Unchained escrita por LouisPhellyppe


Capítulo 46
- 16º




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Duas semanas se passaram após o confronto com as deusas. Nada foi um mar de rosas após isso, mas o simples fato de termos uns aos outros, ajudou muito a seguirmos a diante.

A Legião derrotou a maior elite das Forças Unidas e foi questão de poucos dias para assumir os outros países e tirar as Forças do jogo. A Legião finalmente manda na Europa, sob o comando de um ex agente, agora conhecido como General Zhin.

Mesmo com Karol ainda desaparecida, Tony e Amy estavam se esforçando para ver o lado bom das coisas, Maeve por pouco estava viva e conseguimos um lugar para morar temporariamente.

A maioria de nós ficamos sem nossas armas. A espada de Tony foi despedaçada sobrando apenas o cabo, a sniper de Kinessa foi quebrada igual o arco de Cassie e a âncora de Makoa. As únicas que não tiveram muitos danos foram a lente de Ying e a varinha de gelo.

Skye teve a permissão de seu sogro e por enquanto estamos morando na grande mansão de Fernando. Era claramente notável a tristeza pelo namorado ainda não ter voltado de sua secreta missão, qual nem ela mesma sabe sobre o que se passa.

Emily ficou um pouco amargurada após a partida da melhor amiga, mas começou a se dar bem com Kinessa, que era a pessoa mais animada de nós todos.

A morena estava tão preocupada como todos nós, mas não deixava isso visível, mostrando estar animada, para nos incentivar a ficar da mesma forma.

Cassie e Ying acabaram virando boas amigas e descobriram que tem muito mais gostos em comum do que imaginavam, como natureza e culinária. Sem contar que Cassie também trouxe Zigs, sua rara águia vermelha e fiel companheira.

Amy dispensou Makoa por ter cumprido seu acordo. Por fim ele se despediu e seguiu seu caminho.

Pip passava a maior parte do tempo pesquisando e testando fórmulas para o antídoto de Sha Lin e mais alguns experimentos sem cobaias, que ele mesmo não nos explicou sobre. O resto do tempo dedicava a nos conhecer um pouco melhor e ser paparicado por Kinessa que admitiu ser apaixonada por raposas.

Karoline, Ash, Mal'Damba e Lex ainda estavam desaparecidos e não tínhamos nenhuma dica sobre o paradeiro.

Maeve teve boa parte de seus ossos fraturados. Poucos ferimentos internos e muitos externos. Cortes e hemotomas por todo o corpo, sem contar seu orgulho ferido por lutar tanto e ser derrotada dessa forma.

Agradeço a Jess ou...Aiyra por ter tê-la mantido viva. Com a energia restante, ela conseguiu se recuperar melhor e seus poderes ajudaram na regeneração. Mesmo que ela ainda não esteja em 100%, ao menos está consciente, consegue falar e comer.

Como todos, ainda estou lidando com essas dificuldades e talvez demore muito pra que eu possa começar aceitar.

Espanha - 25 de Janeiro de 2023 - 5:00pm

— Doutora, como ela está? - Perguntei um pouco receosa para Ying que deixava o quarto em que Maeve estava.

— Está evoluindo bastante. Mas estou começando a ficar preocupada. O fato dessa derrota ter ferido seu orgulho, pode ser que ela queira ir atrás de Aiyra para resgatar Jess ou outras coisas. - Ying parece se preocupar.

— Eu vou conversar com ela. - Digo pensativa enquanto a médica me da um abraço e desce as escadas.

Eu bato na porta e em seguida entro.

— Maeve? - Digo fechando a porta e a vendo sentada na cama olhando a janela.

Ela vestia apenas uma camiseta azul claro e um shortinho da mesma cor. De longe era visível seu braço esquerdo engessado e o outro completamente enfaixado igual sua perna esquerda.

Já eu vestia apenas um camisola, shortinho preto e meias que passavam do joelho listradas de branco e rosa. Dessa vez com o cabelo solto.

— Como está se sentindo? - Me aproximo enquanto o silêncio era ensurdecedor, não conseguindo ouvir os meus próprios passos.

— A mesma coisa. - Ela responde em um suspiro ainda sem tirar os olhos da neve que caia pela janela.

