Unchained escrita por LouisPhellyppe


Capítulo 51
Stone Keep




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Celas, celas e mais celas. Umas vazias e outras ocupadas, mas todas tinham uma coisa em comum, foram feitas para evitar que qualquer ser humano escapasse.

Esse lugar mais parecia uma masmorra antiga do que o lado de dentro de um Reino, a não ser pelo seu gigantesco palácio, tudo para satisfazer as vontades da entediada herdeira da poderosa família Aico.

De cela em cela se ouvia o som de seu salto pelo corredor e todos os prisioneiros sabiam que ela estava ali.

Como tem feito nos últimos dias, ele consegue contar quantos passos ela anda até que pare em frente a sua cela. Ele não podia a ver pois havia sido vendado seu pescoço estava preso em uma coleira com corrente de aço presa em uma parede que o forçava a não chegar a mais de 3 passos de sua cama velha e enferrujada. Suas mãos estavam algemadas em sua cintura, para que não tirasse a venda dos olhos. Tão confortável quanto ele já estava acostumado.

— Eu sei que você...está aí. - Ele murmura com uma voz calma.

— Está mais calmo hoje, Andrew? - Lian pergunta parecendo curiosa.

— Me diz você! - Ele rebate se sentando na cama.

— Me diga o que você quer. - Ela pergunta séria.

— Eu quero...sair daqui. - Ele começa a ranger os dentes.

Nesse momento ele sente todos seus cabelos se arrepiando ao ouvir o som de sua cela sendo destrancada e o rangido do enferrujado portão de ferro sendo empurrado.

Ele consegue contar mais 4 passos para saber a distância exata de que ela está de seu corpo. Os dois sabiam que ele poderia a alcançar caso ela desse o 5° passo, mas ela achava isso mais divertido que perigoso.

Rapidamente Androxus avança em sua direção parando a menos de 5 centímetros do seu rosto, sendo segurado pela corrente.

Não usava sua armadura como sempre. Vestia apenas uma roupa genérica de detento, como se estivesse realmente em uma cadeia, sem até sua máscara.

Sua pele era cinza e estava a amostra, era possível ver as rachaduras verdes em seu braço direito. Ele não podia a ver, mas sentia seu cheiro, sabia exatamente onde ela estava, ele ouvia claramente o som de sua respiração.

— Me deixe sair. - Ele range os dentes puxando a corrente com cada vez mais força, até acabar engasgado.

— As coisas não tem saído como planejei, amigo. Você é a minha passagem só de ida pra um reino melhor. - Ela conversa como se estivesse com um antigo amigo.

— Você vai fracassar. - Ele murmura voltando a sentar em sua cama.

— Você acredita em magia Andrew? Acredita que existe um reino paralelo ao nosso mundo, onde seres mágicos e mitológicos existem? - Ela fica pensativa e vira as costas.

Ao ouvir, Androxus da uma leve risada e respira fundo.

— Claro que acredito, mas é necessário muita energia pra abrir uma fenda pra um lugar como esse. Vai precisar de muito mais do que apenas eu pra isso.

— Você é apenas o primeiro passo. Por isso estou conversando com você sobre isso. Se você concordasse comigo, se você me ajudasse... - Ela dizia com um sorriso, como se estivesse contando um sonho.

— Nem pensar. Eu não trabalho pra você. - Ele responde de prontidão, fazendo o sorriso da albina desaparecer.

— Como imaginei. Mesmo quando EU poderia dar tudo o que quiser em sua mão, você prefere sofrer em silêncio. Você acha que fracassou com as pessoas que ama quando morreu, então agora que voltou, quer compensar cuidando deles com sua vida. Você não pode salvar a todos Andrew! - Ela diz com toda a confiança que tinha.

— Quem você acha que é pra dizer o que não posso fazer? - Ele aparenta se enfurecer.

— Eu sou o único ser humano que realmente sabe sobre você Andrew. A pouco mais de duas semanas, a sacerdotisa foi libertada novamente, dando início a profecia que o mundo que conhecemos está condenado a um fim trágico. Você sabe disso mais que ninguém e precisamos de respostas de como deter isso.

