O Lado A escrita por Ms keys


Capítulo 5
Capítulo IV


Notas iniciais do capítulo

Oi, Depois desse capitulo a história vai finalmente tomar um rumo.Haha



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Como esperado no outro dia meu maxilar acordou doendo, minha consciência estava a me matar, minha dignidade... Bem, essa dai não existia mais, e por hora ainda tinha pelo menos uns três dedos marcados no meu rosto, porém era aula de penal, eu podia esta careca e sem sobrancelhas e mesmo assim eu iria para faculdade. 

Faculdade de Ciências Naturais e Humanas de Row City, 7:30 am

Cheguei na faculdade na exatamente na hora que os professores começam a se dirigir para a aula e eu iria fazer o mesmo, entretanto, o Will estava a me esperar próximo ao bicicletário, que fica em frente o portão de entrada e perto de um bancos que por Deus, ainda tinha muita gente para aquele horário.

—Cara você demorou muito hoje!-Will falou me acertando no ombro com uma pequena tapinha e seguimos caminhando até as salas.  Fiquei confuso, geralmente ele nunca me espera, e não me lembro de ter comentado com ele sobre ontem à noite- Fiquei preocupado, você não respondeu nenhuma das minhas mensagens, e seu visto por ultimo foi de muito tarde, imaginei que tivesse feito besteira.

—Ótimo, me lembre de retirar essa droga. - Respondi como se tivesse para poucos amigos, afinal foi ele quem me deu a péssima ideia de falar com ela, mas logo me arrependi. –Espera... -Falei parando e ele fez o mesmo.

Os corredores haviam começado a esvaziar, as escadas já não tinham quase ninguém e embaixo das arvores ainda tinha uma galera que pelos cérebros estampados na camisa supus que era o pessoal de psicologia.

—Eu fui falar com ela... –Suspirei forte e soltei o ar pela boca- Você estava certo, eu fiz besteira e estou arrependido, não vai acontecer de novo. -Voltei a caminhar e ele fez o mesmo.

—NÃOO, VOCÊS FICARAM E VOCÊ PASSOU A NOITE LÁ POR ISSO O VISTO DE TÃO TARDE. - Will ficou empolgado e acabou falando alto de mais, e o pouco de alunos que sobrara nos corredores pararam para nos observar.  Para um cara de 1,90, forte e com semblante de agente do FBI ele era extremamente bobo.

—Não era essa a historia da minha vida que eu queria que fosse anunciada na revista da faculdade. –Ironizei. – E essa é a marca do sexo selvagem que a gente fez ontem à noite. -Falei tirando o cabelo do rosto e mostrando a marca da tapa que a Lara Isabel estampou no meu rosto branco

—Ah, você realmente fez besteira... –Will falou com um tom de decepção e eu não o julgo, ele colocava nossos nomes dos brinquedos e me fazia salvar a Lara na sua imaginação, Depois que ficamos amigos, na historia dele ela havia sido possuída por uma entidade da maquiagem ou algo assim, por isso havia se transformado e se tornado cruel. –Quero saber de tudo, tim tim por tim tim, você não sai daqui hoje até me contar.- Ele parou e me encarou serio.

—Não sei como te dizer,  Mas foi mais ou menos assim...-Falei enquanto encarava o nada, me torturando por ter que lembrar de tudo.

A verdade é que eu sabia o que dizer e acabei contando tudo, do semblante da Lara Isabel, do Semblante do desgraçado, e das minhas palavras finais. O que sinceramente, me tirou um peso, eu não suportava ter que guardar tudo pra mim e por mais que a única pessoa que eu quisesse realmente falar sobre fosse ela, o Will merecia saber o motivo por eu ter parado de frequentar a taberna e não sair mais nos encontros que ele me arrumava toda semana por sonhava em fazer um programa de casal com o melhor amigo. Quando eu acabei ele me deu uma tapa do outro lado do meu rosto de supetão.

—WILLYAN! O QUE FOI ISSO, CARA?- Gritei com ele. O que ele estava pensando pra me acertar daquele jeito?!

—Pedro Antônio, Sua mãe não te ensinou como tratar uma mulher?- Ele indagou como seu tivesse cometido um crime. – Ela podia estar em uma esquina a vender prazer, você não tinha o mínimo direito de chama-la de vadia, você não tem, nem ela, nem mulher nenhuma,  Você vai pedir desculpas a Lara e por mais que você esteja com ódio daquela mulher, vai se sair como um rapazinho direito.

