Um passo errado escrita por nanacfabreti


Capítulo 30
Acerto de contas




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Passado o choque de todos, diante de tantas novidades, as coisas foram começando a entrar nos trilhos. Laura não cabia em si de tanta felicidade, a volta de Alicia modificara Erick de maneira automática, tal qual uma flor murcha que recebe água.

Marta também estava muito feliz, para ela, Erick e Alicia eram o tipo de casal que não podiam estar separados, e, embora não acreditasse no clichê de almas gêmeas, no caso deles, deixava o ceticismo de lado e os colocava no percentual das exceções.

Com a reviravolta no caso de Erick, Laura sentia que podia voltar para Nova Olimpia, era fim de ano e ela precisava, ao menos, acompanhar as apresentações das turmas que fora obrigada a abandonar.

—Não ficou chateada com o que fiz, ficou? —Alicia preocupou-se, enquanto a sogra arrumava suas malas. Laura passaria os últimos dias na casa de Marta, queria dar o máximo de privacidade ao casal.

— Quantas vezes vou ter que repetir? — Laura sorriu. — Que seus pais não me ouçam, mas, eu adorei o que você fez, vir ficar com o Erick a foi sua melhor decisão e mesmo parecendo imparcialidade, eu acho que vocês dois já sofreram demais, agora, merecem ser felizes.

Alicia caminhou até a mãe de Erick e abraçou-a pela centésima vez, só nos últimos dois dias.

—Não me canso de agradecê-la... acho que qualquer mãe agiria diferente de você... eu machuquei seu filho de alguma forma —ela estalou a boca—,mas prometo que nunca mais vai acontecer, eu não aguentaria outro golpe desses.

— Nem ele minha querida...nem ele... —Laura voltou a abraçar a bailarina.

—Sabe que seu filho está sofrendo com sua partida, não sabe?

Laura arqueou as sobrancelhas, de repente, sentiu-se triste.

—Eu também... —ela disse olhando ao seu redor. — Amo minha cidade e a vida que tenho lá, mas ter passado tanto tempo aqui, fez com que eu me apaixonasse por Santo Valle, por esse haras e pelas pessoas daqui...

Alicia respirou fundo, embora de forma muito rasa, ficara sabendo sobre a declaração feita por Cássio e, estava com a língua coçando para tocar naquele assunto.

Seria um bom momento, já que Erick estava trabalhando e as duas estavam á sós.

—Laura... —Alicia sentou-se na beirada da cama. —Não quero parecer intrometida mas, e quanto ao pai do Erick? Eu soube o que houve na delegacia...

Ela fechou os olhos, estava com uma escova de cabelos nas mãos, depois de um tempo fixou os olhos no objeto, seu rosto corou como o de uma adolescente envergonhada.

— Com você eu posso ser sincera. — Ela sentou-se ao lado de Alicia. — Mesmo por baixo de muita mágoa e mesmo depois de tanto tempo, ter passado esses dias com o Cássio me fez ver algo que no fundo eu já sabia...

—Ainda o ama, não é? —Alicia tocou o braço de Laura.

Ela encarou a nora, os olhos claros avermelharam-se.

—Sim—respondeu balançando a cabeça de forma positiva. — Mesmo sabendo que nunca mais vamos ficar juntos, o que sinto por ele parece até um castigo, algo que vou ter de carregar comigo para sempre.

Alicia entendia bem como Laura se sentia, claro que as histórias eram diferentes, mas a base era a mesma. Amor.

— Eu conheço a Marcela, ela não vai levar esse casamento á diante, não depois de Cássio ter se declarado á você.

—Eu sei, ele me disse a mesma coisa, aliás, ainda no hospital ele ordenou ao seu advogado, que entrasse com o pedido de divórcio, só que as coisas não são tão simples assim. —Ela respirou fundo.

Alicia segurou uma das mãos de Laura.

— Sei que não faz o mínimo sentido, eu, uma criança perto de você, estar querendo aconselhá-la, mas... —Alicia sorriu com timidez. — Nesses meses que passei longe do seu filho e também, daquela outra vez em que ficamos separados, eu só focava nos motivos pelos quais nós não deveríamos estar juntos, me apeguei a eles e fui colocando os problemas como se fossem barricadas para impedir-me de agir como deveria, só que hoje eu posso afirmar com convicção, viver esse amor é muito mais fácil que fugir dele.

