Você é meu destino -Quileutes -pós Saga Crepúsculo escrita por Karina Lima


Capítulo 12
Passado vindo a tona




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— O que você está fazendo aqui? – perguntei sem pensar.
— Eu fiquei preocupado com você quando soube que seu pai morreu. – ele falou, se levantando. - Mas eu demorei muito tempo para te achar. Você não estava mais em Los Angeles.
Levantei um pouco a cabeça engolindo em seco, me esforçando para não chorar. Meu coração martelou dolorosamente em meu peito, e eu me odiei por ainda isso mexer comigo.
Ele veio até mim em passos calmos, e Seth se pôs protetoramente ao meu lado. Jackson o olhou com nojo, mas depois ignorou.
— O que você quer? – voltei a perguntar, dando ênfase em cada palavra.
— Para de me perguntar como se eu fosse um idiota. – ele falou, como se tivesse ofendido com as minhas perguntas.
— Você é. – ressaltei, sentindo as lágrimas escaparem dos meus olhos.
O que ele fez comigo foi horrível.
— Você mudou mesmo. – ele falou, observando meu rosto.
Recuei de leve com minha cabeça, surpresa.
— Claro, achou que eu seria otária para sempre?
— Não foi isso que eu quis dizer. – ele falou, parecendo sincero. Apenas parecendo.
— Jack, fica para o almoço? – Sue perguntou, colocando a cabeça na sala. – Já está meio tarde para almoçar, mas... – ela se interrompeu sugestivamente.
— Não, obrigada Sra. Clearwater. – ele agradeceu, e ela sorriu antes de voltar para a cozinha. Depois se virou para mim. – Ela parece saber o que sou. - falou confuso. - Mas não tem medo? Hã, podemos conversar em particular?
— Você não vai ficar em nenhum lugar sozinho com ela. – Seth rosnou baixinho, ficando entre ele e eu.
— E quem é você? O dono dela? – ele questionou, zombeteiro, se aproximando dele.
— Não vou deixar nenhum sanguessuga ficar perto da minha garota assim.
Me pus entre os dois, querendo evitar qualquer conflito.
— Ele é o meu namorado. – falei de uma vez, recebendo um olhar incrédulo de Jackson.
— E todo aquele papo de querer ter confiança para o seu primeiro beijo? – indagou.
— Ele me deu tudo o que eu precisava. – falei, cruzando os braços a altura do peito, tentando ser imparcial. Mas sempre que eu o olhava, as memórias vinham terriveis em minha mente. – Coisa que você não fez.
Fiz um esforço para manter minha voz controlada, e fiquei feliz de obter sucesso.
— Eu preciso ir. Vejo que não vou conseguir conversar em paz com você. – ele falou, e franziu os lábios. – Nos vemos em breve, amor.
Seth rosnou para ele, e fiquei chocada com isso. Como ele ousa a me chamar disso depois de tudo?
— Adeus, Sue. – ele falou, andando pelo pequeno corredor da cozinha.
— Até mais, querido. – ela falou, e ele saiu pela porta.
— Lav, o que foi tudo isso? – Seth me questionou, ainda com raiva dele.
Funguei, limpando meu nariz e meus olhos.
— É uma longa história. – falei. – O que acha sobre contarmos as novidades a sua mãe? – sugeri, querendo esquecer tudo isso. – Quero dizer, ela sabe que você é lobisomem, certo?
Ele afirmou com a cabeça.
— Então, devemos contar que eu sou uma também, agora? – sugeri.
Ele apenas agarrou minha mão e me puxou para a cozinha, onde Sue preparava uma deliciosa lasanha.
— Já vi que vou virar uma baleia nessa casa. – comentei, aspirando o ar.
Ela riu, e colocou a forma dentro do forno, e o fechou.
— Mãe, Lavine e eu temos duas coisas para te contar. – Seth falou, me olhando com um sorriso imenso no rosto. Bem, jugando pela sua cara mais cedo, de quando me transformei, presumi que ele diria que estamos namorando.
