Unchained escrita por LouisPhellyppe


Capítulo 28
The Scape (Part 1)




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Ainda estava desacordada quando ouvia vagamente uma voz que me chamava.

— Maeve. Maeve, você não morreu né? - Sinto alguém debruçando sobre meu corpo. - Está respirando, ainda bem. - Disse a garota.

Vou abrindo os olhos e sinto minha visão a clareando. Uma dor de cabeça muito forte tirava minha concentração sobre aonde estava. Noto que estou sem a coleira de choque.

— Finalmente você acordou. - Disse Jess sentando no chão e encostando na parede. - Achei que estava morta. - Ela respirou fundo.

— Jess? Que bom que você tá bem. - Em seguida sento no chão esfregando os olhos.

Ela estava com um pequeno corte na testa, com uma mancha pequena de sangue seco. Sua camisa branca também tinha pequenas manchas de sangue e os joelhos de sua calça estavam recém rasgados. Seus cotovelos estavam ralados, como se também tivesse tentado fugir.

— Eles me pegaram assim que Cassie escapou. Depois disso não sei mais o que houve. - Ela cruzou as pernas enquanto fitava o chão.

— Me desculpa por terem feito isso com você. É minha culpa. - Falo abaixando a cabeça.

— Não se culpe. Eu também estive aqui apenas para espionar. - Ela falou calmamente.

— Você também está atrás de algo? - Perguntei curiosa.

— Mal'Damba não é quem ele parece ser. - Ela pareceu se enfurecer. - Sua real história é que ele é um alquimista bem religioso que conseguiu uma forma de impedir o envelhecimento a partir do sacrifício de uma pessoa que amava, para um certo Deus. Porém ele não sabia que esse ritual afetaria sua primeira geração de descendentes, os filhos! - Ela conclui.

— Quando isso aconteceu? Isso soa ter sido a um bom tempo. - Fico curiosa.

— Foi em 1833. - Ela responde respirando fundo.

— Como você sabe de tudo isso? Você deve ter 18 anos mas fala como se tivesse o conhecido naquela época. - Falo parecendo duvidar dela.

— Eu sei porque sou a primeira geração de descendentes. Eu sou filha dele. - Ela revela me deixando surpresa.

— Quer dizer que... - Eu a olho surpresa.

— Sim, por mais que pareça eu não tenho 18 anos. - Ela evita de me olhar nos olhos.

— Qual sua idade? - Pergunto tocando em seu rosto.

Ela respira fundo e parece pensar bem antes de dizer. - 208 anos. - Ela murmura virando o rosto.

— Vocês apenas não envelhecem mais? - Perguntei ainda surpresa.

— Não. Ele é mais poderoso do que parece. Ele é o escolhido de Wekono. - Respondeu enquanto sentei ao seu lado.

— Wekono? - Perguntei com dúvida.

— Wekono é o Deus que o concedeu essa semi-imortalidade. Tendo esse atributo, dedicou todo seu tempo a alquimia a ao sacerdotismo. Ele realizou mais desejos de Wekono, que o concedeu mais um presente. - Ela afirmou olhando para mim.

— E o que seria? - Engulo em seco começando a ficar com mais medo do homem.

— Uma serpente com poderes de controle mental. Com seu veneno é possível criar um exército de seguidores. - Ela afirmou dando ênfase na palavra exército.

Nesse momento fico mais preocupada ainda. O que será que ele queria tanto de mim? Uma espécie de segunda alma? Enquanto pensava, o silêncio se instalou por alguns segundos.

— Se ele tinha que sacrificar alguém que amava, ele sacrificou... - Comecei dizendo.

— ...minha mãe! - Ela completou. - Quando descobri, já era tarde demais, ele passou dos limites. - Suspirou triste. - Eu sei que é impossível de acreditar, mas se você acredita no que estou dizendo... - Tentou explicar.

— Eu acredito em você. Por algum motivo eu consigo confiar em você. - Respondo sinceramente, olhando em seus olhos.

— O que ele está planejando?

— Ele apenas segue as ordens de Wekono. A Legião é apenas uma fachada pra que ele possa começar com o plano de seu próprio exército. Ash é tão descartável para ele quanto nós duas. Mas ela não sabe disso.

— Ele não está enganando só a nós duas. - Falo encolhendo as pernas e abraçando os joelhos.

— Você sabe aonde ele está? - Ela me pergunta mexendo em seu cabelo esverdeado, como quem procurava algo.

— Não tenho certeza, mas antes de apagar ele havia pego... - Em seguida parei de falar e paralisei.

— Havia pego quem? - Ela olhou confusa para mim.

— Evie. - Eu olho preocupada para ela.

