Na Minha Vida escrita por André Tornado


Capítulo 13
A noite cheia de estrelas


Notas iniciais do capítulo

No capítulo anterior:
Os quatro rapazes tomaram consciência de que estão numa ilha deserta e que precisam de sobreviver. Então atiram-se ao trabalho e começam a construir um abrigo, uma casa improvisada feita com troncos e folhas de coqueiro. Ao fundo, ouve-se uma canção que os motiva e os põe mais alegres...



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Reclinado sobre um monte de areia que estivera pacientemente a escavar, na emulação de uma poltrona, Paul McCartney dedilhava uma guitarra acústica.

No fim de contas o barco de Ringo guardava ainda outras surpresas, para além do útil machado e da providencial fita adesiva. John tinha ido lá vasculhá-lo quando o processo de acender uma fogueira se tinha tornado moroso e frustrante, cada vez mais irritante à medida que o sol se aproximava do ocaso, para encontrar uma fonte de ignição mais prosaica. Acreditava que haveria mais do que um machado pequeno e rolos de fita adesiva. Precisavam também de recipientes para recolher água pois estavam todos cheios de sede. Ringo batera o pé dizendo que não havia mais nada no compartimento da proa, mas John enfiara-se pelo mar adentro. Regressara com as mãos cheias e a gritar, desde os bancos de areia, palavras contra o baterista.

— Nem sabes o que guardas no teu próprio barco! Aquilo era quase uma arca do tesouro. São coisas tuas ou que já vinham com o barco? Parece-me que já vinham com o barco!

Encontrara um recipiente de plástico encardido e a guitarra acústica, com as cordas frouxas e a laca lascada, indicando que seria uma velharia que, de facto, teria vindo com o barco e que pertencera muito provavelmente ao dono anterior da embarcação. A girar o instrumento abandonado nas mãos, John propusera usá-lo para ir recolher água, arrancando o braço...

Escandalizado, George arrancara-lhe a guitarra das mãos e abraçara-a como se estivesse a proteger um ser indefeso que iria ser sacrificado.

— Não!! A guitarra, não! Temos essa caixa de plástico.

— Está muito suja. Eu não bebo água daí – anunciara Ringo enojado.

— Temos cocos! – insistira George a estreitar o abraço. – Apanhamos cocos, partimo-los ao meio com o machado e já temos água e duas tigelas para recolher mais água.

— Ele tem razão, Johnny – defendera Paul. – Os cocos serão excelentes para matar-nos a sede já, escavamos o miolo para comer e depois usamo-los para ir recolher mais água. Com as fibras das palmas secas entrançamos corda e…

— Tu tocas viola-baixo – acusara George. – Estás a defender a guitarra porquê?

— Gosto de guitarras também – respondera Paul sem perceber a pergunta.

— Acho que estamos a apanhar sol a mais na cabeça – justificara Ringo cansado. – Não andamos a dizer coisa com coisa.

— Os cocos são boa ideia. A guitarra, não. Na guitarra ninguém toca!

— Certo, George – admitira John.

Desistira e atirara com o recipiente para a areia. Dividiram-se novamente em diversas tarefas. George, com a guitarra, acompanhara Ringo na apanha dos cocos, John ficara com Paul a tentar criar fogo.

Paul olhou para as chamas que ardiam vigorosas sobre a madeira que tinha sobrado da construção da cabana. Sinal de que conseguiram efetivamente, naquela tarde, criar fogo. Dirigiram um raio do sol vespertino para um tufo de erva seca, recolhida na orla da floresta, que se incendiou com timidez, gerando um estreito fio de fumo, sinal de uma minúscula chama. Paul soprou, como vira uma vez num filme, John deu-lhe mais combustível e a labareda avivou quase magicamente, como se na sua alma ígnea existisse um pequeno deus travesso e guloso, que haveria de crescer sem parar à medida que fosse alimentado e espevitado.

Enquanto passava os dedos pelas cordas da guitarra, Paul via o horizonte marítimo alaranjado, o sol tinha acabado de se pôr. O dia passara com demasiada rapidez pois estiveram muito ocupados, primeiro com a curta exploração da ilha, depois com a construção do abrigo, com a obtenção de fogo através do sol, a busca de alimentos e de bebida. A noite instalava-se com muita tranquilidade e a calmaria habitual do local. Continuava a não estar frio, mas a humidade adensara-se. Sentia os pés quentes por causa da fogueira, que ardia a uma distância de segurança para não incendiar a barraca.

