Unchained escrita por LouisPhellyppe


Capítulo 24
Recruitment




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Kinessa tirou os olhos de minha direção e olhava para Evie por cima dos ombros. Cassie estava esperando uma brecha para poder reagir. Eu apenas deixei nas mãos delas por estar com uma arma na cabeça.

— Você é boa. - Kinessa abaixou sua sniper. - Gostei do seu estilo azulzinha.

— Se for me chamar de azulzinha de novo, aproveite enquanto ainda estou apontada para você! - Evie mostrou estar falando sério.

Kinessa arregalou os olhos. - Não achei que levariam isso a sério. Apenas achei que poderia assusta-las. - Em seguida começou a rir.

— Você pode ter assustado elas duas, mas de um passo fora da linha perto de mim e vai virar sorvete! - Evie disse abaixando sua varinha e aproximando seu rosto a alguns centímetros da morena, mesmo que fosse difícil pela diferença de alturas.

— Fica fria princesa, quando me conhecer irá tirar sua conclusão se consegue me transformar em sorvete antes de eu te transformar em churrasco. - Kinessa serrou o olhar também tentando a intimidar.

De repente seus olhares são atravessados por uma flecha de madeira que passa exatamente alguns centímetros de seus olhos.

— Vocês duas. Sentem. - Disse um homem parado a porta. Se tratava de um rapaz jovem com cabelos negros que quase iam até os ombros e olhos cor de âmbar. Vestia uma espécie de regata aberta em V e um cachecol vermelho. Tinha uma espécie calça bufante também vermelha e uma bota marrom com algumas faixas brancas, que subia as canelas. Para finalizar usa a uma faixa vermelha em sua testa, como uma bandana. Aparentava bastante ter sido um monge um dia.

Ao olharem para ele, o viram segurando um arco de madeira na mão esquerda. As duas se sentaram, mas para acaso do destino, Evie e Kinessa quase começaram a babar enquanto olhavam o quanto ele era lindo. Cassie e eu apenas nos mantivemos em silêncio e sentadas.

— O que vocês acham que estão fazendo? Vieram se alistar ou criar mais problemas? - Ele aparenta estar irritado.

— Qual seu nome gracinha? - Kinessa apóia os cotovelos na mesa e a cabeça em suas mãos, tentando flertar com ele.

— Eu faço as perguntas aqui. Eu escolho quem entra e quem volta. - Ele fechou a porta e seguiu até a mesa que estávamos. - E se eu não gostar de vocês, vocês não entram. - Ele senta e a encara sério. Ela apenas revirou os olhos e fingiu não ter ouvido.

Ele nos olhou aparentemente se acalmando e começou.

— Vocês todas estão juntas?

— Não, nós 3 estamos juntas, ela não. - Afirmou Evie encarando Kinessa. Ela realmente parecia não ter gostado da brincadeira da morena.

— Certo. - Quem é você e por que decidiu se alistar na Legião? - Ele olhou para Kinessa e se encostou na cadeira. Parecia estar pronto para rejeita-la.

— Eu sou Kinessa e tenho 20 anos. Ex tenente das Forças Unidas e melhor atiradora de elite que você verá em sua vida. - Ela respondeu sorrindo para ele.

— Entendido. Logo iremos para os testes físicos com você. - Ele respondeu.

— Apenas eu e você? - Ela flertou novamente.

— Ainda está sob avaliação, senhorita Kinessa. - Ele serrou o olhar virando para Evie.

— Apenas Kinessa, sem senhorita. - Ela pareceu se incomodar, mas foi ignorada.

— E você garota, quem é e o que faz?

— Eu sou Evie. Tenho 16 anos, sou linda, inteligente e conhecida como a Bruxa do Gelo. - Dessa vez não mostrou seus poderes, apenas se apoiou na mesa como Kinessa.

— Bruxa de Gelo? - Ele pareceu curioso.

— Exatamente. Olha isso. - Ela levantou da cadeira e abriu os braços. Em seguida as parede começaram a criar uma pequena camada de gelo sobre elas. Era a primeira vez que eu via Evie congelando algo sem usar o sopro.

