Unchained escrita por LouisPhellyppe


Capítulo 49
Trust is not Forgive




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— Não, sai de perto de mim! - Gritei acordando assustada.

Estava apenas de roupas íntimas deitada em uma enorme cama com lençóis de seda. O vento balançava uma cortina que ia do teto ao chão e desperto vendo a luz do dia, mesmo que o tempo estivesse fechado.

Me levanto e encontro minhas roupas dobradas em uma cadeira ao lado da cama. Pego meu grande casado e o cristal que estava no bolso cai no chão, me lembrando o que houve na noite passada.

Eu havia sido nocauteada? Se bem que...eu estava muito cansada. Claramente isso não deveria passar de um pesadelo. Passo a mão em meu pescoço e não sinto dor e nem a marca da injeção.

Minha varinha estava apoiada na cadeira e me deixava preocupada ver que seu brilho havia se apagado. Ela realmente perdeu toda sua magia.

— Evelynn, hora de juntar os fatos. Você estava cansada e sozinha em um hall vazio e não foi atacada por alguém que tem os mesmos poderes que você. Você apenas não se lembra o que aconteceu até aqui porque estava com sono. - Digo sozinha levantando da cama e me convencendo que isso não aconteceu.

Quando me levanto, coloco apenas um roupão de banho e vou para a sala, me assustando com a bagunça que encontro. Um vaso de flor e uma mesa de centro quebradas, duas cortinas rasgadas e um uma poltrona caída.

Quando me aproximo do maior sofá, não consigo pensar duas vezes antes de pegar o celular de Kinessa para tirar uma foto das duas dormindo abraçadas.

Ao ver o relógio do celular, ainda são 7:30am, então havia tempo para nos arrumarmos sem pressa.

— Bom dia princesas. - Sussurro perto do ouvido das duas.

Elas apenas se movem um pouco e ficam frente a frente, esticando a cabeça para frente, ficando com os narizes colados e as bocas separadas por pouco mais de 1 centímetro.

Acho fofo ver aquilo, mas me lembro do que Kinessa sentia pela arroxeada e era dolorido para ela não ser recíproco. Não era justo da minha parte as ver em um momento tão próximo, sabendo que não haverão mais e a morena pudesse acabar ficando mais triste por isso.

— Ei, acordem. - Tentei cutucar de leve a bochecha da morena que abriu devagar os olhos parecendo não saber aonde estava.

Ao notar que estava frente a frente com a arroxeada, levantou devagar para não a acordar e começou a esfregar os olhos enquanto despertava.

— Que horas são? - Ela diz com o nariz entupido e a mão na cabeça.

— Quase 8 horas. - Levanto a poltrona caída no chão para me sentar.

— Minha cabeça...vai explodir. - Ela tenta se levantar e sai de baixo do lençol, mostrando que da cintura pra cima vestia apenas um sutiã.

— Mas o que? - Eu fico surpresa e confusa por não entender o que isso deveria significar.

— Eu...posso explicar. - Ela me olha com um sorriso envergonhado.

— NÃO FOI EU! - Skye acorda assustada e nos faz gritar de susto.

— Você...ta bem? - Respiro fundo olhando a arroxeada.

— Eu...eu tô viva? - Ela começa a passar a mão pelo corpo.

Eu e Kinessa nos entre-olhamos curiosas e então voltamos a encarar a arroxeada.

— O que vocês fizeram ontem a noite? - Fico preocupada.

— Eu não consigo mais lembrar. Mas sonhei que eu e Kinessa tentávamos colocar uma a roupa da outra. - Ela coça os olhos e da uma risadinha.

— Hm. Skye? - Eu a vejo se levantar e Kinessa se da um facepalm.

A arroxeada olha para mim e quando entende o que eu queria dizer, olha para baixo e nota que da cintura pra baixo vestia apenas calcinha.

— Então não...foi um...sonho. - Ela faz uma expressão surpresa enquanto puxa o lençol devagar para se cobrir.

— Vão se trocar. - Me dou um facepalm e vou em direção ao quarto para tomar um banho e me vestir.

20 minutos depois eu termino de arrumar meu cabelo e vou para sala, encontrando tudo completamente arrumado e as duas sentadas em silêncio no sofá, cada uma em uma ponta.

Não pareciam ter se desentendido, apenas estavam tímidas uma com a outra.