Não podia dizer que estava bem nutrido, mas não se podia queixar pois tinha o estômago confortado. Comera, tal como os seus companheiros náufragos, os frutos rosados, o miolo branco e fibroso do coco, bebera o leite e como já tinha escurecido muito para irem experimentar caçar alguma coisa na floresta, tinham apanhado caranguejos que espetaram numa vara e comeram-nos assados. A carne era saborosa, com um travo a mar, mas tinha sido pouca. John falava para o alto, contando que amanhã iriam caçar coelhos na floresta e que iriam comer carne. Ringo deitava-se, mãos atrás da cabeça que apoiava numa almofada que estivera a moldar na areia, o saco do dinheiro entre as pernas. George sentava-se mais perto da fogueira e estendia as mãos para aquecê-las no fogo, o rosto corado. Entregara a guitarra a Paul e dissera-lhe que podia mudar as cordas para que ficassem a jeito para um canhoto, afiná-la e tocar qualquer coisa. Gostaria de ouvi-lo. Paul assim fizera e estava naquele preciso momento a tentar inspirar-se. Usava acordes simples e aleatórios criando uma música ambiente ligeiramente piegas que acentuava aquela solidão quieta.

— Não tens medo? – perguntou Ringo a John.

— Medo do quê?

— De ir à floresta…

John travou a resposta que lhe assomou à boca. Era um pouco bruta e podia ser ofensiva. Não era seu costume pensar antes de falar ou medir as palavras, mas naquele caso foi mais a curiosidade de saber o que estaria na base daquela ideia do que outra coisa.

— O que poderá estar na floresta que será assustador, Ringo?

O baterista hesitou e disse:

— Animais.

— Precisamente, animais para comer. Por causa dos bifes do George, desde de manhã que me apetece trincar um bom naco de carne. Aqueles caranguejos não me mataram o apetite.

— Também a mim… – lamentou-se George. – Quero tanto comer um bife…

Paul pousou a mão sobre as cordas para calar a sua última vibração. Pensou em tocar uma música mais alegre para encorajar os companheiros que pareciam mais esmorecidos do que quando tinham descoberto que estavam na ilha errada.

— E se encontrarmos animais maiores, que não podemos dominar por não estarmos apropriadamente armados? – insistiu Ringo, encorpando a sua teoria. – Como vai ser?

— Animais maiores? – estranhou John.

Ringo sentou-se, a areia chovia do seu cabelo e ombros. Apontou um polegar para trás de si, na direção da selva escura que assobiava, cacarejava e restolhava com os ruídos próprios da fauna noturna que começava a despertar.

— Não gosto do aspeto daquela mata, demasiado cerrada. De dia é assustadora, de noite nem quero lá pôr os pés. Acho que vou dormir mal hoje…

— Ontem dormiste e a floresta já ali estava – disse George de sobrancelha franzida.

— Ontem pensava que estava numa ilha habitada, com uma mansão e piscina.

— Que animais pensas tu que existem naquela floresta? – perguntou John.

— Dinossauros.

— Dinossauros?! – exclamaram John e Paul ao mesmo tempo.

— É possível! É possível! – justificou-se Ringo arregalando os olhos. – Os mundos perdidos com dinossauros têm florestas destas.

George bufou.

— Não existem dinossauros naquela floresta. Se existissem nós tínhamo-los visto quando subimos a falésia hoje, de manhã. Têm pescoços compridos que são mais altos do que as árvores e do que os coqueiros.

— Nem todos os dinossauros têm pescoços longos – rebateu Ringo magoado por não estarem a apoiá-lo na sua suposição. – Existem outros dinossauros, mais pequenos.

— Se forem mais pequenos do que esses de pescoço comprido então não serão um perigo.

— Aquele carnívoro dos dentes aguçados…

— Um T-Rex? – admirou-se Paul.

— Sim, esse T-Rex… É mais pequeno do que os dinossauros de pescoço comprido.

— Mas continua a ser maior do que as árvores e conseguíamos vê-lo – disse George.

— E já nos teria cheirado quando estivemos tão atarefados, neste dia. Não fomos propriamente discretos – disse Paul e susteve a respiração por estar a entrar naquela conversa estúpida.

— A floresta é muito grande. E se esse dinossauro tivesse estado, o dia todo, na outra ponta da ilha?

John deu uma cotovelada em Ringo para chamar-lhe a atenção.

— E voltando ao hoje de manhã… Que ataque foi aquele, amigo? Tantos saltos e gritaria…

O baterista encolheu-se. Abraçou o saco de dinheiro e confessou num murmúrio acanhado:

— Descontrolei-me… Estava cheio de fome, moído, inquieto. Tenho este dinheiro todo e não me serve de nada. Continuo pobre!

— Tens um quarto desse dinheiro todo – lembrou John.

Paul começou a tocar uma música divertida, num tom brejeiro, para evitar que a conversa se tornasse demasiado séria e que descambasse numa altercação entre eles. Eram peritos em converter uma inocente troca de pontos de vista numa competição de provocações e réplicas, cada um a demonstrar a sua personalidade vincada. As circunstâncias também não ajudavam, concordava de si para si. Se se tivessem conhecido num ambiente mais amigável, como um bar por exemplo, através da música que lhes era comum, podiam ser os melhores amigos do mundo.