— Isso pode ser muito bom. - Ele se impressionou. - Logo você irá fazer os testes físicos e eu espero que seja bem vinda ao nosso exército. - Completou sorrindo e Kinessa a fuzilou com o olhar pelo elogio.

— E você? - Ele me pergunta sorrindo para mim. Seu sorriso era realmente encantador.

— Eu...eu... - Meu rosto corou. Estava engasgada com minhas palavras, sem entender o motivo.

— Está tudo bem? - Ele pareceu preocupado com meu estado.

— Sim. - Respirei fundo e olhei apenas para a mesa. - Me chamo Maeve, tenho 16 anos e sou excelente com arremessos. Principalmente de facas. - Ao terminar, volto a olhar para ele.

— Incrível. Gostaria de ver uma demonstração logo mais. - Ele sorri para mim.

— Cla...claro. - Afirmo ficando corada novamente. A vontade era de bater minha cabeça na mesa de ferro até ela se quebrar.

— E você? - Se vira para Cassie, que estava diferente quanto a ele.

— Cassie, 19 anos. Sou uma caçadora. - Ela é direta.

— Que tipo de armas sabe usar? - Ele pergunta curioso.

— Todas! - Ela afirma convicta. Em seguida também é encarada por Kinessa, que não parecia satisfeita com algo.

— Excelente. Será de muita ajuda. - Ele levanta da cadeira.

— Não vai nos falar quem você é? - Cassie o questiona.

— Ah, havia me esquecido, perdão senhoritas. Meu nome é Sha Lin, mas vocês podem me chamar de Lin. Sou até o momento o único tenente da Legião. - Ele afirma e sorri para mim, que viro o olhar para não ficar com vergonha novamente. - Vamos para o estande de tiro, será a segunda parte do recrutamento.

No caminho para o estande de tiro, passamos por um salão que havia uma estátua branca de um homem com roupas nobres e uma máscara aparentemente tiki. Em sua mão direita ele segurava uma serpente.

— Quem é esse? - Pergunto curiosa.

— Esse é o homem que fez tudo isso virar real. O chanceler Mal'Damba. Foi quem investiu na idéia da Unificadora e juntos criaram a Legião. - Ele respondeu enquanto andávamos.

Ao chegarmos ao estande, havia várias armas junto de alguns alvos e manequins.

— Quem quer primeiro? - Ele nos olhou.

— Eu...talvez. - Respondi em dúvida. Ainda estava com vergonha dele. Precisava me concentrar no disfarce.

Peguei 4 adagas em cima de uma mesa e mirei. Com a mão esquerda arremessei uma de cada vez e acertei na cabeça de dois dos manequins. Com a mão direita arremessei as 2 de uma vez e cada uma acertou exatamente no centro dos alvos.

— Isso! - Comemoro quando vejo que consegui.

— Parece que treinou muito para tanta habilidade. - Ele diz admirado.

— Bom...sim. - Coloco uma mecha do cabelo atrás da orelha e ele continua sorrindo para mim.

— Eu vou agora. - Diz Kinessa aparentemente com a paciência cheia.

Ela saca sua sniper e dispara 6 vezes. Acerta as duas cabeças, os peitos dos manequins e por final no centro do alvo. O tiro de sua sniper era um feixe de energia que derreteu a cabeça dos manequins com o calor. Talvez por isso não tivesse cartucho. Em seguida ela recolhe o cano retrátil e assopra a ponta enquanto olha para Evie, como se estivesse mandando ela fazer melhor.

— Impressionante. Você realmente é boa. - Lin respondeu sem emoção.

— Sou a melhor. - Ela piscou para ele, que a ignorou.

— Você quer ir? - Ele olha para Evie que fuzila a Kinessa com os olhos.

— Não, quero ser a última. - Ela murmura enquanto ainda encara Kinessa.

— Então você. - Ele olha pra Cassie.

