Unchained escrita por LouisPhellyppe


Capítulo 30
Peculiar Children




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Parecia tudo ser feito de madeira, mas estavam em bom estados. Quem morava ali, cuidava bem do local.

Ao chegarmos ao 4° andar ele bate em uma porta. - Sou eu, estou com mais pessoas, são amigos. - Ele diz enquanto espera alguém abrir.

Uma criança abre a porta e o encara. - Já era hora! - Disse uma linda menina loira dos olhos azuis. Parecia ter 10 anos de idade e metade da minha altura. Usava um vestido amarelo não muito longo, uma meia calça listrada de branco e rosa e uma bota marrom que ia até o joelho.

— Oi pra você também, Emily. - Ele responde virando os olhos.

Em seguida uma mulher bem jovem de jaleco aparece na porta. Acho curioso ela ter orelhas pontudas.

— Finalmente chegou. - Ela diz parecendo aliviada.

— Desculpem a demora, essas garotas precisavam de ajuda. Eu sei que faz muito tempo que não temos visitantes, mas eu acho que elas também podem nos ajudar. - Ele diz para ela, aparentemente preocupado com qual seria seu veredito.

— Confio em você Tony. Consigo notar que uma delas está com a energia muito baixa. - Ela olha para Evie que ainda estava se apoiando em mim e com dificuldades para respirar.

— Elas são Jess, Maeve e Evie. - Ele nos aponta para ela. - Garotas, essa é a doutora Ying. Ela pode ajudar Evie a se recuperar.

— Ainda bem! - Eu suspiro baixo um pouco aliviada.

Ao entrarmos vejo que é um lugar bem arrumado. A porta dava em uma sala com uma enorme janela para a frente do prédio, que dava pra ver o caminho que viemos. Em frente a janela havia um sofá também bem grande. Ao lado do sofá havia uma escada para cima que levava aparentemente para um corredor com quartos e em frente a escada haviam algumas portas. A única passagem sem porta era a cozinha que era até que grande, outra aparentava ser um banheiro e as outras duas eram salar separadas. Talvez salas de operações, por Ying ser médica.

— Por aqui. - Diz Emily nos guiando enquanto vejo Ying entrando na sala da esquerda enquanto entramos na da direita.

Noto que há vários equipamentos médicos e duas camas hospitalares em um canto. Ying estava ali dentro mexendo em alguns armários.

— Ela pode se deitar ali para eu examina-la. - Ela aponta para a cama. Eu estranho ela estar ali se agora pouco havia entrado na sala ao lado, mas ignoro.

Ao colocar ela na cama, a primeira Ying entra no quarto segurando uma espécie de espelho que flutuava.

— Você ta vendo o mesmo que eu? - Pergunto para Jess enquanto esfrego os olhos.

— Acredite, eu não duvido de mais nada. - Ela responde cruzando os braços.

Em seguida a que havia entrado, passa o espelho para a primeira e de repente desaparece, deixando em seu lugar uma flor de cerejeira que caiu no chão. Após isso, a Ying que sobrou tira os pés do chão e começa a flutuar pela sala.

— Vo...você...ta voando? - Pergunto assustada.

— Não. - Ela responde rindo. - Só flutuando. Como vocês duas, eu também tenho uma Lacrima. Isso permite que eu flutue e crie clones ou ilusões de mim mesma, porém isso acaba com minha energia. - Ela responde enquanto começava a olhar Evie pela lente que eu achava ser um espelho.

Assim que deitei a azulada, ela acabou adormecendo de cansaço.

— Lacrima? O que é isso? - Pergunto curiosa.

— Você não sabe? - Ela me olha espantada.

— Pra ser sincera não. - Respondo com as mãos atrás da cabeça.

— Karol ou Emily explicarão melhor a você. - Ela diz voltando a se concentrar em Evie.

— Ela vai ficar bem né? - Pergunto preocupada.

— Vai. Só precisa ser cuidada e repousar. Amanhã de manhã já estará bem. - Ela afirma.

— Eu sei que precisa da minha ajuda. - Diz a mesma garotinha que nos atendu, entrando na sala.

— Ainda bem que apareceu Emily. Preciso que tire a temperatura e algumas informações dela por favor. - Disse a médica.

A garotinha vai até Evie e coloca as duas mãos ao lado da cabeça da azulada e fecha os olhos por alguns segundos.