— Você tá com fome? Posso buscar algo pra você. - Digo me virando novamente.

— Não. - Ela segura meu braço e olha em meus olhos serenamente. - Fica aqui comigo. - Deita na cama me puxando para o lado.

Deito do seu lado e ajudo a se cobrir, ao ver que ainda sente muita dificuldade para se mover.

— Consegue respirar melhor pelo menos? - Pergunto preocupada enquanto me cubro e fico frente a frente segurando suas mãos quentes.

— Um pouco. Pra quem fraturou 8 costelas, estou até que bem. - Ela responde fechando os olhos como se fosse dormir um pouco mais.

Nessas duas semanas, essa é a primeira vez que posso deitar ao seu lado sem me sentir mal por a ver machucada. Tive pesadelos todas as noites em que ela sentia completa dor no corpo, simplesmente por saber que eu fiz isso com ela. Foi necessário, mas ainda sim me sinto culpada.

— Evelynn... - Ela diz e para pra bocejar. - ...eu te amo. - Ela completa entrelaçando suas pernas nas minhas e colocando seus pés sobre os meus, como ela sabia que eu gostava.

— Eu também te amo, meu anjo rosa. - Respondo feliz e dou um beijo em sua testa. Noto que ela acaba por adormecer rapidamente e aproveito para fazer o mesmo é aproveitar o tempo ao seu lado. Estava feliz por estar ali.

~ Enquanto isso ~

— Ninguém pode vencer da mestra. Passem essas belezinhas pra cá. - Kinessa deu uma gargalhada maléfica enquanto puxava o cabo da espada quebrada de Tony e um pote de biscoitos.

— Isso é injusto, você trapaceou. - Reclamou Emily olhando as cartas sobre a mesa.

— Minha mão tava perfeita, como você ainda ganhou? - Tony olhava suas cartas e as sobre a mesa.

— Quando se mora um bom tempo na rua, precisa de uma forma fácil para ganhar dinheiro. Nada melhor do que um bom jogo de poker. - A morena se vangloria e manda uma piscadela para os dois.

— Se você sabia que ia ganhar, por que não apostou sua sniper...quer dizer, o que sobrou dela? - O albino cruzou os braços.

— Mesmo quebrada, ela tem um valor sentimental imensurável. - A morena põe a mão na nuca com um sorriso sem graça.

— Trapaceira. - Emily serrou o olhar.

— Garçonete, mais uma rodada de biscoitos. - A morena olha de cima a baixo para Cassie que vestia um avental rosa com flores verdes.

— Garçonete? - A ruiva se aproxima serrando o olhar.

— Já te falei que você fica maravilhosa nesse avental? - A morena provoca mordendo os lábios.

— Aé? - A ruiva coloca uma bandeja de biscoitos sobre a mesa em que os 4 estavam.

Ela vestia uma roupa simples e casual, como um conjunto de moletom vermelho e chinelos parecidos com pantufas, como se tivesse acabado de acordar. Mas como sempre, seu longo cabelo continuava impecavelmente arrumado.

— Quer ficar com ele? - A ruiva pergunta levantando uma sombrancelha enquanto tentava desamarrar o avental.

— Com o avental ou você? - A morena manda uma piscadela agora para a ruiva que cora violentamente enquanto Emily cai na risada.

— Tarada! Sem biscoitos pra você. - A ruiva puxa a bandeja para perto de Emily que ri agora de Kinessa.

— Não é justo. Eu ganhei a...

— Chegamos. - Disse Amy abrindo enorme porta de entrada enquanto o pessoal do outro lado do corredor sente o vento frio entrando.

— Uhul, trouxeram o que eu pedi? - Kinessa levanta ansiosa.

Ela também vestia roupas casuais e se mantinha enrolada em um cobertor branco, mais parecendo com um fantasma se arrastando. E ninguém conseguia a levar a sério enquanto ela usava as pantufas rosas que Emily a obrigou a usar.

— Tro...trou...ATCHOO. - Disse Pip com seu pelo brilhando pela neve.

— Own, meu raposinho ta ficando resfriadinho. - Kinessa faz beicinho, o envolvendo em seu cobertor, para o esquentar.

— Isso é meio...constrangedor. - Ele diz tentando se mexer enquanto era apertado.