— Entendo. Vamos resolver isso juntas. - Ela tira um grampo que estava escondido em seu cabelo. - Vou tirar a gente daqui! - Ela vai até a porta da cela e olha se tem alguém olhando.

O corredor estava vazio e em silêncio. Em seguida começou a mexer na fechadura com o grampo na tentativa de abrir.

— Onde você aprendeu isso? Perguntei curiosa.

— Em 2 séculos de vida eu aprendi muito mais coisa do que já pude imaginar. Quem sabe eu possa partir em paz quando isso tudo acabar. - Ela me olha com um ar de cansada enquanto ainda mexe na fechadura.

De alguma forma sinto pena dela. Viver bastante pode ser bom, mas já dizia um antigo ditado: "Morra como herói ou viva o suficiente para se tornar o vilão". Já ela aguentou tempo demais e ainda estava tentando ser a heroína.

Ela consegue destrancar o portão e me olha enquanto guarda o grampo de volta. Seus olhos eram castanhos claros, coisa que não tinha reparado das outras vezes que olhei para ela.

— Vamos por aqui. - Ela fala e vai seguindo em silêncio até a saída da sala.

Ela olha para um lado e eu para o outro e não vemos ninguém, então continuo a seguindo. Ela parecia saber realmente para onde estava indo. Passando em silêncio por algumas salas vazias, chegamos próxima de uma que ouço um grito muito alto.

— É a Evie! - Coloco a mão na boca para não falar alto. - Onde ela está?

— Nessa sala. - Ela aponta para a porta que nos aproximamos.

— E agora? - Pergunto para ela sem saber como abrir a porta eletrônica.

— Espera aqui. - Em seguida ela sai andando agachada até uma caixa de forças e abre usando um pequeno caco de metal que estava no chão.

Após mexer em alguma coisa na caixa, ela arranca um fio que faz a porta abrir.

— Vamos. Ela corre até mim e me puxa para dentro. Assim que passamos a porta se fecha.

Era um corredor como o que estávamos, mas sem as celas. No final havia uma passagem aberta, mas naquela distância não conseguia entender o que havia ali.

— Que lugar é esse? - Pergunto seguindo devagar pelo corredor que estava escuro.

— É a entrada do laboratório de testes. - Ela responde indo na minha frente e colocando sua franja verde atrás da orelha.

Ao chegarmos na sala, havia uma espécie de cadeira com cintas. Nessas cintas ela estava presa e desacordada. Estava da mesma forma que havia visto por último, além de o rosto um pouco sujo de sangue como Jess e os cabelos soltos e bagunçados.

— EVIE. - Saio em direção a ela.

— Espera. - Jess segurou minha mão. - Ele sabe que estamos aqui! - Ela começou a olhar em volta.

— Como você sabe? - Perguntei assustada.

— Ele não deixaria ela aqui sozinha. Ele sabia que íamos escapar e que viríamos pra cá. Por algum motivo ele nos quer aqui. - Ela afirma já começando a suar de preocupação.

— Garota esperta! - Ouvimos a voz de Mal'Damba nos auto-falantes.

— Maldito. Por que não aparece aqui de uma vez. - Gritei furiosa.

— Maeve. - Evie murmurou acordando.

— Eu vou te tirar daí. - Falei correndo em sua direção.

— Não tão cedo. - Ele diz.

Em seguida uma descarga elétrica a atinge e a ouço gritar muito alto.

— PARA. - Eu grito segurando seus braços e também recebendo parte da carga, para que não a atinja por completo.

— A fórmula está completa! - Ele fala e em seguida uma agulha que estava em um pequeno braço mecânico na cadeira, entra no pescoço de Evie, como se injetasse alguma coisa.

Nesse momento, saio de perto de seu corpo e começo a procurar alguma coisa que ajudaria a soltar seu corpo das sintas, porém, a porta que entramos abre novamente e entram alguns soldados armados correndo.

— Usa isso. - Jess encosta em mim e sem os soldados perceberem, me passa o caco de metal que havia pego no corredor.

Em seguida o arremesso rapidamente com muita força, cortando a agulha que perfurava o pescoço de Evie.

Os soldados começam a atirar e eu fecho os olhos com o susto. Ao abrir vejo alguns painéis de gelo levantados em volta de nós 3. Olho para Evie e ela me encarava apenas com o olho esquerdo aberto e respirando com muita dificuldade.

— Vocês podem fugir, não vou aguentar segura-los por muito tempo. - Ela diz começando a sufocar.

— Eu não vou sem você! - Saio correndo em sua direção e com o caco de metal que estava cravado na ao seu lado, a solto dos cintos que a prendiam.

