Unchained escrita por LouisPhellyppe


Capítulo 50
Kingdom not so United




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— Quem...iniciou essa guerra? - Me preocupo.

— Há quem diz que essa guerra nunca existiu. Após a criação do soro, um cientista francês se aproveitou da independência do Reino Unido sobre a União Européia e criou duas elites militares, uma que ataca a Europa e uma que defende. Os primeiros são anônimos até hoje, enquanto a segunda foi batizada de Forças Unidas! Mas tudo isso pode não passar de lenda. - Makoa conclui.

— Eu já ouvi essa versão. É conhecida como a decadência do Reino e trouxe uma crise política gigantesca pro país. - Skye confirmou.

— De qualquer forma, sejam totalmente cautelosas. - Ele conclui enquanto para o barco em uma doca aparentemente abandonada. - Eu não sei quem estão procurando, mas se seu rastreador diz que não estão longe, tenho quase certeza que estão na Cidade de Pedra. É uma fortaleza cercada por gigantes muros e muitos guardas. - Ele conclui.

— Quem é...tão importante assim? - Skye se preocupa.

— A herdeira da família Aico. É uma mulher extremamente rica e com influências políticas por todo o mundo. Ela e seu ex marido trabalharam juntos em algum plano que eu não sei certamente o que é, mas quando viu o rumo que estavam tomando, ele a deixou. Ela não aceitou isso muito bem e acabou ficando louca e um pouco obcecada em ser melhor ou mais poderosa que todos os outros. - Ele conclui.

— Uma mulher normal? Não parece tanto problema. - Tento pensar positivo.

— Não se engane só por ela não ter poderes e ser rica. A maioria das pessoas que a subestimaram, a acabaram mortos pelas mãos da própria. Os que não morreram, hoje são seus servos. Ela é forte e inteligente, não acho que colocaria tudo a perder por um jogo bobo de poder. Desconfiem de tudo sobre ela, não a subestimem e tenham em cabeça que se ela for derrotada facilmente, algo maior está por trás disso. - Ele finaliza e nós assentimos.

— Obrigado Makoa. Agora te devemos mais uma. - Eu e Skye respiramos um pouco mais aliviada por imaginar o que poderíamos encontrar.

— Ficarei aqui aguardando vocês por poucos dias. Não pretendo entrar na região, mas caso precisem de ajuda podem falar comigo. - Ele nos entrega um rádio.

— Grandão, obrigado. - Kinessa o abraça, o deixando com as bochechas vermelhas.

Ele pigarreou e tenta manter a pose. - Bom, vão antes que seja tarde. E não morram! - Ele completa enquanto descemos de olho nas tábuas rachadas que faziam as pranchas do local.

O tempo estava seco, sem sinal de neve e um leve sol, diferente do resto da Europa. Algumas nuvens no céu poderiam indicar chuva talvez.

— Apenas mais uma viajem de barco. Sem aeronaves e ninguém tentando nos matar. - Digo para mim mesma para manter a calma.

— Vocês acham que existe alguma chance de encontrarmos as deusas aqui? - Skye parece preocupada.

— Acredito que não. Niara só quer caos e Aiyra está atrás do outro irmão. Elas devem estar mais ocupadas que isso. - A morena da de ombros mas também parecendo preocupada.

Caminhamos durante 1 hora pela cidade e por mais que nos surpreendesse, tinha poucos sinais de destruição e destroços. Menos que isso, chegamos a ver pessoas que estavam passando pela rua, mas ao nos ver correram para dentro de casas e outros estabelecimentos.

— Eles acham que somos ameaça? - Pergunto preocupada para Kinessa.

— Eles estão com medo. Talvez estejam nos confundindo com alguma milícia ou apenas forasteiros. - Ela responde olhando em volta.

— É tudo tão calmo e quieto. Como se tivessem em um toque de recolher em plena tarde. - Skye comenta curiosa.

