Unchained escrita por LouisPhellyppe


Capítulo 48
The Worst of Friends




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— São 8 horas da noite e já é a 4° porta no mesmo beco escuro. Tem certeza que estamos no lugar certo? - Pergunto desacreditada.

— Dessa vez eu sei que é aqui. - Respondeu a morena confiante batendo em uma porta.

Uma pequena portinha de metal na altura dos olhos se abre e dois olhos ameaçadores nos encaram.

— O que vocês querem? - O cara diz do outro lado.

— Viemos atrás do goblim. - Kinessa diz suspirando.

— Goblim? Eles foram extintos. Agora dêem o fora. - Ele responde e fecha a pequena portinha.

Eu e Skye olhamos confusas para Kinessa e esperamos o que ela fosse fazer.

— Ele não morreu. Esses caras estão escondendo algo. - Ela deu de ombros com um sorriso sem graça.

— Eu cuido disso. - Tomo sua frente e bato na porta. - Toque toque.

— Quem é? - Ele pergunta da mesma forma sem abrir a pequena portinha dessa vez.

— Seu pior pesadelo, se você não nos revelar o paradeiro do último goblim. - Congelo e destruo a porta, entrando em seguida.

Haviam 4 homens sentado em uma mesa de centro e o que nós atendeu estava em pé. Todos gordos com caras de assustados.

— Espera, roupa, boca e dedos sujos de salgadinhos, garrafas vazias de refrigerante, tabuleiro, cartas, dados, barba pra fazer e cara de quem não toma banho a dias? Esses caras não tem idéia de onde está o goblim. - Skye afirma parecendo enjoada.

— Eles são...bárbaros ou vikings? - Fiquei confusa.

— Pior que isso, são nerds! - A arroxeada se da um facepalm e vira as costas.

— Ta, eu jurava que era aqui. - A morena tenta justificar enquanto saíamos do local e deixávamos os nerds sem entender nada.

— Talvez no próximo nós encontremos o tal ogro/aranha/fada. - Dou de ombros.

— Kin. - A arroxeada olha seriamente para a morena, a fazendo corar.

— Sim, desculpa. Vamos em frente. - A morena abaixa a cabeça e toma nossa frente seguindo pelo beco.

Passamos em frente a uma porta enferrujada de aço e por algum motivo eu desconfio.

— Não é essa? - Pergunto para as duas que se olham com dúvida.

— Acho que não. - A morena fica pensativa.

— Alguém aí? - Eu bato na porta a ignorando.

Segundos se passam e ninguém responde.

— Vamos. - Skye vira as costas.

Assim que elas voltam a andar eu ouço algum som vindo de trás da porta.

— Ei, ouvi alguma coisa. - Digo passando a mão pela porta procurando alguma fechadura.

— Tem certeza? - Skye começa a avaliar a porta comigo.

— Ratos talvez. - A morena deu de ombros.

— Quero ter certeza. - Concentro meu poder na porta e começo a congelar. Quando me preparo para dar um chute e a despedaçar, ela começa a brilhar incandescente e o gelo se derrete.

— Alguém...esquentou a porta. - Skye engoliu em seco.

— Saqueadores não vão conseguir nada aqui. Vão embora! - Uma voz diz em um rádio ao lado da porta.

— Espera, é ele! - Kinessa se anima e chega perto do rádio. - Sou eu, seu cabeça oca. - Ela sorri.

— Você é alguém que eu deveria ter matado? - Ele pergunta de forma hostil.

Em seguida uma pequena porta abre em cima da de aço e sai uma metralhadora giratória apontando em nossa direção.

— Ele...tá mirando em mim? Esse desgraçado tá mirando em mim? - Começo a me enfurecer e dou uns paços pra trás mirando com minha varinha.

— Calma azulzinha, ele não vai fazer nada. - A morena engole em seco enquanto Skye apenas fica em silêncio e preocupada. - Abre essa droga Ruckus. Sou eu, Kinessa. - Ela parece se estressar.

— Kinessa? A vadia traidora das Forças Unidas? - Ele pergunta indiscretamente.