Laura baixou seus olhos, tudo o que acabava de ouvir a impactou e fez seu coração sangrar. Alicia havia conseguido tocá-la, ela começou a chorar. Abraçou a nora e sentiu-se aconchegada no colo dela.

—Meu filho tem tanta sorte...Você é tão jovem e já sabe tanto... —Ela respirou fundo.

—Na verdade, Laura, amar o Erick me ensinou muitas coisas, mas foi o sofrimento que me fez enxergá-las de verdade —Alicia disse, e depois beijou o rosto da sogra. —Bem, agora, eu vou começar a organizar minha vida, vou até o estúdio falar com a Regina.

—Leve um abraço meu para ela.

—Pode deixar... —Alicia saiu do quarto deixando a mãe de Erick cheia de questionamentos , conflitos internos e mais, desejando que ela reconsiderasse, afinal, adorava ter aquela mulher em seu convívio.

Seguiu para o escritório da avó, mas no meio do trajeto avistou Olívia, imediatamente procurou pelo namorado, normalmente uma coisa levava a outra. Ponto para ela.

Erick estava conversando com dois homens de meia idade, explicava como funcionavam as partidas de polo, Olivia parecia estar cercando-o, esperando o momento certo para chegar até ele.

—Posso ajudar? —A bailarina tocou o ombro da filha do prefeito e ela deu um pulo tamanho o susto.

—Alicia? —Olivia indagou, estava surpresa.

—Sim, sou eu mesma...

—Eu estou esperando alguém desocupar, para selar minha égua. —Ela encolheu os ombros. O rosto estava corado, embora Alicia acreditasse que aquela pirralha não era provida de vergonha.

—E esse alguém tem que ser o Erick? —ela foi direta.

Olivia arregalou os olhos, para ela, Alicia estava em Londres, além do mais, achava que o namoro da bailarina com Erick era coisa do passado.

—Olha... —Ela enrugou a testa, estava irritada.

—Bom dia. —Erick surgiu em boa hora e colocou-se entre as duas. —Alicia...Olívia... —Ele intercalou os olhares entre as duas garotas.

Alicia passou o braço em torno da cintura do namorado e encarou a garota a sua frente, ela estava mais vermelha do que um tomate maduro.

—Erick, eu estava aqui conversando com a Olívia, contando as novidades. —Ela sorriu com cinismo. —Acabava de dizer para ela que voltei em definitivo e que estou morando aqui com você...

—Estão morando juntos?

Erick olhou para Alicia e sorriu, ainda não acreditava naquilo, para ele era muito bom para ser verdade.

—Estamos. —Os dois responderam juntos e depois, riram do entrosamento.

—Legal... —Olivia respondeu visivelmente sem graça. —Eu vou ver se o Maurício pode pegar a minha égua. —Ela saiu sem disfarçar seu desconcerto.

Alicia e Erick a acompanharam com os olhos.

—Me fala — Alicia virou-se de frente para o namorado—, vocês dois não andaram se pegando nesse tempo em que estive ausente, não é?

—Claro que não Alicia... Que pergunta!

— Nada disso! —Ela cruzou os braços. —Todas as vezes que a encontro aqui, essa garota está se preparando para dar o bote em você. Fico pensando como ela agiu nesse tempo em que eu estive longe.

Alicia estava coberta de razão, só que Erick não queria colocar lenha na fogueira.

—Eu tenho que voltar a trabalhar...O que acha de gastarmos nosso tempo de um jeito mais interessante? —Erick puxou Alicia para os fundos dos estábulos, aproveitou os cinco minutos que tinha sobrando, beijando-a como se sua vida dependesse daquilo.

*************

—Claro que a proposta ainda está de pé! —Regina abraçou Alicia, estava eufórica. —Não imagina o quanto eu estou precisando de alguém para me ajudar, além do mais, eu já estou com uma lista de espera para o ano que vem, esse estúdio está crescendo e sozinha eu não dou conta.

A bailarina emocionou-se, achava que a amiga pudesse estar chateada com ela por conta de sua desistência do Royal Ballet.

—Regina, eu vou trabalhar duro e, mesmo não tendo concluído meu curso lá, eu aprendi muita coisa nesses últimos meses... Sem contar que eu estou tão, mas tão feliz, que me sinto renovada , cheia de ideias....

