Accidentally in Love escrita por Apollo, Kess


Capítulo 9
Changes


Notas iniciais do capítulo

E aí, princesas? Vcs seguraram a coroa no tempo em que estivemos fora? haha
Bom, primeiro desculpem a tia Kess pela demora, mas antes tarde que nunca, né non? Segundamente, nesse capítulo há uma Lily diferente do que temos mostrado e eu amei muito escrever essa outra versão, logo, espero que vcs também gostem.
Boa leitura.



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James Potter

E até hoje, eu acredito que, na maior parte do tempo, o amor é uma questão de escolhas. É uma questão de tirar os venenos e as adagas da frente e criar o seu próprio final feliz. (Grey's Anatomy)

Londres, Inglaterra

Século XXI, 08:12 AM

Fazia um dia bonito lá fora, até mesmo para Londres, o céu estava crestado por um sol que aquecia o apartamento das garotas, enchendo o mesmo de uma iluminação singular. Do seu banco na janela, Mary fitava hipnotizada o movimento da cidade, imaginando a forma com que as ondas estariam quebrando agora, aquilo a deixava particularmente de bom humor, e claro, a maravilhosa noite que passara com Jimmy também ajudava.

Do outro lado do quarto, Lily remexeu-se e murmurou alguma coisa que a garota não conseguiu entender ao certo, mas jurava que ouvira o sobrenome Potter.

—Lilian Margareth Evans! –Exclama Mary, fazendo com que Lily sentasse na cama de supetão. –Não acredito que você está tendo sonhos impróprios com o James.

—Mary, Mary... Sempre tão imaginativa. –Diz Lily ainda grogue. –Eu diria pesadelo, mas tudo bem. O que temos pra hoje?

—O James te mandou mensagem, tem uma surpresa pra você, vai te levar em algum lugar, acho. Hum, ele vai passar aqui pra te pegar em exatos... –Mary apanha o celular ao seu lado e confere a hora. -48 minutos.

A ruiva encara a amiga com expressão repleta de confusão.

—Não me julgue, seu celular estava vibrando e você sabe como sou curiosa, espero que não se importe de eu ter respondido por você.

—Céus! E o que você disse?

—Que você estaria esperando por ele, é óbvio. –Mary responde claramente se divertindo com a situação.

—Isso tem nome, sabia? –Lily finalmente junta coragem para sair da cama, e caminha até Mary de forma ameaçadora. –É invasão à privacidade alheia.

—Bom, eu chamo de amizade.

Lily abre a boca para falar algo, mas antes que pudesse, Mary sai do banco da janela e começa a correr pela casa enquanto grita de forma melodiosa:

—A LIL’S TEM UM ENCONTRO, A LIL’S TEM UM ENCONTRO.  QUEM TEM UM ENCONTRO? LILIAN EVANS TEM UM ENCONTRO.

...

Enquanto isso, na mansão dos Potter, James e sua irmã tomam café da manhã, ao passo que James tenta chegar a um acordo com ela.

—E aí, você consegue as chaves da chácara para o seu lindo e precioso irmãozinho? –James fala fazendo manha. –Por favor, diz que sim.

—Só se me disser para que as quer. –Responde Alice, com a voz firme.

—Fala sério... Sei lá, me deu nostalgia do lugar, só isso.

—Há-há-há, era só o que faltava-me. James Potter nostálgico. –Ironiza a garota. -Já sei, você quer levar alguém lá, é isso? Ou uma festa? Juro por Deus que se der uma festa e não me levar eu jamais o perdoarei.

—Vai pegar as chaves ou não? –James, que já estava perdendo a paciência, fala agora encarando a irmã e assumindo um tom mais sério. –Não esqueça que eu tenho guardado seu segredo sobre a faculdade.

—E por que você não pega?

—Porquê você é a única pessoa existente nessa face da terra que sabe onde fica a chave de todas as propriedades do papai, e claro, sabe as milhares de senhas dele. –Responde como se fosse óbvio.

—Bom dia. –Diz Charlus entrando na sala. –James, fico feliz em vê-lo por aqui. Qual a emergência da vez?

—Vai ficar surpreso ao saber que nenhuma. Só estava com saudade da comida. E de vocês, é claro. Mas obviamente, mais da comida.

Alice ri, o pai apenas arqueia as sobrancelhas e serve-se de suco e alguns waffles .

—Como anda a faculdade, querida? –Pergunta o Sr. Potter à Alice, que acaba engasgando com a comida. –Você está bem?

