Um passo errado escrita por nanacfabreti


Capítulo 10
Razão ou coração?




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Fazia tempo que ela não o via, afinal, a noite da apresentação na pratica não contava, de qualquer forma Alicia não se lembrava do ex-namorado ser tão simpático, principalmente levando em conta o que ela tinha feito.

—Não que seja uma boa hora, mas realmente...precisamos conversar. —Alicia estendeu o braço convidado David para entrar.

Ela tinha evitado aquele encontro o quanto pode, sempre inventando uma desculpa para si mesma, quando na verdade, estava com muita vergonha de David.

Na recepção havia um sofá cor de rosa, ele caminhou até ele e se sentou, estava sem jeito e encarava Alicia o tempo todo.

Ela parou encostada no balcão de madeira e cruzou os braços, de cabeça baixa pensava por onde começar.

—David, eu sei que deve estar com muita raiva de mim e você tem toda razão, —ela arfou — mas se te conforta, eu me sinto péssima, envergonhada... —Ela olhou o encarou.

David balançou a cabeça.

—Não vou negar que senti raiva de você, muita raiva na verdade, —ele sorriu com amargura — mas passou, e eu senti, alias... estou sentindo muito a sua falta.

Alicia pensou por alguns instantes no que acabava de ouvir e procurou dentro de si alguma reciprocidade ao que David havia dito, e não, ela se deu conta de que em todos aqueles dias ela não havia sentido falta de David e nem de qualquer momento partilhado por eles.

—Eu queria poder dizer o mesmo David, só que pra mim, independente do que houve, já estávamos fadados ao fracasso... —Alicia tentou dizer a verdade de uma forma mais amena, se é que isso era possível.

David arqueou as sobrancelhas, não estava esperando uma dose tão grande de sinceridade.

—Engraçado...para mim parecia tudo bem. Você estava fingindo então? 

—Não! —Alicia se incomodou com a pergunta. —Eu não estava fingindo, só acho que estávamos levando nosso namoro, e não vivendo-o como deveria ser.

—Como deveria ser, ou como você experimentou com ele? —David se levantou virando de costas para Alicia. —Ele não blefou quando disse que aquele beijo não havia sido o único, não é?

Ela sentiu o rosto queimar, mas já deveria esperar que aquela indagação surgisse em algum ponto do embate.

—Eu preciso ser honesta com você...eu me envolvi mesmo com ele, aquilo não foi só na apresentação.

Davi fechou as mãos e virou-se de volta para poder encará-la de frente, ele mal podia acreditar no que estava ouvindo e por mais que já deduzisse que aquilo tinha mesmo acontecido, escutar como as coisas se deram era no mínimo doloroso.

—Eu não reconheço você Alicia, não acredito que fez isso comigo... —David cobriu os olhos com as mãos e começou a chorar. Ele sentia um ódio tão grande do irmão que se o encontrasse naquele instante seria capaz de matá-lo.

E saber que Erick estava tão perto dali, literalmente a poucos metros de distancia, amargurando o fato de David estar dentro daquele estúdio com Alicia. Quando o viu chegando teve vontade de atravessar a rua e o impedir de falar com ela, e pior, quando viu que Alicia o convidou para entrar chegou a ficar cego por um breve período, e só não seguiu seus extintos porque tinha uma bom motivo que o segurava. Ele não queria voltar a magoar Alicia, Erick não conseguia esquecer  seu olhar de decepção no ultimo encontro que tiveram.

Estava morto de ciúmes, imaginado uma centena de milhares de coisas, lembrou-se dos dias de ensaios ali com ela, quando a paixão falava mais alto e Alicia não resistia aos seus beijos. Erick estava enlouquecendo só de pensar que Alicia pudesse estar naquele momento nos braços de David.

Estava enganado, se atravessasse a rua e se aproximasse da porta do estúdio poderia ouvir um pouco do que estava acontecendo lá dentro.

—Não vou pedir desculpas porque o que fiz não tem perdão, mas também não vou admitir que venha até aqui me insultar! —Ela gritou depois que David começou a fazer insinuações mais pesadas a ela.

—Agiu sim como uma vadia, Alicia...se fosse sua amiga Jéssica eu entenderia, mas você, logo você que sempre foi cheia de princípios e de não me toques...bastou que eu virasse as costas e já... —David elevou o tom de voz e mantinha o dedo apontado para a ex-namorada. —Dormiu com ele Alicia? Foi pra cama com o Erick?