—Eu sei minha querida, ou melhor, sócia. — Regina sorriu satisfeita. —Agora, não dá para deixar de pensar na loucura que foi a história do seu ex-namorado, da mãe dele e tudo mais, não é mesmo?

—Sim...muita loucura...

Alicia tentava evitar pensar em tudo aquilo, só que a raiva que sentia de David era grande demais para deixar passar. Por mais que tivesse prometido a Erick que não o procuraria, estar tão perto de sua casa, parecia algo tentador.

Despois de despedir-se da agora, sócia, Alicia seguiria para a casa de Jéssica, as duas ainda não haviam se encontrado e estavam mortas de saudades. Em seu carro, olhou para o painel e o relógio acusava ser mais cedo do que ela imaginava.

"Só vou passar em frente da casa dele...",pensou já seguindo para lá. O sangue corria quente em suas veias enquanto ela relembrava a noite em que quase morrera. Alicia não costumava deixar sua mente passear por aquelas lembranças, o acontecimento foi tão surreal que a bailarina deu um jeito de bloqueá-lo, mas, naquele momento em específico, ela fazia questão revivê-lo.

Não sabia o que faria caso o visse, mesmo assim, decidiu arriscar. Com o carro em uma velocidade muito baixa, ela dirigiu pela rua em que David morava. Nada, nenhuma movimentação. Deu a volta no quarteirão e repetiu o que fizera minutos atrás, por mais duas vezes.

—Eu ainda pego você David! —afirmou para si mesma, antes de seguir para a casa de Jéssica.

Assim que se encontraram, as amigas se abraçaram longamente, choraram e depois seguiram para o quarto da namorada de Thomas.

—Você está linda, Alicia! Achei que voltaria apenas uma carcaça... —Jéssica provocou--a.

—Rá. Rá. Rá. —Alicia jogou-se na cama que conhecia tão bem. —Já seu humor, continua o mesmo.

—Sério. —Ela sentou-se no chão. —Todas as vezes em que conversávamos, eu imaginava você... sei lá, apagada, com olheiras profundas, esquelética.

Alicia ficou em silêncio por um minuto, aquela descrição estava mesmo correta.

—Nos primeiros meses eu fiquei assim mesmo. —Ela respirou fundo. —Me acabei, só que depois, eu vi que precisava dar um jeito de ir sobrevivendo, e quando eu soube que teria que voltar por conta do julgamento, isso foi exatamente o que acabou me salvando.

—E o Miguel? Ele teve sua parcela de contribuição também, não teve?

Alicia balançou a cabeça e sorriu pensando no amigo. Havia ligado para ele no dia anterior e seu coração doeu quando teve de contar que se acertara com Erick.

— Eu não tenho como definir o tamanho do apoio que recebi dele, sério, eu nem sou tão religiosa assim, mas tenho certeza de que foi Deus quem o colocou ali, ao meu lado naquele voo.

—Nossa... Se o Erick a vir falando assim... — Jéssica estreitou os olhos, parecia desconfiada.

— O Miguel é uma pessoa apaixonante, só que o Erick—Alicia suspirou tentando encontrar uma boa definição para o namorado—, é vício, é dependência e, não tem como competir com isso.

Jéssica manteve-se atenta, ela não conseguia deixar de admirar a maneira com que Alicia definia seus sentimentos.

—Isso é fantástico, eu adoro a história de vocês dois. —Jéssica pôs-se a abanar o rosto com as mãos, insinuando que estava prestes a chorar.

—Agora você também está vivendo uma história de amor, não é? Quem diária que o Tom e pegaria de jeito, hein?

—O pior é que é verdade. —Ela fez um beicinho. —Estou mesmo in love.

As duas riram, depois, inevitavelmente, voltaram a falar sobre David, Alicia estava resignada quanto a todo mundo fazer inserções sobre seu ex-namorado no meio de uma conversa.

Quase três horas depois tentando colocar a conversa em dia, Alicia decidiu que já era hora de voltar para casa. Ela ansiava estar junto ao namorado novamente, ainda não havia conseguido matar as saudades.

Despediu-se da amiga com um longo abraço e elas combinaram um novo encontro de casais.