— Evelynn Ikeda, 16 anos, 1,58 de altura, 48 quilos, tipo sanguíneo Z e é chocolatra. 39° de temperatura, está com febre. - A menina diz de uma vez.

Eu e Jess ficamos assustada com as informações, eram coisas que Evie nunca havia contado nem para mim.

— Mais algo? - Pergunta a a médica.

— É criocinética. Sua energia foi drenada externamente, o que a deixou nesse estado febril, não morrendo por pouco. - Ela completa.

— Entendi. Mais algo que preciso saber? - Ying pergunta novamente.

— Talvez...bom, teve uma infância solitária por falta do pai, quase morreu de uma doença rara que fazia seu coração parar, mas foi salva por uma garota com o mesmo tipo sanguíneo e que hoje é sua irmã, tem um pouco de inveja da própria por ser excelente em tudo que faz e... - Parou pra pensar. - ...é apaixonada por ela. - Em seguida aponta para mim que fico corada instantâneamente. - Uau, o beijo de vocês foi realmente intenso! Se você soubesse o que ela está sonhando com você agora, você ficaria toda...

— Já deu! - Interrompe Ying colocando a mão sobre o rosto em reprovação a atitude da baixinha.

— Desculpa. Me empolguei. - A menina ri e sorri cinicamente para mim.

— De qualquer forma, obrigado Emily. - Completa a médica a dispensando.

— Não tem por onde. - A menina sai andando do quarto e me olhando com um sorriso de segundas intenções no rosto. Eu apenas a encaro sem saber como reagir.

— Desculpe Maeve. Você se acostuma. - Ying continua com a mão no rosto de vergonha.

— Como ela... - Começo a dizer e também sou interrompida.

— Ela lê mentes. - Tony afirma entrando no sala e sentado ao meu lado perto da cama de Evie. - Eu adivinho as coisas pelos seus detalhes de expressão. Ela consegue ler mentes. Acredito que ela seja uma das mais poderosas que já conheci. - Ele afirmou de cabeça baixa.

— Mais poderosas? - Pergunto surpresa.

— Vocês vão conhecer Amy. - Diz Ying mexendo em um armário, parecia procurar algo para Evie.

— Amy? - Perguntei curiosa.

— Amélia. Minha irmã gêmea! Por mais que tenhamos os mesmos poderes, eu ainda acho que ela é bem mais forte que eu. Ela só é mais tímida, mas quando a conhecer você se acostuma. - Tony explica.

— Até seus poderes são iguais? - Fiquei curiosa.

— Sim. Poderes físicos totalmente controlado por emocional. Nós conseguimos entrar em um modo de batalha.

— Modo de batalha? - Pergunto ainda curiosa.

— Sim, quando concentramos nosso poder, nosso corpo se torna indestrutível e ganhamos uma força física incomparável com qualquer pessoa. - Ele conclui parecendo confiante.

— Ela está também aqui? - Fico interessada em conhecê-la.

— Sim, mas ela não costuma ficar conosco. Ela prefere ficar sozinha pra manter a calma. - Ele afirma aparentemente chateado.

— Entendi. - Afirmei voltando a olhar para Evie.

— Ela precisa de bastante água, essa febre está desidratando ela demais. - Diz Ying preparando uma injeção e a aplicando. - Isso vai a manter relaxada por algumas horas.

— Aconteceu algo com a água? - Tony pergunta para Ying.

— O poço fechou novamente. Preciso que vá o abrir ou não tem como usarmos água. - Ying responde.

— Vocês não tem controle sobre a água do prédio? - Jess ficou curiosa.

— Na verdade, a Legião tomou o controle de toda a água e eletricidade da região. Existem registros a alguns quarteirões daqui e lá é onde podemos liberar a água para nós novamente. - Respondeu Ying.

— Vem comigo? - Tony me olhou.

— Tudo bem. - Digo levantando e tirando minha jaqueta. - Não estava calor, mas eu estava suando de tensão com o estado de Evie.

Entrego para Jess que senta encostada na parede abraçando as pernas, como quem estivesse preocupada com algo também.

— Posso ir com vocês? - Diz uma garota magra da pele bem clara, cabelos brancos que iam até o meio das costas. Aparentava ter a mesma idade que eu e Evie. Usava uma franja que cobria metade de seu rosto e tem as pupilas vermelhas, que brilhavam muito mais que as nossas. Vestia uma calça preta com um tênis da mesma cor e uma blusa xadrez das cores vermelho e preto, fina de mangas longas que pouco passavam de seu cotovelo. Devia ser a gêmea de Tony, por ser idêntica a ele, só mudando pelo tamanho do cabelo.

