Unchained escrita por LouisPhellyppe


Capítulo 12
Eyepatch


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal. Espero que gostem do capítulo.

Comentários sempre inspiram o autor. Comentem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/733691/chapter/12

Estava pálida e imóvel. Não conseguia dizer sequer uma única palavra enquanto minha mente esbravejava para eu correr. Ele me olha nos olhos e consegue ver claramente que estou em pânico por dentro. Abaixa o revólver devagar com uma cara de desaprovação.

— Corra! - Ele diz falando calmamente e olhando para o lado, como se estivesse tentando não se arrepender.

— Co...como assim? - Pergunto devagar e gaguejando. Ainda estava recuperando meu fôlego.

— Apenas corra! Antes que eu mude de ideia. - Ele diz voltando o olhar para mim.

Dou uns passos para trás e volto a sentir o sangue que ainda escorria em minha perna, o medo era tanto, que a dor havia sumido pelo instante. Viro de costas e sigo a rua em uma tentativa fracassada de apertar o passo. Alguns passos e olho para trás e ele ainda me observa.

— CORRA DE UMA VEZ! - Ele grita e dispara para cima.

O que deu em mim? Por que mesmo sabendo que ele me deu a chance de viver, eu não estava correndo. Virei para frente e sai correndo entre mancadas. Tentava conter o sangramento com a mão direita e não resolvia em nada. A dor estava começando a me gastar, estava perdendo bastante sangue. Atravesso mais duas quadras andando e não vejo ninguém pelas ruas e nem sinal do outro motoqueiro. Chego perto de um prédio, e não estava mais aguentando andar com essa dor. De repente ouço o som de uma moto vindo de uma esquina e fico sem saber o que fazer. Estava perto de um beco e quando ela se aproximou, duas mãos me puxam para dentro do beco, uma me segurando pelo corpo e a outra tapando minha boca.

—Shhh, eles vão te ver, devem estar seguindo o rastro de sangue. - Uma voz familiar diz.

A moto passa reto e não param para conferir. Assim que vão, eu me solto das mãos dele e saio de perto assustada. Olho para ele e minha visão está turva, não conseguia ver quem era. Procuro mais alguma adaga em minha calça, mesmo sabendo que não tem nenhuma e quando ele se aproxima de mim novamente, perco os sentidos caindo ao chão. Desmaiei pela perda de sangue.

Horas depois volto a sentir a dor na perna e vou recuperando os sentidos. Sinto muito frio e consigo enxergar aonde estava. Era uma espécie de casa vazia, parecia abandonada. Apenas alguns móveis velhos como uma mesa e dois sofás rasgados.

— Fer, ela acordou! Seu corpo está com 41° de temperatura. Está claramente com febre. - Ouço a voz robótica dizendo.

— Bolt? O que ta acontecendo? Onde está Fernando? - Digo tentando me levantar de um sofá, mas sou impedido por uma mão em meu peito que me segura e vai me empurrando de leve para deitar novamente.

— Não se levante, você está péssima. Perdeu muito sangue e está com muita febre. - Fernando diz sentado em uma cadeira do meu lado, da mesma forma que em sua casa.

— Nossa, alguém desligue essas luzes. - Digo enquanto coçava os olhos.

Fernando solta uma pequena risada e responde. - Mas não tem luz aonde estamos e já anoiteceu.

— O QUE? Quanto tempo fiquei fora do ar? - Pergunto tentando sentar e sendo impedida novamente. Coloquei as mãos na cabeça, doía muito como de manhã.

— 11 horas e alguns minutos. - Responde Bolt.

— Bolt me contou o que aconteceu e eu estou arrependido de ter saído sem avisar. - Nesse momento ele se aproxima de mim e vejo por uma luz fraca que vinha da janela, seu rosto machucado.

— Fer...o que houve com você? - Pergunto colocando uma mão na boca e a outra em seu rosto.

— Não foi nada, encontrei com 3 daqueles capangas que me cercaram. Lutei com eles e por pouco consegui escapar. - Ele explica tirando minha mão de seu rosto, como se estivesse com vergonha.

— Mais 3? Achei que eram apenas aqueles 2. - Revelo para ele.

— Acho que o homem do tapa olho não é mais quem manda neles. Durante a fuga eu o encontrei e me ajudou a despista-los. O motivo eu não tenho a mínima ideia, mas pra ser sincero, não queria ser o alvo dele naquele momento. Em seguida ele deve ter te salvado. - Completa Fernando.

— Fer, é ele! - Digo pensando no estado que fiquei quando estive frente a frente com ele.

— Ele quem? - Ele pergunta confuso.

— O homem que eu achei que tinha matado em minha primeira missão. Achei que ele ia me matar. O que ele quer com a gente? - Pergunto sentindo o medo voltando.

— Isso é bem estranho. Talvez esse tempo todo ele não quisesse te matar. Já parou pra pensar nisso? - Fernando diz cruzando os braços e reclinando para trás na cadeira.

— Ele apontou o revólver na minha cabeça e preparou para atirar. - Digo com os olhos começando a encher de lágrimas. - No dia do experimento, tive um pesadelo em que eu não o acertava e ele me matava. - Completo colocando a mão nos olhos.

Nesse momento Fernando levanta meu pescoço e senta onde eu estava com minha cabeça, a colocando sobre seu colo.