Tudo bem que David tinha o direito de estar ofendido, revoltado e tudo mais o que ele quisesse sentir, afinal, acabava der ter a confirmação de que fora traído, mas Alicia não se sentia na obrigação de oferecer a outra face.

— Saia daqui David...A-go-ra! —Ela berrou.

David não se mexeu, ficou estático enquanto levava Alicia ao descontrole.

—Comigo tinha sempre uma desculpa... —começou a andar em torno dela—porque o corpo ia mudar, porque tinha medo do preservativo estourar, e o trouxa aqui sempre se contentando com as migalhas. —David estava despejando toda a mágoa e insatisfação de tempos, de uma só vez.

—David, cale essa sua boca! Você nem sabe o que está dizendo! —Alicia se aproximou dele, enfrentando-o.

David segurou-a pelo braço e a trouxe ao seu encontro, naquele momento ele já não raciocinava direito, estava sendo guiado pela raiva, e enquanto a encarava, cenas dela com Erick vinham a sua mente, algumas reais, outras produzidas por sua imaginação. Com um das mãos segurou o queixo de Alicia e forçou um beijo.

Tentava enfiar a língua dentro da boca dela, que se debatia e fazia o que podia para se livrar daquelas investidas. Vendo que Alicia não não cedia, David parou e afastou o rosto.

—Você está louco!? —Alicia rosnou revoltada, tendo seus braços ainda presos nas mãos  dele.

—Eu só estou tentando equilibrar as coisas... você me deve isso, além do mais é um jeito de comparar qual irmão é melhor. —Ele afirmou com frieza e sarcasmo.

Alicia sentiu o sangue ferver, sem pensar virou um tapa na cara de David, sentiu a palma da mão queimar e então percebeu a força que colocou naquele ato.

David não pareceu se afetar, começou a rir e a soltou de vez, depois colocou a mão na cintura e balançou a cabeça.

—Eu não preciso transar com você pra decidir qual irmão é melhor...bastou que eu colocasse os olhos em Erick e eu descobri...o beijo e tudo mais foram apenas constatações. —Ela decidiu provocá-lo enfeitando a afirmação com coisas que na verdade nem haviam existido.

David estreitou os olhos e bufou.

—Eu sabia...uma vagabunda disfarçada de boa moça.

—Pense o que quiser...depois de hoje, eu já nem me importo. —Ela deu de ombros. —Agora saia daqui.

David passou as mãos pelo rosto, elas estavam trêmulas. Sentia o descontrole e temeu pelo que podia fazer. David não estava acostumado a perder, e perder para Erick era um dissabor ainda maior.

Antes que perdesse a razão de vez, David caminhou rapidamente até a porta e saiu. Entrou no carro e sentiu que seu pulmão não estava recebendo oxigênio necessário. Começou a chorar desesperadamente.

—Erick, você me paga! —Sussurrou antes de sair cantando pneus.

Mesmo que ele tivesse gritado Erick não teria ouvido, afinal, ele já não estava mais ali. Depois de um tempo gastando sola de sapato indo de um lado para o outro da calçada, decidiu partir. Erick não aguentava pensar que Alicia e seu irmão pudessem voltar a namorar.

—Mãe, eu tomei uma decisão. —Avisou assim que chegou ao hotel. —Vou embora com você...meu tempo aqui em Santo Valle já se esgotou.

Laura ficou paralisada, mas já imaginava que  Erick não conseguiria ficar naquela cidade sem estar com Alicia. O que o filho sentia pela bailarina era amor mesmo, daqueles que só se experimenta uma vez na vida.

—Tem certeza? —Ela caminhou até ele e afagou seu rosto. Pensou que se pudesse, sofreria em seu lugar e chorou com ele, porque viu o quanto Erick estava ferido.

—A apresentação de Alicia é esse final de semana...podemos partir depois. —Ele comunicou a mãe.

Ela assentiu com a cabeça e logo foi deitar, passou a noite toda em claro, sentia que precisava fazer alguma coisa, pensou que deveria ao menos tentar.

Perto da hora do almoço do dia seguinte, Laura foi até o estúdio de Ballet, na recepção estava Regina, organizando as fichas dos alunos, faltava pouco para o retorno das aulas.

Na noite do tango as duas se conheceram, no entanto não foi uma boa ocasião. Finalmente puderam conversar sobre o assunto que tinham em comum.

—Fez bem em ter vindo conhecer meu estúdio, é uma honra ter uma bailarina do seu nível, aqui! —Regina com toda sua simpatia falou a Laura depois de mostrar alguns álbuns das apresentações que ela já participara.