—Ahn... Estou.

—E então? –O Potter mais velho insiste. –Você ia me contar sobre a faculdade, qual grade curricular estão vendo?

James, esperto como sempre, logo se põe a pesquisar algumas matérias sobre a suposta faculdade da irmã. A história por trás disso é que Alice sempre fora comunicativa e apaixonou-se de cara por jornalismo, mas é claro que o pai preferia que ela cursasse direito e assim que ela retornou de viagem, logo tratou de matriculá-la na melhor faculdade local, nem é preciso dizer que a garota cancelou tudo pelas costas dele e transferiu-se para o curso desejado.

—Sabe que nesse exato momento eu não lembro, estou tão sobrecarreg...

—Como não, maninha? Agora pouco estava me contando que estava estudando sobre sociologia jurídica.

O Sr. Potter abre um sorriso, satisfeito.

—É mesmo?

—Sim, sim! –Alice apressa-se em dizer. –Devo dizer que acho muito interessante, complexo é claro, e é por isso que eu vou estudar agora, tenho uma prova amanhã.

—Muito bem, querida.  Pode se retirar. –Elogia o pai. –Deveria seguir o exemplo da sua irmã, James.

—Sabe que eu também acho? –James brinca assim que a irmã sai.

Depois de “ouvir” seu pai comentar sobre a economia atual por 15 minutos, James vai para o jardim da casa, sentindo-se como se estivesse acabado se sair de uma aula daquelas aulas chatas em que você não quer fazer nada a não ser dormir.

—Ei, psiu! –James escuta a voz de Alice chamar e tenta achar de onde ela vinha. –Aqui em cima.

Ao levantar o olhar para a janela do quarto da mesma, a vê segurando algo em mãos.

As chaves, pensou com um sorriso. Alice solta e ele as pega no ar.

—Você é demais, irmãzinha. –Diz sorrindo. –A gente se vê depois, te amo.

E então, começa a andar em direção a saída do jardim, mas não antes de ouvir Alice dizer um “se cuida”.

...

Jimmy estava saindo de casa para encontrar-se com Mary, ainda que sentisse que não precisava de um motivo para encontra-la, resolveu usar um mesmo assim, e disse à ela que precisava buscar uns documentos na casa do pai para que todos assinassem como prova de que estavam de fato trabalhando na construção  do abrigo para animais.

—Seu pai é bem sério, né? –Fala Mary tentando puxar assunto.

—Não tanto quanto tenta parecer. –Responde dando um sorrisinho. –Mas e os seus?

—Meus o quê?

—Pais. –Jimmy fala e para na entrada do condomínio onde seus pais moravam. –Você tem, né? Quero dizer... Pais.

Mary solta uma risada e larga o cigarro sobre um lixeiro próximo.

—Ora, Jimmy! É claro que eu tenho pais. Não moram em Londres, só isso. –Comenta a garota torcendo para que ele não estendesse o assunto.

—E... Você não sente saudades? –Pergunta Jimmy afastando uma mecha de cabelo da garota que insistia em cair sobre o rosto dela.

—Sinto. –A voz dela saiu tão baixa que ela se perguntou se ele teria escutado, ou pior, se teria tido pena dela, então logo apressa-se em assumir um tom mais firme. –Mas é algo que eu consigo lidar! Escuta aqui, nós vamos entrar ou não?

Jimmy leva uns segundos para responder, então Mary perde a paciência e passa a sua frente, sem preocupar-se em dar bom dia ao porteiro.

Estava um clima pesado e o garoto sentia-se culpado, por isso assim que entraram no elevador, tratou de pensar em algo para amenizar a situação embaraçosa.

—Não quis te deixar mal.

Mary que estava de costas para ele, respira fundo ao sentir Jimmy segurar sua mão.

—Você não me deixou mal. –É tudo o que diz.

—Tem certeza? Eu não quero dizer ou falar nada que possa te magoar ou estragar nossa relação.

RELACIONAMENTO!?, grita a mente de Mary automaticamente.

Calma, Mary, calma! Ele disse relação, não relacionamento. Tudo bem, parecem muito, mas...

—Escuta, Jim... Ahn... Eu...

As portas do elevador se abrem, e ele sorri para ela, segurando sua mão ao saírem.

—Se você está tensa por causa do meu pai, saiba que não precisa, ok? Não é como se ele fosse te prender. –Jimmy faz graça, e continua quando Mary não ri –Meu Deus, relaxa!