Cassie abre um sorriso confiante e espera os novos manequins serem erguidos para poder começar. Ela pega duas pistolas e as carrega. Assim que os manequins levantam, ela atira com uma pistola em cada mão. Acerta duas vezes em cada peito, cada cabeça e nos alvos. Em seguida solta as pistolas e pega uma metralhadora embaixo do balcão colocou o cartucho e fez a mesma coisa, mas em rajada. 3 tiros em cada cabeça, cada peito e cada alvo. Em seguida soltou a metralhadora.

— Você pode me emprestar seu arco? - Ela pergunta ainda com a expressão confiante em seu rosto.

— Claro. - Ele entrega para ela, estava abismado com a capacidade da ruiva.

Ela puxou 2 flechas de uma única vez e soltou. Acertou os 2 alvos simultâneamente. Girou o arco em sua mão e entregou para ele.

— Muito obrigado. - Ela sorri satisfeita pelo que fez.

Todos estávamos de queixo caído, menos Evie que já esperava isso por conhecer sua irmã. Eu sabia que ela era habilidosa, mas não tanto.

— Como você tem tanta experiência com isso? - Ele pergunta admirado.

— Eu fui treinada pelo meu pai. Ele é o maior caçador da América. - Ela conta vantagem.

— Minha vez. - Evie interrompeu animada com sua vez ter chegado.

Colocou a mão direita na cabeça começando a se concentrar e começou a encarar o estande. Abriu os braços e serrou o olhar. Em seguida os manequins e os alvos começam a congelar. Para finalizar ela da um pequeno grito fechando os braços e os manequins junto do alvo, se despedaçam em milhares de pedacinhos de gelo no chão. Ela joga a franja para trás e olha para Kinessa como se tivesse a desafiando a fazer melhor.

— Incrível. Como consegue fazer isso? - Ele pergunta curioso.

— Bom, poderes é claro e também sou do tipo sanguíneo Z. - Ela respondeu animada enquanto admirava a beleza do rapaz.

Em seguida um soldado armado entra no estande.

— Tenente Lin, a comandante deseja ver você e os novos recrutas.

— Tudo bem. Muito obrigado. - Ele agradece e o soldado se retira. Em seguida se vira para nós. - Chegou a hora. Vamos. - Ele seguiu em direção a saída do estande.

— Nós passamos? - Pergunto um pouco pretensiosa.

— Ainda não. Agora vocês serão avaliadas pela comandante. Uma dica, tentem passar uma boa primeira impressão. Ela é bem rigorosa. - Ele afirmou sorrindo. Nós, menos Kinessa, engolimos em seco.

Caminhamos por um corredor e chegamos em um salão com uma enorme mesa oval. Nessa mesa havia um mapa da Europa que demarcava as cidades mais ricas e as mais pobres. No fundo da sala havia uma parede com um holograma gigante com informações e fotos sobre alguns soldados das Forças Unidas e alguns mercenários. Nas fotos eu vejo Lex, Androxus, Skye, o homem do tapa-olho (cujo eu ainda não sei o nome) e Kinessa. Respiro fundo por não aparecer junto de Fernando, Cassie e Evie.

Afrente do holograma, estava ela, de costas para nós. Era alta e musculosa, tinha o cabelo curto e pintado de vermelho, usava uma calça de camuflagem com uma bota de soldado e uma regata vinho apertada.

— Enfim chegaram. - Ela diz sem virar em nossa direção.

— Trouxe as recrutas, comandante. - Sha Lin disse e se posicionou ao nosso lado.

— As? São todas garotas? - Ela se vira para nós.

Era ela. Ela fez eu me desviar de meu real objetivo e me trouxe até o resultado que eu queria. Finalmente a encontrei quando nem estava mais procurando.

— São essas 4 garotas comandante. Elas passaram pelas qualificações. - Ele a respondeu.

— Mesmo? Parecem tão jovens e frágeis. - Parecia nos testar. Ao ouvir isso, Kinessa respirou fundo. - Se apresentem em digam o que fazem.

— Kinessa. Atiradora de Elite.

— Evie. Criocinética.

— Cassie. Exímia atiradora.

— Maeve. Arremesso de lâminas.

— Ótimo, prazer conhece-las. Meu nome é Ash. Mas devem me chamar de Unificadora. - Pegou um palito que havia em cima de sua orelha esquerda e colocou na boca.