Ele tinha razão, não se trata ninguém mal, além de errado eu acabei perdendo toda minha razão quando disse aquilo, de salvador da pátria eu acabei virando o cara repugnante que se acha cheio da razão. Porém, eu precisaria amadurecer essa ideia do pedido de desculpa, não estava a fim de encontrar novamente com a Lara e com aquele monte de massa magra do namorado dela.

—Talv...talvez você tenha razão. -falei envergonhado. –Mas, isso não te da o direito de me bater. E, eu não quero mais falar sobre isso... Estou indo para minha aula, que já deve estar a mais da metade, e cara hoje era penal, penal, Will. –Falei desconversando, queria que ele não tocasse mais no assunto, queria morrer pra aquele assunto na verdade, estava a me sentir mais péssimo do que eu estava.

Ele não respondeu. Will apenas me seguiu caminhando em direção ao bloco dele que ficava distante do meu.

*

Quando eu cheguei à sala estava toda em silêncio, as luzes apagadas, e a única coisa que iluminava era brilho da projeção do slide. Não vou ser notado, “uffa” pensei. Porém, a professora Mercedes me viu, e como se isso não bastasse ela precisava anunciar ao restante ali presente.

—Pedro, Em qual fuso horário o seu relógio é ajustado, Meu Bem? –O sarcasmo usado naquela frase me deu K.O, e fez meu rosto arder e com isso supus que agora eu estava vermelho.

A sala toda virou a me olhar, mas como estava escuro não deu para encarar de volta.

—Bom dia pra você também, Mercedes. –Tentei devolver a altura, porém nada me apareceu na hora.

—Na próxima vez que você estiver a mais de 30 atrasado não se der o trabalho de entrar, Aqui é o ensino superior, mas não é festa, não nas minhas aulas pelo menos. –Ela falou em um tom serio. Eu a entendia, a Professora Mercedes já deveria ter se aposentado, Ela foi uma das primeiras professoras daquela faculdade e apesar do numero de turmas que ela já formou não se adaptou ao tempo.

Depois disso os minutos finais da aula seguiram tranquilamente, No inicio eu fiquei um pouco confuso, mas depois eu consegui acompanhar e percebi que eu já havia adiantado o assunto semana passada.

Quando a aula acabou eu percebi que a Lara tinha vindo para a aula, estava rodeada de gente como sempre, e eu fiquei pensando se o que o Will havia me falado não tinha razão, porém não cheguei à conclusão, Mas a encarei, e quando ela percebeu deu as costas com desdém, foi quando meu celular tocou.

[Número desconhecido:]

Namorada minha não tem amigO, Brother. Tenha um bom dia.

—Nossa... Que meigo. –Pensei em voz alta se referindo ao “bom dia”.

Eu imaginei que fosse o Mark, atitude machista e possessiva, querendo a Lara só para ele.  A raiva me subiu a cabeça, e meus únicos pensamentos eram quebrar a cara daquele filho da mãe, quem já se viu?! Nesse momento eu percebi que existiam algumas figuras históricas que eu não gostava, existiam uns caras de filme que não me descia à goela e existia o Mark, que eu queria jogar em um contêiner e deixar a deriva, claro que eu mandaria comida de vez em quando, não sou uma pessoa má.  Eu não diria nada a ela, não ela enfeitiçada daquele jeito e muito menos eu estando sentado no mesmo banco dos idiotas que ele depois de ontem. E por mais otário que me fizesse parecer, aquilo me deu a conclusão que eu procurava, iria pedir desculpa e depois me afastaria pra sempre, posso até mudar o horário do curso pra não ter que cruzar com ela na faculdade, e evitar frequentar a minha casa de shows preferida que é a mesma da deles por coincidência.

*

Passei a manhã imaginando como faria, mas tudo que eu imaginava parecia falho, ou idiota de mais, exagerado ou que provavelmente o Mark descobriria e pagaria a alguém para me surrar em frente a faculdade com uma faixa de fundo  “Namorada minha não tem amigO, Brother. Tenha um bom dia.”, não que eu tivesse medo, mas o pai dele era o dono daquela geringonça e eu era bolsista, não era esse o tipo de orgulho que eu me imaginava dando a meus pais. Foi quando eu vi a Lara subindo para biblioteca, pelas escadas, a única que dava acesso a biblioteca, uma escada imensa vermelha em espiral que ficava localizada quase no meio do pátio principal da faculdade.  Eu esperei ela subir e poucos minutos depois subi em seguida, biblioteca era o único lugar que com toda certeza a cabeça vazia do Mark não iria.