— Amy?! Tudo bem? - Tony perguntou surpreso. Eu fico surpreso por eles serem totalmente parecidos. Na verdade esse é o comum significado de gêmeos.

— Sim! Você deve ser Maeve. - Ela caminha devagar até minha direção e estende a mão para me cumprimentar. - Emily me falou de você. É um prazer. - Ela abre um pequeno sorriso discreto.

— O prazer é todo meu. - Digo sorrindo para ela e a cumprimentando.

— Vamos, já está escuro e não quero ter mais problemas com a Legião até a volta de Karol. - Diz Tony começando a descer as escadas do prédio.

— Quem é Karol? - Pergunto discretamente para Amy enquanto desciamos as escadas.

— Nossa irmã mais velha. Ela viajou a alguns dias atrás de algum informante e nos disse que voltaria em breve. - Respondeu também discretamente.

Assenti com a cabeça e seguimos na rua pelo caminho contrário ao que viemos. Haviam vários prédios parecidos com esses e em sua frente muitas árvores, como se fosse a entrada de uma floresta.

— Então... - Tony começa a puxar assunto. - ...você e Jess se conhecem a muito tempo? - Ele pergunta colocando a mão atrás da cabeça e aparentando estar tímido sobre o assunto.

— Pra ser sincera, ela já sabia quem eu era a alguns dias, mas eu só a conheci realmente hoje de manhã. Ela meio que salvou minha vida, da Evie e da Cassie. - Digo lembrando do acontecido.

— Eu acertei quando disse que ela não tem a idade que aparenta né? - Ele reflete enquanto anda calmamente com as mãos na cabeça.

— Não sei se devo falar sobre isso. Não sei se ela gostaria que eu dissesse. - Tento me explicar meio embaraçosa

— Você não aprende, né bobão. - Amy caçoa dele me fazendo rir.

Ficamos alguns segundos em silêncio e tento matar a curiosidade.

— Você também é espadachim? - A olho curiosa.

— É uma longa história. - Ela responde vagamente fazendo o silêncio voltar. Alguns minutos se passam e ela volta a falar. - Eu nunca gostei de batalhas e confrontos desnecessários, como já era tradição da família. Para lutar, prefiro usar apenas minhas próprias mãos. - Ela completa sorrindo e serrando os punhos.

O silêncio perdura por mais alguns segundos.

— Você...tem uma família? - Ela pergunta devagar, por não saber se era o momento certo para falar sobre isso.

— Se com família você quer dizer sobre meus pais... - Paro de falar começando a pensar sobre. Será que devia falar sobre isso?

— Acho que...não precisa falar se não quiser. - Ela diz de cabeça baixa.

— Meus pais morreram a uns anos atrás. Desde então vivi sozinha até fazer...amigos. - Completo pensando em Fernando, Bolt e Skye. Sentia falta deles.

Silêncio continua entre nós até que eu falasse novamente.

— Tony me contou sobre o pai de vocês, mas e sua mãe? - Fico curiosa.

— Nossa mãe era uma mulher de uma família muito rica e nunca se importou muito com os filhos. - Começou a albina.

— Ela nos abandonou quando ainda eramos pequenos, por termos escolhido seguir a tradução da família do nosso pai e não da família dela. - Completou o irmão.

— E qual era a tradição da família dela?

— Ela tem um rifle de cristal que passa de geração a geração. É uma arma muito poderosa e valiosa, mas ela disse que não éramos merecedores. - Continuou a gêmea.

— Fomos forçados a escolher entre o rifle de cristal ou a espada flamejante. - Finalizou o garoto.

— E vocês escolheram a espada?

— Escolhemos a Karol. - O albino me olhou nos olhos.

— No final das contas, ela cuidou de nós quando ninguém mais cuidava dela. - A garota sorriu.

— Nossa heroína. - Falou Tony.

Para perder o clima, mais alguns segundos em silêncio se passam como antes.

— Eu não sei se deveria perguntar isso, mas... - Ela começou e parou para pensar. - ...quais são as memórias que você tem com seus pais? - Ela aparenta estar curiosa.

