....
— Que bom que ainda as alcancei aqui no estacionamento... Horácio dizia ao se aproximar das senhoras que tentavam consolar Ivana que chorava descontroladamente, elas se entreolharam sem entender a presença de Horácio.. - é.. Me desculpem, eu me chamo Horácio, sou amigo de Alonso Penalva e a pedido dele vim atrás de vocês para oferecer-me em levá-las para casa, pois a Senhorita Ivana neste estado não poderá levar vocês...
— Ele tem razão velha amiga, Ivana está muito alterada.. Disse Benita à Isabel.
— Verdade, está bem, aceitamos.
— Eu as levo no carro da Ivana mesmo, e depois volto de táxi para pegar o meu, vamos!?.. Elas concordaram, e entraram no carro, Benita foi no carona ao lado de Horácio e lhe deu o endereço, Isabel foi no banco do passageiro com Ivana na intenção de seguir a consolando, ela que estava alheia a tudo, pois so conseguia chorar..
Em pouco tempo Horácio as deixou em casa, Ivana desceu as presas e seguiu para dentro da casa. Isabel e Benita ainda o agradeciam pela gentileza,e ainda comentaram sobre aquela desagradável noite até que se despediram e entraram em casa. Subiram diretamente para o quarto de Ivana, esta, ja havia se banhado, se trocado e ja estava em um sono profundo, depois de tantas lágrimas fora vencida pelo o sono, Isabel se aproximou da cama e puxou o lençol para cubri-la melhor e em seguida depositou um beijo terno na testa dela, depois saiu apagou a luz e deixou a filha ali dormindo feito um anjo...
....
Valentina despertou com uma dor no pescoço e só então percebeu que havia dormido de mal jeito no sofá. Levantou cambaleando, sentindo uma tontura e umas pontadas na cabeça, voltou a se sentar no sofá e ficou ali um bom tempo, até que Rita entrou no apartamento para realizar seu trabalho de todo dia, atravessou a sala surpresa com toda aquela bagunça. Havia taças estilhaçadas ao chão, vasos quebrados, quadros jogados enfim um furacão passou por ali depois que ela saiu, pois lembra-se muito bem que ao sair tudo ainda estava em ordem, mas também lembra do que ocorreu na noite anterior e talvez Valentina descarregou toda a raiva dela quando todos haviam saido dali. Rita deu a volta pelo o sofá e encontrou Valentina com as mãos na cabeça e olhos fechados, aproximando dela se ajoelhou ,apoiou suas mãos nos joelhos dela e disse.
— Menina, se sente bem? valentina então tirou as mãos da cabeça e a olhou, seus olhos estavam vermelhos e inchados sendo que ainda ardia muito por conta das lágrimas que praticamente a noite toda deixara cair.
— Não, minha cabeça está explodindo. Disse pressionando as mãos na cabeça.
— Aguarde um momento. Rita se levantou e rumou para a cozinha, depois de alguns minutos voltou com um copo d'água e um comprimido e a deu para que tomasse. - Tome, passará a dor de cabeça. Tomou.
— Pelo menos a dor de cabeça.. Porque a daqui. E levou a mão direita ao peito esquerdo .A dor daqui, jamais passará.
— Oh querida, não se martirize assim. Você ainda é jovem, é bonita, ainda poderá encontrar alguém que te mereça que a faça feliz..
— Mas Alonso.. Alonso já me fazia feliz..
— Mas pense que poderá encontrar alguém que lhe fará feliz ao dobro. Ele não era pra você e nem você pra ele. Ergua esta cabeça, tome um bom banho e siga em frente, a vida não pára por aqui. Valentina encarou por alguns minutos aquela senhora à sua frente e pensou que talvez ela estivesse certa. Não se deixaria abater seguiria em frente, mas agora com uma sede de vingança, se ela não poderia ser feliz, Ivana e nem Alonso também não seriam.
Ela agradeceu Rita que foi cuidar nos seus afazeres pois teria muito a fazer àquele dia. Seguiu para o banheiro, tirou seu vestido e se enrolou numa toalha, jogou um pouco de água em seu rosto e em seguida ergueu a cabeça, ao se olhar no espelho se viu irreconhecível, sua maquiagem toda manchada seus olhos vermelhos. Não demorou muito e entrou debaixo daquele chuveiro que jorrava uma água gostosa a fazendo se sentir melhor. Em alguns minutos Valentina já terminara seu banho, mas ainda de roupão secava os cabelos e se voltou a ficar de frente a sua imagem no espelho, estava bem melhor, ja não estava tão assustadora assim. Ficou se olhando um bom tempo, até vir à sua mente flahs da noite anterior, e meneou a cabeça negativamente no intuito de tirar aquelas cenas da cabeça, se olhou novamente no espelho e viu uma Valentina fria, com um olhar de muita raiva..
