Na Minha Vida escrita por André Tornado


Capítulo 16
Um enorme e excêntrico perigo


Notas iniciais do capítulo

No capítulo anterior:
Ao regressarem à clareira, John e Paul não encontram George e Ringo. Deduzem que os dois foram raptados e que a ilha não será tão deserta ao encontrarem o saco do dinheiro abandonado. Decidem ir à procura dos amigos, escutam tambores tribais e quando vão espreitar o que se passa, nem querem acreditar no que estão a ver...



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O estômago de George Harrison minguava numa espécie de embrulho que lhe compactava o músculo num ponto algures que se colava à espinal medula. Era uma bola grossa e fibrosa que ele não entendia como um dos órgãos fundamentais do seu sistema digestivo, que pouco tinha trabalhado naquelas últimas quarenta e oito horas dado o parco alimento ingerido. Sentia-o isso sim como um peso a mais no seu corpo transido de medo.

Nunca julgara possível experimentar aquele tipo de medo que muitas vezes era falado na televisão durante reportagens sobre tragédias que envolviam catástrofes naturais ou desastres, ou sugerido em relatos pessoais de experiências destinadas a assustar os ouvintes, ou mencionado em romances de terror pejados de criaturas fantásticas sedentas por sangue.

Um medo paralisante, absoluto, extraordinário e assustador.

Havia a atenuante, porém, de não se encontrar sozinho naquela provação. Se olhasse para o seu lado esquerdo veria o seu companheiro de infortúnio na mesma posição que ele, de pé e atado a um poste, mãos atrás das costas com os pulsos enrolados em grossas cordas ásperas. O alívio era apenas parcial porque o outro estava tão amedrontado quanto ele e de vez em quando trocavam um olhar mudo de súplica e de pavor.

Duas enormes fogueiras ardiam num terreiro mais ou menos circular que seria a praça central da aldeia para onde tinham sido trazidos pela expedição de guerreiros que os capturaram na clareira. As habitações daquele aglomerado populacional, completamente inédito naquela floresta funda e misteriosa, eram cabanas toscas construídas em lama dura, palha e folhas de palmeira, que se acumulavam a toda a volta do terreiro, como se abraçassem o local e ficassem, desse modo, mais protegidas porque todas juntas. Apesar de ser um espaço aberto havia uma certa impressão de claustrofobia.

Todos os membros da tribo tinham sido convocados assim que eles foram apresentados, aos trambolhões, como uma espécie de prisioneiros e de criaturas estranhas. Os aldeões foram esclarecidos por um curandeiro que num palavreado incompreensível explicou ao chefe algo que animou o velhote imponente que tinha aspeto de ruim, franzido e implacável como um juiz carrancudo. Atrás do chefe existia uma guarda de honra e os outros membros da tribo espevitaram-se com o anúncio posterior à avaliação do curandeiro.

Por breves instantes, George e Ringo julgaram que iriam ser convidados especiais da tribo, estrangeiros que eles não veriam há décadas, provenientes de paragens distantes e que teriam histórias inéditas para contar sobre mundos longínquos que interessaria ao chefe escutar, à sua família e aos seus guerreiros. Mas um mau pressentimento invadiu-lhes a alma, semelhante a uma nuvem negra que cobre o sol, quando se montaram os dois postes e começaram a trazer lenha para acender as fogueiras.

Não deviam ter acalentado esperanças, pensaram, provavelmente, ao mesmo tempo, pois não tinham proferido palavra desde que estavam na aldeia, já que tinham sido apanhados na clareira e logo aí tratados com uma certa brutalidade. Pancadas que os tinham feito desmaiar, pontapés, puxões e outros gestos menos amistosos.

George mal conseguia respirar a contemplar aquele cenário horroroso.

O fogo crepitava e estralejava, os guardadores das chamas, homens com o torso pintado de branco, faziam um bailado lento diante das labaredas enquanto as aspergiam com uma gordura que seria de pescado, dado o odor forte a peixe que se evolava do fumo, enjoando George e Ringo.

As mulheres e as crianças aguardavam pacientemente num sítio que lhes estava destinado, obedientes como um rebanho de ovelhas, com os rostos petrificados e ansiosos, fixando os olhos arregalados nos dois prisioneiros.

Junto ao chefe estavam os guerreiros, possantes, altos, avassaladores, numa postura hirta, mas divertida. O poder pertencia-lhes incontestado e aproveitavam o festim que se instalara na aldeia, ocasião que deveria ser rara ou mesmo sem precedentes para qualquer um deles, que seriam demasiado jovens para se recordarem de terem visto homens brancos naquela ilha.