— E o que você quer de mim? Já sabemos que você usará minha energia mesmo se eu tentar impedir. Você não está aqui apenas pra uma conversa amigável. - Ele tenta ir direto ao ponto.

— Você é a única pessoa que sabe de tudo o que precisamos para abrir essa fenda. Eu quero que você me conte antes que seja tarde. - Ela parece criar esperanças em ser ajudada.

Antes de continuar, ele insiste em dar uma gargalhada. - Toda essa insistência é o medo de não salvar a todos, ou apenas não salvar a você? Você sabe que não é garantia de obtermos respostas do como impedir isso, mesmo sabendo que o mundo que conhece está condenado a um fim catastrófico? Hahahahah...patético.

— Patético? Patético é você sentar e assistir o fim do mundo, quando tem a chance de fazer algo pra impedir essa catástrofe. - Ela rebate irritadiça.

— E você precisa da minha ajuda. Olhe em meus olhos, Aico. - A venda de seus olhos cai e o brilho verde chama atenção da albina que o encara com certo receio. - Você não precisa só de meu poder, precisa de minha colaboração. - Ele levanta uma sombrancelha.

— Mas...como? - Lian olha para baixo e acaba notando que agora ela estava presa pela corrente no pescoço e com as mãos algemadas.

— Você não tem alternativa a não ser pedir ajuda? Quem é o prisioneiro aqui? - Ele diz, estando surpreendentemente vestido com sua armadura e máscara.

— Você já sabia que eu precisava de sua colaboração. Por isso aceitou ser capturado pacificamente. Eu tenho que admitir, preciso de você Andrew! Como eu disse, você é o único aqui que pode dizer o que precisamos pra abrir essa fenda e mandar a sacerdotisa pra longe. - Mesmo acorrentada e ele solto, ela mostra estar completamente calma. - Se o fim virá das mãos dela, por que não seria a melhor a escolha, tentar impedi-la?

— Por que não temos a mínima chance. - Ele vira as costas. - Você não conhece a sacerdotisa como eu conheci. Posso nunca a ter encontrado pessoalmente nesse corpo, mas minha alma sim...e nunca vou me esquecer dos milhares de anos de tormento que vivi antes de... - Ele parou e suspirou.

— Antes de ser colocado no corpo de um soldado falecido? - Lian levantou uma sombrancelha curiosa.

— Exatamente. - Ele abre sua mão esquerda e a olha dando um suspiro. - Mas isso não quer dizer que vou te ajudar. Eu vou destruir a sacerdotisa. - Ele diz se enfurecendo e uma fumaça verde claro emerge do chão.

Quando alcança suas canelas, escala seu corpo até seu braço direito, formando seu revólver.

— Você pode ser tão poderoso como for, ela já te derrotou uma vez e não será um desafio te derrotar denovo. Eu preciso abrir essa fenda, eu preciso impedir essa profecia!

— Nunca imaginei que a Rainha de Aico seria tão...corajosa. - Ele da uma risada zombeteira, como se não a levasse a sério e ela parece perder a paciência.

— Eu achei que você iria colaborar comigo por bem dele. Ou ao menos...da Charlie. - Ela se levanta e vai em direção a porta da sela. Em um piscar de olhos suas correntes desaparecem e Androxus estava da mesma forma que antes, acorrentado e com roupa de detendo. - Aliás, suas ilusões não funcionam mais comigo. Acho que não preciso mais tapar seus olhos. - Ela sai da sela e fecha a porta de ferro.

— Charlie. - Androxus murmura em um tom preocupado.

— Exatamente. Quando me encontrar com ela, terei a mesma conversa e quem sabe ela convença você do que é mais...racional a ser feito. - Lian vira as costas.

— Tente usá-la contra mim e eu acabo com sua vida em segundos. Você sabe que eu ainda não escapei daqui por que não quis. - Ele a olha sério.

— Se quisesse me matar eu sei que já teria feito. Então caso mude de ideia sobre meu plano, sabe aonde me encontrar. - Ela sai andando pelo corredor.

Androxus a olha desconfiado e repara que ela não trancou a sela propositalmente, enquanto conta novamente cada passo de seu salto até a saída.

São muitos corredores, salas, quartos e até prédios por todos os lados dentro da fortaleza. Não era atoa que havia sido batizada de Cidade de Pedra.