— E mesmo com um quarto desse dinheiro continuo pobre – resmungou Ringo. Estava a recuperar o azedume, como se estivesse enfeitiçado pelo anel de ‘O Senhor dos Anéis’. – Pior do que estava antes. A morar numa barraca feita de troncos, fita adesiva e folhas de palmeira. Sem nada para comer ou beber.

Paul tocava com mais vigor, George aproximou-se.

— Ei, gosto da maneira como tocas.

— Obrigado.

— Estamos todos pior, Ringo – concordou John solidário, mas sem soar condescendente ou displicente. Abriu os braços. – Eu tinha acabado de perder o meu emprego, mas não estava nos meus planos fugir da polícia depois de um assalto e ter vindo parar a uma ilha deserta. O Paul tinha o melhor emprego do mundo e uma vida organizada. O George… Ei, miúdo… O que fazias antes de teres entrado no meu carro como refém? Devias estar bem na vida, para teres assuntos para tratar no Banco Central.

Sentado com as pernas fletidas, braços apoiados sobre os joelhos, George contou:

— Estava no banco para pedir um empréstimo para fazer uma viagem.

John meneou a cabeça.

— Pois, um empréstimo. Se te podem conceder crédito é como eu disse. Estavas bem na vida.

O rapaz apertou as mãos uma na outra, dobrou o pescoço.

— Mais ou menos, Johnny. Sim, tinha o meu emprego e tinha alguns cobres na minha conta bancária. Acho que não iriam recusar-me o empréstimo… Precisava de sair para arejar a cabeça, entendes? A minha noiva deixou-me no dia anterior… O casamento estava marcado, a festa toda preparada, convites enviados e ela telefona-me e diz-me que estava cheia de dúvidas, que íamos cancelar tudo. – Sacudiu os ombros num gesto que afastava a dor daquela confissão, não se queria emocionar demasiado. – Nunca tive outra namorada, só ela… Desde os quinze anos, entendes? Só quero casar com ela, fazer a minha vida com ela… Queria, entendes? Por isso precisava de viajar. E então o Ringo e o Paul apareceram…

— Sinto muito por ti – disse John condoído. – Mas se calhar foi para o melhor, sabes? Podias ser infeliz nesse casamento.

— Talvez…

— E acabaste mesmo por viajar. Estás numa ilha tropical, a admirar as estrelas. Muito bom!

George crispou a testa, descrente. Paul tinha calado a guitarra e recomeçava, numa toada mais romântica, melosa, ideal para acompanhar a melancolia dos corações despedaçados. Se prosseguisse nos acordes alegres parecia que estava a troçar da seriedade que se instalara entre eles. A banda sonora daquele momento obrigava-se a ser mais introspetiva. John adiantou:

— Eu não tenho uma namorada fixa há dois ou três anos, só mulheres que vou engatando por aí. Não consigo aturar as tipas fúteis e elas não me conseguem aturar durante muito tempo. Sou alguém… exigente.

Paul humedeceu os lábios. Cabisbaixo, entretido com as cordas gastas da guitarra, revelou:

— A Jane também me deixou há dois dias. Tudo terminado entre nós, encontrou alguém que a faz rir mais… Foi o que me disse. Alguém que a faz rir mais. Eu sou divertido! Sim, ando mais ocupado ultimamente, mais tenso, estava à espera de uma promoção no escritório que me foi prometida se conseguisse fechar um caso complicado. Provavelmente não dei toda a atenção que a Jane queria e ela deu-me com os pés.

— A Jane era a tal ex-namorada da mansão? – perguntou George.

— Não, essa era outra.

— Antes da Jane?

— Sim, antes da Jane…

— Ao mesmo tempo – cortou John. – Essa de que tu não a fazias rir foi só uma desculpa, Paulie. Acho que a tua querida Jane descobriu que andaste a comer por fora enquanto namoraste com ela. E foi mais do que uma vez, que eu cheguei a saber.

— Como soubeste disso? – indagou Paul admirado, olhando para o amigo, sempre a tocar a guitarra.

— As coisas sabem-se…

— A minha ex-namorada, das festas na mansão da tal ilha, apareceu depois de uma conferência de advogados. Tive, digamos, que fazer-lhe companhia…

— Por causa da promoção? – tornou a perguntar George.

— Estava relacionado, mas não diretamente relacionado. Ela era filha do dono de uma firma muito importante que queria contratar o melhor advogado do nosso escritório. Precisei de fazer… espionagem industrial. Bem, foram tempos bons, no meio dos ricos, mas sem muito para contar. De quem eu gostava a sério era da Jane.