— Obrigado. - Ela diz se apoiando no meu corpo. Eu coloco seu braço esquerdo por cima do meu pescoço e a agarro pela cintura com o direito.

— Jess, algum plano? - Vou seguindo em direção a ela.

— Correr. - Ela diz apoiando o outro braço de Evie enquanto saímos correndo.

Ao sairmos da sala, o gelo de dentro que Evie criou, se quebra e os soldados começam a correr atrás de nós.

— Não vai dar tempo de trancar manualmente! - Diz Jess se desesperando.

Em seguida a porta se fecha e começa a congelar. Olho para Evie e ela fitava a porta ainda com dificuldade para respirar e apenas um olho aberto, que brilhava em uma luz branca.

— Você vai se matar desse jeito. Chega de usar os poderes a partir de agora, por favor. - Supliquei a ela.

Em seguida seu outro olho se fecha e abaixa a cabeça como se tivesse desmaiado novamente, mas por exaustão. Por sorte ainda sinto sua respiração ofegante e seu coração pulsando.

— Temos que dar o fora. Vamos. - Jess diz enquanto pego Evie nas costas e a carrego.

Todos os corredores que passávamos estavam vazios, não havia literalmente ninguém. Tentamos passar o mais longe possível da sala de Ash para não sermos vistas e seguimos até a saída que Cassie havia escapado.

— A saída é aqui. - Jess segue até uma espécie de tubulação com escadas para cima. - Temos que sair pelo topo. - Ela abre a tubulação.

— Como vamos subir a Evie? - Pergunto preocupada.

— Eu consigo a levar nas costas, enquanto isso fica de olho se não vem mais... - Ela ia dizendo.

— ...soldados - Eu a interrompo avisando que eles estão vindo. - Vão na frente, vou despistar eles e te encontro lá em cima. - Digo fechando a tubulação com elas dentro e saio correndo. Por sorte, os 3 soldados não a viram então passaram reto, vindo atrás de mim.

Passo entre os corredores na tentativa despistar. Ao virar em um específico corredor, bato de cara em um corpo que me deixa no chão. Um lindo rapaz alto com um arco me olhava sério.

— Lin? - Acho que é o fim da linha.

Ele olha para frente e atira 3 flechas consecutivas que prende os 3 soldados que vinham, na parede. Antes que eles vejam o que aconteceu, ele os acerta no rosto com o arco os deixando desacordados e retirando as flechas em seguida.

— Por que está me ajudando? - Fico assustada.

— Por aqui! - Ele segue caminhando pelo corredor, ainda estando muito sério.

Eu vou o seguindo mas ainda com medo dele estar me emboscando. Ele me leva até uma sala com algumas caixas de papelão e dentro de uma delas ele pega as 3 mochilas e a varinha de Evie.

— Você vai precisar disso. Vá para a tubulação. - Ele me entrega e vira as costas.

— Obrigada. - Tento o olhar nos olhos. - Por que você não vem? - Tento entender.

— Vá antes que eu me arrependa. - Ele grita me olhando nervoso.

Sinto um aperto no coração, mas pego as mochilas e saio correndo voltando para a tubulação. Assim que subo as escadas e consigo chegar ao lado de fora, vejo que o dia ainda está claro, por mais que esteja começando a anoitecer.

Jess e Evie estavam encostadas em uma parede. Evie estava aparentemente consciente, por mais que ainda parecendo detonada.

— Você conseguiu. - Disse Jess surpresa.

— Maeve. - Evie fala baixo ainda com dificuldade.

— Ainda bem que estão bem. Eu encontrei umas coisas. - Mostrei as 3 mochilas e a varinha da azulada.

— Para onde vamos agora? - Jess pergunta levando Evie em suas costas.

— Eu sei aonde podemos ir, mas primeiro precisamos dar o fora daqui. - Digo seguindo para um lado onde tinha muitas árvores.

Fomos caminhando sem muita pressa para podermos prestar atenção em volta. A noite caía e ficava cada vez mais difícil de Jess enxergar no escuro, então pego em sua mão e vou a guiando até ouvir uma voz falando baixa.

— Não se mexa. - Diz um garoto que não consigo localizar.

— Quem está aí? - Falo olhando em volta.

— Fale baixo, eles vão te ouvir. - Ele sussurrou novamente.

Eu e Jess abaixamos e ela colocou Evie ainda adormecida embaixo da copa de uma árvore.

— Quem vai nos ouvir? - Cochichei de volta ainda sem saber onde ele estava.

— Soldados da Legião. Agora deita no chão e espera. - Ele sussurrou já sem paciência.

Deito de bruços do lado de Jess que também estava apreensiva com a situação. Torcíamos totalmente para que esse que sussurrava, estivesse realmente querendo nos ajudar.


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