Eu paro para pensar e me esforço tentando buscar algum momento com eles. Alguns segundos se passam e sinto que vai ficando mais difícil me lembrar até dos rostos de papai e mamãe. Isso me deixa um pouco assustada, raramente eu parava para ficar lembrando dos meus momentos em família e dessa vez eu não consigo me lembrar de nada além de suas mortes.

— Eu...eu...não consigo. - Afirmo assustada colocando a mão na cabeça. - Eu não me lembro.

Ela e Tony me olham surpresos e depois olham um para o outro.

— Eu sabia. Não é só comigo ou com você. - Amy afirmou para Tony.

— Do que estão falando? - Eu tento os entender.

— Eu e Tony não temos lembranças de nossa mãe. - Ela começou.

— Mas Karol se lembra de tudo. Ela diz que lembrávamos, mas isso mudou depois do experimento. - Continuou o irmão.

— Isso é realmente muito estranho, eu nunca parei para pensar nisso sabe, 1 ano após a morte deles eu fui adotada por uma capitã das Forças e quase 2 anos depois ela também morreu. Dela eu tenho todas as memórias e lembranças de momentos juntos. - Revelo enquanto penso.

Ao chegar na fonte de água, percebo que há vários canos enormes que deviam levar a água para os prédios. Tony apenas mexe no registro de um que aparentava ser o mais novo dos canos e conseguimos ouvir a água voltando a fluir.

— O serviço está feito, vamos voltar. - Ele comenta.

— Emily não poderia ler sua mente para tentar descobrir suas memórias? - Penso na possibilidade, voltando no assunto.

— Eu tentei isso, mas ela mesma não encontrou as memórias. Como se elas tivessem sido apagadas. - Respondeu a albina.

Nesse momento Tony para de andar e faz silêncio.

— Está tudo bem? - Amy pergunta para ele.

— Shhh. - Ele diz com o dedo sobre os lábios. - Eu ouvi alguma coisa! - Ele coloca o joelho direito no chão e tenta se concentrar.

De repente, entre um dos prédios sai uma mulher alta de aparentemente uns 22 anos, de pele bem clara como Tony, que vestia um casaco branco aberto que ia até joelhos, com mangas longas e um capuz que cobria seu rosto e seus cabelos que eram totalmente negros e não passavam do pescoço. Usava uma calça também branca colada ao corpo, uma espada fina embainhada presa na cintura e usava uma bota branca com vários cintos de couro que ia até os joelhos.

— Façam silêncio. - Ela diz se aproximando devagar até nós. - São 4 soldados, ainda não sabem que estamos aqui. - Ela diz nos puxando para perto de uma árvore.

— Karol, você voltou. - Amy e Tony sussurram surpresos e aparentemente felizes.

— Estão a 30 metros, armados e não sabem sobre a gente, venham para cá. - Karol diz se abaixando.

Em seguida ficamos abaixados e esperando ver o que acontecia. Seu rosto estava coberto pela parte de cima do capuz e parte de sua franja, me deixando com a dúvida sobre o como ela consegue enxergar assim. 2 minutos se passam e ela se levanta.

— Já se foram, vamos voltar rapidamente para casa. - Ela diz andando com pressa de volta para rua.

— Onde você esteve? - Amy perguntou.

— Por que demorou tanto? - Seguiu Tony.

— Longa história, depois conto a vocês, vamos chegar seguros primeiro. - Ela afirma

Ao chegarmos no prédio, somos recebidos novamente por Emily.

Evie havia acordado e estava sentada na cama. Ainda parecia bem cansada e respirava com dificuldade.

— Você acordou! Como se sente? - Corro até ela e pergunto preocupada.

— Parece que fui atropelada por um trem! - Ela coloca a mão na testa, que estava um pouco suada.

— Ela ainda está com febre. Cuidarei dela por essa noite. - Disse Ying.

— Karol, você voltou! - Afirma Emily abraçando a mais velha.

— Estavam com tanta saudade assim? - Ela riu.

— Karol, essas são Maeve, Evie e... - Tony olhou em volta procurando mais alguém. - ...onde está Jess? - Ele questiona.

— Levei ela até o telhado, ela disse que queria ficar um pouco sozinha. - Afirmou Emily ainda abraçada em Karol.

— É um prazer conhece-las. - Karol diz descobrindo seu rosto e deixando seu cabelo a mostra. Não entendo porque seu cabelo é negro, diferente dos gêmeos albinos. Ou talvez eles que eram diferentes. Por algum motivo, ela falava conosco sem abrir os olhos.