— Pelos deuses, o que aconteceu? - Eu murmuro parando a frente das duas.

— Na...nada. Vamos. - Kinessa se levanta e puxa nós duas pelas mãos para fora do cômodo

A nevasca havia diminuído e era até surpreendente um sol totalmente tímido querendo aparecer na imensidão completamente albina do céu.

Compramos algumas frutas, mas não conversamos nada o caminho inteiro, por elas estarem ainda tímidas e eu confusa sobre a última noite.

— Ruckus? - A morena da algumas batidas na nova porta de aço do goblim.

Sem responder, ouço o som da porta se destravando, então a empurro para abrir e entramos. Seguimos até a mesma sala depois do corredor e lá estava ele fazendo alguns ajustes em sua máquina.

Era como um grande traje de guerra, com metralhadoras no lugar dos braços. Havia uma pequena cabine onde aparentemente só cabia ele.

— Você criou isso sozinho? - Pergunto achando o protótipo incrível.

— Sim, mas isso não importa. Venham. - Ele vai direto ao ponto, aperta um botão embaixo de sua mesa e nos guia até uma parede.

— A mesma passagem secreta? - Kinessa passa as mãos na parede e coloca o ouvido, como se esperasse ouvir algo.

Ouço algum tipo de mecanismo atrás da parede e ela se abre como uma porta automática, revelando um cômodo secreto.

— O que esperava de diferente? - Ele responde grosseiramente e serra o olhar para ela.

Ela engole em seco e abaixa a cabeça saindo da frente. Ao entrarmos noto que era uma enorme sala completamente revestida em aço.

Uma luz se acende e aparenta ser seu cofre por estar repleto de prateleiras com barras de ouro empoeiradas. Ao fundo conseguia ver vários tipos de armas de fogo também em prateleiras.

— Você vai gostar disso. - Ele pega algo parecido com uma bola de gude cinza, uma pulseira e entrega para Skye.

— Qual a utilidade? - A arroxeada prende a pulseira em sua besta de pulso.

Ele joga a bola de gude no chão e ela estoura começando a sair uma fumaça muito forte, fazendo eu e Kinessa recuar um pouco para poder enxergar.

— Uau, isso pode ser útil. - Ela caminha para fora da fumaça, que quando abaixa, nos faz ficar procurando pela arroxeada.

3 segundos depois ela aparece em nossa frente tão surpresa quanto nós.

— Essa pulseira consome uma pequena carga de energia e quando você entra na fumaça especial dessa bomba, ela entra em modo furtivo, te deixando invisível por um curto espaço de tempo. - Ele explica entregando mais algumas mais bombas pra ela.

O pequeno se aproxima de uma caixa com senha e após digitar uns números, ela abre e ele tira uma esfera roxa com o símbolo de uma caveira.

— O que é...

— Uma bomba relógio de duas funções. Serve como explosivo de alta potência ou um super potente EMP. Mas só pode ser usada uma única vez. Fique como último recurso e tome extrema precaução com isso. - Ele a entrega.

— Incrível. - Os olhos da arroxeada brilham.

— Por último. - Ele pega uma pequena caixa com dardos como os paralisantes dela. - Tranquilizantes.

— Eu adorei. - Ela olha tudo o que acabou de ganhar, maravilhada.

— Eu criei isso a um tempo e achei que nunca seriam usados. - Ele abre uma gaveta tirando um par de luvas azul escuro com preto. As pontas dos dedos pareciam pequenas garras feitas de ferro. - Luvas criotermicas. Tem a capacidade de congelar qualquer coisa que você tocar em segundos. As garras de metal são magnéticas, bom para escalar estruturas de metal ou agarrar sem deixar escapar, qualquer item de metal. - Ele finaliza me entregando.

— É perfeito. - Meus olhos brilham de animação.

— Estive pensando e acho que você deveria deixar sua varinha comigo. Eu sou o único que pode concerta-la. - Ele a pega e aproxima do rosto começando a inspecionar.

— Mas como eu...

— Não use seus poderes. Eu te dei tecnologia e se você obedecer essa regra, o cristal que também te dei irá te proteger. - Ele me olha sério. - Pelo menos até eu arrumar isso, siga essa regra. - Ele vira as costas.

— O...obrigada. - Engulo em seco.

— Agora o transporte até o Reino Unido. - Ele segue em direção a saída.