— Medicamentos, coisas químicas das qual eu não entendo e claro, os bolinhos da Kinessa. Confere. - Amy risca em uma lista. A albina parecia um esquimó pela quantidade de roupas e seu nariz vermelho.

Que friaca! - Skye reclama, mesmo estando com mais roupas que Amy.

Elas começam a tirar as roupas extras e sentam nos sofás e poltronas perto da lareira.

— Vou para os fundos. Preciso cuidar de Lin. - Pip diz segurando os itens comprados.

— Tudo bem. - Kinessa assentiu.

— Mas...poderia me soltar? - Ele pergunta constrangido.

— Ah, claro. Me desculpe. - Ela abre a coberta e ele sai envergonhado em direção ao corredor.

— 16° negativos. - Amy suspirou.

— Evie adora assistir a neve nessa época. - Cassie diz pensativa enquanto sentada.

— Falando nisso, cadê ela? - Skye pergunta levantando uma sombrancelha.

— Decidiu ficar um pouco lá em cima com a Maeve. - A ruiva respondeu e todos ficaram em silêncio. O único som que se ouvia durante esses segundos eram dos estalos do fogo na lareira e Cassie ansiosa batendo as pantufas na sola do pé sem parar.

Ying vem pelo corredor em silêncio e nos vê encarando a lareira.

— Está tudo...bem? - Ela pergunta confusa e em seguida senta ao nosso lado.

Por mais conveniente que fosse, todos respondemos com um suspiro em uníssono, fazendo ela entender o que passava em nossas cabeças.

— Hoje faz 2 semanas do desaparecimento de Karol. - Tony segurou a mão da irmã.

— Como ela é? - Skye perguntou cruzando as pernas.

Essas duas semanas foram boas pra ela conhecer a todos ali, até mesmo Kinessa, que já havia conhecido a um tempo em outras situações.

— Forte e determinada. - Tony falou sorrindo.

— É poderosa e inteligente. - Amy completa e o silêncio volta a se estabelecer.

— Você não nos explicou sobre Fernando. - Cassie perguntou levantando uma sombrancelha.

Todos estranharam o fato de Skye virar o rosto ao ouvir sobre ele.

— Ele foi em algum tipo de missão e deixou apenas um aviso em escrito. Bolt foi junto dele e estou começando a ficar louca. - Ela diz encolhendo as pernas em cima do sofá e quase arrancando os próprios cabelos.

— Calma, minha flor. Nós podemos resolver isso. - Disse Kinessa se sentando ao lado da arroxeada. - Você precisa relaxar. - Ela abre um sugestivo sorriso.

Todos a olham levantando a sombrancelha com medo do que planejava.

— Thomas, trás aquela. - Ela grita para o mordomo que estava na cozinha.

Ele vem para a sala segurando uma bandeja com várias xícaras, uma pra cada um.

— Chocolate quente? - Emily pergunta tentando sentir o cheiro que exalava das xícaras.

— Melhor que isso. - Ela pega a primeira. - Chocolate quente com uma receita criada por mim. - Ela levanta para brindar enquanto os outros ainda vão pegando as xícaras.

— E...qual a diferença? - Cassie pergunta mexendo a xícara com um olhar curioso.

— Tem um ingrediente especial que consegui no mercado negro. - A morena completa dando uma piscadela para o mordomo que respondeu com um jóia apático.

— Eu não vou tomar isso. - Emily reclama colocando a xícara de volta na bandeja.

— É claro que a garotinha de 10 anos não vai. Deve ser muito pra ela. - A morena provoca sabendo o efeito que teria na baixinha.

— Me dá isso aqui. - Ela pega a xícara de volta e bebe tudo de uma vez enquanto todos a encaram, mas logo em seguida começa a tossir e seu rosto fica completamente vermelho.

— Você é maluca? Isso tava fervendo. - Kinessa corre até ela e abana com a mão o rosto da pequena.

— Você...me paga. - A baixinha a manda um olhar mortal que a deixa com vontade de rir.

— O que achou? - A morena a encarou com um sorriso curioso.

A pequena começa a degustar e parece pensativa e de repente arregala os olhos.

— Isso...isso é maravilhoso. - Ela sussurra estupefata.

— Você não está...nos drogando, certo? - Tony pergunta mexendo a xícara.