Com o carro em movimento, Alicia deveria seguir direto para o haras, no entanto, aquele comichão de mais cedo, voltou a atormentá-la. Entrou novamente na rua de David, reduziu a velocidade e pôs-se a observar todo o seu entorno, irritou-se com a falta de sorte, outra vez não havia nem sinal dele.

— Seu santo é forte... —Sussurrou enquanto respeitava a placa Pare. Esperava que dois carros passassem para então seguir seu rumo e, graças a sua tenacidade, pôde vê-lo, bem á sua frente. David caminhava rapidamente para atravessar a rua.

Alicia ficou cega por um breve instante, depois, respirou fundo e quando deu por si, já estava jogando o carro sobre o ex-namorado, conseguiu frear antes de atingi-lo. Por um triz.

—Você está louca!? —David gritou sem ao menos saber quem era a insana ao volante.

Alimentada pelo que há de pior em um ser humano, o ódio, lá foi Alicia. Desceu do carro e bateu a porta com tanta força que o veículo balançou. A surpresa de David foi tão grande que só não superou o seu pânico.

—Eu estou mesmo louca David... —Ela colocou-se em sua frente. —Não deveria ter perdido essa oportunidade, eu não tinha que ter freado!

—Alicia... —David acabava de perder o chão, desejou ter o poder de desaparecer.

A bailarina aproximou-se dele, tanto que David deu um passo para trás, ele tinha a dimensão da ira da ex-namorada, aquilo transcendia em seus olhos.

—É mesmo um covarde... —ela murmurou.

Algumas pessoas começaram a parar nas calçadas, queriam saber o que estava acontecendo, sem contar que o carro de Alicia, parado no meio da rua, estava atrapalhando o trânsito.

—Eu...Eu acho que te devo desculpas, mas

Antes que ele pudesse terminar a frase, Alicia reuniu toda a força que tinha e acertou um tapa no rosto de David. Com o impacto ele chegou a se desequilibrar, não estava esperando por aquilo, embora devesse.

—Desculpas, David? Contrata alguém para me matar e acha que só me deve desculpas? —Alicia cuspiu as palavras, mantendo o dedo apontado no rosto do rapaz que exibia a marca de sua mão em vergões.

Ele arregalou os olhos, despois correu-os rapidamente ao seu entorno e odiou reconhecer várias das pessoas que se aglomeravam ali, seus vizinhos.

—As coisas não foram bem assim... Eu nunca quis que nada de mal acontecesse a você, só que aquele cara tirou tudo de mim — David aumentou o tom da voz, era como se quisesse se justificar, não apenas para Alicia. —Primeiro ele me roubou você, depois os meus amigos e agora, até meu pai...

Alicia explodiu em uma gargalhada nervosa.

—Pobre David...Acha mesmo que o que acaba de dizer, pode embasar sua covardia? — Ela continuou gritando, e os comentários vindos dos que assistiam a todo aquele escândalo, pareciam não chegar até Alicia. —Sabe o que é ter uma arma apontada para a sua cabeça? O que é sentir aquele cano gelado rente a sua pele e achar que você tem apenas alguns segundos de vida?

David fechou os olhos.

Alicia começou a chorar.

—Não tem ideia do que é ficar tão próxima da morte e pensar que não vai poder se despedir de quem você ama—ela fungou—,imaginar o momento em que seus pais vão receber a notícia de que a filha foi assassinada. Sabia que naquele dia, até mesmo em você eu pensei?

David ouvia tudo, e as palavras de Alicia, ditas como se fosse uma confissão, chegaram nele de maneira impactante. Ele evitava pensar no que a bailarina havia passado, só que naquele instante, ouvindo os relatos dela, ele sentiu nojo de si mesmo.

—Eu sei que você não vai acreditar, mas eu não sabia que as coisas tomariam essa proporção. —David não conteve suas lágrimas.

—O que me conforta é saber que seu plano deu errado...Queria me separar do Erick, queria que eu o culpasse por aquilo. Só vou contar-lhe uma coisa, naquela noite, onde eu tive poucos minutos para avaliar toda a minha vida, apenas uma certeza firmou-se em meus pensamentos: A do meu amor por seu irmão. Se aquele fosse mesmo o meu fim, eu não morreria com arrependimento algum, porque ter escolhido ele a você, foi de todas, a melhor decisão já tomada por mim.