— Mas...e eu? - Kinessa fica parada esperando sua vez de ganhar equipamentos.

— O que tem você? - Ele pergunta a encarando desmotivadamente e ela aparenta se estressar.

— Olha, eu sei que você me odeia, mas já que está fazendo isso por ela, veja que somos 3 e você só forneceu equipamentos pra 2! - A morena diz tentando não parecer grosseira.

O goblim respirou fundo e continuou a encarando, parecendo pensar no que dizer ou fazer.

— Eu não espero que você me perdoe, entendeu? Eu sei que pisei feio na bola e você vai me odiar pra sempre. Eu vou viver sabendo disso. Então...por favor...por ela. - A morena pede prestes a chorar de frustração.

— O que você tem aí? - O pequeno cruza os braços olhando para a mochila da morena..

Kinessa vai até a mesa de aço no centro da sala e abre a mochila, colocando todas as peças da sniper que pegou no arsenal e uma granada de EMP que conseguiu a algumas semanas.

— Apenas isso. - Ela suspira desanimada.

— O que mais tem aí? - Ele levanta uma sombrancelha vendo que ela ainda tinha algo na mochila.

Ela respira fundo olhando triste para Skye e tira da mochila sua sniper quebrada, a que ganhou da arroxeada.

— Eu conheço essa arma, eu que fiz. - Ruckus a pega e começa a manusear suas peças quebradas.

— Ela tem um enorme valor sentimental pra mim. - A morena morde o lábio inferior preocupada. Ao ouvir isso, a arroxeada cora sabendo o que ela quis dizer.

— Está destruída, é inútil. - Ele a coloca de volta na mesa.

— Como eu disse, o valor é sentimental. - A morena serrou o olhar.

— Sendo assim, vou ficar com ela. - O goblim a pega de volta e leva até um canto que tinha peças de várias armas.

— Não, ela é especial. - A morena se debruça na mesa.

— Você quer equipamentos não é? - Ele joga a arma de qualquer jeito sobre as peças e se vira para ela.

— Sim mas...

— Então você aprenderá a viver mesmo depois de terem tirado algo especial de você! - Ele serrou o olhar para ela, que engoliu em seco na hora e entendeu o recado.

Eu e Skye apenas assistiamos preocupadas com a morena.

— O que você tem pra mim? - Ela murmura de cabeça baixa. Não parecia mais triste, como parecia em puros nervos.

Ele abre uma gaveta e pega uma pulseira e um pequeno drone. Coloca a pulseira em seu próprio pulso e arremessa o drone que flutua até atrás da morena.

— Sistema de translocação de curto alcance. - Ele diz e em seguida seu corpo se desfaz em uma luz azul. - Simples e instantâneo. - Ele aparece em uma luz laranja, atrás dela.

Em seguida vai em outra gaveta e dessa ele tira 5 discos idênticos e posiciona um perto dela.

— Minas de supressão de movimentos. - Ele diz apertando um botão na mesma pulseira.

Nesse momento a mina se fixa no chão e libera uma pequena carga elétrica na morena que estava mais próxima.

— Como se sente? - Ele cruza os braços.

Ela tenta se mexer e consegue bem aos poucos, parecendo fazer um incrível esforço.

— Não consigo...me mover. - Ela murmura rangendo os dentes.

Ele aperta novamente o botão e a mina é desativada, fazendo a morena se soltar novamente e começar a respirar ofegante.

— Quanto mais esforço você faz, mais ela drena sua energia. - Ele diz a pegando de volta e colocando em cima da mesa. - Para vocês 3 não serem atingidas, vão precisar disso. - Ele joga pulseiras diferentes para eu e Skye. - E com essa você pode ativar e desativar. - Ele coloca a que usou no pulso da morena. - Estão prontas? Tenho alguém que pode atravessar vocês até o Reino. - Ele completa nos guiando até a outra sala.

Skye vai junto dele e eu vejo que Kinessa guardava com raiva os equipamentos novos em sua mochila. Vou até ela e a ajudo antes que ela quebrasse as coisas.

— Ei, não fica assim por conta da arma, pense que o significado dela, está ali. - Aponto com a cabeça para Skye.

— Agora as duas tem o mesmo significado. Eu as perdi! - A morena me olha triste e vira as costas indo atrás do goblim.

— Na praia norte da cidade, vocês encontrarão uma pequena doca com alguns barcos. Procurem um com o número 182. - O goblim explica respirando fundo e pensando em algo.