— Claro que não, deixem de ser medrosos. É só um leite com chocolate mais gostoso. - A morena fica emburrada.

— Saúde. - Cassie levanta a xícara e em seguida bebe tudo.

— Eai? - Kinessa se reclina e cruza os braços.

— Eu...eu quero mais. O que tem nessa coisa? - Cassie parece totalmente surpresa.

Todos que ainda não tomaram se entre-olharam e deram de ombros juntos enquanto tomavam.

— Esse chocolate é feito de um raro cacau africano. Vocês tem sorte que eu tenho meus contatos. - A morena se gaba cruzando as pernas e colocando as mãos atrás da cabeça.

— Makoa é seu contato. - Amy murmura virando o rosto e cobrindo a boca.

— Sem graça. - Kinessa serra o olhar fazendo todos rir.

O dia passou muito de pressa, talvez por causa do frio. Eu acabei não notando por ter caído no sono e só estar acordando por ter meu braço completamente dormente enquanto a rosada estava na minha frente de conchinha e puxando minhas duas mãos como se estivessem a cobrindo.

Consigo levantar sem a acordar e vou até o banheiro. Ao ligar a luz e me olhar no espelho por pouco não me espanto, mas minhas olheiras não negavam o quão mal tenho dormido esses dias.

Por estar com fome decidi ir até a cozinha e ao descer as escadas noto um relógio de parede que apontava 1:30 AM. Eu dormi muito mais do que esperava, talvez precisasse de mais momentos assim.

Ao chegar no corredor, noto que havia alguém na sala e por curiosidade estico o pescoço sem sair dali para ver.

Vejo apenas a silhueta pelas labaredas da lareira, mas não consigo reconhecer quem fosse.

— Hm, oi? - Digo me aproximando em passos leves para não a assustar.

— Evie? - Skye se vira surpresa enquanto seca as lágrimas.

— Skye? O que houve? - Me preocupo e vou até ela.

— Não foi nada. - Ela se levanta e eu seguro seu ombro a fazendo sentar novamente.

— Claro que foi algo. Você não choraria por nada. - Disse como se soubesse alguma coisa sobre a arroxeada.

Ela engole o choro, vira o rosto e cruza as pernas em cima do sofá. Noto um celular em sua mão, o que me deixa pensando se ela continuava ligando para Fernando como a semana inteira.

— Ele ainda não atendeu? - Pergunto entendendo sua preocupação.

— Não. - Ela respira fundo e apoia a cabeça nos braços.

— Desde então não tem nenhuma notícia?

— Nada. Aquele idiota. - Ela volta a chorar em silêncio e começa a puxar os próprios cabelos.

— Já falei pra parar com isso. - Kinessa chega de surpresa nos assustando e segurando as mãos de Skye.

— O que você... - Skye começou.

— Eu venho observando você durante esses dias. Como uma boa espiã eu não sei como não notou. - A morena se senta ao nosso lado e ficamos as 3 uma de frente pras outras.

— Eu não tô com cabeça pra isso ultimamente. Eu me enfraqueci demais. - Ela levanta a cabeça respirando fundo e novamente engolindo o choro enquanto seca as lágrimas.

— Ele é sua fraqueza. - Concluí por notar seu estado.

— Eu sempre fui forte e auto-suficiente. Eu fui treinada para ser a arma perfeita, lutar, atirar, caçar, enganar e matar, mas nunca amar! - Ela afirma pensativa. - Quando conheci Maeve e vi o como ela lutava por Fernando, comecei a acreditar que se lutasse por quem amo, eu seria mais forte.

— Mas isso é verdade. Desde que...bom...me apaixonei por ela, alcancei níveis de poderes que nem imaginava que tinha. O amor te faz mais forte. - Afirmo tentando a encorajar.

— Não comigo! Eu não entendo, desde que ele partiu sem mim pra essa missão, eu não sou a mesma, como se ele tivesse levado toda minha coragem e minha força. Eu fiquei fraca e vulnerável. - Sinto a tristeza em sua voz.

— Ele é seu ponto forte. Enquanto lutar por ele, irá superar cada vez mais suas barreiras, como eu fiz. - Digo sorrindo.

