Unchained escrita por LouisPhellyppe


Capítulo 47
Moving On




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Fazia pouco menos de 1 hora que havíamos deixado a mansão. Nós 3 parecíamos ansiosas, mas Skye ainda era a mais preocupada. Por sorte, ela tinha um plano para o que iríamos fazer.

Espanha - 26 de Janeiro de 2023 - 7:00am

— Tem certeza que podemos conseguir um veículo que nos leve em segurança até o Reino Unido? - Skye pergunta pensativa.

— Absoluta. - Kinessa assente entusiasmada.

— Mesmo com essa nevasca? - Fico curiosa. Estava tão frio quanto o dia anterior e mal conseguíamos ver 10 metros a frente por conta da neve.

— Você não consegue controlar essa neve? Sei lá, não é Criocinése o nome disso? - A morena pergunta revirando os olhos.

— Não exatamente. Eu posso criar ou desfazer a neve, mas ainda é muita pra mim. - Respondo apertando o passo e segurando minha varinha com força.

— Tanto faz. Não acho que isso vai ser um grande problema. - A morena da de ombros.

— A propósito, aonde é esse lugar? - Skye ainda estava curiosa.

— Eu também tenho um plano. Basicamente entrada e saída ligeira do Reino Unido. Por isso estou contando com um amigo. - A morena manda uma piscadela.

— Mais contatos? Como aquele que tentou nos matar? - Serrei o olhar para a morena, me lembrando de Buck.

— Esse que vocês conhecerão, é o pior deles. - Ela responde com um sorriso malicioso e fazendo eu e Skye nos entre-olharmos preocupadas.

Mais alguns minutos se passam e com algumas identidades falsas que Skye criou, mais a quantidade exagerada de roupas das duas, passamos facilmente pelos guardas da estação de trem e pegamos um expresso para o norte da França.

— Temos muito tempo para pensarmos em algo juntas, serão quase 10 horas de viagem. - Kinessa olhava em um relógio.

— Eu...vou ficar um tempo sozinha tudo bem? Sabe, pra pensar um pouco. - Skye diz com uma mão atrás da cabeça.

— Tudo bem. - Respondi preocupada.

Ela se sentou em um banco de frente para mim, mas com mais 3 fileiras entre nós, tendo aproximadamente 7 metros de distância. Kinessa se sentou ao meu lado e parecia preocupada com a arroxeada que apenas encarava a neve pela janela.

— Vocês já se conheciam, não é? - Fico curiosa.

— Sim, a um bom tempo nos conhecemos em um bar na decadência de nossas vidas e acabamos trabalhando juntas por um tempo para conseguir dinheiro. - A morena fica com um sorriso nostálgico no rosto. Join

— Trabalharam juntas? - Levanto uma sombrancelha.

— Bom, "trabalhamos"! - Ela faz as aspas com as mãos. - Juntas conseguíamos facilmente arrancar dinheiro de qualquer idiota bêbado que aceitasse um jogo. Eu era boa em trapaças e ela em sedução. Éramos uma dupla perfeita e...bom...procuradas pela polícia local. - Ela completa rindo.

— Isso explica o como conseguiu tanto dinheiro naquele bar, mesmo que tivesse que beber tanto pra isso. - Digo pensativa.

— Beber não foi parte desse plano mas serviu de ajuda com outro. - Ela mordeu o lábio, me fazendo notar que falava de Cassie.

Eu a dou uma leve cotovelada e fazendo rir por notar que entendi o que ela queria dizer.

Minutos se passam e eu notava que a morena olhava para Skye com certa afeição, enquanto a arroxeada não tinha noção do que se passava em volta, perdida em seus próprios devaneios.

— Tá. Está meio que claro que você gosta dela. - Fui direto ao ponto serrando o olhar e aproximando meu rosto da morena.

— Ahn? Eu? - Ela cora imediatamente e vira o rosto.

— Me conte tudo. - Cruzo os braços, me viro de lado esticando minhas pernas sobre as suas e me encosto na janela fechada.

— Uma longa história. - Ela vira os olhos ainda corada.

— Tenho 10 horas para ouvir. - Olho para meu pulso como se houvesse um relógio.

Ela respira fundo vendo que não havia como ou ao menos porque esquivar disso e decide abrir o jogo.

— Digamos que...já fomos...manis que amigas. - Ela afirma me encarando ainda com vergonha e fazendo um indiscreto sorriso aparecer em meu rosto.