Os anciãos ocupavam um estrado onde tinham sido colocados bancos corridos, para que os velhotes se sentassem e eles ali estavam calmamente a dormitar, encostados uns aos outros, por vezes às cabeçadas devido ao sono, sem se importarem com o alarido daquela celebração que lhes viera perturbar a modorra dos seus dias pachorrentos. Provavelmente já tinham visto homens brancos, provavelmente tinham aquela idade em que nada os conseguia impressionar.

No canto oposto ao redil das mulheres e das crianças estavam os tocadores de tambores. Juntaram-se pouco depois de as fogueiras terem sido acesas com a ajuda de faíscas libertadas por pederneiras que foram esfregadas num pedaço de metal pelos rapazes adolescentes que olhavam com cobiça para os guerreiros, aspiravam a ser como eles no futuro, mas ainda se sentavam próximo demais dos outros meninos.

Toda a aldeia comparecia no terreiro, usando pinturas festivas, enfeites produzidos a partir de penas de aves, vestimentas entrançadas em fibras vegetais.

O curandeiro, o sacerdote do burgo, o guardião das almas de toda aquela gente, presidia à cerimónia, que orientava com uma precisão fanática. Agitava um braço, fazia um esgar, esticava o pescoço e as coisas aconteciam. Curiosamente todos sabiam como se deveriam portar, onde era o seu lugar, embora na teoria aquela fosse uma novidade. Notava-se a excitação elétrica que perpassava pela tribo, contida ou mais exuberante, por estar presente na festa. Talvez tivessem feito ensaios ao longo dos anos, para estarem preparados. Talvez existissem relatos de festejos semelhantes no passado, quando outros incautos homens brancos ali tinham vindo parar e tropeçado naquela comunidade remota. Quem poderia saber…

Num pensamento louco, George pensou que se consultasse os arquivos da National Geographic Society…

Tentou engolir, mas não tinha saliva e a sua garganta moveu-se num espasmo doloroso. E de que lhe valia engolir se não tinha estômago, que continuava embrulhado, para acolher o que o esófago enviaria?

Duas meninas aproximaram-se deles em passos saltitantes. Eram magras e maleáveis como cobras escuras, tinham feições cinzeladas e bonitas, usavam o peito imberbe despido, uma pulseira de conchas num tornozelo. George e Ringo sustiveram a respiração… Julgaram que iriam ser finalmente soltos, passada aquela estranha apresentação ritual. As meninas, talvez nos seus doze anos, traziam malgas nas mãos com um líquido transparente. Os dois rapazes pensaram em água, entreabriram a boca, o sorriso surgiu torto e incerto.

Porém, era a mesma gordura que se lançava para a fogueira para avivar as chamas quentes, não se tratava de água. As meninas molharam um tufo de ervas aromáticas na malga e começaram a pincelar George e Ringo, como quem unta uma peça de carne.

A realidade dura abateu-se sobre George como uma falésia que tivesse despencado na praia em cima da sua cabeça. Ringo gemeu, de olhos fechados, a sentir a gordura a besuntá-lo. Encostava-se ao tronco onde estava atado tentando escapar daquilo, que era tão degradante e repulsivo.

A tribo era canibal. Eles estavam a ser preparados como o prato principal do banquete. O par de fogueiras destinava-se a eles. Cavaletes foram montados junto ao fogo, com extremidades em forma de forquilhas onde iriam assentar os troncos onde eles estavam atados para expô-los às brasas onde seriam assados.

George lembrou-se dos seus bifes fritos em manteiga. O bife era carne, a manteiga era gordura. Susteve um vómito, quis desligar-se, quis desistir para parar com tudo aquilo. Os cheiros combinavam-se para atormentá-lo, para aumentar o asco que lhe revolvia as entranhas, a irrealidade da situação. A madeira queimada, o seu próprio suor, o odor da gordura e das ervas aromáticas com que tinha sido esfregado, a transpiração dos negros, os eflúvios pestilentos dos esgotos a céu aberto. Se sustinha a respiração era pior, já que quando os pulmões exigiam ar ele respirava uma grande golfada de uma só vez e intensificava os perfumes detestáveis.

Era um pesadelo, fazia essa avaliação e a tontura era menor. Depois tudo se tornava pesado demais, concreto demais e ele percebia que não estava a sonhar, deitado sobre a areia fria, na barraca que tinham construído no dia anterior enquanto cantarolavam uma canção inocente sobre viver protegidos debaixo das ondas do mar, no jardim de um polvo. Piscava os olhos e a imagem regressava, sempre nos mesmos tons, sempre com a mesma informação. Ele e o baterista, amarrados, impregnados numa mistela gordurosa e pestilenta, prestes a serem colocados sobre uma fogueira, perante uma assistência composta por uma tribo negra ávida.

Recordou-se que Ringo tivera um pesadelo naquela madrugada. Estaria a antecipar aquilo ou fora um mero acaso? Não o via com dotes de vidente e imaginar aquilo deixou-o ainda mais desiludido, sobretudo sozinho.