—Regina, na verdade eu vim  tentar falar com a Alicia. Sei que ela vai se apresentar daqui a dois dias então imaginei que estaria ensaiando. —Laura falou como quem conta um segredo.

—Sim, você acertou...Ela está mesmo ensaiando, no salão dos fundos. —Regina piscou para Laura , já imaginava sobre o quê ela estava querendo conversar. —Pode ir , sinta-se a vontade.

Regina era outra que torcia para que Erick e Alicia se acertassem, ela conhecia tão bem a garota e  acompanhava o que ela estava passando.

 Enquanto Laura caminhava pelo corredor, a música foi chegando aos poucos em seus ouvidos,ela gostou. Parou na porta de vidro do salão e viu Alicia dançando. Ela era boa, realmente uma bailarina talentosa. Cinco minutos a observando e reconheceu a coreografia, Giselle era uma das suas preferidas também.

A história da moça humilde que se apaixona por um nobre disfarçado de camponês, e que morre ao descobrir a mentira, era uma das mais belas e dramáticas performances e Alicia estava fazendo aquilo com magnitude. As expressões corporais a colocação da dor em seu rosto faziam tudo ali parecer real.

E era.Alicia estava transferindo seu sofrimento àquela personagem, entregando-se de corpo e alma ao expor a dor que ela mesma estava vivenciando e por isso a destreza estava presente em cada ato seu.

Ao fim do ensaio Laura já estava se esvaindo em lágrimas.

—Bravo! —Aplaudiu quando a musica acabou.

Alicia que não tinha a visto ali foi tomada por uma emoção inexplicável.

—Laura...estava me vendo dançar? —Ela correu para abraçar a mãe de Erick.

—É a terceira vez que me faz chorar num curto espaço de tempo. —Ela sorriu enxugando as lágrimas com as mãos.

Alicia afastou-se dela, sem entender suas palavras, estava experimentando uma dose de felicidade depois de algum tempo, e mais, Laura lembrava tanto Erick que isso mexeu com seus sentimentos.

—Isso é bom ou ruim? —Ela encolheu os ombros.

Laura sorriu, olhou para cima e soltou um suspiro.

—Me emocionei vendo dançar tão lindamente com meu filho e agora...Alicia você está perfeita, não precisa de nenhum retoque, seus acabamentos estão impecáveis. —Ela cruzou os braços. —Mas foi o terceiro motivo de minhas lágrimas que me trouxe até aqui...

Alicia já sabia do que ela estava falando, ela franziu a testa e encarou a mãe de Erick.

—Não sabe como me sinto envergonhada e espero que não esteja fazendo mal juízo de mim, se é que isso seja possível.

Laura balançou a cabeça numa negativa.

—No vou mentir pra você meu bem, quando descobri que era namorada do irmão de Erick eu me assustei, me decepcionei, com você e com meu filho...Mas hoje eu entendo e é por isso quem vim até aqui.

—Se soubesse como me arrependi de ter agido de forma tão inconsequente...eu nunca fui assim.

 Laura acreditava, dava para ver a sinceridade em cada palavra dita pela garota em sua frente.Estava ali tentando consertar a bagunça criada por dois jovens inexperientes.

—Alicia, eu criei meu filho sozinha e o eduquei da melhor forma possível, inclusive quanto a maneira de tratar uma mulher e até por isso, me senti mal por pensar que ele pudesse ter feito tudo de caso pensado.

Alicia baixou a cabeça, doía no fundo de sua alma pensar naquilo, pensar que Erick tivesse a usado.

—Você fez um ótimo trabalho Laura, —Alicia sentou-se no chão com as pernas esticadas — eu nunca conheci ninguém como seu filho, os rapazes não costumam ter nem um terço das qualidades que vi no Erick.

Laura ajoelhou-se na frente de Alicia e segurou uma de suas mãos.

—Fico feliz que pense assim, e o que peço a você é que converse com ele, — Ela levantou uma das mãos — não sei o que se passa em seu coração, mas eu posso garantir, se eu tivesse um resquício de dúvida sobre o que ele sente por você, eu não teria vindo até aqui...

—Laura eu... —Alicia começou a falar, mas se interrompeu, ela ainda estava tão confusa que não sabia o que dizer.

A mãe de Erick sorriu e se levantou,não queria atrapalhar o ensaio da bailarina e já tinha dito o que queria.

— Sabia que Giselle é minha história preferida? —Laura caminhou até a porta para sair.

—É. A minha também. —Alicia deu de ombros.

—No final ela o perdoa, não é?