— Falta quanto? - Kinessa olha para arroxeada.

— Mais 5 quilômetros. - Ela olha desanimada para o rastreador.

Em seguida ouvimos uma sirene tocando alto, como um aviso.

— O que isso devia significar? - Seguro no braço da morena, tentando não entrar em pânico.

— Ei, saiam daí. - Uma garotinha diz de uma janela aberta em uma casa.

Assim que olhamos para ela, vemos uma mulher a puxando pelo braço e olhando enfurecida para nós, possivelmente a mãe. Ela fecha a janela e as cortinas, nos deixando confusas.

— Ela mandou sairmos, não deve ser algo bom. - A morena engoliu em seco.

— Aqui. - Um pequeno garoto chamou do outro lado. Estava em uma porta de porão, daquelas que ficam do lado da casa.

Skye puxa nós duas pelas mãos e assim que entramos, ele fecha as portas e tranca com um cadeado.

— Façam silêncio, eles estão chegando. - O garoto sussurrou para nós 3.

Estava bem escuro ali e conseguíamos notar que haviam mais pessoas. Eu não conseguia enxergar, mas pareciam que todos nós estávamos nos escondendo.

— O que está acontecendo? - Skye pergunta baixo.

— Shhh. - Ele senta na escada da porta do porão e nós 3 sentamos no chão junto dos outros.

Minutos em silêncio se passam e eu ficava cada vez mais preocupada por não ter ideia do que estava havendo, fora sobre estarmos longe de um lugar seguro.

— Seus olhos. - Kinessa sussurra me encarando bem perto do meu rosto e me deixando um pouco que...envergonhada.

— O que tem? - A encaro da mesma forma.

— São hipnotizantes. Dois refletores azuis. - Ela ri baixo tapando a boca.

— Você tem que ver os da Maeve. - Dou uma risadinha da mesma forma.

Em seguida ouvimos o som de alguém batendo em uma porta, mas sobre o teto que estávamos. Então me lembro que se estamos em um porão, há uma casa sobre nós.

— Ao que devo a visita? - Ouço a voz de um homem.

Noto que já ouvi essa voz antes, só tive certeza quando Skye quase estragou tudo.

— Fern... - Ela começou a dizer mas Kinessa tapou sua boca a tempo.

— Não nos mate. - Kinessa sussurrou para a arroxeada que engoliu em seco preocupada se alguém ouviu.

— Meu nome é Jane e venho em nome da Rainha de Aico para falar com o senhor... - Dizia uma mulher, possivelmente quem estava na porta. Não conseguíamos ver nada, mas era possível imaginar a situação.

— ...Roberto. - Ele completa com seu sotaque espanhol.

— Senhor Roberto. - Ela diz devagar como se estivesse anotando. Em seguida ouvimos som de salto como se ela tivesse entrado e a porta se fechando. - Vejo que veio para a região a pouco tempo, então não deve saber muito sobre as regras certo? - Ela parece o intimidar.

— Regras? - Ele parece desentendido.

— Pra manter a região livre de criminosos e encrenqueiros, temos regras que precisam ser seguidas a risca. Não queremos que nada aconteça com sua linda...família.

— Família? - Sinto Skye apertando meu braço.

— Calma, deve ser algum disfarce. - Eu sussurro tentando a manter calma.

— Ele até tá usando o nome de Roberto. - Kin completa.

— Aliás, vocês tem uma linda casa. - A mulher volta a falar.

— Obrigado, eu e minha esposa batalhamos muito para dar um bom lar para nossos filhos. - Ele responde calmamente.

— Esposa? - Skye murmura me soltando.

— Filhos? - Eu e Kinessa sussurramos juntas.

Enquanto ouço a conversa, noto uma porta se abrindo de outro lado, com apenas uma brecha de luz aparecendo e se fecha novamente.