— Você é a irmã mais velha dos dois? - Pergunto curiosa?

— Sim. Ela é incrível! - O albino responde feliz por ver a irmã novamente.

— Porque demorou? - Ying que até o momento cuidava de Evie, perguntou preocupada.

— Consegui as informações que precisava, mas tive uns contratempos. Tive que fazer um caminho alternativo até aqui de volta. - Ela explica.

— Ainda bem que está bem. Sem você, essas crianças ficariam perdidas. - A médica respira aliviada a abraçando.

Alguns segundos em silêncio se passam e noto que todos já tinham se cumprimentado.

— Eu ainda não sei o que são essas...Lacrimas. - Comento curiosa.

— Lacrimas são os cristais mais raros que existem. Diferente do diamante, ele é bem frágil por ser extremamente límpido, como o espelho Ying.

Em seguida Ying ergue o espelho e todas o olhamos.

— Diferente das pedras preciosas comuns, eles foram criados em laboratórios e com alguns aperfeiçoamentos, o Reino Unido passou a chamar de Cristal Amplificador. Mas seu real nome era Angelis Lacrima, ou na tradução livre, Lágrima Angelical. - Ela explica.

— Por que um nome tão...sugestivo? - Pergunto me interessando na história.

— Existia uma lenda sobre as Lacrimas, que diziam ser realmente lágrimas de anjos. Elas seriam o começo e o fim da humanidade. Nessa mesma lenda dizia que as Lacrimas continham almas energizadas.

Eu fico surpresa, assustada mas ainda mais curiosa com a explicação.

— Isso quer dizer que... - Começo a dizer e sou interrompida.

— Todos que passaram pelo experimento, tem duas almas no corpo. - Karol revela de uma vez me deixando totalmente assustada.

Agora entendo o que Mal'Damba queria dizer quando falou que queria minha segunda alma. Mas por que a minha?

— Você já sentiu a sensação de alguém estar dominando seu corpo durante uma batalha? - Emily pergunta olhando em meus olhos, me fazendo engasgar sozinha.

Eu realmente já tinha sentido isso em várias ocasiões, mas não havia contado a ninguém.

— Si...sim, por quê? - Pergunto preocupada com a resposta.

— A voz que você ouve é sua segunda alma, que foi implatada. Algumas querem dominar nosso corpo convencendo nossa mente e nem todas tem boas intenções. - Respondeu a pequena.

— Por isso ficamos tão poderosos. Uns mais que outros. Tudo varia de acordo com as intenções da segunda alma. - Completou Karol.

— E como surgem os poderes? - Perguntei.

— O humano comum, não consegue alcançar poderes por falta de energia em seu corpo e mente. Com a segunda alma, você fica com a energia de dois corpos em um só, o que revela seus poderes. - Responde Karol.

— Os poderes são derivados pelas características do seu corpo. No caso de Evie, quando criança teve uma doença em que seu coração se resfriava até parar de bater. Essa características a deu a Criocinése. - Explicou Emily.

— E como uns podem ser mais poderosos que outros? - Perguntou Jess encostada na porta. Não notei quanto tempo estava nos observando.

— Da mesma forma que nós, as almas também tem sua própria consciência e pensam por conta própria. Porém como todos nós, uns são mais inteligentes e poderosos que outros. O que quero dizer é que tudo varia da segunda alma. - Respondeu Emily.

— Eu nunca tive problemas com meus poderes. Nunca nem interagi com a minha segunda alma, mas ela sempre me alimentou. - Respondeu Karol passando a mão sobre sua espada.

— Tony por exemplos, além do modo de batalha, tem habilidades sensoriais, que permitem sentir movimentos próximos. - A pequena completa e olha para ele, que olha para o lado como se estivesse tentando escapar do assunto por algum motivo.

— Mas...a habilidade de Tony não era percepção de detalhes? - Pergunto confusa.

Karol vira o rosto para Tony e põe a mão no próprio rosto como se estivesse o desaprovando. - Aquela história denovo? - Ela perguntou.

— Não foi nada demais Ka, se não falasse, elas nem saberiam. - Ele afirmou com vergonha.

— O que isso quer dizer? - Pergunto ainda mais confusa.

Karol respira fundo e volta a explicar. - Tony não tem a habilidade de percepção de detalhes. Ele apenas repara nessas coisas com mais facilidade, por gostar de bancar o detetive. - Ela afirma ainda o encarando.