— Não precisa ter medo quando nos tem por perto. Vocês se tornaram como irmãs pra mim e eu lutaria por vocês com minha vida. - Kinessa completa nos deixando com um sorriso no rosto.

— Obrigado garotas. Eu realmente precisava desabafar e de...um pouco de apoio. - Skye põe a franja pra trás e sorri para nós.

— Agora um chocolate especial e vamos para as camas, princesas. - Kinessa se levanta em direção a cozinha.

— Sabe Evie, como você descobriu que...

— Gostava de garotas? - Completo pensando se era isso que ela queria dizer.

— Eu ia dizer da Maeve, mas isso também serve. - Ela completa e se arruma no sofá para ouvir a história.

— Ela é realmente a primeira pessoa por quem eu sinto esse tipo de amor. Comecei a perceber quando contei sobre meus poderes para ela e ela sorriu pra mim. Todos que ouviam essa história ficavam com medo, mas ela foi diferente. Ela achou meus poderes...legais. - Falei com certa nostalgia.

— Ela é uma pessoa incrível, não é? - Ela abre um pequeno sorriso.

— Totalmente incrível. - Falei com certa timidez.

— Aqui está. Receita secreta. - Kinessa volta com uma bandeja e 3 xícaras.

— Devo confiar em você? - Pergunto com certa preocupação olhando para a xícara.

— Deixa de ser chata. - A morena reclama.

— Isso aqui é ótimo. - Skye toma um gole enquanto me encara.

— Vamos em frente. - Murmuro antes de entornar a xícara.

As nuvens se abriam enquanto um lindo arco-íris se formava e os unicórnios voavam formando um lindo coração. Bom, pelo menos foi isso o que senti, por que quando cai na realidade notei Kinessa segurando meu corpo e Skye me abanando com as mãos.

— Que calor é esse? - Levanto e noto estar suando.

— Por que isso aconteceu? - Skye pergunta preocupada.

— Porque não disse antes que ela é chocolatra? - A morena deu de ombros com um sorriso sem graça.

— Eu...eu estou bem e isso...é maravilhoso. - Respondo com água na boca.

— Tenho que admitir que essa semente não é nada barata. - Kinessa respira fundo e se encosta no sofá junto de Skye e eu vou para a poltrona.

Alguns segundos e silêncio se passam e ouço um toque de telefone vindo de trás de mim e as duas me olham surpresas.

Enfio a mão atrás da almofada e puxo o celular de Skye que tocava e vibrava. Ao olhar de quem era a ligação, sinto certo pesar no coração.

— Quem é? - Ela pergunta se desesperando.

— É ele. - Entrego seu aparelho e seguro na mão de Kinessa, puxando para deixar a garota a sós.

— É o Fernando? - A morena pergunta surpresa.

— Sim, agora vamos esperar alguma notícia. - Cruzo os braços preocupada.

— Como a rosinha tá? - A morena pergunta e se encosta para quebrar o gelo.

— É notável que está melhor. Mas ainda muito quieta. Não sei se ela está conseguindo aceitar essa história de termos perdido.

Ao olhar para Skye e ver se já havia encerrado, noto ela soltando o celular e caindo de joelhos no chão.

— Droga. - A morena diz enquanto vamos para cima da arroxeada que parecia em prantos.

A levantamos e colocamos sentada na poltrona aguardando ela dizer qualquer coisa, mas conseguia notar apenas ela em estado catatônico enquanto as lágrimas caiam aos montes de seus olhos.

— Droga Skye precisamos saber, ele está bem ou não? - Perguntei enquanto a sacudia sem ter uma resposta. - Faz alguma coisa. - Olho indignada para Kinessa que tentava ouvir algo da ligação.

— A chamada foi perdida. - Kinessa vira para nós.

— E ai, como ela cai na real? - Pergunto colocando a mão na cabeça para pensar em algo.

— Posso tentar. - A morena da de ombros e se aproxima de Skye a dando um leve beijo.

— Você só sabe abusar das pessoas, por acaso? - Fico indignada.

— Sei lá, isso costuma funcionar. - Ela da de ombros mais uma vez e de repente é surpreendida por um tapa no rosto.

Skye que acordava de seu estado catatônico, nos olhou assustada e começou a secar as lágrimas na manga de sua blusa.

