Três em um escrita por Mente suicida


Capítulo 17
Nosso beijo de verdade




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Eu acompanho Bianca até as escadas, ao descermos, percebo que a mesma pega o celular e liga para alguém ir busca-la. Eu não imagino quem seja, mas ao chegar na entrada do prédio, percebo que Renato a espera na esquina da rua, então baixo a cabeça e pergunto:

— Tem certeza que quer ir embora desse jeito?

Ela que estava na minha frente, para por 3 segundos, mas continua a caminhada ao encontro do seu ex atual namorado sem olhar para trás. Tudo aquilo mexeu muito comigo e não consegui ter forças para voltar para casa naquele dia. Então subi as escadas e lá estava eu, no meu refugio novamente.

No dia seguinte, pela manha. Eu volto para casa e me tranco no quarto. Mas sou interrompido por uma batida na porta.

— Primo, eu posso entrar?

— Espera – levantei da cama, enxuguei as lagrimas e abri a porta – Entra!

— O que está acontecendo contigo? – Tacy pergunta.

— Nada prima! só estou cansado – Eu tentei esconder a tristeza, mas não consegui conter as lagrimas – Poxa prima, deu tudo errado. Bianca agora me odeia – Abracei-a.

— Oh Miguel, pode chorar – Meu deu um abraço forte – Você só fala o que aconteceu se quiser. Enquanto isso, chore o quanto quiser.

— Poxa Tacy, eu fiz de tudo por aquela menina. Estive o tempo todo ao lado dela, relevei várias coisas e ela diz pra mim que ser gay é coisa do diabo? – Eu não parava de chorar – E eu que nem um trouxa, ainda implorei para ela ficar e sabe o que ela fez? Foi embora com aquele mané do Renato e nem olhou para trás – A mistura de sentimentos tomava conta do meu coração.

— Miguel, isso prova o quanto essa menina não te merece. Nem como namorada, que ela sempre pecou nesse ponto, muito menos como amiga. Pois acredito que se realmente ela gostasse de você como diz, ficaria ao seu lado ou tentava entender. Só não seria tão radical como foi. – Tacy disparou contra Bianca – Mas dar um tempo para vocês dois, talvez ela supere isso com o tempo – Tacy também estava confusa no conselho que estava me dando.

— Eu nunca passei por isso. Estou parecendo uma criança, meu Deus! – Eu não estava me reconhecendo.

— E Gustavo, primo? – Soltou.

— O que tem ele? – Perguntei sem entender

— Agora você está livre e tudo que você fez foi para ficar com ele, certo? – Me soltou e olhou nos meus olhos – O que está esperando? Vai atrás dele... – Ela sorriu.

A fala da minha prima parecia que estava transferindo uma forte carga de energia elétrica que se converteu em coragem e confiança. Eu rapidamente abri as portas do guarda roupa, peguei a minha melhor roupa, coloquei meu melhor perfume e disquei o numero de Gustavo no visor do meu celular.

— G?

— Oi Miguel. – Gustavo responde.

— Você está ocupado hoje? – Falei me olhando no espelho.

— Eu estou na casa da minha amiga. Vim tentar me distrair um pouco – Sua voz estava diferente.

— O que houve, aconteceu alguma coisa? – Percebi a tristeza na voz do meu amigo.

— Não aconteceu nada, só umas besteiras com Bian... – Ele mesmo interrompe – Quer saber? Eu preciso mesmo conversar contigo... Vamos nos encontrar no Shopping ai da zona sul? – Pareceu que tinha lido minha mente.

— Sim, claro! Eu já estou pronto. Quanto tempo você acha que gasta para chegar lá? – Ele havia roubado um leve sorriso.

— No máximo uma hora, tá bom pra tu? – Perguntou – Me espera na frente do shopping, ta bom? – continuou.

— Beleza, fechado! – Topei na mesma hora.

Olhei para trás em direção a cama e Tacy estava lá me olhando com um grande sorriso no rosto.

— Tá vendo, besta? Deus sabe o que faz. – Tacy levanta-se – Agora tira essa camisa toda amarrotada e bota essa. – Entregou-me uma outra camisa.

Me olhei no espelho novamente, e minha prima tinha toda razão. A sugestão tinha combinado mais com a roupa que estava.

Quase uma hora depois, lá estava eu a espera do meu "amigo". Ele demorou cerca de 30 minutos e isso me deixou um pouco impaciente. Logo, esqueci quando me deparei com aquele garoto usando uma camisa preta combinando com uma bermuda da mesma cor. Seu cabelo estava lindo e voando com o vendo. A barba estava bem feita e tudo estava simplesmente lindo. Parecia que estava diante daquele menino pela primeira vez.

— Que cara é essa, Miguel? parece que nunca me viu. – Ele sorriu.

Ele sorriu com aquele mesmo sorrido da primeira vez que o vi.

— Nunca te vi desse jeito mesmo. Pelo menos não como estou te vendo hoje. – Respondi hipnotizado.

— Como assim? Estou entendendo nada.

— Esquece! Vem – O puxei pelo braço – Vamos ao cinema, tem um filme ótimo que lançou quinta feita e eu estou louco para assistir.

— Qual filme, amigo? – Ele perguntou.

— Primeiramente, hoje eu não quero você me chamando de amigo – Falei sorrindo – E o nome do filme é: Como eu era antes de você.

— É sério isso? Ah, para Miguel – Ele ficou surpreso – Eu nunca imaginei que tu gostava de filmes assim.