— As taxas dos impostos são maiores para aqueles que podem pagar mais senhor Roberto. Ainda bem que você pode contribuir com... - A mulher dizia até ouvirmos o som de pancadas e algumas coisas caindo no chão.

— Droga, o que aconteceu? - Tento olhar em volta sem enxergar nada.

— Evie, cadê Skye? - A morena encosta em meu braço e passa a mão pelo vento sem ver nada da mesma forma.

— Ah não. - Acabo por entender o que houve.

Saio correndo na direção da porta que vi a brecha, abro e subo as escadas. Em cima dava em outra porta que saia na sala de estar da casa. Não era grande, mas também não era uma casinha.

— Skye? - Ouço Fernando surpreso.

— Família? - Ela diz parecendo nervosa.

Na sala ao lado encontro os dois. Skye estava com o pé sobre a barriga da moça que falava, agora caída e desmaiada. Ela vestia um uma farda camuflada cinza e tinha a pele bem clara com um cabelo loiro bem claro preso em um rabo de cavalo. Não parecia passar de 25 anos.

Fernando vestia uma roupa casual. Calça jeans, um sapato marrom, uma camisa social xadrez e um boné virado para trás, mais parecendo um mecânico de carros. Para um disfarce, ele estava indo muito bem. Seu cabelo estava maior do que a vez que o vimos, penteado para trás e ia até o pescoço, com a barba mal feita o deixando como um bom pedaço de mal caminho.

— Esse...é o Fernando? - Kinessa me perguntou engolindo em seco.

— Sim. - Respondo o encarando um pouco que...admirada com sua beleza.

— Eu...não tinha idéia... - A morena começou.

— ...que ele era tão lindo, né? - Completei.

— Isso poderia ficar só entre nós? - Ela me olhou ainda parecendo surpresa.

— Nosso segredo está a salvo. - A olho da mesma forma.

— Onde eles estão, vou acabar com eles aqui e agora. - Skye anda furioso até ele.

— Você não tem ideia do quanto senti sua falta. Como veio até aqui? - Ele vai até ela e a abraça com força.

— Não se faça de desentendido Fernando. Me solta agora e eu vou te mostrar porque era conhecida como Assassina do Crepúsculo. - Ele esbraveja enquanto ele apenas a abraça com força e certa nostalgia.

— Eu tava preocupado se você estava bem. - Ele diz aparentando feliz e ignorando completamente as ameaças da arroxeada.

— Kinessa, Evie, façam alguma coisa. - Ela olha para nós parecendo ter desistido de escapar do aperto do namorado.

— Ah, claro. - Kinessa levantou o celular e tirou uma foto.

— Evie. - A arroxeada fez beicinho.

— Ah sim, me desculpem. Fernando, olha o passarinho. - Dessa vez eu levanto o celular e eu mesma tiro a foto enquanto Fernando até sorria.

— Traidoras. - Ela serra o olhar.

— Skye, me diga que família você tá vendo aqui. - Kinessa revirou os olhos.

— Ele escondeu em algum lugar. Deve ter escondido de mim esse tempo todo.

— Do que você está falando? - Fernando a olha confuso.

— Nós ouvimos tudo lá de baixo. Esposa, filhos. - Ela continuou esbravejando.

— Disfarces. Se realmente ouviu isso, também ouviu que estou me chamando Roberto, certo? - Ele a solta e cruza os braços.

— Kinessa 1, Skye 0. - Eu murmuro e a morena segura a risada.

A arroxeada abaixa a cabeça e fica em silêncio por alguns segundos.

— Desculpa. Eu só...só estava tão, tão preocupada. - Ela faz cara de quem ia chorar.

Ele vai se aproximando dela - Me descu... - Ele não termina de falar antes dela o dar um tapa no rosto.

— Por que não me contou nada desse plano louco antes de vir pra cá? - Ela pareceu brava novamente.

— Eu...eu... - Ele tentou se pronunciar.