— O que foi, meus amores? – ela se sentou a mesa, e Seth e eu sentamos em outras cadeiras, lado a lado.
— Bem, mãe. – Seth começou. – Você sabia que isso aconteceria mais cedo ou mais tarde, certo?
— Vocês estão namorando? – ela perguntou, um sorriso começando a brotar em seu rosto.
Seth, como resposta, pegou minha mão na sua. Eu fiquei confusa, porém depois entendi que era sobre o imprinting.
— Estou tão feliz por vocês! – ela se inclinou, abraçando a nós dois de uma vez. E se afastou de súbito. – Oh, querida. Você está ardendo! Está se sentindo bem?
— Essa era a outra coisa, mamãe. – ele falou, hesitante.
E os olhos dela se arregalaram quando ela me encarou.
— Lavine agora faz parte da nossa matilha, mãe. – ele continuou, segurando minha mão por baixo da mesa. Eu ainda estava um pouco assustada, sim. Entretanto era bom ver que ele estava me apoiando.
— Eu estou de bem com isso, Sue. – falei num tom calmante, antes que ela começasse a ficar preocupada. – Estou lidando bem com isso. Melhor do que eu imaginava.
— É verdade? – ela se certificou.
— É até legal. – comentei, sem conseguir conter meu sorriso. – Envelhecer apenas quando eu quiser. E ainda por cima ser uma criatura mística e teoricamente teórica. Adoro isso.
Ela riu, e me deu um beijo na testa, e outro na do Seth.
— Preciso ir ao hospital cobrir meu turno da noite. – ela falou, pegando a chave do seu carro no lugar de guardar chaves. – A lasanha está no fogo, querido, sabe a hora de tirar. Charlie estará mais tarde aqui, está cuidando de umas coisas. Até mais tarde, crianças. Juízo. E gostei do seu corte de cabelo, querida.
Sorri.
— Tchau. – falamos juntos antes de a porta de bater.
Eu tinha a leve impressão de que Seth queria me fazer uma pergunta.
— Quer dizer algo? – perguntei relutante, sem ter certeza de que queria escutar.
— Quem exatamente é esse Jackson? – ele perguntou, devagar, parecendo cuidadoso para não demonstrar ciúme.
— Ele era um garoto da escola. – contei. – Eu gostava dele. Era mais do que uma simples paixonite.
Ele esperou eu continuar.
— Eu gostava dele demais. Mais do que eu gostaria. Porém ele nunca me reparava. Como se fosse alguma novidade eu ser invisível. – dei um sorriso sem humor. – De qualquer forma, teve um dia que minha colega, Madson, me encheu de maquiagem para ir a escola. Devo dizer que fiquei linda. – comentei, me lembrando de quando me olhei no espelho e vi uma pessoa totalmente diferente.
— Você é linda. – ele afirmou, dando um aperto de leve na minha mão que segurava. Sorri, mas continuei.
— Bem, eu detesto ser o centro das atenções, só que eu apreciei ver vários garotos assoviando e me olhando com admiração cada vez que eu passava perto deles. Foi um golpe bom para a minha autoestima. E aí, o que me deixou mais nervosa e mais vaidosa foi Jack me olhando. Eu nunca achei que eu conseguiria prender a sua atenção. Mas graças a Mad, isso aconteceu. A partir desse dia, ele sempre dava um jeito de tentar ficar comigo, pois sempre ela me incentivava a passar maquiagem. Eu não gostava de chamar a atenção por algo que não é realmente eu, mas eu cedi.
“Um certo dia, contei a Jackson que nunca beijei nenhum garoto, e por isso estava indecisa de beijá-lo. Ele pegou minha mão e me prometeu de que eu era diferente das outras garotas, e que a partir daquele momento eu era a única em sua vida.”