Não resisto em cair em uma gargalhada e acabar levando uma cotovelada de Skye.

— Sim, seu idiota. Agora abre essa droga. - Ela olha em volta.

— No seu registro de soldado está como morta. Mortos não falam sabia? - A metralhadora começa a girar mas sem atirar.

— Ele...vai nos matar! - Skye segurou em meu braço e engoliu em seco começando a suar.

— Eu apaguei meu registro depois da queima de arquivos que eles fizeram. Abre essa porta que eu posso te explicar melhor. - Ela parece preocupada.

— Você não me parece a Kinessa. A Kinessa que eu conheci tinha cabelos longos. Preciso ter certeza de que é você, pra não matar uma inocente? - Ele fala calmamente.

— O QUE? - Eu e Skye arregalamos os olhos após a parte do "cabelos longos", ignorando completamente a ameaça que ele a tinha feito.

— Vem cá, senhor goblim ou ogro/fada/aranha, ou seja o que você for. Não estamos em um lugar muito confiável e viajamos 10 horas só pra poder encontrar você. Pode fazer o favor de nós receber? - Tomo a frente de Kinessa já estressada.

— Não, vão embora! - Ele responde de prontidão.

— Quanta ousadia. - Minha aura aparece e tento congelar a porta novamente.

Nesse instante ao lado da metralhadora acima de nossas cabeças, revela-se um grande lança chamas também mirando em mim com um isqueiro aceso na ponta.

— Vem cá, senhorita pote de sorvete. Eu aposto que posso derreter seus ossos antes de você sentir sua pele queimar. - Ele falou me deixando em choque pela ousadia.

Ao ver meu estado, Skye começa a suar e põe as mãos nos meus ombros.

— Droga. Evie, não vai na dele, entendeu? Ele tá te provocando e...

— Eu vou acabar com ele! - Disse com minha aura aumentando e olhando para o lança chamas.

Meus olhos brilham completamente brancos e quando o lança chamas vai disparar, ele congela e começa a soltar faíscas.

Em seguida olho para a porta que começa a congelar da mesma forma. Quando ela se aquece para derreter o gelo, fumaça começa a subir, mas o gelo não derrete.

— Evie, para com isso, vamos resolver da forma certa. - Skye começa a balançar meu corpo vendo que eu não respondia.

— Ruckus, agora não abra essa porta por nada ou você vai morrer. - Kinessa grita no rádio ao lado da porta.

Meu cabelo começou a passar de azul para branco aos poucos e meu poder continuava aumentando.

— Afastem-se. - Falei para as duas que engoliram em seco e deram as mãos, dando passos para trás.

— Abra te sésamo. - Falei enquanto abria os braços e a porta estourava, abrindo o caminho para nós.

— Ruckus, corre. Kinessa gritou procurando pelo goblim.

— Então é nesse lugar que vou ficar conhecida por exterminar o último goblim? - Pergunto sorrindo sem realmente ter a consciência do que estava fazendo. Era como se eu não estivesse mais no controle.

Estava tudo escuro, mas quando uma luz se acende, sinto alguém bem pequeno caindo em minhas costas e montando no meu pescoço.

— Não, eu ficarei conhecido por conter a lendária Katherine! - Ele encosta uma pedra azul brilhante em minha testa e instantâneamente meu cabelo volta para o azul, minha aura some e eu caio desmaiada no chão.

Enquanto isso dentro da minha cabeça, novamente estava escuridão. Olhei em volta e não encontrava ninguém, nem ao menos sabia o que se passava com o controle do meu corpo.

— O que você fez? Me deixa sair daqui. - Gritei procurando pela Rainha de Gelo que me assombrava.

Minutos passaram e ninguém respondia.

— Você não vai tomar meu corpo. Eu não vou deixar. - Digo vendo que tudo estava voltando a clarear.

— Evie? Quem não vai tomar seu corpo? - Kinessa estava sentada ao meu lado enquanto eu estava deitada em um sofá.

— Onde eu...estou? - Pergunto sentindo uma leve dor no pescoço.

— Por onde começamos? - A morena olha para Skye que estava sentada do outro lado.