— Obrigado Ruckus. Eu prometo que vou trazer sua I.A assim que cumprirmos a missão. - A arroxeada abre um enorme sorriso.

— Cuidado com seu equipamento. - Ele responde. - Cuidado com seus poderes. - Ele olha para mim e vira as costas.

— Vamos. - A morena vira as costas.

— Kinessa. - Ele diz sem se virar.

— Hm? - Ela murmura olhando por cima do ombro.

— Boa sorte. - Ele olha da mesma forma.

Ela olha para frente e respira fundo. - Obrigada. - Responde e segue em frente.

— Nos vemos em breve. - Me despeço do pequeno.

— Até lá. - Ele responde voltando para seu protótipo.

Ao sairmos do seu esconderijo, vamos para a rua e era notável que não estava tão frio como no dia anterior. Caminhamos em silêncio por alguns minutos e isso me deixava mais preocupada com as duas, que pareciam estar se evitando.

— Por favor, me digam o que aconteceu? - Eu seguro a mão das duas. - Não vamos sair daqui antes de vocês abrirem o jogo. Eu sei o passado de vocês, vocês deviam estar conversando, rindo... - Respiro fundo. - Deviam ser melhores amigas.

— Evie, não, por favor. - A arroxeada me olhou preocupada.

Kinessa apenas puxa sua mão se soltando de mim e a coloca no bolso seguindo em frente com o caminho.

— Skye. - Eu olho confusa para a arroxeada que apenas respirou fundo.

— Eu me sinto horrível em ver ela se torturar assim. Ficar perto de mim só a machuca, mas não sei o que fazer. - A arroxeada suspira olhando para morena

Eu respiro fundo sem saber o que dizer e a abraço. - Vamos apenas seguir em frente. Temos um cavaleiro pra salvar.

— Certo. Vamos. - Ela olha determinada pra frente e começamos a seguir a morena.

Pouco mais de 20 minutos caminhando, a neve começava a ficar mais densa e uma neblina tomou conta das ruas, nada que nos impedisse.

Ao chegarmos nas docas, havia apenas um barco, justamente o de número 182.

— Está na hora de conhecer nossa carona. - Kinessa diz subindo e seguindo até a cabine.

Era tudo limpo e novo, como se o dono houvesse o adquirido a pouco tempo. Foi o que tivemos certeza quando o encontramos dentro da cabine sentado no chão, como se estivesse meditando.

Ao notar que havia passageiros, ele se vira começando a falar. - Enfim chegaram, bem vindos ao...ah não! - Ele parou quando notou que era nós 3.

— GRANDÃO! - Kinessa correu e o abraçou.

— Makoa, o que tá fazendo aqui? - Eu fico surpresa.

O grandão continuava em sua forma de tartaruga gigante. Talvez esse era quem ele preferia ser.

— Eu faço a mesma pergunta. - Ele se da um facepalm.

— Você precisa me conseguir mais daquelas sementes de cacau. - Kinessa sorri como se encontrasse um amigo de infância.

— Vocês me devem uma âncora nova. Agora vamos com isso antes que eu mude de ideia e jogue vocês no mar. - Ele vira de mau humor e da a partida no barco.

— Você não era do mercado negro? - Pergunto com dúvidas.

— Eu sou. Mas todos nós temos favores com outros. - Ele da de ombros. - Mas o que vocês fazem aqui? Onde estão os outros? - Ele pergunta mais uma vez.

— Ficaram na Espanha. Estamos atrás do irmão mais novo de Ash. - Kinessa senta e reclina na cadeira de capitão do barco.

— Por que? Ela não é uma cretina?

— Mas ele é meu namorado. - Skye responde cabisbaixa.

— Oh, se ele é importante para vocês, então eu desejo sorte. Vocês devem ter noção do que vão encontrar por lá? - Ele aparenta se preocupar.

— Pior que sim. Nós duas somos britânicas. - Kinessa fica pensativa.

— Por que você não vem com a gente? - Kinessa propõe esperando uma resposta positiva.

— Não, obrigado. Já tenho problemas demais longe de lá. - Ele da de ombros. - Não vamos demorar a chegar.

Eu realmente queria acreditar que conseguiríamos cuidar disso sem problemas. Vendo por esse lado, se eu realmente queria, já era um pensamento positivo.


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