— Vocês devem ter vindo pelo comunicado nas estações, certo?

— Sim senhora. - Respondemos em uníssono enquanto Kinessa apenas ficou calada.

Ash se virou para os hologramas novamente e começou. - Então Kinessa. - A morena engoliu em seco. - Você serviu as Forças Unidas, certo?

— Sim senhora. - Ela respondeu abaixando a cabeça.

— Como está seu irmão. - ela olha por cima do ombro.

A morena congela por não esperar esse assunto e muito menos que soubesse de sua vida. Mas era previsível, por ver uma foto sua entre os hologramas.

— Faz 1 ano que não nos vemos. Desisti das Forças Unidas quando perdi a esperança na recuperação da Europa. - Respondeu de cabeça baixa.

— Por ele ser sua família, você nutre sentimento por ele? - Ash se vira novamente e vai andando até Kinessa.

— Nã...não tenho pensado nisso. A última vez que nós vimos, tivemos a briga que me fez desistir das Forças Unidas e dele. - Ela aparenta estar nervosa mas tenta responder com firmeza para a comandante, a olhando nos olhos.

— Posso ver sua arma? - Ash pede para Kinessa, que a entrega sua sniper.

A grandona a inspeciona e coloca seu olho na mira. - Então caso você estivesse frente a frente contra ele em uma batalha, exitaria em atirar nele? - Ela abaixou a arma e a olhou seriamente.

A morena engoliu em seco e pensou 3 segundos antes de responder.

— Eu atiraria! - Afirmou convicta.

— Ótimo. Você aparenta estar pronta para lutar ao nosso lado. Concorda comigo? - Conclui enquanto devolve sua arma.

— Sim, grande Unificadora. - Kinessa abaixa a cabeça diante a grandona.

— E você. Exímia atiradora com o que? - Pergunta curiosa para Cassie.

— Qualquer tipo de arma, senhora. - Respondeu convicta.

— Até uma dessa? - Ela olha para a sniper de Kinessa.

— Sem sombra de dúvidas. - Cassie afirmou também provocando a morena.

— Ótimo. Em campo veremos quem realmente merece usar essa arma. - Ash afirma virando de costas.

Kinessa cerra o olhar contra a ruiva menor e diz sem pensar. - Podemos resolver isso agora se quiser.

Ash se vira ao ouvir e aproxima seu rosto ao de Kinessa, se abaixando um pouco por ser mais alta. - Vocês estão aqui para servir o mesmo propósito, não para lutar entre sí. Vocês são soldados, não gladiadores carniceiros. - E serrou o olhar.

— Perdão senhora. - A morena baixou a cabeça. Assim que Ash se vira novamente, ela serra os olhos mortalmente contra Cassie, que apenas retribui com um sorriso cínico.

— Criocinese, certo? - Diz Ash pegando uma granada.

— Exatamente. - Responde Evie curiosa para ver o que a comandante pediria.

— Então você tem 3 segundos para congelar isso ou todas morremos. - Em seguida ela puxa o pino da granada. Todos nos assustamos e recuamos com um passo.

No mesmo instante Evie estica sua mão e congela a granada em menos de 2 segundos. Após isso a granada não explode.

— Nada mal. - Ash se impressiona.

— Agora olha isso. - Evie aproveitou para se amostrar.

Ela levitou a granada com os poderes, pelo gelo que a encostava e soprou uma leve brisa que foi se formando em uma esfera de gelo transparente, de uns 30 centímetros de circunferência em volta da granada que ainda flutuava. Em seguida colocou a mão direita na cabeça e fechou os olhos. Nisso dava para notar que o gelo da granada estava se desfazendo e notamos que iria explodir. Nos assustamos com isso, inclusive Ash.

— Boom. - Evie disse abrindo um enorme sorriso e a granada explodiu dentro da esfera de gelo. O som foi ensurdecedor, mas não houve uma única ruptura no gelo. Em seguida desfez a camada em neve e os destroços caíram.