— Vem cá. - Ela o puxa e o da um longo beijo. Ao separar as bocas ela o abraça. - Faça isso denovo e comece aceitar a idéia de nunca ter filhos. - Ela volta a ameaçar, mas dessa vez agarrada em seu pescoço e com um sorriso satisfeito.

Fernando ainda confuso olha para nós duas como se implorasse por alguma explicação.

— Ela sonha com você a noite, vai por mim, cara! - Kinessa levanta a sombrancelha para ele de uma forma sugestiva o deixando com um nó na garganta de perguntar qualquer coisa sobre.

— Afinal, quem é essa piranha? - Skye o solta e vai até a mulher caída no chão.

— Olhe Skye, a Rainha de Aico capturou seu irmão como se fosse um terrorista. Então vim resgata-lo e acabar com essa história. Quem sabe eu consiga devolver o Reino ao povo. - Ele diz com certa compaixão, como se desejasse ser um herói.

— O Reino Unido não mudou muito. - Fico pensativa.

— Na verdade. Agora se chama Reino Aico e tem mais loucos que antigamente. - Ele respira fundo.

— Por que nunca tinha ouvido falar dessa rainha? - Olho curiosa.

— Ela viveu no anonimato durante a guerra, mas com a ascensão da Legião, ela sabia que seria questão de tempo para a queda das Forças Unidas. Ela precisavam de um plano B. - Ele explicou um pouco que...animado.

— Ela...tem mesmo a ligação que dizem com as Forças Unidas? Digo...os mesmos ideais? - Fico preocupada.

— Pior ainda. Ela é como as Forças Unidas versão do Reino. É como a antiga frase de: "Se não vai por bem, vai por mal!" - Ele explica.

— As Forças Unidas nunca caíram. - Skye arregalou os olhos.

— Ela deixou isso acontecer para deixar o mundo acreditando que as Forças Unidas tiverem um fim. - Kinessa ligou os pontos.

— Quando na verdade a verdadeira líder estava aqui o tempo todo. - Concluí preocupada.

— Soldados fiéis são mais descartáveis do que achamos. Não vou esquecer de que fui um deles. - Fernando suspira um pouco chateado. - E isso quase custou minhas pernas. - Ele mostrou que usava uma espécie de suporte de aço em volta das pernas, como uma calça. Na parte de trás ela subia pela sua coluna até o pescoço.

— Como se sente agora? - Pergunto me aproximando e passando a mão pelas partes metálicas.

— Vivo! - Ele serra o punho. - E fervendo por uma batalha. - Ele abre um elegante sorriso para mim.

Por um segundo achei que iria derreter meu coração, mas ao ver a forma que Skye serrava o olhar para ele toda vez que ele sorria, me senti insegura de demonstrar qualquer reação que não fosse um pequeno sorriso.

— Quem são esses? - Kinessa aponta para a porta do porão que viemos.

— Refugiados. Todos moradores das ruas da cidade e a Aico não gosta disso. Indigentes são tratados como criminosos por aqui. Aqueles que os protegem como eu...também são considerados criminosos. - Ele explica cabisbaixo.

— Eles são gente, como nós. - Falei indignada.

— Bem vinda ao Reino não tão Unido! - Ele responde sentando em uma cadeira e apoiando os cotovelos na mesa enquanto massageia as têmporas.

— O que faremos? - Skye senta ao seu lado.

— Vocês eu não sei. Eu tenho que pensar o como vou conseguir informações, agora que...você nocauteou a única pessoa que iria me dar as informações necessárias para o plano. - Ele disse calmamente.

Era completamente notável Skye parecendo uma chaleira fervendo ao ouvir isso.

— Nós viemos aqui para te salvar, e se você vai arriscar sua vida aqui, nós vamos junto. - Ela esbravejou não parecendo mais satisfeita.

— Tirar informações dos outros é comigo mesma. - Kinessa se reclina em uma cadeira com um sorriso sugestivo.