— Você ficou furiosa, seu cabelo ficou branco e você destruiu a porta do esconderijo do Ruckus. - A arroxeada pareceu preocupada.

— Como é? Ela me tirou do ar. - Falei baixo preocupada.

— Quem te tirou do ar? - Skye levantou uma sombrancelha.

— Ninguém. - Ponho a mão na cabeça com um suspiro.

O pequeno esverdeado vinha em nossa direção. Tinha aproximadamente 70 centímetros de altura, orelhas pontudas e grandes olhos. Não parecia tão ameaçador como dizia pela porta.

— Você vai precisar disso. - Ele me entrega o tal cristal azul brilhante em um formato cilíndrico.

— O que é isso? - Pergunto curiosa enquanto as duas olham.

— Um neutralizador, como esse bastão quebrado que você usa. - Ele solta minha varinha no chão.

— Quebrado? Ele funciona perfeitamente. - Olho indignada.

— Neutralizador do que? - Skye me olhou como se já suspeitasse de algo.

— Dos...dos meus poderes. - Minto com a mão na cabeça e um sorriso falso.

— Da Rainha de Gelo. Ouvi muitas histórias sobre ela, só não esperava conhecer pessoalmente um dia. - Ruckus respondeu por cima, deixando claro que eu estava mentindo.

— Que história é essa? - Kinessa me olhou confusa. Ela confia em mim e eu insistir na mentira não parecia bom pra manter essa confiança.

— Eu...eu não queria falar sobre isso tão cedo. - Abaixo a cabeça. - Por ter poderes, também tenho uma segunda alma, mas a minha é conhecida como Katherine, a lendária Rainha de Gelo. Não sei porque ou de onde ou quando viveu, mas meus poderes vieram dela. Eu só consegui conter ela por tanto tempo por conta da minha varinha. Dentro dela existe um cristal neutralizador e ele me mantém no controle do meu corpo, desde que esteja próxima ao meu corpo. Me...desculpem, eu só queria proteger vocês. - Coloco a mão sobre os olhos e respiro fundo pra resistir as lágrimas de frustração.

— Ei baixinha, relaxa. Se tem uma coisa que eu acredito de tudo isso, é que você não fez por mal. - Kinessa põe a mão na minha cabeça e sorri pra mim. Ela não disse muito, mas aquelas palavras foram o suficiente pra que essa culpa não acabasse comigo tão rápido. Ao menos, de culpa estava apenas se tornando uma preocupação.

— Obrigada Kin. - A abraço respirando fundo.

— Nós também queremos te proteger independente do que precise passar, certo? - Skye sorriu da mesma forma.

— Certo. - Respiro fundo mais uma vez. - Como sabe que minha varinha está...quebrada? - Olho confusa para o pequeno.

— É meio claro, eu desenvolvi esse cristal e um antigo amigo desenvolveu o design do bastão. Até que, chamar de varinha caiu bem melhor. - Ele levanta uma sombrancelha.

— Eu não tinha idéia. Meu padrasto me deu essa varinha pouco antes de eu entrar nas Forças Unidas, mas nunca me explicou onde conseguiu. - Olho para ele mais aliviada e coloco o cristal no bolso da minha grande blusa.

— Agora vamos ao assunto. - Ele diz calmamente e respirando fundo. - VOCÊS DESTRUÍRAM MINHA PORTA! - De repente grita nos assustando.

As duas olharam para mim e engoliram em seco sem dizer nada.

— Eu me...responsabilizo por isso. Eu...darei um jeito de arrumar isso. - Digo me levantando.

— Não esquenta, eu já arrumei. - Ele cruza os braços e serra o olhar. - Mas você fica me devendo uma. Quer dizer, duas com o cristal. - Ele vira as costas, pega minha varinha e segue pela sala até um corredor.

Do outro lado do corredor, assim que entramos vimos muitas peças de máquinas antigas e novas. Pedaços de robôs desmanchados e milhares ferramentas.

— O que vocês querem? - Ele coloca um óculos escuro e começa a soldar o que parecia ser o braço de um robô.

— Bom, fico feliz que você saiba que estou viva. - Kinessa se aproxima sorrindo.