—Espera. –A morena trava assim que Jimmy tira as chaves do bolso para abrir a porta. –É melhor você ir sozinho, eu te espero aqui fora.

—Quê? Por que?

—Você não acha que isso tá ficando sério demais?

—Isso o quê? –Pergunta Jimmy confuso.

—Isso! Nós. Ficamos por uma semana, você usou a palavra com R, e agora eu estou a três passos de conhecer seus pais, desculpa, mas não é assim que as coisas acontecem, o normal seria a gente trocar uns beijos, ir pra cama e depois nunca mais nos vermos. –Mary solta as palavras todas de uma vez e quase esquece que precisa fazer pausas para respirar.

—Normal pra quem? –Jimmy pergunta com a voz séria.

Mary estava quase dizendo que ia embora quando a porta se abre, revelando uma mulher alta de cabelos escuros com algumas ondulações –Como os dela. –Trajava um vestido florido que lhe caía muito bem e tinha um sorriso tão amigável que Mary acabou sorrindo também.

—Oi, mamãe. –Jimmy diz e a mulher puxa-o para um abraço. -Aos 14 anos, combinamos que você não faria isso na presença de garotas.

Mary riu e a mulher a acompanhou.

—E quem seria essa? –Perguntou ainda com um sorriso.

—Mary McDonnald. Sou amiga do seu filho.

—Claro! –Respondeu e continuou a encarar Mary como se estivesse encantada. -Você é tão linda. Já pensou em fazer um ensaio fotográfico? As revistas brigariam por você, querida.

—Minha mãe é quase uma caça-talentos. Trabalha para uma revista de moda. –Explicou Jimmy alternando o olhar entre a mãe e a garota. –O papai está? Ele pediu para que eu viesse pegar uns documentos.

—Não, não. Mas deixou-os sobre a mesa. Entrem, vou pegá-los.

—Estamos com pressa, vamos esperar aqui mesmo. –Responde o filho rapidamente.

A Sra. Cooper faz cara feia, mas não prolonga a conversa, apenas entra  e retorna alguns segundos depois com uma pasta vermelha em mãos, entregando para Jimmy em seguida.

—O papai te contou sobre a...

—Sim, ele contou. Não estou brava com você, mas vê se toma juízo hein. –Poderia ser impressão, mas Mary jurou que a mulher piscou pra ela ao pronunciar as últimas palavras. E é claro que ela torcia para que fosse impressão, de todas as bilhões de pessoas no mundo, ela seria a última e menos indicada a colocar juízo na cabeça de Jimmy. –Ah, e Mary, guarda isso, é meu número. Pra se quiser fazer um ensaio ou um book, você realmente se sairia muito bem.

Mary pegou o cartão, estava escrito Jessamine Cooper e o número, Mary não pôde deixar de notar as flores levemente desenhadas ali.

—Obrigada, mas não sou muito fotogênica. –Falou tímida.

—Deveria tentar. Você é linda. –Jimmy diz encarando a garota, que não conseguiu conter o sorriso.

—Se importam se eu fizer uma pergunta? –Mary sorri, dando permissão para que continuasse. –Que bom que não, eu faria de qualquer forma. O que rola entre vocês?

Mary teve certeza que se estivesse tomando ou comendo algo teria colocado para fora no ato.

—Mãe! –Jimmy repreende.

—Não, Senhora. Somos só amigos.

—É uma pena. –Diz Jessamine divertindo-se com a situação. –Ok, então.

—Vamos, Jim? –Chama Mary e ele despede-se da mãe, em seguida ela faz o mesmo.

Assim que começam a caminhar para o elevador, a mulher a chama.

—Mary?

—Sim? –Responde ao virar-se.

—Saiba que possuem meu consentimento. –Diz a mulher com um sorriso sincero, entrando em seguida.

Mary sabia que se ficasse mais alguns instantes as duas teriam se tornado melhores amigas, algo na mãe de Jimmy a deixava confortável, e sentia que elas eram mais parecidas do que podia imaginar.

Quando retornaram ao elevador, Jimmy estava tão envergonhado que não ousava levantar o olhar, e é claro que Mary percebeu.

—Ah, qual é? Ela é um doce, amei conhece-la. –Mary fala deitando o rosto sobre o ombro dele.

—Mesmo? –Pergunta o garoto.

—Mesmo!