— Boa! Príncipe encantado. - Caçoei da morena que fez cara de choro com a mão no rosto.

— Desculpe. Força do hábito. - A arroxeada passa a mão no rosto da morena.

— Então, o que houve? - Pergunto ansiosa e sentando em outro sofá.

— Não era ele. Ouvi apenas uma voz desesperada dizendo que eles estão no Reino Unido e em seguida ouvi um tiro e tudo ficou em silêncio. - Ela se levanta em direção a lareira.

— Eles quem? Fernando tá com mais alguém? - Kinessa a segue.

— Eu não sei. Ele não me disse nada. - Ela respondeu passando a mão sobre a parede.

— O que vai fazer? - Pergunto curiosa e preocupada ao mesmo tempo.

— Vou ser forte. Vou salva-lo. - Ela responde de prontidão e aperta o tijolo secreto, que abriu o arsenal de Fernando.

Ao ouvirmos o estalar da porta ao lado da lareira, eu e Kinessa nos entre-olhamos curiosas.

Quando nós 3 entramos, era uma pequena sala com isolamento sonoro, mas ao mesmo tempo parecia um freezer pelo chão de chapas de aço. Ouvimos apenas os passos descalços de Skye, a pantufa de coelhinhos de Kinessa e minhas meias arrastando.

Uma luz se acende e quase nos cegamos com tal claridade e ao olhar em volta nos assustamos com a quantidade e diversidade de armas.

— Isso é... - Comecei.

— ...o paraíso. - Kinessa sorriu com os olhos brilhando.

— Esse é arsenal dele. - Skye diz indo até um pequeno cofre no fim da sala.

— Olha garota, você namora um cara incrível. - Kinessa pega uma grande sniper em sua mão e quase caí no chão com o peso.

A arroxeada coloca uma senha no pequeno cofre e o abre, retirando uma besta de pulso cromada e com 4 lâminas embaixo. Em seguida pega um aparelho parecido com outro celular.

— O que é isso? - Pergunto olhando para o aparelho.

— Bolt está com ele, então posso usar esse rastreador. - Ela completa colocando os itens em cima da mesa.

— Então...você vai mesmo? - Fico preocupada.

— Ele precisa de mim. - Ela responde determinada.

— Não vai sozinha! - Kinessa coloca uma sniper idêntica a sua sobre a mesa. Apenas não tinha o mesmo cano retrátil e a carga a laser, que era atributos especiais.

A morena pega alguns cartuchos de munição e coloca ao lado da arma, completamente sorridente.

— Eu vou junto! E você? - A morena me olha.

Noto que as duas me olhavam esperando que eu escolhesse o que levar.

— Eu...eu não sei se vou com vocês. - Respondo duvidosa.

— Nós...vamos precisar de você Evie. Você é a mais poderosa de nós três. - Skye murmura coçando a cabeça. - Mas...sim...Maeve está precisando de cuidados e sem você por perto, então você deveria...

— Eu vou. - Coloco a mão em seu ombro.

— Tem certeza? - Ela me olha preocupada.

— Sim. Eu vou...me arrumar. - Digo abrindo a porta, voltando para a sala de estar junto das duas.

A lareira havia se apagado e a sala ficou na completa escuridão.

— Vamos deixar as coisas aqui e nos arrumar. - Kinessa sussurrou.

— Se arrumar para? - Ouço uma voz que me arrepiou em um susto.

Um abajur se acende e Maeve estava sentada em uma poltrona segurando o celular de Skye e uma cara de poucos amigos.

— Abortar. - Kinessa sussurrou para nós duas com a mão na frente do rosto.

— Boa noite garotas. - A rosada diz sem mudar a expressão.

— Maeve, Fernando foi capturado. - Skye abre o jogo.

Incrível o como ela não se surpreendeu com a notícia e continuou apática da mesma forma.

— Eu imaginei isso. - Ela sussurra e aparenta pensar em algo. - Eu vou com vocês.

— Não vai não. - Eu digo assim que ela tenta levantar.

— Por quê? - Ela aparenta ter esquecido de todos seus machucados.

— Você pergunta por quê? Você está com 8 costelas e um braço quebrado. Tem machucados por todo o corpo. - Kinessa responde indignada e a fazendo cair na real. Realmente ela não tinha condições.