— Não se preocupe. Mesmo que ele esteja atrás de você ou de nós, não vou deixar nada acontecer. Somos uma família. E todos que se aliarem a nos, serão nossa família. - Ele diz sorrindo e secando minhas lágrimas com seus dedos. Por estar com febre, seu corpo aparentava estar muito frio. Mesmo sabendo que ele era bem quente.

— Obrigado. - Digo fechando os olhos e abraçando seu braço direito.

— Agora você precisa descansar. Logo vou trocar as bandagens de sua perna. - Ele diz enquanto levantava do sofá e ia em direção a pequena mesa bamba que havia no local.

Eu levanto o pescoço e noto que a perna direita de minha calça, foi rasgada e arrancada, o pano foi usado para fazer as bandagens.

— De tarde eu procurei, mas não encontrei médicos nas redondezas, então tive que fazer com ajuda de Bolt e com o que minha mãe já me ensinou. - Ele diz se virando e rasgando mais um pedaço do pano da calça, que estava em cima da mesa. Por sorte tinha mais uma calça igual na bolsa.

O ferimento estava feio, parece que dei sorte por ter acertado de raspão. Por mais que tenha cortado a pele e ter sangrado mais, seria pior se acertasse em cheio na artéria femural.

Ele limpa meu ferimento e faz um curativo melhor e em seguida coloco a outra calça. Sinto que estava começando a melhorar da febre, mas a dor de cabeça ainda estava bem forte.

— Agora você precisa dormir. Amanhã vai se sentir melhor para continuarmos a missão. Descanse. - Ele diz me dando um beijo na testa. Nessa hora eu sinto meu rosto queimando de vergonha.

— Vo...você também deve descansar. - Digo me virando no sofá, deixando a perna machucada para cima.

— Pode deixar. - Ele diz dando uma risadinha e se aconchegando sentado no outro sofá, que era menor e mais destruído, mas ainda parecia bem confortável.

Em seguida Bolt começa a tocar mais daquelas músicas que tocou no dia anterior. Ele costumava estar bastante quieto, mas sempre estava nos ouvindo e acompanhando. Sabia ser conveniente, por mais que um erro dele quase custou minha vida.

Alguns minutos se passam e ele quebra o gelo enquanto deita no sofá que estava.

— Maeve. Você ainda tem...esperança...de encontrar Elizabeth? - Ele pergunta pausadamente. Aparentemente ele devia acreditar que esse era um assunto muito delicado para mim, por mais que ao menos um pouco, era.

— Eu não sei. Passei anos para superar sua perda. Foi bem mais difícil que a perda da minha própria família, pois foi ela quem me ajudou a superar. Depois de ter aceitado que ela partiu, não consigo voltar a pensar na possibilidade dela ainda estar viva. - Revelo a ele em um tom desanimado porém sincero.

— Entendo. - Mais alguns segundos de silêncio se estabelecem. - Eu estive pensando bastante na possibilidade dela e minha mãe terem sido da mesma equipe...quero dizer...se ela estivesse viva, o que impediria de minha mãe também estar? Não é? - Ele pergunta aparentemente desapontado.

— Pode ser que sim. - Respondo serenamente sem saber muito o que falar. Por mais que tivesse aceitado tudo o que passei sem ela, ainda não tinha engolido essa história de "Emboscados e não houveram sobreviventes".

Longos minutos se passam e não consigo dormir. A dor de cabeça ainda me deixava com sono e a febre tinha baixado, mas não conseguia manter os olhos fechados.

— Fer? Está acordado? - Pergunto baixo, na intensão de nao acorda-lo caso estivesse dormindo.

— Sim, está tudo bem? - Ele diz se virando no sofá.

— Sabe, você cresceu em uma família rica. Como conseguiu largar todo o luxo que tinha para vir em lugares como esse? - Digo me referindo ao nosso atual esconderijo.

— Meu pai conquistou tudo o que minha família tem. Mas por mais fossemos ricos, ele me ensinou algo que quero levar para toda minha vida: " Faça com que sua felicidade, seja ver as outras pessoas também felizes!" - Ele diz refletindo e olhando para cima.

— E qual seu plano para fazer as pessoas felizes? - Pergunto curiosa, mas já imaginando a resposta.

— Eu quero por um fim a essa guerra. Quero que as famílias voltem a viver tranquilamente por todos os lugares da Europa. Eu tive a escolha de ir embora do continente e viver tranquilamente em outro país, mas decidi que não vou parar de lutar enquanto a paz não se estabelecer aqui. - Ele responde com calma e determinação.

— Isso é muito nobre de sua parte. Digo com um sorriso no rosto. - Se já serve como um começo, eu estou feliz de ter você por perto. Me protegendo e ajudando. Ainda irei retribuir tudo isso. - Completo também começando a olhar para cima.

Alguns segundos em silêncio se passam.

— Eu quero encontra-la. Não vou desistir de procura-la. - Ele diz enquanto aquele sorriso começa a desaparecer de seu rosto.

— Sua irmã não é? - Digo sentindo por ele.

— Sim. Ela pode não querer me ver nunca mais, mas nem que custe minha vida, quero a ver mais uma vez. - Noto seus olhos começando encher de lágrimas.

— Nós vamos, eu prometi e vou cumprir isso por você. - Realmente estava determinada a fazer o que fosse preciso para o ver com a irmã.

Vejo que ele fecha os olhos e o sorriso vai voltando aos poucos. Acabo fazendo o mesmo e lembrar que ele estava por perto me ajudou a finalmente conseguir​ descansar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.

Comentários sempre inspiram o autor. Comentem.

Próximo capítulo vem Quinta-Feira :D



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Unchained" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.