— Me fale...TUDO! - Fiquei ainda mais entusiasmada para ouvir a história.

— Nós nos conhecemos quando eu estava fugindo das Forças Unidas e ela atrás do irmão. Não era uma fase fácil para nenhuma de nós. Tudo começou quando eu tentava conseguir lucrar de um homem rico que estava visitando um bairro esquecido. Ninguém sabia o porque dele estar ali, mas diferente de todos, eu não me importava com o motivo, mas sim com o que ele carregava. Foi quando descobri que tinha mais alguém atrás dele.

— Vocês duas estavam atrás da mesma pessoa?

— Tínhamos intenções diferentes, mas sim, estávamos. Ele carregava uma maleta misteriosa e acabamos nos frustrando na primeira tentativa de ataque. Ele estava em um uma hospedaria e atacamos separadas, porém no mesmo momento e isso nos atrapalhou e ele conseguiu fugir.

— Isso deve ter sido cômico. - Uso certa ironia enquanto rio.

— A princípio tentamos nos matar nesse primeiro dia, mas cansamos em pouco tempo. Ela é uma boa lutadora e eu...enfim. Mas ao invés de nos odiarmos, acabamos nos conhecendo e descobrindo que tínhamos muita coisa em comum. E foi quando decidimos trabalhar juntas. - Ela também cruzou os braços.

— Você explicou, explicou, explicou e não explicou o que eu queria. - Serrei o olhar novamente a fazendo começar a suar, mesmo com todo esse frio.

— Ela seduzia, eu roubava. Era basicamente isso. Éramos ladras profissionais que atuavámos em algumas cidades próximas. - Ela tentou não olhar em meus olhos enquanto ainda suava.

— Se não quer contar não sou eu que vou implorar. - virei o rosto para o outro lado enquanto ela suspirou e revelou.

— Eu me apaixonei por ela. - A morena abaixa a cabeça enquanto meus olhos brilham.

— É disso que eu quero saber. Prossiga. - Falei com um enorme sorriso no rosto.

— Ela é linda e gentil e inteligente e... - Ela parou pra pensar mordendo um lábio.

— E? - Ainda estava curiosa.

— Detalhes desnecessários. - Ela corou e virou o rosto.

— Vocês ficaram juntas? - Me aproximo ainda mais curiosa.

— Por pouco tempo. No final de um dia que enganamos um empresário, bebemos mais do que deveria para comemorar e só demos conta do que aconteceu quando acordamos nuas na mesma cama de lençóis de ceda em um hotel de luxo na capital. - Ela completa com uma risada.

— Quanto tempo ficaram juntas? - Meus olhos brilhavam.

— O preço por nossas cabeças na Europa havia aumentado e a cada lugar que íamos, ficava mais difícil passar despercebidas. Foi quando decidimos que iríamos parar com isso quando abatermos nosso primeiro alvo.

— O homem da maleta?

— Sim. Seguimos seus passos e em 3 meses conseguimos o alcançar e conseguir nosso prêmio.

— O que tinha na maleta?

— Fizemos uma aposta para ver quem ficaria com ela. Eu disse que havia dinheiro na maleta e ela disse que havia uma arma. Quem acertasse ficaria com o espólio.

— Que tipo de arma era?

— Era uma... Espera, como sabe que era uma arma? - Ela me olha curiosa.

— Digamos que ela é claramente mais esperta e tem mais experiência com isso do que você. Coisa de espião sabe. - Falei dando de ombros.

— Muito motivacional. - Ela vira os olhos enquanto eu começo a rir.

— Continua a história. - Falei dando risada.

— Era uma sniper de elite a laser. Última geração de equipamento de guerra a 2 anos atrás.

— Ela deve ter vendido por um preço muito alto. - Fico pensativa.

— Na verdade, não. Ela me deu. - Ela responde voltando a olhar para a arroxeada ainda perdida em seu devaneio.

Nesse momento encaixo as peças sobre a sniper quebrada de Kinessa.

— Agora entendi o porque vi você chorando quando Aiyra a quebrou. - Sinto certo pesar na consciência por ter contribuído com isso.

— Eu não estava chorando. - Ela vira o rosto e cruza os braços. - Só posso transportar essa com uma mala de 35 kilos. - A morena suspira decepcionada.

— O que aconteceu depois que ganhou a sniper? - Pergunto ainda interessada na história.

— Ela tomou seu rumo com sua parte do dinheiro e...bom, fico feliz por ela ter conseguido seguir em frente. - Ela parece ter certo peso em seu coração.