— Que diferença faz? Você não é confiável. - Ele responde de forma seca sem nem olhar para trás.

Mais uma vez eu e Skye encaramos Kinessa, esperando ela decidir o que o faria mudar de ideia. A morena respira fundo e tem um olhar um pouco abatido.

— Olha, eu sei que você acha que eu te deixei para morrer e fugi sendo covarde, e sim, eu fui covarde. Eu estava sendo caçada pelas Forças Unidas e você sabia que eles queriam minha cabeça. Eu fui uma completa idiota com você. - Ela diz e suspira quando nota que ele a ignorou.

Ela vira para nós com um pequeno sorriso envergonhado.

— Desculpa por...fazerem vocês perderem tempo. - Ela murmura para nós duas.

— Você teve boa intenção. - Tentei a consolar.

— Vamos. - Skye colocou a mão sobre o ombro da morena e seguiram para o corredor.

Enquanto elas andavam eu não me conformei com a atitude do pequeno. Não poderia deixar chegarmos tão longe para nada.

— Eu sei que a Kinessa não foi a pessoa mais honesta que já conhecemos. - Tentei fazer ele me ouvir.

— O que você tá fazendo? - A morena olhou pra trás.

— Mas ela é uma boa pessoa. Ela tem seus medos e preocupações, mas tem boas intenções quando tenta ajudar alguém. - Falei calmamente me aproximando.

Ele desligou seu maçarico e virou tirando os óculos.

— Os goblins viveram escondidos por milhares de anos, mais tempo até que os humanos. Só fomos revelados ao mundo na era medieval quando éramos almoço de dragão. Nós lutamos, nós vencemos e conquistamos nosso lugar na Terra. Ao descobrir os goblins, humanos começaram a nos escravizar em minerações e nossas colônias foram sumindo. Eu vivi na última com restantes 12 goblins e conheci Kinessa. Ela nos provou que ainda podíamos confiar em alguns humanos mas estava errada. Quando as Forças Unidas a rastrearam e descobriram nosso esconderijo ela fugiu e eu fiquei famoso. Sabe por quê? - Ele diz tudo calmamente e me olha nos olhos com certa tristeza.

— Por quê? - Pergunto já imaginando a resposta.

— Porque eu sou o último goblim vivo. - Ele se aproxima apontando o polegar para seu peito.

— Meus...pêsames. - Digo respirando fundo.

— Meus pêsames, meus pêsames. - Ele ironiza virando de costas. - Ai ai, humanos. - Balança a cabeça negativamente e põe as mãos na cintura. - Apenas...apenas saiam, tudo bem? - Ele murmura na mesma posição.

— Vamos Evie. Ele não vai nos ajudar. - Skye disse calmamente.

— Qual seu preço? - Falei determinada a não desistir, fazendo os 3 olharem curiosos pra mim.

— Como é? Você não ouviu tudo o que eu acabei de dizer? - Ele se vira surpreendentemente calmo e com uma expressão de confuso.

— Desculpe, mas nós realmente precisamos de sua ajuda. Eu sei que Kinessa pisou na bola com você e eu já estou te devendo duas, mas nos ajude nem que seja pela Skye. - Olho para a arroxeada que estava apreensiva e ansiosa.

Ele respira fundo e cruza os braços olhando nos meus olhos.

— Qual o problema de vocês? - Ele pergunta e vejo que Kinessa e Skye arregalaram os olhos esperançosas.

— Um amigo nosso foi sequestrado e está no Reino Unido. Nós não sabemos com quem ou aonde ele está, mas sabemos que o irmão dela pode estar envolvido. - Explico enquanto Skye vem na minha direção.

— E quem é o irmão dela? - Ele olha para Skye.

— Ele é conhecido como "Matador de deuses". - Ela pega uma foto impressa de uma linda selfie que tirou com Fernando e um cartaz de procurado de Andrew.

— Você é irmã de...Androxus? - Ele levanta uma sombrancelha.

— Sim. - Ela assente colocando as fotos sobre a mesa ao lado.

— E ele...está em apuros? - Ele continua encarando o cartaz de Androxus.