— Eles virão… Eles vêm salvar-nos… – murmurou Ringo, alucinado.

George encostou a cabeça ao poste duro.

— Eles não virão.

— O quê?

Encheu-se de pessimismo e declarou numa voz entrecortada e lamentosa:

— Porque haveriam de vir, meter-se com estes malucos, por causa de nós? Ficar em perigo só para nos salvarem… Também podem acabar presos, acabar assados num espeto. Eles não nos conhecem, não têm qualquer dívida para connosco. Pelo contrário, só temos dificultado a vida deles, certo? Eles são amigos, o John e o Paul. Conhecem-se da escola, certo? Depois de verem a loucura que se está a montar aqui, afastam-se, metem-se no barco e saem da ilha para não serem os próximos a serem comidos por estes canibais dos infernos. Estamos perdidos, tu e eu.

Ringo estava perplexo com aquele discurso desatinado. Negou com a cabeça, depois assentiu, negou outra vez. As gotas de suor escorriam pelas têmporas, o cabelo molhado, as tremuras que lhe agitavam o corpo que queria reagir. Inclinou-se para ficar mais próximo dele e rebateu:

— Não acredito… Eles… não nos vão deixar entregues a este destino horrível.

— Não têm armas e aqueles ali, junto ao chefe, os que nos raptaram, estão armados com lanças.

— O John esteve a fazer lanças. E temos um machado!

— Um machado contra tantos? Não… Não, companheiro…

— Eles virão! Eles vêm salvar-nos! – afirmou o baterista convicto.

— Oh e ainda existe outro pormenor.

— Que pormenor? – perguntou Ringo, parando de se mexer.

— O dinheiro.

— O que tem… o dinheiro?

— Eles ficaram com o saco do dinheiro – explicou George, condescendente. –Vão dividir o dinheiro entre eles. É melhor fazer a partilha entre dois do que entre quatro, não achas?

— Impossível! – estrebuchou Ringo furioso. – Eles não vão ficar com o dinheiro todo. Uma parte é minha, outra parte é tua. O dinheiro é dos quatro, quatrocentos mil euros bem repartidos por todos.

— A dividir por dois também dá uma conta redonda.

— Não vou deixar que eles fiquem com o dinheiro. Nem morto!

— Estás a pensar assombrá-los, é isso?

— Harrison, começas a falar demais!

— Acalma-te, companheiro. Vai ser rápido… Só vai doer no início.

— Ah, cala-te! Se pudesse, enfiava-te um murro nos dentes!

Os tambores rufavam possessos. Ringo agitou os braços, puxando e repuxando, mas as mãos estavam bem atadas e os nós continuaram a prendê-lo, irremediavelmente, ao poste. George cuspiu para o lado. Estava mais resignado, procurava aceitar a realidade para não vacilar na hora final. Tinha um certo orgulho.

Os cuidadores da fogueira tentavam agora dominar o fogo para que este diminuísse de intensidade e ficassem as brasas escaldantes que iriam assar o jantar daquela gente toda. Não queriam queimar a comida, a carne deveria ficar tostada, tenra, bem confecionada.

O curandeiro elevou os dois braços ao alto e a música cessou. No silêncio húmido e pestilento, começou a debitar uma ladainha que seria uma invocação aos deuses. Todos ouviam-no hipnotizados, ansiosos, famintos, olhos cravados naquele sacerdote ríspido.

Ringo e George voltaram a entreolhar-se.

***

Estarrecidos.

Era a melhor palavra para descrever o estado de espírito de John e de Paul enquanto contemplavam o espetáculo macabro de um festim em que iria ser servida carne humana. A tribo canibal reunida, os vários grupos formados entre a população, de acordo com o seu estatuto naquela sociedade, a música frenética dos tambores, o chefe imponente a presidir à cerimónia, o curandeiro a reger a sinfonia tresloucada com os seus espasmos. As fogueiras de labaredas ominosas. Por fim, atados a dois postes, com um aspeto miserável, exaurido, aqueles que iriam ser sacrificados.

A vegetação escondia os dois observadores que tentavam, desesperadamente, passar despercebidos. Acoitados naquele esconderijo, deitados sobre o chão lamacento, espreitavam por uma nesga proporcionada pelos arbustos espinhosos, mas daquele ponto elevado de observação tinham uma boa visão dos acontecimentos. Demasiado boa, aliás.

Paul enfiava um punho crispado na boca, para evitar soltar algum som que fosse mais impróprio e que os denunciasse. Tinha os olhos molhados por estar a contemplar aquele espetáculo horrível, todo ele se contraía com a revolta por aquilo que estava a acontecer. Ao seu lado, John estava tão imóvel que dir-se-ia que tinha petrificado naquela posição, em estado de choque.