40 minutos depois estávamos em uma sala enquanto Skye ajudava Fernando a servir algo para os refugiados comerem. Era apenas uma única família, de um senhor, uma senhora, uma mulher e 3 crianças. Pelo que Fernando disse, a mulher perdeu seu marido recentemente e sua casa foi destruída por extremistas contra o Reino Unido.

Kinessa estava trancada em um quarto com a mulher para poder interrogar e eu me esforçava de toda forma para não imaginar a morena abusando sexualmente da outra.

— Então Andrew veio pra cá a mais de um mês atrás de alguém e agora foi capturado pela Aico? - Skye pareceu preocupada.

— Ele não foi capturado, a pessoa de quem ele veio atrás foi, e para não arriscar a vida da pessoa, ele se entregou. - Fernando pareceu chateado e também preocupado.

— Ele poderia o salvar e escapar ileso. - Ela levantou uma sobrancelha.

— Talvez arriscar não seja uma boa idéia. Eu admito, Androxus é o ser mais poderoso que já conheci. - O grandão fala com parecendo certo do que dizia.

— Matador de deuses. To curioso pra conhecer esse cara. - Reflito deixando os dois pensativos.

— Como está Maeve? Ela voltou? - Fernando olha animado para arroxeada. - Quero que ela veja essas novas peças. Ele se refere aos pequenos upgrades robóticos.

— Ela está de volta mas...não muito bem. - A arroxeada parece desanimar.

— Nós lutamos até o fim contra a Legião, mas perdemos na última batalha. Maeve se machucou demais e...não quero isso pra ela. - Digo me lembrando do rosto da rosada.

Ela já estava me fazendo tanta falta. Seu sorriso que esquentava meu coração, seu cheiro que entorpece meus sentidos. Nunca estive tão apaixonada.

— Evie? - Skye me chamou me tirando de meu devaneio.

— Eu perguntei se...está tudo bem o fim da equipe de vocês, agora que as Forças Unidas foi desfeita. - Fernando pareceu curioso.

— Na verdade, não foi exatamente desfeita. - Falei pensativa enquanto ele levantou uma sombrancelha. - Eu e Maeve meio que...nos tornamos bem íntimas, sabe? - Tento explicar timidamente.

— Ah, não sabia que haviam virado melhores amigas. Na última vez que as vi juntas, vocês pareciam que iam se "engolir". - Ele fez as aspas com a mão me fazendo corar violentamente enquanto Skye começava a gargalhar. - Com "engolir", quero dizer que pareciam inimigas de longo prazo. - Ele aparenta realmente estar sendo ingênuo.

— Nós meio que...que... - Tentei encontrar uma forma sutil de dizer, mesmo que soubesse que era só largar a informação.

— Elas estão namorando. - Skye completa revirando os olhos e me fazendo engolirem em seco enquanto parecia um pimentão.

— Isso é sério? - Fernando fica entusiasmado com um sorriso de uma orelha a outra.

— Ouvi falar que elas mandam bem de noite. - Kinessa murmura virando o rosto enquanto entra na sala entornando uma garrafa de água inteira.

— Pelos deuses, eu juro que te mato. - Murmuro serrando o olhar para a morena que começa a rir.

— Minha pequena irmãzinha tá crescendo e eu tô perdendo isso. - Fernando faz cara de quem iria chorar para Skye.

— Oh, não fica assim. Daqui uns meses ela já tem 17. Não é mais uma criancinha. - Skye faz cara dó enquanto passa a mão na bochecha do namorado.

— Eles crescem tão rápido. - Kinessa diz como se tivesse com certa nostalgia, mas eu sabia que estavam apenas me provocando.

— Eu ainda mato todos vocês. - Falei enquanto soltei o peso da minha cabeça na mesa, fazendo barulho e eles rirem.

— Indo ao ponto. Ela nos deu as informações necessárias? - Fernando pareceu voltar a ficar sério.

