Paternity escrita por Bruninhazinha


Capítulo 3
Nascimento




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Hiashi nunca foi um homem flexível.  

As pessoas costumavam julgá-lo por ser intransigente, mas ele não tinha culpa de ser quem era. Na verdade, a culpa sempre foi da vida, afinal, ele foi criado para ser um homem de honra, bom ninja, bom líder e, acima de tudo, um Hyuuga.

Foi treinado para chefiar um Clã, não para ser um bom pai.

Ainda assim, ele tentou.

Criou Hinata da mesma forma que foi educado, não por não a amar, mas por querer que sua filha fosse forte diante de um mundo tão cruel — ainda que ela, ironicamente, sofresse em suas mãos. Porém, Hiashi preferia que a garota amargasse em suas mãos que nas mãos do mundo porque a vida pega pesado e não seria diferente com ela.  

Sua meta era transformar a filha em um verdadeiro iceberg, mas, como sempre, Hinata foi contra suas expectativas.

Ela não virou líder nem uma pessoa calculista. Pelo contrário, continuou seguindo os próprios ideais, lidou com as críticas sem perder a boa essência e nunca desistiu.

Hinata se tornou uma ninja excepcional e uma mulher forte.

E, agora, ela seria mãe.

Com seus olhos analíticos, observou o genro andar de um lado a outro, desesperado, aturdido e completamente em pânico. Hiashi estava sentado em uma das inúmeras cadeiras vagas e tentava concentrar em qualquer coisa que não fosse os berros sôfregos de sua filha, que ecoavam por todo o prédio.

Naruto parecia prestes a explodir  e o velho Hyuuga, mesmo sendo centrado, não conseguiu controlar o próprio nervosismo. No silêncio de seus pensamentos, recitou um mantra, disposto a ignorar os gritos da filha e a imagem devastada do loiro.

Inquieto, Naruto sentou-se ao lado do sogro e colocou a cabeça entre as mãos. Era como se sentisse uma facada no peito a cada grito de sua esposa. 

Seu único desejo era entrar naquela maldita sala e obrigar Sakura a fazer qualquer coisa que fizesse o tormento de Hinata desaparecer.

Os gritos continuavam rompendo o hospital, soando dolorosamente e cortando os tímpanos do rapaz.

Saiu dos próprios devaneios ao sentir o toque sutil do homem ao lado. Hiashi apertou seu ombro em solidariedade, como se dissesse que estava ali por ele. De uma forma bem esquisita, essa demonstração de afeto o deixou um pouco mais calmo. 

— Fique tranquilo. — a voz grossa soou baixa, quase inaudível e a expressão dele fez o Uzumaki lembrar-se dos anciões do Conselho — Vai dar tudo certo, você vai ver.

E Naruto ficou quieto, querendo se descabelar, mas quieto. Por todas as duas horas que seguiram, Hiashi continuou confortando o rapaz, dando suporte e mostrando que ele não estava sozinho — ou, ao menos, que não sofria sozinho.

Os dois se levantaram no momento em que a jovem de cabelos róseos apareceu, respirando com dificuldade e com gotículas de suor escorrendo no canto do rosto. Sorriu ao ver os dois, cansada. 

— Foi um parto difícil, mas está tudo bem. — anunciou, contemplando o rosto inexpressivo do Hyuuga e o alívio do loiro — Vocês podem ir ao quarto antes de Boruto ser levado para o berçário. 

Naruto, eufórico, correu até o quarto em que Hinata estava e Hiashi, após despedir-se da médica com uma reverencia respeitosa, saiu com passos lentos.

Ao chegar a batente da porta, vislumbrou o loiro sentado ao lado da esposa, chorando e olhando com adoração para o pequeno embrulho que segurava. A morena cantarolava uma canção de ninar baixinho e contemplava o rosto do filho.

Mesmo exausta, parecia brilhante como uma tarde de primavera. Ficou feliz por ver sua amada filha tão realizada.

O sorriso da jovem se alargou ao ver o pai aproximar-se de seu leito. Ele lhe tocou o braço com brandura, sem dizer nada, pérolas chocando-se com pérolas.

Pôde, finalmente, respirar, aliviado por ver sua garotinha bem, afinal, mesmo que não fosse o melhor pai do mundo, ainda era pai.

Naruto se levantou com os olhos marejados e encaminhou-se até o sogro. Hiashi ficou imóvel ao ver o loiro estender, com todo cuidado, o filho em sua direção.

— Veja, sogro. — o Uzumaki parecia flutuar de felicidade — Seu neto.

O recém-nascido encaixou-se perfeitamente nos braços do avô que pôde, finalmente, deslumbrá-lo. 

Boruto era a junção do que havia de melhor nos pais. Cabelos loiros, pele dourada e as marquinhas nas bochechas. Era muito parecido com o pai, mas não pôde deixar de ver, com fascinação, os traços da mãe. Os olhos grandes, o rosto levemente arredondado e a boca bem desenhada. Dormia, afundado em um mundo de sonhos, em toda sua ingenuidade e pureza. 

Quando o loirinho abriu os belos olhos azuis, sentiu algo em seu interior queimar. Mesma que antiga, a sensação ainda lhe era familiar: um calor que surge no coração e, quando você menos espera, esquenta a alma e se espalha por todo o corpo, queimando, fervendo.

A mesma sensação que sentiu ao ver Hanabi e Hinata pela primeira vez.

Amor.

— Obrigado. — sussurrou para o casal, sentindo seus sentimentos transbordarem pelos olhos e molharem seu rosto já enrugado.

Hinata apertou os olhos, controlando o choro e o loiro abraçou a esposa pelo ombro, focando a visão no rosto mimoso do filho. 

Por anos, Naruto observou crianças brincarem com seus pais se perguntando como era ter tamanha ligação com alguém. Mas agora ele entendia esse sentimento, esse amor que palavras jamais serão suficientes para explicar. 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!