— Porquê não? Inclusive, já li o livre, tá! – Me gabei – Agora cala essa boca e anda.

Compramos o ingresso, a pipoca e refrigerantes. Suficiente para os dois e fomos para a sala esperar o inicio do filme. Ele olhava para os anúncios que passavam antes de começar o filme, e eu não parava de olhar para sua boca.

— O que é Miguel? Eu estou ficando com medo!

— Nada Gustavo. É que sei lá, eu estou te vendo de uma outra forma hoje.

— Credo menino, para. – Ele interrompe – Escuta... Hoje eu briguei com Bianca por tua causa. - Gustavo solta o que incomodava.

— Como assim por minha causa? – Me espantei – Ela te contou sobre nossa conversa de ontem? – Eu não acreditava que ela já estava espalhando para as pessoas sobre nossa conversa.

— Contou! E esse é o motivo de eu está aqui hoje ao teu lado.

— Agora quem não está entendendo sou eu. – Realmente não estava.

— Ela me disse que você é... – Ele interrompe – Depois continuamos, o filme começou.

O filme havia começado e sinceramente, eu não estava prestando atenção em nada. Gustavo por sua vez, parecia está super animado com o filme e estava até roendo as unhas. Eu só fazia comer a pipoca, quando naquele enorme telão, apareceu uma das melhores cenas do filme.

Aquela cena em que eles estão em um casamento e todos começam a dançar e, Louisa Clark chama William Traynor (Atores principais do filme) para dançar. Ela senta no colo de William em sua cadeira de rolas e fala "Vamos dar assuntos à esses babacas" e vai ao centro da festa ao som de Ed Sheeran, com a música Thinking Out Loud e se divertem diante dos olhares estranhos das pessoas.

Aquela cena me fez parar por alguns segundos e olhar para Gustavo, que por sinal, também estava me olhando. Então eu não pensei duas vezes e levei meus lábios em direção ao dele e nos beijamos de verdade pela primeira vez.

Sentir sua língua encostada a minha, seus toques em meu rosto, as dores de mordidas leveis, selinhos no final dos beijos e estava diante de vários sorrisos. Tudo isso me fez ter a certeza de que realmente era aquilo que eu precisava e, pela primeira vez, eu não estava me importando com os olhares estranhos das pessoas. Até por que, estávamos no escuro.

A partir daquele momento, perdemos totalmente a concentração do filme e passamos a maior parte do tempo nos beijando. Por fim, chegou o término do filme e as luzes da sala se acendem, interrompendo um dos melhores beijos da minha vida.

Esperamos para a maioria das pessoas sair da sala para podemos ir. Fora do cinema, decidimos ir comer alguma coisa e eu o levei para um restaurante ainda dentro do shopping. Ele insistia o tempo todo para tocar no assunto de Bianca. Mas, eu interrompia e ficamos assim até a chegar no restaurante.

— Miguel, por favor. Deixa eu te contar o que houve comigo e Bianca ontem a noite. – Ele pediu.

— Vai, fala Gustavo!

— Você sabe que eu já sabia que você era gay, certo? – Tomou um gole de suco – Ontem ela veio me falar que você resolveu se assumir para ela e eu simplesmente disse que já sabia e que tinha avisado a mesma. Mas o pior, foi que ela me pediu conselhos referente a você e devido a isso, eu não aguentei.

— O que houve? - Fiquei curioso.

— Eu sei que ela só tem a mim como amigo para falar sobre esse assunto. Porém, eu me senti sufocado e também revelei algumas coisas a ela... – Ele se arrumou na cadeira e continuou – Eu disse a ela que sempre fui apaixonado por você. Que me doía muito quando ela vinha me pedir conselhos sobre você e eu dava a confiança que ela precisava para tentar continuando insistindo em você. O fato era que, todos os conselhos que dava a ela, era eu que realmente deveria seguir.

— Então você está me dizendo que sempre foi apaixonado por mim? – Eu estava boquiaberto e muito feliz por está ouvindo tudo aquilo.

— Quando ela me contou que você disse que sempre via ela como frágil eu concordei e, por este motivo, sempre dava prioridade a ela antes de mim mesmo. Acredito que também foi assim com você. Mas para mim foi o fim, Miguel. Eu já não podia doar minhas forças à ela. - Ele enxugou as lágrimas e mudou de assunto - Mas enfim, estamos aqui. Agora eu só preciso que você me diga que também me quer, assim como eu te quero.

— Sim, Gustavo. EU TE QUERO DEMAIS. - Eu não pensei duas vezes para responder.

Não percebemos que estávamos em um restaurante e nos beijamos novamente. Mas, fomos interrompidos, pois meu celular estava a tocar.

— Está bem, Tacy. Eu estou perto e vou lá agora mesmo. – Respondia minha prima ao celular – Ela volta que horas? – Perguntei – Ah, ok. Tchau.

— O que houve Miguel? – Gustavo perguntou.

— Minha mãe saiu para uma festa e levou a chave de casa e Tacy também resolveu sair, mas está com medo de deixar a casa aberta. Então ela pediu para eu ir pra casa imediatamente – Expliquei – Vamos comigo? A gente termina nossa conversa lá e eu aproveito para te dar uma coisa que comprei para você.

Ele pensou por alguns segundos, mas insistir bastante e não deixei ele negar o pedido, então ele responde:

— Tá, vamos...


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