— Como assim seguir em frente? - Pergunto também encarando a arroxeada, como ela.

— Ela conseguiu superar o que nós duas tivemos. Ela...seguiu em frente.

Ao notar sobre o que a morena estava falando, olho para ela e vejo que seus olhos queriam encher lágrimas, como se ela estivesse se segurando determinada a não chorar.

— Você...você não superou. - Compreendi pensativa vendo as peças que faltavam, se encaixarem.

Antes que ela dissesse qualquer coisa, eu a abraço para mostrar que entendo o que ela estava sentindo e não queria que ela se sentisse mal.

Mesmo de toda a inimizade e briga que tivéssemos, Kinessa já salvou minha vida e eu salvei a sua. Um vínculo inquebrável que levaremos até o fim de nossas vidas. Ela já havia mostrado que se importa comigo e eu deveria fazer o mesmo por ela.

— Obrigada. Eu...precisava disso. - Ela respira fundo e afaga meu cabelo retribuindo o abraço.

Quando volto meu olhar novamente para Skye, ela nos encarava com um olhar de dúvida. Caminhamos até ela e sentamos em sua frente.

— Não é o que parece. - Tentei explicar corada.

— Eu fiquei sabendo que vocês não se gostavam, mas não sabia que tinham mudado tanto. - A arroxeada da uma risada brincalhona com um leve ronco no final e põe a mão na boca.

Ao olhar para a morena que estava quieta, seus olhos brilhavam e quase começava a babar quando viu a arroxeada rindo.

— Acorda. - A dou uma cotovelada e reviro os olhos vendo em seguida ela balançando a cabeça e parando de babar.

— Tá se sentindo melhor? - A morena pergunta.

— Até que sim. Obrigada pela ajuda de vocês, sério. Mas eu...não volto pra casa sem ele. Se vocês decidirem voltar antes, eu entenderei. - Ela pareceu preocupada com nós e determinada a salvar Fernando.

Eu vi a morena engolindo em seco por notar que Skye estava determinada e não esperei que ela dissesse algo.

— Eu não vou voltar sem vocês duas. São minhas prioridades nesse momento. - Respondi de prontidão.

— Obrigada Evie. - A arroxeada da um suspiro aliviado e olha para Kinessa.

— Não volto sem vocês. - A morena responde com um sorriso. Um lindo e dolorido sorriso.

"Ai ai Kinessa, quem diria?" Penso comigo mesma.

— Ele está no Reino Unido não é? - A morena muda de assunto.

— Até onde sabemos, sim. - Skye Fica pensativa.

— Você acha que isso pode ter alguma ligação com...seu irmão? - A morena levanta uma sobrancelha e Skye parece empalidecer enquanto engole em seco.

— Eu...como eu...não pensei nisso. - Ela parece começar a suar.

— Irmão? - Sussurro curiosa para a morena.

— Desde que nos conhecemos, ela estava em uma missão de achar seu irmão e não sei se conseguiu. Mas pode ser que tenham alguma ligação. - A morena parece sincera com as únicas informações que sabe.

— Como ele é? - Tento imaginar.

— Como você. Talvez tão poderoso e instável quanto. Consegui encontrar ele a alguns meses, mas o perdi de vista quando foi para uma missão sozinho no Reino Unido. Ele me disse que precisava acertar as contas com alguém e desde então não tive mais informações. - A arroxeada continua preocupada.

— Eu acho que podemos encontrar eles quando conhecerem esse meu amigo. - A morena abre um pequeno sorriso.

— Quando você fala assim eu me preocupo. - Reviro os olhos e respiro fundo.

— Ainda mais por você dizer que ele é pior que o possível último que tentou te matar. - Skye da de ombros.

— Vocês acreditam em seres mágicos de contos de fadas ou coisas do gênero? - A morena pareceu curiosa.

— Bom, a algumas semanas eu lutei frente a frente com uma deusa! Acho que fadas ou ogros ou aranhas mágicas não serão tão surpreendentes. - Dou de ombros.

— Pior que isso. - Ela abre mais um sorriso peculiar.

— Kinessa, aonde está nos levando? - Skye parece se indignar.

— Um...ogro com patas de aranhas e asas de fada? - Tento imaginar fazendo Kinessa dar risada.

— Vocês estão para conhecer os maiores rivais dos dragões. Ou pelo menos o último deles até onde eu sei. - A morena mostra estar entusiasmada.

— Andrew derrotou o Dragão do Reino. - Skye da de ombros mais uma vez.