— Hum…

— Bem, parece que a nossa vida romântica tem sido ligeiramente acidentada nos últimos tempos – avaliou John desiludido. – E tu, Ringo?

— A minha mulher deixou-me duas semanas depois de ter perdido o emprego – admitiu o baterista.

— Mulher? Eras casado?

— Sim, Johnny. Fui casado. Com uma mulher muito especial. Conhecemo-nos num concerto de música clássica. Ela não estava a gostar daquilo, eu também não, uma peça de Rachmaninoff acho eu. Foi amor à primeira vista.

O riso de John ecoou na noite clara.

— De todos nós, Ringo é o preferido das mulheres! Conseguiu casar com uma, enquanto tu, George, estiveste muito próximo, o Paul quase que conseguiu e eu não sirvo para casar com nenhuma.

— Não terminou bem, Johnny – corrigiu Ringo incomodado, cruzando os braços. – Não me ouviste dizer que me divorciei?

— Ouvi, mas ao menos estiveste casado. Uma mulherzinha fiel, à tua espera em casa, a cozinhar-te as refeições, a tratar da tua roupa, a fazer-te carinhos depois do jantar, a aquecer-te a cama…

Ringo esboçou um sorriso triste. Repetiu:

— Uma mulher muito especial.

— Que te deixou só porque as circunstâncias ficaram diferentes de quando se conheceram – disse George ácido. – Se te amasse de verdade, teria ficado contigo também na pobreza.

— As mulheres são difíceis de compreender – divagou Paul fazendo a guitarra vibrar numa melodia bonita e quente. – Nunca lhes conseguimos dar o que elas mais querem, naquele momento. É tudo uma questão de momentos, amigos. O Ringo teve o azar de perder o emprego, eu tive o azar de estar distraído, o John teve o azar de não se empenhar verdadeiramente e o George teve o azar de se achar confortável. As mulheres querem mais. Sempre mais, até nos sugarem completamente o tutano dos ossos. Nunca estão satisfeitas, com nada. Temos de as seguir em todas as mudanças de rumo, como se fosse possível responder a um humor tão variado… Ah, mas são tão imprescindíveis às nossas vidas! O cheiro de uma mulher! O toque de uma mulher! Aquele olhar mágico que nos desarma completamente e somos capazes de ir até à lua só para lhes satisfazer um capricho!

John e George suspiraram ao mesmo tempo.

Ringo olhou desconsolado para o saco de dinheiro.

— Talvez ela ainda volte para mim… Sou rico.

Mais prático, John apertou-lhe o ombro e disse-lhe:

— Talvez arranjes uma mulher melhor que queira estar contigo a sério e não por causa do teu dinheiro.

O baterista deitou-se de lado, abraçando-se ao saco, contraindo-se em posição fetal e resmungou:

— Nesta ilha no fim do mundo não vou encontrar ninguém, de certeza. Nem mulher… nem homem, nem nada.

— Eh, continua virado para esse lado. Depois desta conversa, não quero que tenhas ideias.

A guitarra calou-se com um derradeiro acorde pujante que encerrou a melodia.

— Ideias? – zangou-se Ringo. – Chega-te tu para lá. Não fiques ao pé de mim!

— Será seguro dormir nesta barraca? – perguntou George.

— Muito seguro – confirmou Paul. – O John gosta de provocar, mas sempre teve mais garganta do que outra coisa.

John atirou-se para a areia, estendendo-se, abrindo braços e pernas, pronto para descansar.

— Eu ouvi isso, Paulie!

O guitarrista de serviço daquela noite, Paul McCartney, levantou-se, deixou o instrumento musical no encosto da poltrona improvisada. Espreguiçou-se. Junto à fogueira, voltou o rosto para o céu e maravilhou-se com o espetáculo proporcionado pela abóbada celeste que estava negra como bréu.

O manto tremeluzente de estrelas era magnífico!

E dali retirou sabedoria.

Por muito má que fosse qualquer situação a esperança mantinha-se, no meio da maior escuridão, no meio da maior tempestade. E a partir desse pequeno fio de luz fazia-se a reconstrução. Eles iriam sair daquela ilha, eles iriam salvar-se e iriam ter novas namoradas, casar-se, ser felizes, tocar música e continuar amigos.

Sorriu para a noite estrelada.


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Notas finais do capítulo

E aqui está um verdadeiro Clube dos Corações Solitários (Lonely Hearts Club).
Os rapazes não estão com muita sorte em matéria de amores - nem noutra matéria.

Uma conversa "à Beatle" - séria e engraçada, normal e completamente esquisita.
Guitarras, mulheres, música e dinossauros.

No dia seguinte têm uma grande caminhada à sua espera. O que irão encontrar?

Próximo capítulo:
Exploração da selva.