— Quase, apenas preciso de fita adesiva e uma banana. - Kinessa sorri indiscretamente fazendo nós 3 nos entre-olharmos com um certo...medo. - Brincadeira, preciso apenas de um copo com água e mais alguns minutos. - A morena da uma risada bem humorada enquanto nós damos uma leve risada sem graça.

— Como você... - Começou Skye.

— Por favor, não conte seus métodos. - Imploro para a morena que dá mais uma risada.

— Não existe segredo. Apenas um diálogo amigável e...persuasivo. - Ela vira as costas voltando para o quarto.

— Espera, onde está Bolt? - Skye quase se desespera.

— Ele e um aliado estão mapeando a área em volta da Cidade de Pedra e eu fiquei aqui de isca para não suspeitarem de nosso esconderijo. Ou pelo menos era pra ser assim até vocês aparecerem. - Ele revela parecendo um pouco entediado.

— Isso explica o por que seu rastreador nos apontou mais 5 quilômetros daqui. - Reviro os olhos para Skye.

— Mais um aliado? - Skye aparenta não se impressionar.

— Longa história. Começando pelo fato de que ele te ligou sem meu consentimento e arriscando todo nosso disfarce. - Ele pareceu irritado.

— Você tá querendo dizer que estamos estragando seu plano? É isso? - Skye também se irritou.

— Não disse que estragaram, as coisas só não estão saindo como o planejado. - Ele tenta contornar.

— Boas novas, nós também estamos em uma missão e vamos resgatar você ou Andrew ou seja quem for! Entendeu? - Skye bateu na mesa, irritadiça.

Como surpresa Fernando a abraça mais uma vez e dessa vez tinha um olhar mais pesado, como quem não se sentisse tão seguro.

— Desculpa por não ter te contado sobre tudo isso. Eu tava tão preocupado com sua segurança, que não pensei o como me sentiria se você viesse e corresse perigo. - Ele desabafou.

— Você fala como se não me conhecesse. Eu te cacei e ameacei sua vida por meses. Eu não corro perigo, Fernando! Eu sou o perigo! - Ela abre um sorriso confiante.

— Tudo está bem quando acaba bem, não é? - Digo sozinha encarando os dois pombinhos juntos novamente.

— Escutem, vou explicar rápido. - Kinessa entrou rapidamente na sala cortando o clima. - Por volta das 8 horas da noite, existe uma falha de segurança nos sistemas da Cidade de Pedra. São 10 minutos que todo o sistema de câmeras fica sem operação, entendido? - Ela completa nos olhando.

— É o suficiente pra eu me infiltrar e desligar definitivamente o sistema. - Skye se anima.

— Não exatamente. Os soldados que protegem as entradas são autorizados a reagir com total hostilidade a qualquer um que parecer ameaça durante esses 10 minutos e não podemos arriscar. - A morena sobrepõe.

— Então como entraremos? - Fico confusa.

— Skye vai entrar como detenta. - Ela completa.

— Detenta de quem? - A arroxeada levantou uma sobrancelha.

— Minha. - Entrou na sala a mulher que Kinessa havia interrogado.

— Por que você nos ajudaria? - Skye perguntou fazendo a moça corar e virar o rosto.

— Todos tem seus motivos, princesa. - A morena abre mais um sugestivo sorriso nos deixando confusos e...preocupados.

— Como sabemos se ela realmente vai nos ajudar? - Fernando levantou uma sombrancelha.

— Não estou fazendo isso por vocês. Meu irmão foi capturado e desde então fui forçada a trabalhar para ela, pela vida dele. Vocês são a ajuda perfeita para que eu possa resgatar ele. - Ela respira fundo.

Quando ela termina de falar, a porta da casa se abre e todos olhamos assustados. Um homem alto vestido com um sobretudo que ia até os pés e usava um capuz cobrindo o rosto entrou e fechou a porta.