— Então...então foi ele? - Kinessa parece mais curiosa.

— Sim, foi quando nos reencontramos.

— Você lutou contra o dragão do reino e nem me contou. - A morena quase salta do banco.

— Dragão do Reino? - Pergunto sem entender.

— Um homem tão poderoso quanto você, mas misturou seu DNA com de um lagarto, o transformando em um dragão. Ele conseguiu atingir a forma máxima de poder que o corpo humano comum resiste. - Kinessa falou de forma animada, como se definisse o personagem de um jogo.

— A bruxa contra um dragão. Isso soa bem medieval. - Fico pensativa e imaginando. - Gostei da ideia.

— Andrew conseguiu o vencer, mas ele quase matou Fernando, que só sobreviveu por estar usando a Helios-01. - Skye respirou fundo.

— Espera, a mesma Helios-01 criada por Barik? - A morena quase não cabia em sí de tanta emoção.

— Essa mesma. Conhece? - A arroxeada levantou uma sombrancelha.

— Só falta me dizer que também o conheceu? - A morena sentou ao seu lado.

Skye me encarou sem saber o que dizer e sabemos que aquilo era um sim.

— Uau, esse cara é uma lenda pra mim! O maior engenheiro da Europa. Meu sonho é conhecer ele. - Os olhos de Kinessa brilhavam.

— Ele sumiu quando enfrentou o próprio protótipo e desde então foi dado como desaparecido. Muitos acham que ele está morto, mas ninguém sabe a verdade. - Skye explicou vendo o sorriso da morena desaparecer.

— Isso é...sério? - Kinessa parecia uma flor murchando.

— Me desculpa. - Skye pareceu ficar chateada em ver a morena assim.

Alguns segundos se passam e nós 3 bocejamos ao mesmo tempo.

— Que tal um cochilo? - Proponho para as duas enquanto me reclino no banco.

— Não é uma má ideia. - Skye responde e as duas fazem o mesmo.

Usei minha touca para cobrir os olhos e acabo por ouvir os som dos trilhos cada vez mais baixo até dormir de vez.

Minutos em silêncio se passam e de repente tudo se clareia. Vejo que estou novamente naquele lugar, com aquela roupa suja de sangue e dor nos punhos.

— Você denovo? - Pergunto olhando em volta.

Estava aonde tudo aconteceu, no maldito lugar que lutei contra Niara.

— Você tem certeza que a ama? Você viu o que fez a ela? - Disse uma suave voz se aproximando de meus ouvidos.

Ao olhar para o lado, vejo o corpo de Maeve caido ao chão, ensanguentada como no dia que lutamos.

— O que você quer de mim? - Digo começando a me desesperar.

Já são duas semanas que esse mesmo pesadelo me assombra todas as vezes que tento dormir.

Como as nas últimas vezes que estive ali psicologicamente, ela apareceu novamente na minha frente.

Ela era idêntica a mim, a não ser pelo cabelo totalmente branco e solto, os olhos azuis completamente brilhantes, um vestido branco com bordas em azul claro e descalça. Eu nunca tive coragem de contar aos outros, mas também tinha contato com minha segunda alma e apenas a conhecia como Rainha de Gelo.

— Eu já superei isso. Ela já me perdoou. Agora vá embora e me deixe em paz. - Grito de frente para ela.

— Ela já te perdoou, mas e você? Já se perdoou? - Ao ouvir acabei engolindo em seco. - Está mentindo pra quem dessa vez? Pra mim ou pra você mesma? - Ela me lança um sorriso.

— Por favor, me deixe em paz. - Fecho os olhos e tento imaginar qualquer outra coisa que me tirasse dali.

— Sua varinha está cada dia mais fraca e não vai resistir muito mais tempo. Quando pretende contar a verdade para elas? - Ela põe as mãos sobre meus ombros e quando abro os olhos estou em uma imensa escuridão.

— Elas não precisam saber disso. Você nunca vai assumir meu corpo. Sou poderosa demais para você me controlar. - Tento a intimidar, a procurando em volta.

— Aé? Então por que continua a usando? Eu notei que desde sua batalha com a deusa, seu medo ficou maior e desde então tem levado a varinha para todos os lados, mas dessa vez...dessa vez vai ser diferente. Você sabe que estou próxima de assumir seu corpo.

— Não, você não pode. Você sabe que só pode assumir meu corpo caso eu esteja longe da varinha e perdesse o controle dos poderes.