— Temo que os dois estejam. - Ela suspira. - Eu sei que você não tem motivo pra confiar e nem nos ajudar. Mas você é o único que pode. - Ela olha preocupada.

— Eu não tenho intenção alguma em ajudar vocês. - Ele vira o rosto nos deixando de queixo caído.

Eu e Skye nos entre-olharmos novamente sem saber o que dizer ou fazer.

— Mas... - Ele volta a falar. - ...eu devo uma a Androxus. - Ele completa pensativo.

— Vocês se conheceram? - Skye pergunta ansiosa.

— Pra ser mais exato, ele salvou minha vida. Não fugiu como um covarde. - Olhou para Kinessa que engoliu em seco.

— Então vai nos ajudar? - Fico animada.

— E o que eu ganharia se ajudasse? - Ele levanta a sombrancelha novamente.

— O que você deseja? - A arroxeada fica esperançosa.

— Ultimamente eu venho trabalhando em um protótipo independente e falta somente um item pra eu ter todas as peças que preciso pra terminar de montar. - Ele se vira pensativo e começa a olhar o tal braço que estava soldando.

— E o que seria? - Perguntei curiosa.

— Um núcleo de Inteligência Artificial.

— Onde...vamos conseguir isso? - Olho preocupada para Skye.

— Fechado. - A arroxeada estica a mão sem pensar duas vezes.

— Onde vamos conseguir isso? - Pergunto mais uma vez levantando a sombrancelha.

Ela apenas da uma piscadela pra mim e abre um pequeno sorriso.

— Fechado. - Ele aperta sua mão com a mesma expressão.

— Então? - Digo ao notar que um silêncio incômodo invadiu o ambiente.

O pequeno vai até umas gavetas e procurara alguma coisa. Após alguns segundos ele tira um cartão sem inscrições e me entrega.

— Vão precisar disso. Eu até deixaria vocês duas ficarem aqui, mas não vão ficar sem...ela. - Ele serra o olhar para Kinessa que ainda estava emburrada encostada na entrada do corredor.

— Pra que serve isso? - Olho em volta do cartão.

— Pra chegarem aqui, vocês passaram por um prédio de 20 andares. Acreditem ou não, mas aqui é uma cidade rica, por isso escolhi ficar aqui por suprimentos. - Ele explica.

— Mas...e o cartão? - Levanto uma sombrancelha.

Ele levanta a sombrancelha da mesma forma. - Décimo oitavo andar, quarto 1802. - Ele vira as costas.

— Obrigado Ruckus. - Skye diz um pouco mais aliviada.

— Estejam aqui amanhã às 9:00am. - Ele coloca o óculos novamente e liga o maçarico para soldar a mesma peça de antes.

— Olha, Ruckus... - Kinessa tenta se pronunciar novamente.

— Agora vão embora. - Ele volta a soldar.

— Vamos Kin. Nosso trabalho está feito. - Skye coloca a mão no ombro da morena e seguimos para fora do esconderijo.

Assim que fechamos a porta de entrada, ouvimos o som de várias tranças automáticas sendo ativadas.

A morena estava cabisbaixa e não dizia mais nada desde que passamos da porta.

— Kin, para com essa cara. Nós conseguimos, ele vai nos ajudar. Fica animada comigo. - Skye pega na mão da morena.

— Ele...me odeia. Se não fosse pela Evie, ele não ajudaria. - Ela murmurou.

— Que tal...sairmos pra comemorar? Como nos velhos tempos? - Skye abraça a morena por trás enquanto caminhavam.

— Os velhos tempos? - Os olhos da morena brilharam.

— Sim. Bar, jogos, bebidas e trapaças. - A arroxeada sorri.

— Adorei. Vamos. - A morena pega a arroxeada pela mão e começa a puxar até sairmos do beco.

— Espera, temos uma menor de idade com a gente. - Skye diz se preocupando.

— Vai querer nos esperar no quarto? - Kinessa levanta o cartão.

Antes de responder, passo a mão em meu bolso e sinto o cristal neutralizador, me lembrando que não poderia abusar dos meus poderes por conta da minha varinha. O cristal que Ruckus me deu, me ajudava a conter meus poderes, mas ainda não me deixava confiante do quanto poderia usar deles.