Um barulho metálico ensurdecedor toma conta do pequeno espaço e o elevador para bruscamente, as luzes começam a apagar-se e voltam a acender instantes depois, como num curto-circuito.

—O que é isso? –Pergunta Mary assim que as luzes apagam-se definitivamente.

—O elevador parou.

—Ah, você jura? –Diz Mary aflita quando pareceu que o ar não estava chegando aos seus pulmões. –Eu preciso... preciso... sair.

Mary cambaleou tentando chegar até a porta na tentativa de bater, como se aquilo fosse adiantar, e teria caído se Jimmy não a segurasse.

—Ei, ei... Calma. Tá tudo bem, vão nos tirar daqui, okay?

Mas Mary não conseguia mais ouvir nada, e quando ouvia, parecia não fazer sentido, de forma que tudo que conseguia fazer era se desesperar. Não lembrava a última vez que sua claustrofobia a levou a isso. Jimmy continuava tentando ajudar a garota, murmurando palavras como “vai ficar tudo bem” e“fica calma”, aquilo estava fazendo tudo, menos ajudando. E então, fez a única coisa que pareceu finalmente funcionar. De impulso, Jimmy colou seus lábios aos da garota, num beijo terno, movimentando-os lentamente ao passo que suas mãos passeavam pelos cabelos de Mary.

Surpreendeu-se quando a garota correspondeu, e quando achou apropriado, afastou o rosto. Mary estava calma, mas ainda assim, confusa, esperando que o garoto dissesse algo.

—Você... Estava tendo um ataque de pânico. E... –Pronunciava cada palavra baixinho e com cautela, temendo que a garota voltasse a ficar nervosa. –Eu li uma vez que beijar ajuda porque desvia sua mente dos pensamentos que causam a fobia.

Lentamente, Mary assentiu e conseguiu ficar de pé por conta própria.

—Obrigada.

—Quando quiser. –Brincou o garoto colocando as mãos na cintura da morena.

—Sabe... acho que vou precisar de mais alguns desses.

Os dois sorriram e voltaram a unir seus corpos e lábios. Aquele momento era deles, e nem mesmo o concerto do elevador foi o bastante para fazê-los se afastar um do outro.

...

—Não sabia se viria. –Diz James assim que Lily Evans entra no carro e joga sua mochila no banco de trás.

—Mary me convenceu. –Diz a garota encarando-o.

—Imagino o quão persuasiva ela deve ser.

—Nunca subestime o poder de uma garota, principalmente se a garota em questão for Mary McDonnald.

Os dois riem.

—Bom, fico feliz por ter aceito meu convite, prometo que não vai se arrepender. –Diz James com um sorriso convencido nos lábios.

—Olha lá, hein Potter. Se seus planos são me tirar da cidade, e me fazer tomar todas para transar com você, já aviso que é crime. –Brinca Lily, enrolando uma mecha de cabelo no indicador.

—Tenho outros planos para você. –Diz James com um sorriso que tiraria o ar de qualquer garota.

—E planeja me contar?

—Ah, com certeza. –Os dois se olham no mesmo instante e não podem evitar o sorriso que se forma. –Mas não por enquanto, é uma surpresa.

Lily pensou em perguntar para onde James estava a levando, mas apenas com um olhar ela deduziu que ele não falaria, então apenas sorriu consigo mesma e colocou os fones de ouvido.

40 minutos depois, Lily sentia-se cansada, já tinha escutado várias músicas, conversado com James tempo suficiente pra saber que os dois eram muito parecidos,  e zerado um jogo que baixou antes de sair.

—Estamos perdidos? –Pergunta Lily olhando pela janela, tinha quase certeza que era a terceira vez que passavam por ali. –Meu Deus, estamos perdidos!

—Não estamos, só fizemos um desvio de rota. –James fala tentando parecer seguro do que estava dizendo.

—Em outras palavras, estamos perdidos. –Lily fala pegando o mapa com raiva e analisando-o com atenção. –Céus, como eu odeio geografia.

—Confie em mim, eu sei o que estou fazendo. –Diz o garoto após fazer uma curva.

—Eu nem preciso olhar pra você para saber que está mentindo. Olhe ao redor, admite que estamos perdidos, James! Ou por acaso você é dislexo?

—Eu não sou dislexo. E não estamos perdidos, ok?

—Sim, nós estamos. –Responde Lily firmemente.

—Não estamos, não.

—É claro que estamos.