Como reação apenas reviro os olhos e sigo o assunto. - E você? Qual são seus poderes? - Pergunto curiosa.

— Tenho os sentidos mais aguçados que uma pessoa comum, ainda mais por não ter um deles. - Ela afirma com uma mão atrás da cabeça e um pequeno sorrisinho e ainda sem abrir os olhos.

— Então você é... - Começo a falar totalmente surpresa.

— ...sim, eu...sou cega. Isso explica a dúvida que você devia ter sobre eu ainda não ter aberto os olhos. - Ela começa a rir calmamente.

— Eu vi você correndo e percebendo os soldados. Como conseguiu se você não enxerga? - Ainda estava surpresa e mega curiosa.

— Meus poderes permitem enxergar perfeitamente com os ouvidos! Pelo som eu consigo localizar tudo que está próximo a mim. - Ela afirma sorrindo. - Posso não ver, mas enxergo melhor que muita gente. - Ela fala e em seguida da um soco no braço de Tony.

— Ei. - Ele fala incomodado.

O silêncio se instala por alguns segundos e volto a ficar preocupada com Evie.

— Pessoas poderosas como Evie são extremamente raras, pois alcançaram o nível mais poderoso conhecido. O físico e a mente se unem, tornando o portador um ser extremamente poderoso. Em todos os casos, os poderes podem ser de força combinada com indestrutibilidade, controle de objetos, elementos ou até a mente de outra pessoa em um piscar de olhos. - A mais velha explica.

— Falando nisso, ela está correndo algum risco de vida? - Pergunto mais preocupada.

— Não, só precisa descansar e se hidratar. A criocinése gastou muito dela. - Ying explica.

— Onde estão meus modos? Eu sou Karoline. - Diz a mais velha esticando a mão para Jess, quase esquecendo que não tinha a cumprimentado.

— Jéssica. - Respondeu a Jess sem muita emoção e a cumprimentando de volta.

— Amélia. - Diz Amy acenando de longe. - Estava sentada em uma cadeira perto da cama de Evie.

— Vocês precisam descansar para buscar suprimentos amanhã. - Diz Ying. - Evie passará a noite aqui comigo. Tony, mostre um quarto para as nossas convidadas. - Ela pede gentilmente.

— Tudo bem. - Ele afirma sorrindo.

— Emily, hora de dormir. - Diz Karol saindo da sala que estávamos.

— Vamos. - Ele diz saindo enquanto nós duas a seguimos.

Subimos o lance de escadas que ficava na sala de estar e em uma porta na esquerda no final do corredor que a escada levava, havia um quarto meio pequeno com apenas duas camas.

— Espero que descansem bem essa noite. Amanhã será um longo dia. - Ele diz sorrindo. - Boa noite meninas. - Ele sai e fecha a porta.

Jess sentou na cama e ficou parada pensando em algo por alguns minutos.

— O que houve Jess? Você ficou diferente desde que chegamos. - Tento entende-la.

— Só estive pensando muito sobre...tudo. - Ela afirma de cabeça baixa ainda sentada na cama.

— Isso é tão ruim?

— Eu passei a maior parte da minha vida tentando fugir dessa realidade. Eu não pude ter uma vida normal. Tony não acertou tudo sobre mim. - Ela afirmou tirando as botas e deitando na cama, encarando o teto.

— O que ele errou então? - Pergunto fazendo o mesmo, porém a encarando.

— Ele acertou que eu tive um marido.

— E sua filha? - Fico surpresa.

— Quando sentir que consigo, contarei para você toda essa história. - Comecei a notar por sua voz que estava segurando lágrimas. - Quero apenas por um fim aos planos de quem me pregou essa maldição. - Ela diz em um tom de fúria.

— Isso está próximo de acabar. Eu prometi que iria te ajudar a por um fim nisso. - Digo tentando a animar.

— Obrigado Maeve. - Responde virando na cama e me olha.

— Agora vamos descansar que amanhã será um novo dia. - Digo sorrindo a ela.

— Boa noite rosinha. - Ela fala da mesma forma que Evie e se vira para o outro lado se cobrindo.

Nesse momento sinto um pequeno aperto no coração. Em 2 dias, já pensei mais na azulada, desde o dia que a conheci. Virei na cama e tentei relaxar acreditando que o dia seguinte ela estaria melhor, conseguindo dormir em poucos minutos.


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