Àquela altura, ao menos duas dúzias de pessoas assistiam ao show protagonizado por Alicia. Ela deu as costas para ele, caminhou de volta para seu carro, seguida por dezenas de pares de olhos. Alguns ali presentes sabiam da história em partes, ao menos pelo que acompanharam pelo jornal de Santo Valle, outras, alheias ao assunto, achavam se tratar de uma simples briga de namorados.

—Moça, você está bem para dirigir? —Uma jovem senhora que carregava uma sacola com pães, abordou Alicia enquanto ela se sentava no banco do motorista.

Os joelhos tremiam, os músculos convulsionavam e as lágrimas pareciam ter encontrado um caminho sem volta. Ela respirou fundo, estava com os olhos fixos no volante.

—Estou bem...Ou melhor, vou ficar bem. —Ela encarou a mulher.

—Eu moro bem ali. —Ela apontou para uma casa de esquina. —Se quiser, eu pego um copo de água com açúcar, você não deve arriscar sair com esse carro, no estado em que se encontra.

Alicia assentiu com a cabeça, ela realmente não estava nada bem e tudo o que não precisava, era de mais problemas. Entregou as chaves do carro a um homem que também se solidarizou com sua situação e ele o estacionou de maneira correta.

Sentou-se em uma cadeira no abrigo da mulher e tomou a água com açúcar servida por ela. As mãos tremiam tanto que o peso do copo parecia mais do que ele podia aguentar. Pela primeira vez as lembranças daquela noite, foram revividas por ela de maneira tão profunda e dolorosa. Antes, Alicia queria ser forte porque sabia como Erick se culpava por aquilo, agora, era como se ela quisesse libertar todos aqueles fantasmas, para ter ainda mais combustível alimentando seu ódio por David.

Pensou em ligar para o namorado, no entanto, imaginou que ele seria capaz de terminar o que ela tinha começado. Esperou alguns minutos e quando sentiu-se menos tensa, decidiu que era hora de seguir em frente, em todos os sentidos.

Agradeceu a gentiliza daquela desconhecida e foi ao encontro de Erick.

—Estou preparando o jantar para nós dois... —ele gritou da cozinha, assim que ouviu a voz da namorada falando com Jack.

Ela respirou fundo e seguiu até ele. Erick estava de costas, cortava tomates para uma salada. Alicia abraçou-o e repousou seu rosto nas costas dele.

—Eu encontrei o David... —Ela murmurou sabendo que não adiantaria esconder aquilo do namorado, ele ficaria sabendo de um jeito ou de outro.

—Como assim, encontrou o David? —Erick virou-se para ela, na testa as rugas demonstravam toda a sua preocupação.

Ela contou, tudo, até mesmo a parte de ter passado pela casa dele insistentemente. Como já era de se esperar, o filho de Laura sentiu-se tentado a também ter uma "conversinha" com o irmão, no entanto, Alicia despejou sobre ele um monte de razões para que ele não o fizesse.

— No fundo eu precisava disso...dizer o que estava entalado. — Alicia apertou a garganta.

—Eu espero não encontrá-lo tão cedo, e confesso que estou evitando ir a lugares onde ele possa estar. —Erick puxou Alicia para um abraço. —Eu não sei atéquando vou me controlar...

Alicia respirou o perfume do namorado, o cheiro dele, seu corpo, sua voz e todo o resto, a acalmaram, de forma instantânea.

— Erick...Eu sinto que agora eu estou pronta para viver nossa vida. —Ela segurou o rosto dele entre as mãos. — Estamos juntos, temos nossa própria ONG, — ela riu—,e a minha sociedade com a Regina, continua em pé... nada mais vai nos atrapalhar.

Erick balançou a cabeça confirmando, sabia que a bailarina tinha razão, porque ele também partilhava da mesma convicção.

—Pronta para ser feliz? —Ele roubou-lhe um beijo rápido.

—Acho que é impossível ser mais feliz do que isso... —Alicia entregou-se a um longo e demorado beijo, dessa vez.

Erick não disse, mas estava cheio de ideias que contrariavam a afirmação feita pela bailarina, no que dependesse dele, Alicia descobriria que sim, dava para ser ainda mais feliz.

 


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