— Incrível. - Ash afirmou abismada. Era a primeira vez que via tal potencial. - Já sei até onde você vai ser útil. - Ela sorri e põe a mão em seu ombro. - Bem-vinda garota. - A parabenizou deixando Kinessa com mais inveja que antes. - E você é atiradora de lâminas? - Olhou para mim. Nesse momento engoli em seco.

— Sim senhora. - Não a olhei nos olhos. No fundo estava muito nervosa.

Ela andou até a direção que eu estava olhando e parou em minha frente. Nesse momento a olhei nos olhos e senti um pequeno frio na espinha de medo. Ela abaixou e pegou uma faca em um coldre no tornozelo. Em seguida veio até mim e a entregou.

— Vai, me acerte! - Afirmou e pegou um pouco de distância de mim. Ficando a 5 metros.

— Tem...certeza? - Questiono girando a faca entre os dedos. E se eu a acertasse?

— Vá em frente. Arremesse a faca. - Ela mostra estar confiante no que está dizendo.

— Sim senhora. - Miro a faca em seu peito e a arremesso sem muita força, mas com total precisão.

Ao ouvir o som da lâmina a acertando, noto gotas de sangue caindo ao chão. Me assunto achando que ela realmente se fez de alvo, mas ao olhar para ela me surpreendo mais ainda. Ela segurou a faca com apenas uma mão. O sangue que escorria de sua mão, era da lâmina que a acertou entre os dedos.

— Muito bom. - Ela diz soltando a faca no chão, enquanto Sha Lin a entrega uma toalha para limpar a mão.

— Obrigado senhora. - Tento não soar assustada.

— Notei que você não usou sua força também. Talvez se tivesse usado teria me acertado em cheio. - Ela afirma sorrindo.

— Creio que sim. - Fico um pouco embaraçada.

— Sem problemas. - Ela limpa o sangue entre os dedos e encara sua mão. - Vocês todas passaram. Bem-vindas a Legião. - Ela cruza os braços e sorri.

Em seguida a porta automática abre e outro soldado armado entra.

— Com licença comandante. Mais recrutas estão prontos. O que deseja fazer? - Ele pergunta.

— Logo irei chama-los. - Ao ouvir, o soldado assente com a cabeça e sai por onde entrou. - Vocês estão liberadas. Sha Lin as mostrará aonde é o dormitório. Ele as informará sobre nossos horários. - Em seguida abre um pequeno sorriso.

— Obrigado comandante. - Respondemos em uníssono e vamos virando as costas.

— Menos a Maeve. Ainda preciso conversar com você. - Ela diz quando eu já estou de costas.

— Sim comandante. - Digo me virando. Será que fui descoberta?

— Maeve. Não há nada que queira me falar sobre? - Ela puxa uma cadeira e senta em minha frente. Sentada era apenas alguns centímetros mais baixa que eu.

— Como o que? Há muito sobre mim que posso contar. - Tento diminuir a tensão entre só nós duas naquela sala.

— Seja franca. Você não contou, mas tem um passado com as Forças Unidas. - Ela abriu o jogo me deixando totalmente nervosa nesse momento.

— Do...do que está falando? - Tento não deixar na cara.

— Você sabe do que estou falando. - Ela olha em meus olhos. - Elizabeth.

Senti meu corpo se aliviando nesse momento. Era a primeira vez que falar sobre meu passado com Elizabeth poderia fazer eu me sentir melhor.

— Ah...claro...Elizabeth.

— Eu ouvi dizer que a alguns anos ela não voltou de uma missão. É verdade? - Ela aparenta sentir remorso de algo.

— Sim. - Abaixo a cabeça. - Você a conheceu? - Fico curiosa, mas não demonstro.

— Quando fiz os testes para entrar nas Forças Unidas, ela era minha mentora para tenente. - Fiquei chocada ao ouvir. - Ela me treinou durante 1 ano. Mas 3 meses antes dos testes finais, ela perdeu o foco. Ela vivia sozinha e acabou adotando uma criança. - Ao terminar de falar eu fico pálida. Ela estava falando de mim. - Por culpa desse desvio que ela teve em meu treinamento, eu não consegui o mérito. - E colocou a mão na cabeça, como se estivesse lamentando.