— Aquela Valentina meiga, ingênua, aquela idiota morreu. Essa será minha nova EU, ninguém mais me fará mal algum, ninguém mais me fará sofrer.. Ah Ivana.. Querido Alonso, vocês jamais serão felizes enquanto eu viver, eu, apartir de hoje serei uma pedra nos seus míseros caminhos..
.....
Em alguns anos de trabalhos, Ivana nunca achou tão difícil dominar uma sessão como agora. Acordara bastante atordoada com o que acontecera à noite, e tentou inutilmente não levar esses problemas para a clínica, não deveria. Ela atendeu seus pacientes mesmo estando nesta confusão interna, por volta do almoço, D. Matilde mandou chamá-la, Ivana atendeu e ja adentrava em sua sala, seu olhar estava triste, cansado.
— Sente-se aqui querida. Dizia D. Matilde dando a volta em sua mesa e sentando-se junto a Ivana em um pequeno sofá que havia ali. - Vejo que não está bem, quer me contar o que está acontecendo?. Ivana baixou o olhar e ao erguer as lágrimas ja desciam por seu rosto, D. Matilde a puxou e a abraçou delicadamente.
— Ai D. Matilde, porque é tão fácil resolver os problemas alheios,e tão difícil resolver os nossos mesmos?.. Perguntou ela saindo com cuidado do abraço d D. Matilde.
— Conte -me o que está passando?
Ivana a relatou tudo que houvera acontecido naquele desagradável jantar, do quanto a magoou as palavras de Valentina sua melhor e única amiga, do quanto sentia raiva de Alonso agora, mas que ainda sentia mais raiva do seu coração por dizer ao contrário. Ivana ja não controlava as lágrimas, D. Matilde que ouvia atentamente tudo que dissera Ivana, analisou os fatos e buscou a melhor maneira, pensou que Ivana merecia um tempo para se organizar, pois não teria condições de trabalhar naquele estado.
—Querida é lamentável que as coisas tenham tomado esse caminho, mas vejo que você não está em condições de trabalhar, neste caso o mais sensato é que tome umas férias até que seus pensamentos se organizem.
— Mas D. Matilde não posso, tem João..
— João está caminhando bem, você está sendo maravilhosa neste caso,como sempre.E sabemos que ele está mais próximo da mãe, do pai, troca palavras com ele, não muitas mas já é meio caminho andado. E aliás, a mãe quer viajar com ele, pois está de férias da escola, queria aproveitar esse tempo para se aproximar mais dele, o que eu acho ótimo, será bom pra ele, talvez volte mais revigorado para sessão e quem sabe nem precise mais.. A mãe dele veio falar comigo, na verdade com você, mas como estava em sessão com ele, pediu pra falar comigo que sou proprietária deste lugar..
— O que exatamente ela queria?
— Perguntar se ela poderia interromper as sessões para poder viajar com ele, eu a respondi que sim que não haveria problema ja que ele estava se mostrando bem melhor. E pensando bem, será melhor também para você que também precisa de férias..
— Mas tem meus outros pacientes e..
— Shh Ivana, não seja teimosa, você é uma excelente profissional nos mostra todo dia sua capacidade.Mas, Tire suas férias e se organize, enquanto aos seus outros pacientes a substituirei com profissionais tão bons quanto você, sabe que na minha clínica só fica os melhores não sabe?.. Ela piscou divertida à Ivana que deu um leve sorriso e assentiu.
— Eu não sei como agradecê-la..
— Me agradeça pegando o primeiro vôo para MIAMI talvez.. Ela deu um risinho, Ivana também riu e abraçou-a, D. Matilde a fazia sentir-se tão bem, ela era maravilhosa. D. Matilde a dispensou à tarde pois, com seu estado não poderia seguir trabalhando.. Seguiria seu conselho e tiraria férias, seria melhor em realidade não poderia trabalhar com seus pensamentos em desordem, tomaria esse tempo e buscaria soluções para seus problemas ...