.
— Ela mandou outra coisa. – falei ao ouvir o celular vibrar novamente. Ela pedia o endereço daqui. – Escreve você? Eu não decorei ainda. – pedi, lhe entregando meu aparelho.
Ele fez o que eu pedi. Como amanhã ainda era domingo, ficamos assistindo a um filme de terror até as duas e meia da manhã.
— Ah. – arfei me sobressaltando quando o assassino surgiu de trás da porta. Seth me apertou contra ele, e assim eu me sentia protegida. – Que garota estúpida! – exclamei baixinho, vendo-a ser decapitada.
Quase gritei de susto ao ver outra pessoa ser morta pela serra elétrica, mas tapei minha boca a tempo.
Foi assim até de madrugada, quando finalmente bateu o sono.


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