[P. Antônio Lorram]

Me deseja, Sorte! Por que se der errado a culpa vai ser sua.:x

Enviei para o Will poucos segundos depois ele respondeu.

[Will]

O que você vai fazer, Antônio????? :o

[P. Antônio Lorram]

O que você mandou, horas... Tudo que eu for fazer imaginarei se teus avôs fariam, ai vai da tudo certo.

[Will]

Meus avôs são hippies, imbecil! E você nunca os conheceu. O que tem haver?

[P. Antônio Lorram]

Também não sei, mas eu estou nervoso. indo

Quando eu entrei na biblioteca a procurei por todos os lugares e nada. Já sei, pensei. A parte subterrânea que geralmente fica os artigos bem sucedidos e os tcc’s. E bingo, Lá estava ela. Com uma saia Jens , uma regata branca e um coque alto, aquela mulher não fazia ideia de como ficava bem assim, eu não tinha reparado pela manha, aquela sala vazia o ambiente histórico de pouca luz e muitas prateleiras de madeira me ajudou a focar, e a minha tese era de que quando menos adereços ela colocava, mais atenção ela conseguia, ou pelo menos a minha.  Entrei e escorei um pouquinho a porta, um pouquinho demais e ela acabou fechando e fazendo barulho.

—Que susto... O que você tá fazendo aqui, garoto? –Ela me olhou franzindo a sobrancelha e colocando a mão direita sobre o peito. Mas não esperou a reposta e continuou andando pelo corredor formado pelas prateleiras.

—Lara, espera!-Falei rápido, soou um pouco apressado de mais, mas levando em consideração meus batimentos cardíacos estava tudo sobre controle. -Eu preciso conversar contigo...

—Já eu, não tenho nada pra falar com você, Antônio. -Confesso que a rigidez daquela frase me deu vontade de desistir, ela sequer olhou nos meus olhos ao falar, na verdade ela permaneceu de virada.

—Olha, Eu sei... Na verdade eu não sei de nada. Não faço ideia do que me deu para ir atrás de você naquele dia, Não imagino como eu, logo eu, fui corajoso o bastante pra enfrentar seu namorado drogado naquele beco, nos devíamos seguir à ordem do universo e nos afastar de vez, não somos amigos, na verdade nem sei o que somos. Mas eu te ofendi, e sinceramente eu quero que você me perdoe, eu... Eu não tinha o direito –Continuei -Se você não quer conversar comigo, serio, sem problemas, mas, que fique claro que eu me arrependi. -Se eu prosseguisse mais um pouquinho acabaria em maus lençóis.

Permaneci estático e o silencio tomou conta de tudo, o lugar tornava a cena dramática. Foi quando a Lara virou-se.

—Você deixou bem claro que não somo amigos, um pouquinho antes de me chamar de vadia. Eu não vou aceitar, Antônio. Desculpas não aceita, já pode ir. Eu não sou a pessoa fácil que você sugeriu na porta da minha casa.

—Isso é uma das tuas implicâncias? Porque não teve a menor graça.

—Essa é a verdade, Antônio. Você me magoou. Prosseguiu me olhando nos olhos. -Você acha que eu nunca ouvi comentários do tipo antes? Acha mesmo que é a primeira pessoa a pensar nisso. Deixa eu te dizer que não, desde que eu voltei as pessoas ao meu redor me rotulam, dizem coisas sem ao menos me conhecer de verdade, muitas nunca nem trocaram palavras comigo, mas eu sempre soube lidar muito bem com todos eles, mas sabe a diferença? É que de todos os seres dessa faculdade eu esperava isso, e de você não.

Um tiro doeria menos. Depois que ela voltou, nos nunca realmente sentamos pra conversar, mas eu lembro de inúmeras vezes que a gente acabou se ajudando. Era como se nunca tivéssemos quebrado um laço, por mais que eu a xingasse na frente das pessoas e ela berrasse para o mundo que eu era a pessoa mais insuportável que ela conhecia, quando não havia ninguém por perto ela simplesmente ignorava minha presença e eu fazia o mesmo com a dela.

