O Lado A escrita por Ms keys


Capítulo 4
Capítulo III




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Quando eu cheguei na rua da Lara, percebi o quão calmo ali era, O único lugar na cidade onde os prédios não tomaram conta, nenhumzinho. Casas grandes com telhados comuns e grama nas caçadas, hidrantes, parecia ali um excelente lugar para viver.

As Luzes estavam acessas, então desci do carro e segui até a porta.  Hesitei um pouco, mas acabei tocando a campainha.

Ninguém atendeu, então me virei para ir embora e foi quando a Lara apareceu.

—Antônio?- Ela falou confusa, saindo da casa, porém deixando a porta entre aberta.

Lá estava ela, com um short Jeans claro e um camiseta florida que deixava a mostra uma marca roxa no seu braço.

—É, Oi... –Falei em jeito, balançando um pouquinho a cabeça e com as mãos no bolso.

—O que você tá fazendo aqui?- Ela deu um pequeno sorriso de canto de boca e eu retribui espontaneamente.

—Eu vim saber como você está, não foi a aula hoje...

—Estou bem, só acordei indisposta. Sentindo minha falta, você tá bem? Tem certeza que não está doente? Antônio sentindo minha falta,  Antônio, logo ele. –Ela arqueou a sobrancelha, e sorriu, mas os olhos, olhos estavam sem brilho e as olheiras estavam fundas e por mais que ela tentasse isso não se pode.

Ela não daria o braço a torcer, nunca me diria qualquer coisa em estado mental normal de sanidade, mentiria até que a deixasse em paz. Não sei o porquê, talvez ela achasse que usaria alguma coisa contra ela depois, ou porque, ela precisa mantar a pose de que nada a abala. Mas lá estava ela mais uma vez com o tom de voz firme, como se ela fosse o único ponto equilibrado do universo, mas ela não era, não que eu quisesse dizer isso a ela, pelo contrario achava lindo ela tentando fazer com que isso se tornasse verdade.

—Não senti sua falta, estranhei a ausência, não vamos aumentar as coisas aqui. E você, tem certeza que está bem?- Falei me aproximando e tocando no machucado levemente e subindo minha mão para seu ombro .- Posso entrar? Eu quero conversar  contigo...

O que se pode entender com a palavra “quero” é que eu quero voltar a dormi, quero voltar e me concentrar nas coisas, quero levantar a bandeirinha do “ Apesar de tudo, não quero te deixar só no meio desse furacão, eu sei que ele ainda não passou.”

Ela sorriu- Antônio, isso é fofo sabia?! E por isso não faz o seu tipo, principalmente tendo a mim como referência. Não precisa, tá bem?

—Você quer  por favor, dar uma trégua? Só por hoje, amanhã eu prometo que a gente volta a se odiar gratuitamente,  novamente.- Então ela colocou sua mão na minha e a tirou do seu ombro não como a expulsasse, foi leve, nada banal.

O semblante dela mudou, ela respirou profundamente- Antônio, serio... É melhor você ir pra casa, não é uma boa hora.

Foi quando eu escutei alguém chamar por ela, a voz se aproximava progressivamente, abriu o restante da porta...era o Mark.

—Quem é esse Cara, Lara?-Ele falou a pegando pra si e a envolvendo em seus braços.

Naquela hora meu coração pareceu que iria enfartar, os batimentos pareciam estar me sufocando e a raiva, aquela raiva que eu guardei a manhã toda parecia querer sair, mas me permaneci firme. Eu que não estava suportando vê-lo nos corredores da faculdade estava agora escutando sua voz.

—É um amigo, Amor. Entra, tá bem?! Eu chego já.

Ela não conseguia manter o contato visual comigo, apenas o beijou levemente e pediu pra ele entrar, como se fosse a coisa mais normal do mundo você chamar seu agressor de amor e o beijar na frente de uma pessoa que sabe de toda verdade.

—Você nunca me falou que tinha ‘amigos’. –Falou antes de entrar  fazendo aquela típica cara de maníaco possessivo

—E ela não tem, nos não somos amigos. – Falei a encarando, queria ver o que ela visse o quão decepcionado eu estava, ou que ela pelo menos apreciasse minha feição de otário.

Eu havia entendido a situação, quem estava sobrando na historia era eu, eu que não cabia ali, eu que era o intruso, ela não me devia satisfação e eu não devia ter ido a casa dela aquela noite. Talvez tenha ido um pouco tarde, mas achei que ela precisasse de espaço, mas o único espaço que ela precisa realmente era da boca do Mark em relação a dela, ou dele a agredindo, não sei, cada louco com sua loucura, quem era eu pra julgar?! O cara que foi atrás da “miss qualquer canto que chegue” sendo um perfeito babaca.

O Mark entrou e ela ficou me olhando, parecia decepcionada com a ultima frase que eu disse ou estava feliz internamente por não ter qualquer relação com um cara como eu.  O silêncio tomou conta.

—Olha...- Eu acabei a interrompendo.

—Shhh! Não precisa falar nada.-Engoli seco-Então é isso, Você é a vadiazinha do filho do dono da faculdade.- Sorri ironicamente e ela me acertou um tapa, um tapa seguro, daqueles que amanhã eu vou lamentar pelo meu maxila, que com certeza agora estar com os cinco dedos marcados na minha cara, mas foi um tapa merecido, assumo.

—Imbecil!- Ela entrou e fechou e bateu a porta em minha cara, tão forte que me fez senti que a irritação que eu a causei com aquela frase foi quase tamanha a minha decepção.

Não tinha o que fazer, Ela o amava e eu não era ninguém, eu não sabia se ele o amava, mas ele a tinha, diferente de mim. Eu apenas sai dali, entrei no carro e segui para o parque que ficava em frente a escola que frequentamos o colegial, deitei e fiquei observando o céu, que naquela noite estava mais vazio que eu, sozinho, sem nenhuma estrela, e quanto a lua, ela estava distante. Não tinha ninguém, ironicamente eu também estava na mesma situação.

—Parece que somos só nos dois, Amigão...-Murmurei me referindo o céu.


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