— Vamos. - Kinessa disse me encarando bem a frente.

— Na verdade, eu acho melhor ficar no quarto. - Fico com um sorriso sem graça me aproximando. - Eu tô me sentindo um pouco tonta e acho que vou aproveitar esse tempo livre pra descansar.

— Tudo bem. Não nos espere acordada. - Skye da uma risadinha me entregando o cartão.

— Vai perder toda a diversão. - A morena vira as costas e puxa a arroxeada pela mão seguindo pela rua para procurar o primeiro bar cheio do que elas chamam de "idiotas".

Caminho calmamente enquanto sentia o vento frio com uma fina camada de neve caindo sobre mim. As ruas estavam escuras mas não me atrapalharam de chegar ao prédio e ver que na verdade era um grande hotel.

A recepção era completamente decorada, como se fosse de luxo, mas não havia ninguém ali.

— Olá. Alguém? - Toco um pequeno sino e ninguém aparece ou ao menos disse algo.

Olho atrás do balcão e também sem sinal. Por ver que não teria jeito, olhei em volta para confirmar que não havia ninguém, então pulei e comecei a procurar a senha do cadeado do quadro de chaves dos quartos.

Após 2 minutos procurando nas gavetas, encontro um papel com os números 182. Quando tento, o quadro abre e vejo 160 suportes para chave, alguns vazios, então devem ser os quartos alugados e o fato de estar sozinha ali começava a me dar arrepios.

— Décimo oitavo andar...número mil oitocentos e...e...qual era o número mesmo? - Fico pensativa enquanto olho todas as chaves.

— 1802. - Uma voz de trás de mim me assustou. Eu já tinha ouvido essa voz, mesmo sabendo que era alguém com um modulador.

— Quem ta ai? - Olho procurando alguém e fico mais preocupada ainda. Vou andando de costas até que encosto em alguém e uma luva de couro tapa minha boca enquanto sinto uma agulha entrando em meu pescoço.

A pessoa me solta e quando eu olho para trás, vejo e a reconheço. Se tratava daquele misterioso que enfrentou o General Zhin durante o ataque da Legião. Lembro do último momento que o vimos, foi quando fugiu após derrubar todos os soldados do General.

Estava irreconhecível por um capuz preto que cobria até sua testa, junto de um lenço que cobria seu nariz e boca, deixando apenas os olhos a mostra. Os brilhantes olhos azuis que me fitavam como se me conhecessem.

Vestia uma uma jaqueta de couro com cintas, uma calça jeans e uma bota também de couro, tudo completamente preto. A roupa era completamente apertada, aparentando ser uma mulher, mas descartei a possibilidade por ele não ter um busto feminino.

— O que você...fez comigo? - Coloco a mão no pescoço e consigo sentir uma tontura ficando cada vez mais forte.

— Você se sentirá sonolenta e irá perder a consciência em poucos minutos, mas não se preocupe. Não vou te machucar. - Mesmo com um modulador na sua voz, consigo notar um tom doce.

— Sai de perto de mim. - Seguro sua mão e tento a congelar, mas antes de conseguir, ela congela minhas duas mãos e me deixa cair no chão.

Fico completamente assustada por saber que ele também tinha poderes de gelo. Quem eu estava enfrentando e o que queria comigo?

— Desculpe por isso, mas preciso deter a Rainha de Gelo. Eu sou a única que pode fazer isso. - Ela diz determinada.

— Única? Você é...uma mulher? - Pergunto sentindo meus sentidos apagarem.

Quando ela se aproxima de mim, bato as mãos com força no chão, quebrando o gelo e tento puxar o lenço que cobria seu rosto, fazendo ela se esquivar por pouco e duas mechas de cabelo escaparem de seu capuz, uma branca e uma azul.

— Que...quem é você? - Solto meu corpo no chão, já se forças por conta do que foi injetado e sinto minha mente se apagando novamente.

— Me desculpe...Evie. - São as últimas palavras que consigo ouvir em sua doce voz antes de acabar por desmaiar.


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