  — Sim, mas isso é no segundo ato, e eu só farei um trecho do primeiro.— Alicia ficou em pé acreditando que Laura se referia apenas ao espetáculo.

 — Será?Algumas coisas transcendem os palcos...— Ela piscou para Alicia, que só então entendeu.

—Vai me assistir? —Alicia indagou querendo uma resposta positiva.

—Eu não perderia por nada. —Laura afirmou antes de sair.—Nem o primeiro, nem o segundo ato...

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As ultimas visitas recebidas assolavam sua cabeça e dominavam seus pensamentos. As duras acusações de David se contrapondo a doçura das palavras de Laura, tudo aquilo junto ao nervosismo por conta da proximidade de sua apresentação, eram ingredientes que estavam resultando em uma crise de stress, uma estafa mental.

Menos de vinte e quatro horas separavam ela de uma possível realização de um sonho e Alicia achava que era essa tensão que estava a deixando tão mal.

Estava de mal humor, havia dormido mais do que queria. Depois de um longo banho se lembrou do broche que ganhara da avó quando fez sua primeira apresentação de ballet, muitos anos atrás, usava-o desde então em todas as apresentações em que precisava de sorte, considerava-o um amuleto. Praguejou-se ao pensar que ele estava na edícula, no haras.

—Deixe de ser infantil, eu não vou ficar procurando uma caixinha que você nem sabe direito onde está. —Marta ralhava com a neta que havia ligado pedindo para que ela resgatasse o broche.

—Mas vó, eu não quero ir até aí...tenho bons motivos para isso. —Ela choramingou, sabia que se fosse até lá veria Erick, e por mais que fosse isso que seu coração pedisse, sua razão dizia que não.

—Se é por causa do Erick, fique tranquila...hoje ele vai chegar aqui só no final da tarde, pedi que  fosse visitar um haras em outra cidade, estou negociando uns cavalos.

—Ah...—Alicia  surpreendeu-se por ter se sentido decepcionada ao invés de aliviada. —Então eu vou correr até aí, assim aproveito para matar as saudades do Jack.

—Está bem...eu vou desligar, tenho muito o que fazer. —Marta encerrou a conversa.

Ela era vivida, e mesmo ninguém tendo contado a ela a história completa, sabia muito bem o que estava acontecendo entre a neta e seu funcionário.

—Erick, tem uma caixa vermelha naquele armário de madeira que fica no seu quarto, preciso dela. —Marta foi até as baias onde o rapaz mostrava os cavalos para um casal interessado em aulas de hipismo.

—Pode ser depois que eu terminar com eles? —Erick indagou estranhando aquele pedido.

—Na verdade tem que ser já. —Marta foi enfática. —Eu termino de explicar tudo a eles.

Erick encolheu os ombros e partiu rumo à edícula sem entender a razão de tanta urgência e, assim que abriu a porta levou um choque.

—Alicia!!! —Ele a viu abaixada perto da cama acariciando Jack.

Embora fosse até o estúdio e a visse todos os dias, era diferente tê-la ali, tão perto dele e mais, ela o vendo também.

—Érick? —Alicia demonstrou toda a sua surpresa, tinha certeza de que ele não estaria lá. De qualquer forma  há tempos não se sentia tão viva e nem tão feliz.

Eles ficaram se olhando por um tempo, mudos, apenas se reconhecendo. Os corações reagiram aumentando e muito seu ritmo. Erick fechou a porta atrás dele e mesmo sem esperar por aquele encontro, ele tinha sido muito providencial. Estaria deixando Santo Valle em dois dias e sentiu que precisava dizer o que estava guardando.

—Eu não esperava te ver aqui... —ele começou do lugar onde estava —No entanto acho que é um bom momento para que ouça o que tenho a dizer.

 —Erick, acho que não é um bom momento. — Alicia se levantou e ficou parada ao lado da cama, olhou para o chão temendo encará-lo.

   Erick deu dois passos a frente e isso foi o bastante para Alicia estremecer.

—Alicia, eu só quero que saiba que eu nunca fingi, que eu nunca menti em nada que falei para você, e eu não estou dizendo isso como uma maneira de fazer você voltar pra mim, porque eu finalmente entendi que isso não vai acontecer.

Alicia olhou para ele, sentindo um grande peso naquelas palavras, não gostou de saber que ele tinha desistido dela.

—Erick, eu só não estou sabendo como lidar com isso tudo...Eu estou me sentindo submersa em um mar de problemas e que questões que fugiram do meu controle.