Ela se materializa como neve em minha frente e me encara furiosa.

— Você não poderá se defender pra sempre. Eu vou sair daqui e quando eu sair, vai se arrepender por cada minuto que usou de meus poderes. - Caminhou em minha direção conseguindo me intimidar.

— Você não vai sair daí e são meus, meus poderes agora! - Tentei a intimidar da mesma forma, mas falhei.

— NÃO. Eu sou Katherine, a lendária Rainha de Gelo e esses poderes são meus. Eu sou mais poderosa que qualquer Deus que você ousar enfrentar. - Ela da ênfase criando uma floresta congelada em volta.

Noto vários animais também congelados e outros caídos ao chão mortos. Tudo era branco e brilhante, sem contar o frio. Ela era a única coisa que conseguia fazer eu sentir frio.

— Agora me diga. Sem mim, você é o que? - Ela põe o dedo em meu nariz.

— Eu...eu...

— Não...é...nada - Cochichou pausadamente. - Sem mim você não passa de uma garota mimada e rabugenta. Entendeu? - Ela completa e tudo desaparece novamente.

— Você não vai...

— Chega de mentiras Evelynn. Os dias estão passando, Tique taque. Quando você menos esperar, eu serei livre! Esteja preparada. - Ela disse e o silêncio se estabeleceu.

Lá estava eu. Caída de joelhos na escuridão total enquanto chorava sem saber o que fazer ou dizer. Estava sozinha em minha mente e mesmo acordada não queria falar a verdade sobre minha segunda alma e minha varinha para as pessoas que mais me importo.

Seria egoísmo ou precaução de mantê-los longe de qualquer perigo que eu possa causar? Será que sou realmente tão fraca assim? Não consigo falar a verdade por medo do que irão achar de mim? Eu tenho um monstro dentro de mim e sou tão covarde. Não sei o que devo fazer. Eu...

— Ei. Acordla, garota. - Ouvi a voz de Kinessa me chamando e acordo em um pulo assustada.

— O que? - Descubro meus olhos e respiro ofegante. Noto que estava suada e com falta de ar.

— Não sei com o que você sonhou, mas não parecia bom. Acordei assustada com você gemendo e se balançando. Quando olhei, você suava como um atleta. - A morena coloca as costas da mão em minha testa como se fosse medir minha temperatura.

— Não foi nada. Só não tenho dormido muito bem ultimamente. - Explico virando o rosto e o cobrindo com a touca novamente com vergonha.

— Eu imagino o motivo. - Ela me olha compreensiva.

Eu apenas a ignoro e espero ela notar que não é o assunto mais agradável no momento.

— Se não quiser falar sobre, tudo bem. Mas caso queira alguém pra se abrir, sei lá. Podemos conversar quando você quiser. Quero ver você bem. - Ela me dá um leve soco no ombro e um sorriso sincero.

— Obrigada Kin. - Digo respirando fundo e descobrindo o rosto novamente.

Skye ainda dormia e conseguia descansar bem. A claridade enfraquecida do fim de tarde e as sombras de árvores passavam por seu rosto. Kinessa encarava a arroxeada com as bochechas vermelhas e um discreto sorriso.

— Você tá bem? - Pergunto levantando uma sombrancelha.

— Ela é...linda. - Ela fala com calma aparentemente sem notar.

— Evie para Kinessa, responda. - Passei a mão em frente aos seus olhos.

— Droga. Finge que isso não aconteceu. - Ela coloca a mão no rosto em reprovação e eu dou uma risada por achar isso fofo.

Minutos em silêncio se passam e eu acabo por perceber.

— Quanto tempo dormi? - Pergunto procurando um relógio.

— Agora são quase 5 horas da tarde. Você dormiu aproximadamente 6 horas. - Ela respondeu levantando uma sombrancelha.

— Atenção senhores viajantes. Vocês chegarão ao seu destino em aproximadamente 1 hora. - Disse uma voz no auto falante.

— Então só pra recapitular, vamos conhecer seu misterioso amigo que é o último de uma espécie que são os maiores inimigos dos dragões, certo? - Tento compreender.

— Exatamente. - A morena assente.

— E como ele vai nos ajudar? - Fico confusa.

— Ele é um engenheiro incrível. Vocês entenderão bem quando o conhecer. - Ela cruza os braços.

— E...que espécie é essa dele?

— Vocês estão para conhecer o último goblim da Europa. - Ela responde com convicção e me deixando mais curiosa ainda sobre como ele seria.


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