James ri, ele não convenceria a ruiva do contrário.

—Do que está... –Antes que Lily terminasse a frase, James a surpreende com um beijo, movimentando seus lábios suavemente sobre os dela. –Isso foi bom. Mas não muda o fato de que estamos perdidos.

Uns vinte minutos depois, James acerta o caminho que levava à chácara do pai, Lily praticamente pulou do carro, sorrindo com a vista. A enorme construção revestida de madeira parecia um sonho, havia um pequeno jardim onde a grama verde parecia ter sido aparada a pouco tempo, no centro uma piscina com hidromassagem.

—Meu Deus! –Exclama Lily. –Você vem sempre aqui?

—Na verdade... Raramente.

—Isso é o ápice da estupidez. Por que alguém compra um imóvel como esse e... –Lily faz uma pausa e revira os olhos. –Capitalismo, é claro.

—Esqueça isso. Temos planos melhores.

—Temos? –Pergunta Lily aproximando-se assim que James sorri sacana.  –Sem querer deixar as coisas estranhas... mas preciso perguntar.  Você já transou numa piscina com hidromassagem?

James solta uma gargalhada.

—Sinceramente?

—Ah, não... você pode mentir.

—A resposta é não, ruivinha. Mas adoraria tentar.

Lily sorri arqueando uma sobrancelha em sinal de aprovação de uma forma sexy, o garoto estava a ponto de beija-la quando uma voz chama seu nome.

—James! –Era a esposa do caseiro. –Pensei que não viesse mais. Por que demorou tanto?

A mulher devia ter uns 50 anos, e vestia-se de forma simples, possuía um sorriso sincero e o modo como abraçou James deixava claro que tinha um afeto muito grande pelo mesmo.

—Tivemos um desvio de rota. –Comentou James, por alto.

—Nos perdemos. –Afirma Lily sem perder a oportunidade de irritá-lo. –A propósito, sou Lily.

—Olá, meu bem. Meu nome é Aurora. –Diz a mulher sorrindo. –Mal posso acreditar que finalmente conheci uma namorada sua.

—Ahn... Não somos namorados. Ele não teria tanta sorte.

Aurora ri, decidindo não prolongar o assunto.

Uns minutos depois, os caseiros já não se encontravam mais na propriedade, acabaram decidindo aproveitar a estadia de James ali para visitar uns parentes numa cidade próxima. Mas é claro que não saíram antes de Aurora fazer  um discurso sobre como apreciava os bons modos e como esperava que eles se comportassem na sua ausência. Lily subiu para um dos quartos de hóspedes para colocar sua roupa de banho, incrivelmente não sentia-se desconfortável com a ideia de James a ver sem roupas habituais. Enquanto soltava o cabelo em frente ao espelho não conseguia parar de pensar no beijo que recebera mais cedo, havia sido... bom. Muito bom, diga-se de passagem.

—Olha o que eu achei. –Diz James entrando pela porta do quarto com uma garrafa de campary.

—Que susto, Potter! –Exclama. –Uh, isso é bom.

—No que estava pensando? –pergunta James parando atrás da garota, encarando-a pelo reflexo do espelho.

—Não é da sua conta.

—Que grosseria.

Lily toma a garrafa da mão de James e dá um grande gole, fazendo uma careta quando o líquido queimou sua garganta.

—Já me disseram isso. Quem chegar por último é a mulher do padre.

—Quê?

Mas Lily não parou para explicar, apenas começou a correr pela casa tentando achar a saída para o jardim. Quando finalmente chegaram, colocou a bebida na borda da piscina e mergulhou na água, ficando ali embaixo o máximo de tempo que conseguia aguentar.

—Você é totalmente sem juízo. –James diz rindo.

—Obrigada. –Responde com uma mini-reverência.

Sem esperar mais, o garoto colou seu corpo ao da ruiva e em seguida uniu sua boca a dela, satisfeito consigo mesmo quando sentiu um sorriso se formar nos lábios de Lily. Não havia pressa alguma, era totalmente diferente dos beijos que já havia dado, era uma mistura de carinho com delicadeza.

—Caramba, não imaginei que você beijasse tão bem. –Elogiou Lily. –Mas eu não sou de porcelana, não vou quebrar.

Os dois riram, e Lily o puxou para si, dando início a outro beijo, dessa vez mais quente. Suas línguas brigavam por espaço, enquanto os corpos se entendiam e se encaixava perfeitamente. E assim continuaram por muito tempo, a primeira garrafa de whisky não foi o suficiente para os dois, já estavam a caminho da quarta quando a noite chegou, trazendo consigo o cansaço.