—Eu sei, eu fui precipitado, acho que acabei forçando algumas situações, e ao contrário do que disse naquela maldita noite, eu não achei que foi fácil conquistá-la, ainda mais para mim, que nunca antes tinha gasto mais de cinco minutos  de palavras,antes de beijar uma garota. —Ele cruzou os braços—Com você foi diferente, você é diferente Alicia. No fim eu me apaixonei assim que a vi e quis tanto você pra mim que não me importei com quais regras eu estaria quebrando pra que isso acontecesse.

—Isso não é justo...Não fique dizendo essas coisas Erick. —Alicia começou a chorar.

— Ter me metido numa encrenca e por isso ter sido obrigado a vir aqui para Santo Valle foi a melhor coisa que já me aconteceu. —Erick passou as mãos pelos cabelos para ocupa-las, do contrario elas estariam tocando Alicia. —Eu vou ter sempre as melhores recordações do que vivi com você, porque você é a pessoa mais especial que já conheci e me ensinou tantas coisas que nem pode imaginar.

—Não faz isso comigo Erick, não hoje...amanhã eu me apresento e eu estou tão nervosa. —Alicia desabou.

Erick sentiu-se tentado em toma-la nos braços, mas não sabia como ela reagiria. Na verdade ele acreditava que Alicia e David estavam juntos novamente.

—Eu sei. —Ele colocou as mãos dentro dos bolsos da calça. — Tenho certeza de que você vai conseguir a bolsa, você é a melhor Alicia. —Ele voltou em direção a porta.

Alicia queria tanto que Erick agisse como antes, que fosse insistente, que avançasse sobre ela que a segurasse no colo e que fizesse toda aquela dor desaparecer com um beijo. Ela sentia-se arrependida por ter duvidado dele, por ter colocado tudo a perder, mas por outro lado não sabia como consertar aquilo. Seria medo? Orgulho? Ela não sabia, e quando Erick passou pela porta e ela se viu naquele quarto sem ele, desejou que aquilo fosse um pesadelo.

—Ai amiga, vai me desculpar, mas você é uma grande idiota! —Jéssica estava ajudando Alicia a arrumar suas coisas para o dia seguinte.

Estavam no quarto de Alicia e ela havia contado sobre os três encontros que tivera nos últimos dias.

—Em qual dos casos? —Ela estava colocando seu figurino no cabide.

—Em todos. —Jéssica irritou-se. —Primeiro que devia ter me contado antes sobre a atitude estupida do David, eu conheço uns caras que nem me cobrariam para arrebentá-lo.Tentar beijá-la a força? Isso é nojento.

Alicia fez uma careta de repulsa ao se lembrar.

—Mas eu enfiei a mão na cara dele...David entendeu o recado. —Ela pegou seu par de sapatilhas não mão e inevitavelmente pensou em Erick.

—Isso! —Jéssica apontou para a amiga. —Isso a torna a mais idiota das criaturas sobre esse mundo! Como pode estar separada de um cara como o Erick? Ainda mais depois de uma declaração de amor como a que ele fez...Eu é que tenho vontade de dar uns bons tapas na sua cara pra ver se você acorda, Alicia.

—Acha que está sendo fácil pra mim? —Indagou sentando ao lado de Jéssica na cama.

—Então entra na droga do seu carro e dirige até o maldito haras, bate na porta dele e pula no colo daquele homem lindo...pode ter certeza que o resto ele vai fazer, garanto que você nem vai precisar gastar o seu latim com desculpas ou explicações...

Jéssica fazia tudo parecer tão simples e talvez fosse, mas Alicia estava convencida de que aquele sofrimento que estava vivendo era merecido, como uma punição pelo erro que cometera.

—Você nunca vai entender... —Ela sussurrou deixando o corpo escorregar sobre a cama.

—Aí é que você se engana. —Jéssica ficou em pé encarando Alicia com reprovação. —A verdade é que você está com medo do que sente, não é pelo que Erick disse naquela noite, muito menos porque não acredita que ele ama você de verdade. O problema é que na primeira decepção que teve com ele sentiu o quanto ele é importante pra você e isso a amedronta, prefere sofrer sem ele, do que arriscar ser feliz.

—Quem é você pra falar sobre sentimentos? —Alicia também se levantou, Jéssica tinha conseguido mexer bem no fundo da sua ferida.

— Pare de ser covarde Alicia, admita que o ama e pare de colocar empecilhos nisso... você está boicotando sua própria felicidade e mais, fazendo um puta cara bacana sofrer e se culpar por uma coisa que nem foi tão grave assim. —Jessica saiu do quarto antes de bater a porta.


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