— Meus pêsames por isso. - Abaixo a cabeça.

Ela abaixou a mão e me fitou nos olhos. - Você é a filha de Elizabeth. Não é mesmo?

Engulo em seco por já esperar sua conclusão. - Sim. Eu sou. - Em seguida dou um passo para trás com medo de qualquer reação.

— Não se preocupe, não pretendo dar problemas a você. Aliás, estamos do mesmo lado e lutamos pela mesma causa, nao é mesmo? - Ela abriu um pequeno sorriso para mim com o palito ainda na boca.

— Sim senhora, comandante. - Consigo me acalmar.

— Pode me chamar de Ash. Por mais que Elizabeth não tenha me ajudado o suficiente, nunca deixei de a amar. Já que não posso mais vê-la, quero cuidar de sua única família como se fosse a minha. - Eu vi sinceridade em seus olhos. - Meus pêsames pelo que aconteceu com ela. - Ela levantou da cadeira.

— Obrigado Ash. - Comecei a pensar sobre a possibilidade de a Legião estar realmente fazendo o certo para acabar com essa guerra. E se Ash realmente fosse capaz disso? - Pretendo te ajudar com todas minhas forças em seu plano.

— Eu sabia que podia contar com você. Sempre que precisar de alguém pra conversar, sabe onde me encontrar. - E põe a mão sobre meu ombro. Eu assenti com a cabeça. - Dispensada. Nos vemos amanhã.

— Até amanhã Ash. - E vou indo até a saída do salão.

Sha Lin me esperava do lado de fora da sala, encostado na parede.

— Posso te guiar até o alojamento? - Ele disse antes de eu notar que ele estava ali, me assustando.

— Si...sim, por favor. - Fiquei com vergonha do susto.

— Você parece bem gentil. Espero ter a chance de te conhecer melhor. - Ele tentou puxar conversa. Parecia realmente ter se interessado em mim.

— Você acha? - Fiquei um pouco corada.

— E também fica linda com vergonha. - E sorriu para mim, provocando com que eu ficasse com vergonha.

— Não vale, você sabe como me deixar com vergonha, seu bobo. - Digo virando o rosto emburrada. Também comecei a jogar seu jogo de amizade.

Ele da uma leve risada. - Quem sabe um dia você descubra como me deixar com vergonha também. Temos bastante tempo pra isso. - Ele abre um corado sorriso no final. boa.

Eu sorri e continuei com vergonha até chegarmos ao alojamento.

— Você fica por aqui. Tenha uma boa noite e nos vemos amanhã. - Disse me mostrando a porta e virando as costas, acenando com a mão direita e sorrindo por cima do ombro esquerdo. Por algum motivo também parecia estar com vergonha.

Acenei da mesma forma com um sorriso para ele e a porta automática do alojamento se abre. Continha várias beliches e uma porta que provavelmente fosse o banheiro e lavatório. Por sorte era um dormitório somente feminino e estava bem limpo. Ao entrar sou recebida com um susto.

— Então ele também gosta de você né? - Dizia Cassie encostada ao lado das porta, provavelmente sabia que estávamos vindo.

— Quem disse isso? Ele? - Tentei desconversar.

— Você sabe que não. O jeito que ele olha pra você é diferente do jeito que olha para qualquer outra garota que vimos. - Ela me puxou pelo o braço até a beliche que escolheu para nós duas.

— Me disseram a mesma coisa da sua irmã. - E revirei os olhos, mostrando não ter fé no que ela dizia.

Ao ouvir eu falando da irmã, ela parou e corou.

— Tudo bem? O que houve? - Perguntei sem entender o motivo dela ter parado.

— Nada não. Deixa isso para lá. - Ela tentou desconversar.

No momento, havia apenas nós 4. Evie decidiu deitar perto de Kinessa com os planos de irritar a morena conforme a semana.

Eu estava conseguindo me sentir bem naquele lugar, talvez eu pudesse gostar mais dali do que das Forças Unidas. Só não poderia esquecer da minha promessa. Vou levar Ash até Fernando novamente!


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