—Eu esperava chegar aqui e dizer “-foi mal, foi à raiva.” E esperava que você dissesse “-Não tinha nada melhorzinho nesses aplicativos de desculpas não?!” E eu iria responder “-É o que temos pra hoje,  baby.” Você certamente ofenderia essa camisa xadrez que eu estou usando e eu saberia que estava tudo bem, mas parece que isso não vai acontecer... –falei enquanto me aproximava e me encostava-se à estante olhando fixamente um livro amarelo com o titulo “liberdade” escrito numa fonte feia. –Desculpa, mas eu não queria te ver mais perto dele, me doeu imaginar outro surto de loucura e o que poderia acontecer.

—Você já gostou de alguém? De saber os segredos, comidas preferidas, de perguntar qual perfume comprar porque estava em duvida e sabia que só aquela pessoa que iria sentir tanto quanto você, então ela desempatava, de dormir no telefone porque queria se esforçar um pouquinho e não dizer tchau primeiro, já? –Ela indagou e eu engoli seco. –Eu e o Mark temos uma historia, sabe? Eu não queria acabar com ela sem tentar traze-lo de volta. -Ela falou encarando o mesmo livro que eu, então eu voltei os meus olhos para ela.

—Essa historia esta acabando com você, Lara Isabel... –Eu sussurrei. –Faz um tempo que eu te vejo cabisbaixa, tenta se sempre ir no sentido oposto de onde você possa encontrar teus amigos, falta aulas que meu Deus, Eram as que você ficava mais insuportável, fora essas diversas manchas roxas que nem da mais pra disfarçar. Essa historia tá cada vez pior, serio não segue com isso, o Mark não é homem pra você... –Falei enquanto chegava mais perto, tão perto que dava para acompanhar sua respiração.

—Quem é homem pra mim, Pedro Antônio? Você? –Ela franziu a testa, mas não recuou, continuou a me encarar. –Você não sabe nada sobre ele.

Meu coração estava quase saindo pela boca, minhas mão suando e minha cabeça gritando “-Isso mesmo.” Para primeira frase.  Uma tensão diferente acabará de surgir, e o único barulho fora o das nossas palavras vinha do ar condicionado velho tentando trabalhar.

—Claro que não! Tem o Henrique do p1 de direito, o George da química, O Augusto da nossa sala...

A cada Palavra eu havia me aproximado mais, foi ai que eu percebi que ela havia fechado os olhos e apoiado a mão sobre meu peito, nossas respirações estavam no mesmo ritmo e por mais que eu tentasse me desviar para outro lugar havia algo ali que me impedia. Então, eu fiz o que não era mais sensato naquele momento, eu a beijei. De inicio dois selinhos leves que gerou um beijo lento e caloroso, nossas bocas pareciam que estavam sincronizadas e conheciam exatamente o ritmo uma da outra, o gosto do brilho labial sabor cereja e aquele perfume doce tomaram minha cabeça. Passei a mão entre seus cabelos e acabei desfazendo o coque que os prendiam, foi quando ela caiu na real e me empurrou.

—P-por que você fez isso? –Ela falou tentando recuperar o folego.

—Até onde eu sei, eu não fiz só. –falei passando a mão entre os cabelos e puxando a respiração

—Droga, droga... Isso não devia ter acontecido.  –Falou como se estivesse pensando alto indo em direção a porta.

Ela tentou abrir a porta, porém, não conseguiu, e acabou batendo na porta de punho fechado.  A porta havia batido quando eu cheguei e agora só abria com as chaves que ficavam em uma caixinha vermelha ao lado da mesma.

—Só pode estar e brincadeira, mesmo... -Ela falou em voz alta mais uma vez. Nenhuma das palavras estavam sendo dirigidas a mim.

—Foi só um beijo, droga... e nem foi tão bom assim. –Resmunguei enquanto pegava as chaves na caixinha e abria a porta. –Ai mademoiselle, pode sair. –Escancarei a porta.

—Me deixa em paz, Antônio... É só o que eu te peço. –Ela saiu sem olhar pra trás um pouco atordoada e quase que caia quando pisará no penúltimo degrau.

E eu permaneci a acompanhar cada passo. E cada vez que eu piscava me vinha a mente a Lara de olhos fechados a escutar minha respiração, eu havia perdido o medo do perigo, mas estava a mercê das minhas promessas e por mais que eu quisesse tudo aquilo novamente eu não podia. Iria cumprir minha promessa e viver em paz, ou pelo menos tentaria.


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