—Eu tô com frio. –Diz Lily aninhando-se ao peito de James que estava deitado na borda da piscina.

—Quer entrar?

—Ah não. Quero ver as... as... Os pontinhos de luz brilhantes ali no céu.

—Estrelas? –James fala sem consegui conter a risada.

—Isso. Estrelas são legais. Muuuuuuuito legais.

—E a lua?

—Quem é, Luna? Deixa pra lá.

Lily apanha um cigarro na sua mochila e um isqueiro, acendendo logo após.

—Você ama seus pais? –Pergunta, surpreendendo James, que passa um tempo em silêncio antes de responder.

—Eu amava minha mãe. –Responde nostálgico.

—Eu não sabia que... –Sem conseguir terminar a frase, Lily apenas dá uma tragada no cigarro. –Minha mãe também morreu.

Não havia nada que James pudesse dizer, e Lily compreendeu, estavam unidos pelo silêncio. Se entendiam.

—Meu pai era um produtor musical, as coisas corriam bem até que seus sócios perceberam que ele bebia cada vez mais, e tiraram ele do negócio. Foi o início de tudo, ele virou um maldito alcoólatra, descontava as frustrações na minha mãe, céus... ele batia tanto nela. –As lágrimas de Lily começaram a rolar solta enquanto James a acolhia em seus braços, ouvindo tudo em silêncio. –Eu sempre soube que ele não a amava, só casou com ela por causa da pressão dos  meus avós quando ele a engravidou. Eu me sinto tão culpada por não ter feito nada.

—Ei... –James virou o rosto dela para si. –Você era só uma criança, ta bom? Uma criança, não pode se culpar por isso.

—Uma vez eu insisti para que ela me levasse ao parque... –O choro de Lily só aumentava.

—Por favor, não continue. Não continue. –James dizia abraçando-a ainda mais forte.

—Eu preciso... preciso pôr isso... –James assentiu. –Ele nunca nos deixava sair, mas ela me levou mesmo assim, achamos que conseguiríamos voltar antes de ele retornar do pub, mas ele chegou antes.

—Eu sinto muito. –James fala quase sem voz. –Sinto muito mesmo.

—Ele b-bateu nela como... como nunca. E...E no fim... O desgraçado ainda obrigou minha mãe a...

Aquilo foi demais para James, não conseguia entender como uma criança conseguia guardar todas essas lembranças ruins sem surtar. Abraçou Lily o mais forte que conseguiu, tremendo tanto  quanto ela por causa do frio. Um bom tempo depois, entraram na casa. Lily estava triste e calada, pediu pra ficar sozinha e é claro que James concordou, perguntou se ela precisava de alguma coisa, mas ela apenas balançou a cabeça, então o mesmo seguiu para o seu quarto, passando o que pareceram horas encarando o teto, sem conseguir tirar da cabeça o que havia escutado.

Quando finalmente seu sono chegou, várias batidas leves soaram na porta do quarto, ele foi imediatamente abrir, esbarrando em um baú onde ficava seus brinquedos antigos.

—Oi. –Diz Lily quando a porta se abre. Ela parecia mais calma, o cabelo agora não estava tão molhado e ela vestia um pijama onde via-se uma galáxia estampada. –Posso dormir com você?

James assente, abrindo espaço para que a ruiva passasse, quando ela o faz vai diretamente para a cama, entrando debaixo das cobertas.

—Eu não quero sua pena. –Diz quando James deita-se ao seu lado.

—Você é a pessoa mais forte que eu conheço. –Diz docilmente, mas Lily permanece calada. –Ah, e seu pijama é muito sexy.

—Ah, cala a boca, Potter.

Os dois sorriem.

 Não era assim que James planejou terminar a noite, as coisas haviam tomado um rumo diferente e isso o preocupava ao passo que o enchia de esperanças. Lily contar aquilo significava que confiava nele o bastante para tal, mas temia que se instalasse um clima estranho entre os dois. Seja lá o que fosse acontecer futuramente, ele tinha certeza que não seria mais a mesma coisa.


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Notas finais do capítulo

E aí, curtiram?
Gnttt, eu amo mt a Mary, é isto!
Boa páscoa, até breve (eu espero).
Comentem o que acharam, bjssss
Ass: Kessya



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