Uma lágrima escapuliu dos meus olhos com a lembrança. Não doia pelo fato de eu tê-lo perdido, mas sim de eu ter sido tão trouxa e me deixar enganar.
— Eu me iludi fácil, fácil. Contei para as minhas poucas amigas que eu estava apaixonada. Eu estava cada vez mais me derretendo com esse sentimento.
“Nossa amizade ia crescendo, conversávamos, ele me apresentava para a sua roda de amigos. Estava tudo indo ótimo. Até certo dia que eu estava andando pelo pátio da escola sozinha, pois meus poucos colegas tinham faltado por falta de vontade ou por compromisso... Enfim, logo nesse dia eles tiveram que faltar. Eu estava caminhando em direção ao refeitório para comer algo, quando me deparei com uma cena que me deixo desamparada: ele estava com outra.”
“Eu sei que não devia ter sido tão burra e me deixado enganar por um garoto que beija todas. Eu devia ter sido mais cuidadosa e pensado melhor nisso antes de me deixar levar. Mas o que o coração não é capaz de fazer com a gente? Eu saí correndo, e entrei no banheiro feminino. Adentrei o último box e me tranquei, chorando muito. O sinal tocou, mas eu nem estava ligando. Perdi uma aula e meia. Por sorte, peguei a aula de um professor legal, que me deixou entrar no meio da sua aula com a desculpa de estar com cólica. Quando tocou o sinal da saída, ele teve a cara de pau de me esperar na porta da minha sala. E como se não bastasse, a idiota que ficou com ele no intervalo, chegou e lhe beijou na minha frente. Eu me perguntei: quantas vezes um coração pode ser destroçado e continuar batendo?”
“Ele fingiu não saber o que estava acontecendo, mas antes que pudesse dizer algo, me misturei na multidão aglomerada ali para ir embora, e fui. Não fui muito longe. Corri para a casa da Madson, que era a mais perto. Corri com todas as minhas forças, as vezes tropeçando nos meus próprios pés. Assim que ela abriu a porta e me viu chorando, ela me perguntou preocupada, o que houve? Eu, sem conseguir dizer muita coisa, falei que o vi beijando outra. Ela me abraçou. Fiquei grata de que seus pais não estavam em casa.”
“Naquela tarde, eu tinha que ter levado a minha irmã para a escola. Por sorte, minha vizinha a levou, depois eu expliquei que fiquei presa na escola por conta de uma tarefa. Depois Madson ligou para Camila e Ruan, e eles foram até a sua casa para me consolar. Eles, claro, ficaram com tanto ódio dele, que queriam bater nele. Eu disse que com violência não se resolveria nada, e eles se concentraram em mim. Fiquei chorando por mais alguns longos minutos, até que me acalmei. Elas me fizeram ficar lá até o pai da Mad chegar e me levar para casa de carro.”
Quando acabei de contar a minha longa história, ele me puxou para um abraço em seus braços quentes e protetores. Ali eu me sentia protegida.
— Sei que palavras não vão adiantar, nem bom com elas eu sou. Ainda mais se o seu coração não quiser acreditar em mim. Mas confie em meu amor. O que eu mais quero é não te ver sofrer. Eu te prometo, Lavine, jamais deixarei esse idiota ou qualquer outro te machucar novamente. – ele falou próximo ao meu ouvido.
Assenti com a cabeça contra seu peito, tentando não derramar muitas lágrimas.
— Eu ia fazer catorze anos. – me lembrei. – Uma adolescente ingênua e boba apaixonada.
— Eu nunca vou te magoar, Lav. – ele me prometeu. – Não importa o que aconteça.
Eu não sei por que, talvez fosse pelo imprinting. Eu acreditava tão facilmente em tudo o que Seth dizia. Se ele dissesse que fada do dente e Papai Noel são reais, eu aceitaria tais fatos. Muito fácil. Ele já me provou o suficiente.
Talvez o destino tenha me preparado para ser madura para ficar com Seth.
E como eu tinha sorte.


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