Então, Paul ciciou indisposto:

— Eles vão comê-los!

John resmungou, notou-se que batalhou para engolir a saliva que teria na boca e comentou no mesmo registo baixo:

— Que absurdo! Quem quereria comer o George? Ele é tão magro!

Aquela observação foi a gota de água que fez transbordar o copo. Movendo-se com rapidez, com cautela para não alertar nenhum dos negros que se reuniam no largo da aldeia onde se desenrolava o drama, Paul agarrou John pelos colarinhos e sacudiu-o. Disse enraivecido, entre dentes:

— Importas-te de deixar de levar tudo para a brincadeira? Estou a ficar farto das tuas piadas, Lennon! Esta situação é muito séria! O Ringo e o George estão em perigo de morte!

John soltou-se com um safanão, puxando pela camisa. As suas narinas dilataram-se quando respirou fundo. Estava furioso, ficara ofendido.

— Ouve-me, Paul. Tenho de brincar… Estou cheio de medo e se não aliviar a pressão com estas piadas, entro em pânico. Ok?

Os ombros de Paul descaíram, sentiu-se ridículo por estar a acusar o amigo de ser leviano. Era normal estar-se assustado com tudo aquilo. Disse, arrependido:

— Ok, ok… Desculpa, Johnny… Eu também estou cheio de medo.

— Não podemos perder o sangue frio.

— Não, não podemos…

— Nem entrar em pânico.

— Eu não estou em pânico! – afirmou Paul com a voz esganiçada.

Cobriu a boca com as duas mãos. Por sorte, no exato momento em que gritara acontecia um rufar particularmente intenso dos tambores tribais. Ninguém o ouviu. Paul respirou várias vezes para oxigenar os pulmões. O ar cheirava-lhe a fumo, a bafio, a morte, já não lhe parecia tão saudável como antes, embora estivessem na mesma floresta.

Espreitou a aldeia, os preparativos do banquete prosseguiam. Agora duas meninas estavam a untar os seus amigos com ervas que pingavam um líquido viscoso.

— O que vamos fazer? Não os devemos abandonar…

John negou enfaticamente.

— Não vamos abandoná-los!

Paul humedeceu os lábios.

— Eles são tantos… Aqueles negros ali, junto ao chefe, estão muito bem armados. E depois há todos os outros. Esperam comer… Esperam ter algo delicioso e diferente para a refeição de hoje… Nem acredito que estou a dizer isto. Se virem a comida a fugir vão tornar-se todos violentos, até aqueles velhotes que estão para ali a dormir como se não lhes importasse o que está a acontecer. Virão todos atrás de nós. Não vamos conseguir fugir de tanta gente furiosa atrás de nós!

— Hum… Por isso temos de criar uma distração. George e Ringo têm de fugir sem que ninguém dê por isso, não podemos atacar os canibais de frente.

— Compreendo.

— E enquanto existir essa distração, tu vais lá em baixo e desamarras as cordas que estão a prendê-los ao poste. No meio da confusão, vocês fogem. Corram sempre para a praia, apanhem as nossas coisas na barraca e vão para o barco. Eu vou lá ter depois.

A ideia de John começou a delinear-se também na cabeça de Paul. Assentou a mão no peito do amigo e perguntou:

— Espera lá… És tu que os vais distrair?

John sorriu-lhe com os dentes todos.

— Claro que sim!

— E eu… vou soltar o George e o Ringo?

— É esse o plano, Macca. Com muita discrição, não podem perceber que estás com eles.

— Tens a certeza? O teu plano vai funcionar?

— Vai ter de funcionar, Macca.

John mergulhou as mãos na lama do solo e esfregou-as na cara. Estava a camuflar-se, a assumir um personagem que seria fundamental para a próxima pantomima. Era arriscado, mas Paul não tinha outra ideia melhor e deixou-o ficar com o protagonismo. Ele pediu-lhe que esperasse pelo sinal para avançar, que sinal seria esse quis saber Paul, John respondeu-lhe que assim que o visse, saberia e rastejou dali para fora, sumindo-se entre a vegetação.

Paul soprou, estremecendo:

— Que raio de pesadelo…

O plano iria funcionar. Armou-se com essa certeza para não hesitar.

Preparou-se para o sinal de John para avançar.


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Notas finais do capítulo

O George e o Ringo estão metidos numa situação muito, muito complicada!
Vão ser servidos num banquete em honra dos deuses de uma tribo. Por outras palavras, vão ser assados e devorados.
Mas John e Paul vão intervir para salvá-los, apesar de George não acreditar nisso e Ringo, desesperado, acreditar que sim.
Será que o salvamento vai acontecer?

Próximo capítulo:
Evasão do pesadelo.