Ao entrar no palácio e se sentar ao trono, ela ouve um dos mordomos se aproximando às pressas.

— Vossa alteza, uma de suas pesquisadoras voltou com uma prisioneira. - O mordomo a entrega um tablet para ver as imagens das câmeras.

— Não é nossa prisioneira e sim uma visitante. - Ela levanta uma sombrancelha.

— Senhorita Lian. - Se aproxima uma criada mais nova.

Se tratava de uma garotinha de aproximadamente 12 anos. Ruiva da pele clara e olhos verdes. Usava um vestido preto que pouco passava dos joelhos e uma bota com cintos que também iam até os joelhos.

— Aqui é vossa alteza. - Sussurra o mordomo dando um aviso para a criada.

— Perdão, vossa alteza, o desligamento que a senhora programou para sistema de defesa acontecerá em 10 minutos. A senhora pretende adiar? - Ela parece tímida diante Lian.

— Não, vamos seguir em frente. Está tudo de acordo com o plano. - Ela senta no trono e cruza as pernas com um suspiro entediado. Pega um rádio comunicador ao lado de seu trono e diz em mais um suspiro. - Preciso apenas da de cabelo roxo e as duas amigas.

— Uma amiga, a outra é minha! - Afirma uma rouca voz conhecida.

~ Enquanto isso ~

— Faltam 2 minutos, vocês estão preparadas? - Diz Fernando respirando fundo.

Ele vestia um protótipo de armadura leve que protegia suas pernas e o corpo até o pescoço, deixando os braços e a cabeça expostos. Bolt ficava fixo em um compartimento em suas costas e servia de fonte de energia para o escudo. Skye e Bolt me contaram que desenvolveram para ele. Em sua mão esquerda usava uma luva que podia projetar um largo escudo de energia. Em sua mão direita usava uma luva de couro e segurava um lança chamas aparentemente pesado.

— Duas mentes... - Começa Fernando.

— ...um corpo. - Bolt completa e eles fecham o punho olhando sua nova armadura.

— Um homem alto, lindo e de armadura pra me proteger? Será que tô vivendo meu sonho de princesa? - Kinessa cochicha para mim.

— Fala mais alto, acho que não deu pra ouvir lá de dentro. - Dou risada apontando com a cabeça para a fortaleza.

— Garotas? - Ele nos olha por cima do ombro.

— Sim, estamos prontas. - Repondo pigarreando.

— Lembrem-se do plano, Viktor vai invadir pela frente e tomar toda atenção. Skye aproveitará para dar o bote e desligar todo o sistema. Dom irá atrás de Androxus e nós 3 procuraremos Lian. - Ele diz respirando fundo.

— E como saberemos que Viktor invadiu? - Pergunto preocupada e a resposta vem com o som de um caminhão baú destruindo o portão principal e tombando poucos metros depois.

— Do velho jeito Russo, não é? - Kinessa segura a risada.

— É nossa deixa. - Ele diz e começamos a correr em direção a um portão lateral.

Estava apenas vigiado por câmeras, que agora estavam inativas. Ao entrarmos em silêncio, era como o planejado, todos os guardas que deviam vigiar, foram em direção ao caminhão tombado, nos deixando livres.

Seguimos rapidamente pelas sombras enquanto procurávamos o Palácio. Aliás, passamos apenas da primeira entrada e estamos na Cidade de Pedra.

— Tem alguma ideia do onde estamos indo não é? - Kinessa parece preocupada em sermos encontrados.

— Pra ser sincero...não. - Fernando encostas em um muro de esquina e olha de canto para ver se havia movimento.

— Relaxem. Só sigam em frente. - Bolt respondeu parecendo mal humorado com um suspiro desnecessário e continuamos seguindo.

~ Enquanto isso ~

— Vossa alteza, a entrada principal foi destruída por um veículo e não havia ninguém dentro. Nosso sistema de segurança reserva captou invasores pelas laterais da Cidade de Pedra. Devemos reforçar nossas defesas no Palácio Aico? - A criada aparenta preocupada.

— Não se preocupe Abby. Está tudo correndo como o planejado. - Lian responde tentando mostrar confiança em seu plano e passa a mão nos pequenos cachos da ponta do cabelo da criada.