— Fernando, não temos muito tempo. - Disse Bolt saindo voando de dentro do sobretudo do homem.

— Bolt. - Skye se levanta e abraça a pequena esfera com força.

— O...o que vocês fazem aqui? - Ele pareceu confuso.

— Viemos resgatar vocês - A arroxeada respira fundo.

— Chegaram a tempo. O que conseguiram Dom? - Fernando olhou para o homem do sobretudo que tirava o excesso da roupa.

Se tratava de um homem vestido com uma espécie de farda completamente cinza e preta, botas de aço e uma touca. O que me fez saber quem ele era, era por ver que ele tinha um revólver na cintura e usava um tapa olho.

— Ele é o homem do tapa-olho que Maeve contou? - Pergunto para a morena que serrava o olhar para ele.

— Isso mesmo. - Ela responde parecendo que logo voaria no pescoço dele por algum motivo e não no bom sentido.

O homem olhou para Kinessa e levantou a sombrancelha, parecendo surpreso.

— Price. - Ele a cumprimenta a distância.

— Kross. - Ela cumprimenta da mesma forma. - Parece que vamos trabalhar juntos denovo. - Ela respira fundo ainda o encarando.

— Como nos velhos tempos. - Ele diz dando de ombros e virando o olhar para Fernando.

— Dominik Kross? Ele vai ser problema do nosso lado? - Skye pergunta preocupada para a morena.

— Acho que não. Tivéssemos uns problemas pessoais, mas ele é um bom atirador. Não é cão de briga como o irmão, mas com ele do nosso lado temos uma chance. - A morena suspira parecendo cansada.

— Nossas chances diminuíram. Não sei mais se a invasão é uma boa idéia. O guarda costas principal do Palácio de Aico é o maior caçador de recompensas da Europa. - Ele revela fazendo todos nós levantarmos uma sombrancelha e Kinessa empalidecer.

— Não...não pode ser. - A morena murmura.

— Seu nome é... - Dom começou.

— ...Strix. - Ele e a morena finalizam juntos.

— Nós...não temos chance alguma. - Ela sentou colocando a mão no rosto.

— Você o conhece? - Tentei entender a morena.

— Strix é um homem frio e impiedoso. Ele foi meu treinador a alguns anos, mas depois que perdeu a família pra guerra, toda a humanidade nele se foi. Ele é uma máquina de combate, o exército de um soldado só, derrubou exércitos sozinho. - A morena quase entra em pânico.

— Não será problema para mim. - Disse mais um homem entrando na casa e nos assustando.

Era mais um homem com sobretudo, mas assim que tirou, vi semelhanças no rosto dele e de Dom. Vestia um grande casaco siberiano verde com várias granadas penduradas e o emblema de uma das mais conhecidas elites russas, os Lobos de Prata. Usava uma calça azul e uma bota marrom, nas costas tinha uma enorme bolsa que parecia cheia.

— Strix não passa de um velho cão de briga. - Ele completou colocando a pesada bolsa no chão.

— Viktor, conseguiu os equipamentos. - Dom pareceu surpreso.

— Todos. - O veterano mostra alguns equipamentos eletrônicos para Fernando e suprimentos. - E quem são essas? - Ele olha confuso para nós.

— Essas são a...família de Fernando. - Dom resume para ele que assente satisfeito com a resposta superficial.

— Esse é Viktor Kross, o irmão mais velho de Dom. - Fernando aponta.

— Privet. - Ele diz em seu sotaque russo.

— Um dos Lobos de Prata é irmão do homem do tapa-olho. - Kinessa não parece muito interessada.

— Estou aqui para vencer, então vamos ao plano. - O mais velho diz parecendo impaciente para sairmos dali.

— Agora que temos uma boa equipe, posso formar um bom plano. - Diz Bolt nos deixando ansiosos e curiosos para resolvermos isso de uma vez.


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