— Maeve, eu preciso delas. Você promete se cuidar? - Skye ajoelha e pega em suas mãos olhando diretamente nos seus olhos.

A rosada vira o olhar para mim e me deixa com certo pesar no coração. Era aquele olhar de cachorrinho sem dono, por qual me apaixonei a semanas atrás.

Sem dizer nada, ela se levanta da poltrona e vem em minha direção, me abraçando em seguida.

— Vocês duas são muito importante para mim! Por favor, não deixe nada de perigoso acontecer e corram o menor risco possível. Sempre que precisarem, entrem em contato comigo. - Ela devolve o celular de Skye.

— Não conte para ninguém. - Skye pega o aparelho e olha ainda preocupada em seus olhos.

— Farei o possível. - Ela assente com a cabeça. - Assim que o encontrar, me avise. Preciso saber se ele e vocês estão bem, certo? - Ela puxa nós 3 e nos abraça de uma vez.

— Tudo bem mamãe. - Kinessa responde dando uma risadinha.

— Sairemos em 5 horas. Aproveitem para descansar, garotas. - Skye abraça nós 3 da mesma forma e segue pelo corredor.

— Não durmam tarde demais. - Kinessa passa a mão pelos cabelos da rosada e segue o mesmo caminho.

— Você tem certeza que eu posso ir? Caso ache melhor que eu fique com você. - Digo preocupada.

— Eu vou ficar bem e confio que você também vai ficar. - Ela me abraça. - Você é a pessoa mais forte que conheço. - Ela completa com uma doce voz que amolece meu coração.

— Você é maravilhosa. - Falo automaticamente. Na verdade era apenas o que o meu coração dizia naquele momento.

— Vamos, tenho algo pra te mostrar. - Ela sorri e me puxa aparentando ansiosa para o corredor.

Subimos a escada correndo e ao entramos no quarto totalmente escuro, ela tranca a porta e vai até a janela.

— Tãdã. - Ela abre as cortinas e vejo o vidro da janela embaçado por conta do quarto estar abafado e marcas de dedo que formava um estranho desenho de uma garota parecida comigo. O mais fofo de tudo era parecer ter sido desenhado por uma criança de 8 anos.

— Uau, ficou lindo. - Digo tentando não desfazer de sua surpresa.

— Não me trate como criança. Eu não sou uma artista como você. - Ela vira emburrada e tentando cruzar os braços, sendo impedida pelo gesso.

— Você fica fofa com esse biquinho. - Tento a provocar a abraçando por trás.

Mas me surpreendendo, ela me empurra na cama e eu caio deitada sem entender, enquanto caminha em minha direção.

Devagar ela sobe sobre meu corpo e mais devagar ainda, começa a passar a boca pelo meu pescoço, me arrepiando completamente.

— O...o que você... - Tento sussurrar sentindo minha voz falhando.

— Shhh. - Ela continua com a boca em meu pescoço e subindo.

Em seguida coloca a mão esquerda em minha bochecha e aproxima seu rosto ainda lentamente e me da um longo e devagar beijo. O fato de estar sendo devagar, fazia eu aproveitar muito mais aquilo e querer mais a cada segundo.

Dessa vez a minha boca estava quente enquanto a sua estava fria e esse contraste acelerava meu coração a cada segundo que isso durava.

Sinto sua mão subindo por minhas coxas e me lembro que por baixo do camisola usava apenas uma lingerie, que não foi nenhum desafio para que a rosada tirasse a parte de baixo antes que eu percebesse.

— O que você vai fazer? - Sinto meu rosto corando violentamente de vergonha. Não é a primeira vez que chegavamos a tal ponto, mas dessa vez ela que me pegou de surpresa.

Ela chegou perto do meu ouvido. - Só tem um tipo de som que quero ouvir da sua boca essa noite. - Ela sussurra com uma cara maliciosa, que só consigo notar pelo brilho de seus olhos e a luz da noite, vinda pela janela.

Em seguida volta a beijar meu pescoço e vai descendo pelo meu corpo.

A rosada pode ser um tanto ingênua, mas aprende rápido. Talvez essa poderia ser a noite que ela fosse me mostrar tudo o que sabe, então será o tempo perfeito para relaxar...juntas.


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