~ A poucos metros dali ~

— Esse é o Palácio Aico? - Kinessa olhou o lindo e enorme castelo feito de pedras cinzeladas, cercado por duas pequenas cachoeiras e um gigantesco jardim de rosas.

Na frente havia um grande portão de madeira que estava aberto, como se ela esperasse por nós.

— Essa é a coisa mais linda que já vi. - A morena ainda parece impressionada.

— É melhor entrarmos? - Engulo em seco. Aquilo realmente parece uma armadilha.

— Não. É claro que isso é uma armadilha. - Fernando fica pensativo.

— Na verdade não, os sistemas de segurança não contam com nenhuma armadilha. - Dom chega ofegando atrás de nós, como se estivesse correndo.

— Você está bem? - Fernando pergunta.

— Sim. Consegui a localização dele e isso me trouxe até aqui. - Dom explica.

— Tem um padrão nisso. - Kinessa conclui.

— Sejam quem for, eles sabem que estamos aqui.

— Eles nos querem juntos ali dentro por algum motivo. - A morena e o ex parceiro dizem completando um a frase do outro.

— Uau, vocês já trabalharam juntos, né? - Fiquei impressionada com os "detetives".

— Longa história. - Os dois responderam em uníssono e se encararam com certa raiva.

— Então o que faremos? - Continuei preocupada.

— Não é uma armadilha. - Diz Viktor se aproximando empunhando um rifle de combate siberiano. - E mesmo se fosse, na Rússia você que surpreende as armadilhas. - Ele segue em nossa frente, nos guiando para dentro.

— Nós estamos...no Reino Unido. - Eu murmuro tentando entender seu trocadilho.

— Disse alguma coisa? - Ele me fuzilou com os olhos.

— Nã...não. - Abro um tímido sorriso e dou uma risada sem graça.

— Então sigam em frente e cuidem de tudo o mais rápido que puderem. Eu ficarei aqui pra não deixar que ninguém entre. - Viktor virou as costas e parou em frente a porta de entrada enquanto via de longe alguns guardas se aproximando enquanto ainda procuravam por ele.

— Tem certeza? - Fernando parece se preocupar.

Viktor apenas faz um jóia com um sorriso confiante e empunha seu rifle enquanto saímos correndo para dentro.

O lado de dentro se tratava de um enorme salão onde as luzes iam acendendo conforme passávamos. Era tão largo quanto alto, chamativo o suficiente por ser a entrada do castelo.

— Esperem. - Kinessa nos segurou olhando em volta e nos deixando confusos.

Antes que pudesse notar, sou derrubada junto da morena no chão, enquanto Fernando é apenas empurrado para atrás. Só dou conta do que está acontecendo quando da mesma forma que Skye costumava fazer, um homem apareceu atrás de Dom colocando uma arma na cabeça do russo, que parecia surpreso mas não assustado.

— Strix. - Kinessa parece empalidecer de medo.

— Hora de por um fim a isso. - O alemão puxa o gatilho, mas antes que eu consiga fazer qualquer coisa, noto Fernando segurando o cano da pistola com a luva de seu escudo.

Em seguida da um chute na barriga de Strix e toma a arma de sua mão. Ao abrir a mão, a bala que havia sido atirada, cai no chão e ele aperta a pistola, fazendo seu revestimento em madeira se quebrar e as peças caírem.

— Not yet, amigo. - Fernando apontou seu lança chamas.

— Eu fico com ele. - Kinessa joga o drone para trás e se transloca automaticamente para 10 metros atrás de nós, parando de joelhos e apontando sua sniper para o ex treinador.

— Vão encontrar Skye. Nós cuidaremos dele. - Fernando abre um sorriso elegante e confiantes erguendo seu lança chamas e apontando com a cabeça para o que deveria ser o caminho.

— Vamos. - Dom segue em frente me guiando, agora que era só nós dois.

— Você cresceu. - Strix abre um pequeno sorriso para a morena.

— Não vai achando que me engana! Conheço seus truques. - A morena mantém a mira firme.

— Me de seu melhor tiro. - Ele serra o olhar e mira para ela, então os dois atiram ao mesmo tempo.

Dois disparos...uma queda.


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